Desenvolvendo uma consciência de santidade

2º TRIMESTRE 2024

A CARREIRA QUE NOS ESTÁ PROPOSTA

O caminho da salvação, santidade e perseverança para chegar ao céu

COMENTARISTA:  Pr. Osiel Gomes

LIÇÃO 10 – DESENVOLVENDO UMA CONSCIÊNCIA DE SANTIDADE (1Pd 1.13-22)

INTRODUÇÃO

Estamos caminhando para o final de nossa jornada, e na aula de hoje precisaremos analisar o desdobramento mais importante desde o dia em que resolvemos andar com Cristo: manter-se ao seu lado na caminhada. Hoje estudaremos sobre Santidade e seus desdobramentos. Veremos nesta aula a perspectiva bíblica e teológica da santidade, seus estágios e o porquê devemos viver em santidade.

I – A SANTIDADE À LUZ DA BÍBLIA

1.1 Definição do termo. O substantivo “qodesh”, que se traduz como “santidade”, bem como a palavra grega “hagiosyne”, significam basicamente: “estado de separação do que é comum ou impuro; é a característica do que é consagrado exclusivamente a Deus” (Lv 20.24-26; At 6.13; 21.28; 1Ts 3.13) (WYCLIFFE, 2012, p. 1760 – acréscimo nosso). Segundo Jones (2015, p. 76): o substantivo “qodesh” é usado como raiz das demais formas, incluindo a forma verbal, “qodash”, normalmente traduzida por “ser santo”, “santificar” ou “consagrar”. Santidade e o adjetivo santo ocorrem mais de 900 vezes na Bíblia (TYNDALE, 2015, p. 1656), ficando clara a importância dada pelas Escrituras a tal doutrina.

II – A NATUREZA DA SANTIDADE

A Bíblia mostra claramente a necessidade de vivermos uma vida santa por meio de várias exortações (Rm 13.13,14; Ef 4.17-24; Fp 4.8,9; Cl 3.5-10). A responsabilidade do crente quanto à santificação, é destacada pelo escritor aos Hebreus (Hb 12.14-a) (CHAMPLIN, 2002, p. 647). Sobretudo, a necessidade de uma vida santa é vista ao afirmar que: “[…] sem a santificação ninguém verá ao Senhor” (Hb 12.14-b). A vontade de Deus tem sido sempre de que seus filhos reflitam seu caráter (Tt 2.14). A palavra “santo” tem os seguintes sentidos. Notemos:

2.1 Santidade é uma ordem divina. Sendo Deus Santo exige dos seus filhos a santificação (Lv 11.44; Lv 19.1, 2; Lv 20.6; 1Pe 1.16). Santidade é o alvo e o propósito da nossa eleição em Cristo (Ef 1.4); significa ser semelhante a Deus, ser dedicado a Deus e viver para agradar a Deus (Rm 12. Ef 1.4; 2.10). A perfeita obra de Deus realiza uma santidade real que conforma ao padrão de Deus (Rm 8.3-4; 1Pe 1.15-16).

2.2 Santidade é separação. A palavra descritiva da natureza divina é santidade, e seu significado primordial é “separação” (Lv 20.24,26; Is 52.11; Ml 3.18); portanto, a santidade representa aquilo que está em Deus, que o torna separado de tudo quanto seja imundo ou pecaminoso. Quando Ele deseja usar uma pessoa ou um objeto para seu serviço, ele separa essa pessoa ou objeto e em virtude dessa separação tomam-se “santo” (2Co 6.14,15; 2Tm 2.21).

2.3 Santidade é consagração. No sentido de viver uma vida santa e justa, em conformidade com a palavra de Deus e dedicada ao serviço divino; o cristão passa a viver em busca da remoção de qualquer impureza que impossibilite esse serviço. Sendo assim, Deus deu ao seu povo, a nação de Israel, o código de leis de santidade que se acham no livro de Levítico. Entendemos então que o padrão de vida de um povo que busca a santificação é viver uma vida de consagração (2Co 6. 16b). A santificação é praticada e aplicada ao viver diário do crente (Pv 4.18; 2Co 3.18; 7.1; 2Pe 3.18), é a santificação vivencial (2Co 7.1; Hb 12.14).

2.4 Santidade é dedicação. Santificação inclui tanto a separação de”, como dedicação a” alguma coisa; essa é a condição dos crentes ao serem separados do pecado e do mundo e feitos participantes da natureza divina, e consagrados à comunhão e ao serviço de Deus por meio do Mediador. Israel é uma nação santa, por ser dedicada ao serviço de Jeová (Êx 19.6); os levitas são santos por serem especialmente dedicados aos serviços do tabernáculo (Nm 8.6-26). A palavra “santo” quando referente aos homens ou objetos, expressa o pensamento de que esses são usados no serviço divino e dedicados a Deus, no sentido especial de serem sua propriedade (2Co 6. 17,18).

2.5 Santidade é purificação. Embora o sentimento primordial de “santo” seja separação para serviço, inclui também a ideia de purificação. O caráter de Deus age sobre tudo que lhe é consagrado. Portanto, os homens consagrados a ele participam de Sua natureza. As coisas que lhe são dedicadas devem ser limpas e puras (2Co 7.1) Sendo assim, entendemos que pureza é uma condição de santidade (1Jo 3.3). A santidade é a marca característica de um verdadeiro servo de Deus, tanto no AT, pois, o caráter santo de Deus deveria ser refletido na vida de Israel (Lv 11.44; Nm 15.40), como no NT, onde nos é dito que a nossa santificação é a vontade direta e perfeita de Deus para nós (1Ts 4.3).

III – A NECESSIDADE DE UMA VIDA SANTA

A Bíblia mostra claramente a necessidade de vivermos uma vida santa por meio de várias exortações (Rm 13.13,14; Ef 4.17-24; Fp 4.8,9; Cl 3.5-10). No processo da santificação progressiva o homem não é de todo passivo como na regeneração, antes, os cristãos recebem a ordem de mortificar os desejos da carne (Rm 8.13), nesse texto, Paulo indica que é pelo Espírito que fazemos isso, porém, diz que a atitude é nossa (Cl 3.5). A responsabilidade do crente quanto à santificação, é destacada pelo escritor aos Hebreus (Hb 12.14-a), ao usar o termo “segui”, do grego “dioko”, que significa: “perseguir, pressionar, correr após, esforçar-se por”, palavra usada figuradamente para indicar uma busca moral e espiritual bem definida, tendo um alvo em vista (Champlin, 2002, p. 647). Sobretudo, a necessidade de uma vida santa é vista ao afirmar que: “[…] sem a santificação ninguém verá ao Senhor” (Hb 12.14-b), ficando claro que os que se moldam às paixões da carne e do mundo, tornam-se reprováveis diante de Deus, não podendo estar em sua presença (Sl 15.1-5; 24.1-3; Mt 5.8; Gl 5.19-21; Ap 21.8; 22.14,15). A vontade de Deus tem sido sempre de que seus filhos reflitam seu caráter (Tt 2.14), revelando sua identificação com Cristo (Rm 8.29-30; 2Co 3.18; 7.1; Gl 4.19; Ef 1.4; 2.10; 4.13; 1Ts 3.13; 4.3,7; 5.23).

IV – A ABRANGÊNCIA DA SANTIFICAÇÃO

4.1 A santificação como marca de uma vida guiada pelo Espírito. Para um cristão cuja vida é consagrada a Deus, a divisão entre “secular” e “sagrado”, em certo sentido não são duas coisas diferentes. Ao viver para a glória de Deus, a vida do servo de Deus em todos os aspectos deve ser marcada pela santidade, como exorta o apóstolo Pedro: “[…] em toda a vossa maneira de viver” (1Pd 1.15; ver Sl 103.1; 1Ts 5.23). Nenhum aspecto da nossa vida está excluído desse imperativo divino, até mesmo atividades comuns, como comer e beber, devem ser realizadas para a glória de Deus, como afirma o apóstolo Paulo: “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus” (1Co 10.31). Semelhantemente o apóstolo Paulo nos encoraja a nos manter puros no corpo e no espírito (2Co 7.1; ver 1Co 7.34). Sendo assim, nosso procedimento deve resplandecer o caráter de Deus, a santidade daquele que nos chamou por Seu Filho para a salvação (Rm 8.29; Ef 1.4) (Lopes, 2012, p. 50 – acréscimo nosso).

V – CARACTERÍSTICAS DE UMA VIDA SANTA

Segundo Perlman (2009, pp. 255,256 – acréscimo nosso), são meios divinamente estabelecidos para a santificação do homem: o sangue de Cristo (Hb 10.10,14; 13.12; 1Jo 1.7), o Espírito Santo (1Co 6.11; 2Ts 2.13; 1Pd 1.1,2; Rm 15.16) e a Palavra de Deus” (Sl 119.9; Jo 17.17; 15.3; Ef 5.26; Tg 1.23-25; 1Pd 1.23), que atuam interna e externamente. Notemos algumas características relacionadas a uma vida santa:

5.1 Desprendimento (1Pd 1.13-a). Os povos do oriente usavam túnicas longas, e quando desejavam andar mais rápido ou sem impedimento, prendiam a túnica com um cinto (Êx 12.11). A imagem é a de um homem que prende as pontas do manto a seu cinto, ficando livre, assim, para correr. Aos que desejam viver uma vida piedosa, devem se abster de tudo que sirva de atrapalho em sua caminhada: “[…] deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta” (Hb 12.1), evitando qualquer distração que impeça a sua conduta (2Tm 2.4), ocupando a mente com o que de fato é puro (Fp 4.8).

5.2 Obediência e reverência (1Pd 1.14,17). Antes da conversão a Cristo o homem por natureza, é filho da desobediência (Ef 2.2). O apóstolo Pedro ressalta que agora, após a experiência da salvação, não podemos mais viver nas práticas do passado que determinavam o nosso modelo de vida (1Pd 1.14,15); “não vos amoldeis” significa não entrar no esquema, no modelo. Originalmente, a palavra significava assumir a forma de alguma coisa, a partir de um molde de encaixe, os cristãos são chamados a “mudar de forma”, e a assumir o padrão de Deus (Rm 12.2), vivendo respectivamente de maneira reverente, ou seja, tendo a atitude de quem fala cada palavra, cumpre cada ação e vive cada momento consciente de Deus tendo consciência de que nossas atitudes serão julgadas pelo justo juiz (Dt 10.17; Rm 2.11; 1Pd 4.17).

5.3 Amor sincero (1Pd 1.22). A vida santa também tem como marca a prática do amor sincero, e isto Pedro afirma como resultado da regeneração: “[…] amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente, pois fostes regenerados […]” (1Pd 1.22,23 – ARA). Esse amor esperado é o que evidencia que passamos da morte para a vida (1Jo 3.14), e caracteriza o verdadeiro discípulo de Jesus (Jo 13.35; ver Rm 12.9; 1Jo 3.18). O amor é a marca do cristão, pois é a evidência mais eloquente da nossa salvação (LOPES, 2012, p. 58).

CONCLUSÃO

A Palavra de Deus, como regra de fé e prática do cristão, descreve os princípios divinos que direcionam e guiam a vida do verdadeiro servo de Deus, independente de sua cultura, status social e época. Para os que desejam agradar a Deus, devem entender a necessidade de ter como estilo de vida, a santidade.

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
  • JONES, Landon. O Deus de Israel: na teologia do Antigo Testamento. HAGNOS.
  • LOPES, Hernandes dias. Comentário Expositivo 1 Pedro: Com os pés no vale e o coração no céu. HAGNOS.
  • PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. VIDA.

Fonte: portal rbc1/lições

O início da caminhada

 

2º TRIMESTRE 2024

A CARREIRA QUE NOS ESTÁ PROPOSTA

O caminho da salvação, santidade e perseverança para chegar ao céu

COMENTARISTA:  Pr. OsielGomes

LIÇÃO 01 – O INÍCIO DA CAMINHADA – (Jo 3.1-8)

INTRODUÇÃO

Nesta lição falaremos sobre o novo nascimento; definiremos a regeneração; a necessidade que todos os homens têm de nascer de novo; as características deste ato; quais os instrumentos que Deus usa para operar o novo nascimento no pecador; e, por fim, pontuaremos a guerra que existe no interior do crente entre a velha e a nova natureza e o que devemos fazer para subjugarmos a inclinação da natureza pecaminosa.

I  – DEFININDO REGENERAÇÃO

Teologicamente o “novo nascimento” ou “regeneração” é: “o milagre que se dá na vida de quem aceita a Cristo, tornando-o participante da vida e da natureza divina. Através da regeneração o homem passa a desfrutar de um nova realidade espiritual” (ANDRADE, 2006, p. 317 – acréscimo nosso). A palavra regeneração no grego é “palinginésia” formada da expressão pálin”, ‘novamente’, e “génesis”, ‘nascimento’, significa portanto: “novo nascimento”. O Pastor Eurico Bergstén (2016, p. 174) diz que: “a regeneração ou novo nascimento significa o ato sobrenatural em que o homem é gerado por Deus (1Jo 5.18) para ser seu filho (Jo 1.12) e participante da natureza divina” (2Pd 1.4). A doutrina da regeneração é bíblica e foi ensinada por Jesus e pelos seus santos apóstolos (Jo 3.3,7; 2Co 5.17; Gl 6.15; Jo 1.12.13; Ef 2.1,5; Cl 2.13; Tt 3.5; Tg 1.18; 1Pd 1.23).

II  – A NECESSIDADE DO NOVO NASCIMENTO

Deus criou os seres humanos em um estado de perfeição: “Deus fez ao homem reto” (Ec 7.29-a). Uma das características que Deus concedeu ao homem foi o poder do livre arbítrio (Gn 2.16). O primeiro casal fez uso da liberdade e quis desobedecer a Deus (Gn 3.1-6). O que seguiu-se a este mau uso da liberdade humana foi um estado de pecaminosidade, do qual não podemos escapar e reverter sem o auxílio divino. Dentre as consequências que o pecado trouxe ao homem, a principal delas, foi a morte espiritual (Gn 2.16,17; 3.2,3; Rm 6.23). A morte espiritual é a separação espiritual de Deus (Is 59.2). Como toda a humanidade estava representada em Adão, quando ele caiu em transgressão, também toda a humanidade caiu com ele. O apóstolo Paulo deixa isso bem claro quando assevera: “por um homem entrou o pecado […] por isso que todos pecaram” (Rm 5.12). Confira também: (Rm 2.10-12; 3.23; 5.13-16). Geisler (2010, p. 104) acrescenta dizendo: “todo descendente de Adão — toda pessoa nascida de pais naturais desde o tempo da Queda — também está espiritualmente morto”. Diante de tal situação espiritual de morte, faz-se necessário o homem nascer espiritualmente de novo. Portanto, a regeneração é uma necessidade a todos os homens (Jo 3.3,5). Vejamos:

2.1 Sem o novo nascimento o homem permanece morto espiritualmente. Paulo diz que o homem não regenerado “está morto em delitos e pecados” (Ef 2.1,5). Vale salientar que essa “morte” não é a incapacidade de corresponder ao chamado de Deus, mas a separação espiritual da presença dEle (Is 59.2; Rm 3.23). Paulo disse que o homem nessa condição não compreende as coisas de Deus (1Co 2.14). O pecador é iluminado, quando exposto a pregação da Palavra que esclarece seu entendimento (Ef 1.18; 6.4; 2Co 6.4), até então obscurecido pelo pecado (Ef 4.18) e pelo diabo (2Co 4.4), e, ao crer no evangelho este é então vivificado (Ef 1.13; 2.1,5). No entanto, mesmo sendo iluminado, a pessoa pode optar por aceitar ou rejeitar o plano da salvação (Mt 16.24; Jo 7.37; Ap 22.17).

2.2 Sem o novo nascimento, o homem não tem acesso ao Reino de Deus. Por melhor que seja uma pessoa, ela não pode produzir sua salvação (Is 64.6; Tt 3.5). Jesus declarou ao religioso Nicodemos três vezes que “é necessário nascer de novo” (Jo 3.3,5,7). Moody (sd, p. 18) diz que esta “não é simplesmente uma exigência pessoal, mas universal”. Segundo o Mestre Jesus, o novo nascimento é necessário porque: (a) sem ele o homem não pode ver o Reino de Deus (Jo 3); e, (b) tampouco entrar nele (Jo 3.5). O homem do jeito que está não pode ter acesso ao Reino de Deus, pois é “filho da ira por natureza” (Ef 2.3); e, andando na carne não pode agradar a Deus (Rm 8.8). Somente quando nasce de novo, este homem é criado em verdadeira justiça e santidade requeridas por Deus para que tenha acesso ao Reino (Ef 4.24).

III  – CARACTERÍSTICAS DO NOVO NASCIMENTO

3.1 O novo nascimento é um ato espiritual. A desobediência humana recebeu como sentença a morte, tanto física quanto espiritual (Gn 2.16,17; Ez 18.4; Rm 6.23; Ef 2.1,5). Essa morte espiritual implica na separação da presença de Deus (Rm 3.23). Portanto, “morto espiritualmente” o homem necessita “nascer de novo” espiritualmente para ter comunhão com Deus. Por isso, no discurso de Jesus com Nicodemos o Mestre lhe diz: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3.3). Segundo Beacon (2006, p. 49 – acréscimo nosso) a palavra traduzida como “de novo” é “anothen”, que tem vários significados e um deles é: “de cima”. Acerca disso Wilmington (2015, pp. 362,363) diz que: “o Messias estaria, então, dizendo que o único requisito para viver nesta terra é ter um nascimento físico; igualmente, o único requisito para viver um dia nos céus é ter um nascimento espiritual”. Esse “nascer do Espírito” em nada tem a ver com a reencarnação, que é um ensinamento que não encontra apoio nas Escrituras (2Sm 12.21-23; Hb 9.27). Aliás, Nicodemos perguntou se a regeneração era vir de novo a vida fisicamente, voltando ao ventre materno (Jo 3.4). Jesus respondeu dizendo “o que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito” (Jo 3.6).

3.2 O novo nascimento é um ato interior. Os profetas predisseram este ato sobrenatural (Dt 30.6; Jr 24.7; Ez 11.19; 36.26,27). Embora o Antigo Testamento tenha em vista a nação de Israel, a Bíblia emprega várias figuras de linguagem para descrever o que acontece no novo nascimento. Nestas passagens bíblicas o novo nascimento é comparado a uma “cirurgia interior”. Deixando claro que a regeneração é um ato divino operado pelo Espírito Santo no espírito do homem. Macgrath (2010, p. 525), diz: “a regeneração altera a natureza interior do pecador” (Gl 5.16,17; Cl 3.5; 1Pd 2.11; 2Pd 1.4; 1Jo 3.9; 5.18).

3.3 O novo nascimento é um ato instantâneo e distinto. Diferente da santificação que é um processo, a regeneração é um ato instantâneo. A palavra “instantâneo” segundo o Aurélio significa: “que se dá num instante; rápido; súbito” (2004, p. 1113). O apóstolo Paulo nos diz: “assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é […]” (2Co 5.17). É bom destacar também que a regeneração é uma etapa da salvação distinta da justificação, da santificação e da glorificação. A ordem segue-se assim: primeiro “o pecador é declarado justo” (justificação); em seguida “ele é feito justo” (regeneração); depois “ele vai se tornando justo” (santificação); e, por fim, ele “será perfeitamente justo” (glorificação).

IV  – COMO SE DESENVOLVE O NOVO NASCIMENTO

O novo nascimento não é produzido pelo próprio homem, nem pela religião, centros de ressocialização ou qualquer outro meio terreno. Abaixo destacaremos os meios pelos quais o homem pode ser regenerado:

4.1 Pela Palavra de Deus (O instrumento da Regeneração). O Mestre Jesus ensinou que o novo nascimento é operado através da Palavra de Deus (Jo 3.5). A água de que fala o Senhor é meramente um símbolo de purificação, como ensinava o AT. Logo, esta água aqui é símbolo da Palavra (Jo 15.3; Ef 5.26) e não as águas do batismo. O batismo em si não pode lavar pecados nem regenerar o Na verdade a Palavra de Deus é a divina semente (1Pd 1.23) e o agente purificador (Jo 15.3; 17.17). Quando ela é aplicada em nosso coração pelo Espírito Santo, acontece o milagre do novo nascimento. É o que Tiago nos diz: “[…] ele nos gerou pela palavra da verdade […]” (Tg 1.18). A expressão “palavra da verdade” refere-se ao Evangelho (2Co 6.7; Cl 1.5; 2Tm 2.15).

4.2 Pelo Espírito Santo (O agente da Regeneração). A regeneração é mencionada nas Escrituras como uma ação do Espírito. No AT os profetas falaram dessa atividade do Espírito Santo (Is 32.15; Ez 36.27; 37.14; 39.29; Zc 12.10). Jesus disse a Nicodemos que o homem precisa “nascer da água e do Espírito” (Jo 3.5). O apóstolo Paulo também ensinou isto (Ef 4.24; Tt 3.5). O Espírito Santo esteve presente na criação do homem (Gn 2.7; Jó 33.4); de igual modo está presente na recriação deste homem (Jo 5; 20.22). A menção ao vento, aludindo a atividade do Espírito mostra que se trata de algo sobrenatural (Jo 3.8). Veja também (Ez 37.9; At 2.2).

V  – A VELHA E A NOVA NATUREZA

5.1 A velha natureza. Também chamada de carne, no grego “sarx”. Nas Sagradas Escrituras, o termo é usado tanto para descrever a natureza humana, como para qualificar o princípio que está sempre disposto a se opor ao Espírito. Tal propensão para as práticas pecaminosas herdamos de Adão, que quando transgrediu afetou toda a raça humana (Gn 4.7; 8.21; Sl 51.5; Rm 7.18). Acerca dessa “natureza” a Bíblia nos orienta a não andarmos segundo seus impulsos (Rm 8.1-a); mas, nos despojarmos dela (Ef 4.22); e, fazer morrer seus desejos (Cl 3.5).

5.2 A nova natureza. Esta nova natureza é fruto da regeneração ou novo nascimento, ato que se dá na vida de quem aceita a Cristo, tornando-o participante da vida e da natureza divinas. Esta nova vida nos é transmitida pelo Espírito (Jo 3.8; Tt 3.5). Tal ato é concedido ao crente quando pelo Espírito, ele desliga o pecador de Adão e o conecta com Cristo (1Co 12.13). Paulo ilustra tal mudança de condição quando diz que éramos zambujeiro, mas fomos enxertados na boa oliveira que é Cristo, e por meio da sua seiva, o Espírito Santo, podemos produzir bons frutos (Rm 11.17-24; Gl 5.22).

5.3 A guerra interior. Fomos salvos da condenação e do poder do pecado, mas não ainda da presença do pecado (Rm 7.18,23). No campo do nosso interior ainda se trava uma guerra, um conflito permanente entre a carne e o Espírito. Eles são opostos entre Paulo tratou da guerra interior que existe em cada cristão com as suas duas naturezas (Rm 7.22.23; Gl 5.17). Nessa batalha “carne versus espírito”, vencerá aquele que dermos a maior preferência (Gl 5.16).

CONCLUSÃO

O pecado atingiu o homem e o destituiu da glória de Deus. Todavia, Deus tomou a iniciativa de restaurar a comunhão outrora perdida com o homem, através do evangelho, que iluminando o entendimento humano, pode vivificá-lo, transformar o seu interior e levá-lo a ser participante da natureza divina.

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
  • MCGRATH, Alister E. Teologia sistemática, Histórica e Filosófica. SHEED.
  • MOODY, L. Comentário Bíblico de João. PDF.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: portal rbc1/lições

O culto na Igreja cristã

 

1º TRIMESTRE 2024

O CORPO DE CRISTO

Origem, Natureza e Vocação da Igreja no mundo

COMENTARISTA:  Pr. José Gonçalves

LIÇÃO 11 – O CULTO NA IGREJA CRISTÃ – (Ef 5.15-21)

INTRODUÇÃO

Nesta lição destacaremos princípios que são indispensáveis ao modelo de culto aceito por Deus; elencaremos elementos que devem existir na liturgia da adoração oferecida ao Senhor; e por fim, pontuaremos características do verdadeiro culto pentecostal.

I  – PRINCÍPIOS BÍBLICOS INDISPENSÁVEIS AO CULTO

Devemos lembrar que o culto não é espetáculo nem um show caracterizado por som alto e dançante, gelo seco, roupas extravagantes, músicas carregadas de agressividade e barulho, nos mais diversos ritmos, tais como rock, funk, rap, e axé, onde os participantes estão mais interessados em euforia, gritaria, diversão e auto satisfação. Todo elemento que intervém nesta relação, desviando a atenção para si, não atende à finalidade do culto, que é elevar o homem a Deus (Sl 73 25-28; 1Co 10.31). Como veremos, o culto é importante porque Deus atribui a ele um valor espiritual e singular. Notemos:

1.1 O culto deve ser teocêntrico. “… preste culto somente a Ele” (Mt 4.10; Dt 6.13; Êx 20.4; Lv 26.1; Sl 97.7; Lc 4.8). Deus é zeloso da adoração e do culto oferecido a Ele. “Não adore essas coisas, nem preste culto a elas, porque eu, o Senhor, … sou Deus zeloso…” (Dt 5.9 – NAA; Sl 78.58; 1Co 10.20-22). Deus quer ser adorado pelos seus filhos: “…Assim diz o Senhor:

Israel é meu filho… deixe meu filho ir para que me adore…” (Êx 3.12 – NAA). Percebamos que a adoração precede ao culto: “Adore … e preste culto somente a Ele” (Mt 4.10 – NAA); “Temam … e sirvam a Ele…” (Dt 6.13 – NAA).

 1.2 O culto deve ser espiritual. A primeira característica da adoração é que ela deve ser de adoradores que “… adorem em espírito …” (Jo 4.23). Somente uma adoração espiritual pode gerar um culto espiritual e verdadeiro. Por isso, os sacrifícios no culto cristão são espirituais: (a) o corpo (Rm 12.1,2); (b) o louvor (Hb 13.15); (c) a prática do bem (Hb 13.16); e, (d) a mútua cooperação (Hb 13.16; Fp 4.18).

1.3 O culto deve ser verdadeiro e reverente. A Bíblia nos ensina que o verdadeiro culto ao Senhor deve ser verdadeiro (Is 29.13; 1Sm 15.22; Is 1.10-17; Dt 10.12; Ez 33.31; Jo 4.23). Nossa liturgia é simples e pentecostal, conforme o modelo do Novo Testamento: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” (1Co 14.26). Ela consiste em oração, louvor, leitura bíblica, exposição das Escrituras Sagradas ou testemunho e contribuição financeira, ou seja, ofertas e dízimos. Entendemos que a adoração está incompleta na falta de pelo menos um desses elementos, exceto se as circunstâncias forem desfavoráveis ou contrárias (SOARES [Org.], 2017, p. 145). É preciso ter reverência nos cultos ao Senhor (Êx 19.16-25; 20.18-19; Ec 5.1; Hb 10.19-22; 1Co 14.40 Hb 12.28).

1.4 O culto deve ser espontâneo e alegre (Êx 35.5,21,29; 2Cr 5.12-14).  No NT há espontaneidade para orar e interceder: “Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas” (1Tm 2.8). A espontaneidade chegou a tal ponto que houve necessidade de estabelecer ordem e limites na igreja primitiva (1Co 12.3;14).

II  – O CULTO CRISTÃO E A LITURGICA NA BÍBLIA

 Nos diversos atos litúrgicos registrados na Bíblia estão traçados os elementos do culto cristão. Notemos:

2.1 Elementos litúrgicos do Tabernáculo e do Templo. Fazia parte da liturgia judaica: a) oração (2Cr 7.1); b) sacrifício (1Sm 1.3); c) oferta (Dt 26.10; 1Cr 16.29); d) louvor e cântico (2Cr 7.3); e) a oração antífona do Shema, “ouve Israel”, a confissão de fé dos judeus (Dt 6.4); f) a leitura bíblica (Ne 8.1-8; Lc 4.16,17); e, g) e a exortação (At 13.15) (SOARES [Org.], 2017, p. 145). Os sacrifícios, apontavam de forma tipológica a Cristo e se cumpriram nEle, não sendo mais praticados pela Igreja (Hb 9;10).

2.2 Elementos litúrgicos de Esdras (Ne 8.1-12). Após a reconstrução do Templo o povo se congregou oferecendo um culto na seguinte ordem: a) proclamação – leitura da Lei de Moisés; b) pregação – interpretação da leitura; c) adoração – tempo para oração e adoração coletiva; e, d) comunhão – compartilhamento de alimentos e festejos.

2.3 Elementos litúrgicos de Jesus (Jo 14-17; Mt 26). Nos últimos atos de Jesus, ao instituir a Ceia, são claros os elementos litúrgicos: a) pregação (Jo 14-16); b) oração e intercessão (Jo 17); c) instituição dos símbolos [pão e do vinho]; e, d) cântico de adoração.

2.4 Elementos litúrgicos no culto da Igreja Primitiva (At 2.42). Na Igreja Primitiva também havia uma liturgia bem definida:

a) ensino da Palavra; b) comunhão através do comer juntos e das coletas (ofertas ou contribuições); c) partir do Pão – Ceia do Senhor; d) orações tanto na vida pessoal como comunitária ou congregacional. O apóstolo Paulo instruiu a igreja a preservar com: hinos, sempre eram cantados os Salmos; exposição da Palavra; manifestação dos dons espirituais – profecia e mensagem em línguas quando houvesse interpretação; e ofertas – denominadas de coletas (1Co 14.26; 1Co 16.1-3).

III  – DISTORÇÕES NO CULTO E NA LITURGIA DA IGREJA

O culto em algumas igrejas, infelizmente, tem se desviado dos padrões bíblicos e históricos, chegando-se a uma situação em que, em nome da liberdade e da espontaneidade, o culto se desvirtuou em muitas igrejas, sendo marcado pela irreverência, superficialidade e preocupação prioritária com as necessidades humanas, e não com a presença e a glória de Deus.

Notemos algumas mudanças no culto e liturgia da igreja ao longo da história:

3.1 O culto e liturgia na Igreja primitiva. O culto da igreja primitiva inspirou-se na liturgia das sinagogas. Nos cultos eram lidas passagens do Pentateuco e dos Profetas, seguindo-se uma exposição do texto. Também eram cantados salmos, especialmente o “Hallel” (Sl 113-118). O culto cristão foi extremamente simples (não simplório), constando de orações, cânticos, leituras do AT e dos livros dos apóstolos. Eram feitas exortações pelo dirigente, ensinamentos das verdades bíblicas, coletas (ofertório) e celebração da Ceia do Senhor (COUTO, 2016, pp. 47,48 – grifo nosso). Até o século III, o culto transcorria com a seguinte ordem litúrgica: a) Leitura da Palavra; b) Cântico de hinos; c) Oração em pé com a participação coletiva; d) celebração da Ceia do Senhor; e, e) Coleta para ajudar viúvas, enfermos, encarcerados (RODRIGUEZ, 1999. p. 43).

3.2 O culto e liturgia na Igreja da contemporaneidade. Infelizmente têm surgido muitas formas estranhas e até exageros nos cultos e liturgias em algumas igrejas em nossos dias: a) regressão espiritual. Uma espécie de “segunda conversão”, algo que a Bíblia condena veementemente (Nm 23.23; Jo 8.32; Gl 3.13; 2Co 5.17); b) dança no espírito. Davi dançou patrioticamente, mas, nunca no Templo, pois o templo é o local de adoração e reverência (2Sm 6.14-16; 1Cr 15.29); no NT não há menção a este comportamento entre os elementos do culto e a manifestação do Espírito; c) entrevista espiritual. Caracterizada por ênfase desordenada na atuação de satanás no mundo e na igreja, com conversações e entrevistas com demônios; d) maldição hereditária. Consiste em pactos ascendentes da família feitos com demônios que trazem maldição. A Bíblia é clara ao mostrar que tal doutrina é herética (Jr 31.29,30; Ez 18.2-4,20; Rm 8.1); e) riso no espírito. Propagado no Brasil, principalmente pelos grupos neopentecostais, onde as pessoas caem rindo no chão, histéricas e dando gargalhadas sem nenhum controle de suas ações; e, g) outras inovações. Introdução de elementos judaicos (judaização) no culto cristão etc.

3.3 Desafios quanto ao culto e a liturgia na atualidade. Diante do crescimento de outros movimentos denominados pentecostais e neopentecostais, bem como a comunicação global pela internet, a igreja tem vivenciado uma influência de modismos, substituindo, em alguns lugares, os elementos bíblicos que marcam o seu culto e liturgia como: Perda do costume da oração coletiva (Jz 21.2; Jz 2.4; 2 Cr 5.13; At 2.14; 4.24); diminuição de tempo para exposição da Palavra (Cl 3.16); perda da adoração cristocêntrica; perda da adoração ultracircunstancial; ênfase em mensagens de autoajuda; hinos, sem adoração, centrada apenas no homem e suas experiências (antropocentrismo); utilização de símbolos judaizantes (estrela de Davi, menorá, talit, kipá, shophar); aplausos substituindo a glorificação espontânea (Rm 15.9; Ap 4.9); e, danças e teatro nos cultos que retiram a centralidade da palavra, transferindo-a à estética.

IV  – OS ELEMENTOS DO GENUÍNO CULTO PENTECOSTAL

Os principais elementos do culto pentecostal são:

4.1 Oração. Oração é uma prece dirigida pelo homem ao seu Criador, com o objetivo de adorá-Lo e lhe pedir perdão pelas faltas cometidas, agradecer-Lhe pelos favores recebidos, buscar proteção e, acima de tudo, uma comunhão mais íntima com Ele (1Cr 16.11; Sl 105.4; Is 55.6; Am 5.4,6; Mt 26.41; Lc 18.1; Jo 16.24; Ef 6.17,18; Cl 4.2; 1Ts 5.17).

4.2 Hinos. Um dos principais elementos do culto é o louvor a Deus. Louvar a Deus significa servi-lo em espírito e em verdade. A música esteve presente no culto de Israel e da Igreja primitiva (Nm 10.1-10; Jz 7.22; Jó 38.7; Ef. 5.19; 1Tm 3.16; At 16.25). 

4.3 Leitura bíblica. A leitura da Bíblia é indispensável em um culto cristão e deve ser um momento de profunda reverência, onde os verdadeiros adoradores deverão acompanhar a leitura do texto. Encontramos diversos exemplos da leitura das Sagradas Escrituras, tanto no Antigo como no Novo testamento (Nm 24.7; Dt 31.26; Js 8.34,35; 2Cr 34.14-21; Ne 8.8; 9.3; Lc 4.14-21; At 17.11).

4.4 Contribuições. As ofertas representam a expressão de gratidão do cultuador (Êx 35.29; 36.3; Lv 7.16; 22.18), bem como os dízimos (Ml 3.10). Devemos dar a Deus parte daquilo que dEle recebemos (Êx 23.15; 2Co 9.7). A contribuição no culto é bíblica e deve ser oferecida tanto pelos ricos como pelos pobres (Mc 12.41-44).

4.5 Pregação. A pregação é a parte central do culto cristão e sem ela o culto fica sem brilho e objetivo, pois é através dela que a fé é gerada (Rm 10.14-17; Gl 3.2); é a vontade de Deus, que todos se arrependam e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (Ez 18.23; At 17.30; 1Tm 2.4). A mensagem deve ter a primazia no culto cristão e relegar isso é um grande perigo a Igreja.

4.6 Dons espirituais. Não se pode pensar em Culto Pentecostal sem a manifestação dos dons espiritais, pois ele é caracterizado não apenas pela verdadeira adoração ao Criador, mas também pelas manifestações espirituais e sobrenaturais do Espírito Santo entre os adoradores por meio dos dons espirituais (1Co 14.26). Além da adoração “Salmos”, e do ensino “doutrina”, no culto pentecostal a manifestação dos dons é comum. Paulo faz menção a diversos dons, tais como: revelação, língua, interpretação, profecia e outros (1Co 14.26-40). 

CONCLUSÃO

O culto verdadeiramente pentecostal é baseado no que Deus determinou por meio de sua Palavra. De modo que, os cultos que não possuem tais princípios, não fazem parte do verdadeiro pentecostalismo.

 

REFERENCIAS

  • COUTO, Vinicius. Culto Cristão: Origens, desenvolvimento e desafios contemporâneos. 1 ed. SP: Editora Reflexão, 2016.
  • GONÇALVES, José. O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e Vocação da Igreja no Mundo. 1 ed. RJ: CPAD, 2024.
  • HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. 1 ed. RJ: OBJETIVA, 2001.
  • KESSLER, Nemuel. O culto e suas formas. 1 ed. RJ: CPAD, 2016.
  • LUIZ, Gesse. Caminhos e Descaminhos na História da Liturgia Cristã. 1 ed. Curitiba: AD Santos, 2016.
  • MARTIN, Ralph P. Adoração na Igreja Primitiva. 2 ed. SP: Vida Nova, 2012.
  • SOARES, Ezequias [Org.]. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. 1 ed. RJ: CPAD, 2017.

Fonte: portal rbc1/lições

Igreja: Organismo e organização

 

1º TRIMESTRE 2024

O CORPO DE CRISTO

Origem, Natureza e Vocação da Igreja no mundo

COMENTARISTA:  Pr. José Gonçalves

LIÇÃO 06 – IGREJA: ORGANISMO E ORGANIZAÇÃO – (At 6.1-7)

INTRODUÇÃO

Nesta lição, abordaremos o conceito de igreja e suas definições como organismo e organização. Veremos que as Escrituras nos apresentam essas verdades de maneira inconteste, pois não se pode existir um organismo, sem que ele venha precedido de uma organização. Esta lição vem esclarecer àqueles que ignoram o aspecto organizacional da igreja, relegando-o ao conceito de inovação, apontando de que o Novo Testamento nos mostra uma igreja organizada, norteada por princípios administrativos-eclesiásticos, que foram sendo constituídos a medida que a igreja crescia e tomava forma.

 I – CONCEITUAÇÕES PRELIMINARES  

1.1 Igreja – O vocábulo igreja é formado por duas palavras gregas: pelo prefixo “ek”, “a partir de, dentro de” ou “para fora de”; e, “klesis”, que significa “chamada, convocação, convite”. Literalmente quer dizer “chamados para fora”. O termo ainda é usado para designar um “grupo local de cristãos” (Mt 18.17; At 5.11; Rm 16.1,5); ou a Igreja universal à qual todos os servos de Cristo em todos os tempos estão ligados (At 9.31; 1Co 12.28; Ef 1.22). A palavra ‘igreja’ significa, literalmente, ‘chamados para fora’ e era usada para designar ‘assembleia’ ou ‘ajuntamento’ dos cidadãos de uma localidade na antiguidade grega” Declaração de Fé das Assembleias de Deus(2017, p. 120),

1.2 Organismo“Forma individual de vida […] qualquer corpo constituído por órgãos, organelas ou outras estruturas que interagem fisiologicamente, executando os diversos processos necessários à vida”. Houaiss (2001, p. 2079).

1.3 Organização“Ato ou efeito de organizar, composição, estrutura, inter-relacionamento regular das partes que constituem um ser vivo. Entidade que serve à realização de ações de interesse social, político, administrativo etc.; instituição, órgão, organismo, sociedade.” Houaiss (2001, p. 2079). Segundo Chiavenato (2011, p. 26), um dos autores nacionais mais conhecidos e respeitados na área da administração de empresas e recursos humanos, organização é uma entidade social composta de pessoas e de recursos, deliberadamente estruturada e orientada para alcançar um objetivo comum”.

II – A IGREJA COMO ORGANISMO  

 2.1 Como organismo, ela é o Corpo de Cristo – Segundo Horton (2021, p, 544), Figura bíblica de máxima relevância para apresentar a Igreja é o “Corpo de Cristo”. Era a expressão predileta de Paulo, que frequentemente comparava os inter-relacionamentos e funções dos membros da igreja como partes do corpo. Como corpo, Paulo nos lembra a verdadeira união, que é essencial na igreja ( I Co 12.12). Da mesma forma que o Corpo de Cristo tem o propósito de funcionar eficazmente como uma só unidade, também os dons do Espírito Santo são dados para equipar o corpo “pelo Espírito… o mesmo Senhor… o mesmo Deus que opera tudo em todos… para o que for útil (1 Co 12.4-7). Por esta razão, os membros do corpo de Cristo devem agir com grande cautela “para que não haja divisão no corpo, mas, antes, tenham os membros igual cuidado um dos outros” (1 Co 12.25; Rm 12.5). Embora deva existir união no corpo de Cristo, não se constitui antítese enfatizar que é necessária a diversidade para o bom funcionamento do corpo. No mesmo contexto em que Paulo enfatiza a união, também declara: “Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos”1 Co 12.14). Referindo-se a mesma analogia, em outra epistola ele declara: “Assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação…” (Rm 12.4). Dessa maneira, há uma “unidade na diversidade” dentro do corpo de Cristo.

 2.2 Como organismo, ela é Universal – A igreja universal ou invisível consiste em todos os discípulos de Cristo, quer estejam vivos ou mortos em todo o mundo e em todos os tempos. Algumas vezes a Bíblia usa a palavra “igreja” no sentido universal para falar de todo o povo que pertence a Cristo, não importa de onde ele possa ser. A Igreja invisível não é um edifício construído com blocos e cimento, mas, um edifício construído com pedras vivas (1Pd 2.5). Estas “pedras vivas” são chamadas os santos e membros da família de Deus (Ef 2.19-22).   

2.3 Como organismo, ela é conhecida por sua unidade e dons – Como um organismo vivo, a Igreja Primitiva era conhecida, por exemplo, pela comunhão dos seus membros (At 2.42-46) e pelo exercício dos seus carismas (1 Co 12-14). Essa era a estrutura mística do Corpo de Cristo. O apóstolo Paulo mostra esse fato quando faz a analogia da igreja com um corpo humano (1 Co 12). Por outro lado, a organização é um processo natural em tudo o que é humano. Todos nós sentimos a necessidade, de alguma forma, de estarmos organizados. (Gonçalves, p. 65, 2023). 

A IGREJA COMO ORGANIZAÇÃO

 A IGREJA COMO ORGANISMO

Como organização é visível, local, humana, imperfeita (tem defeitos, problemas e pode até cometer erros), é temporária (pode vir a desaparecer).

Igreja, enquanto organismo vivo, é dirigida pelo Espírito Santo, enviado por Jesus. Como organismo, a igreja é a noiva, a lavoura e o edifício santo.

✓ É visível   

✓ É invisível  

✓ É local

✓ É universal  

✓ É humana   

✓ É divina  

✓ É temporária   

✓ É perpétua  

✓ É imperfeita

✓ È perfeita

 III – A IGREJA COMO ORGANIZAÇÃO

 3.1 Como organização, ela é uma Igreja local organizada. As Escrituras apresentam o modelo bíblico para os cultos: “Por que isto? Deus não é Deus de confusão, mas de paz, na igreja dos santos” (1Co 14.33). A Bíblia nos ensina que: “Não abandonando a nossa congregação, como é costume de alguns […]” (Hb 10.25).  A igreja de Cristo é composta por crentes de todas as eras e tempos que se reúnem com cultos, liturgias, ministérios, lideranças, coletas, contribuições e etc (At 2.46,47; 1Co 14.6; 6:1-6; 13.1-2; Ef 4.11-12; Hb 13.17; 1Co 16.1; Rm 15.26; 2Co 9.1-13; Hb 7.8; Lc 11.42).

3.2 Como organização, possui liderança humana para administrá-la. Desde o AT o Senhor instituiu homens para liderar (Êx 18.25,26; Ne 8.4-6; Jr 3.15). A hierarquia ministerial não existe com a pretensão de um ser melhor que o outro, mas para o Altíssimo manter a ordem: “Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus […]” (Hb 13.7). Paulo falou: “E rogamos-vos, irmãos, que reconheceis os que trabalham entre vós e que presidem sobre vós no Senhor, e vos admoestam (1Ts 5.12). Ainda podemos ver: “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina” (1Tm 5.17). O próprio Jesus constitui homens para a liderança do ministério: “E Ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores […]” (Ef 4.11-13 ver At 20.24,28, Jo 21.17). Paulo ainda disse: “Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular. E a uns pôs Deus na igreja […]” (1Co 12.27,28). Segundo o modelo do NT os pastores representam os fiéis e hão de dar conta do rebanho: “Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles […]” (Hb 13.17). Seguir ao Senhor Jesus presume-se em pertencer ao seu rebanho e conquanto tenhamos pastores (Ef 4.11; Hb 13.7; Jr 3.15).  

 3.2 Como organização, ela se enquadra em sua própria definição – O Novo Testamento nos apresenta a igreja como uma organização formal. Ela possuía dias de cultos estabelecidos (At. 207; Hb 10.25); tinha uma liderança era centralizada (At 16.4); as igrejas locais estavam subordinadas a igreja mãe (At 16.4); os apóstolos doutrinavam a igreja (At 2.42); havia instituição de lideranças (At 6.6; At 14.23; Tt 1.5), verificava-se as qualificações dos candidatos ao ministério (1Tm 3.213), reunia-se em concílio (At 15. 1-6), enviava missionários (At 13.2). Os missionários prestavam relatório das atividades (At 14.26-28), havia disciplina na igreja (1 Cor 5.4,5,13); Ordenanças (At. 2.41; 1 Co 11.23-26); cartas de recomendação (At. 18.27; 2 Co 3.1) e contribuições (Rm 15.26; 1 Co 16.1,2).

Atendendo ao conceito de Chiavenato de organização (conceito supracitado em 1.3), para que a mesma exista é necessário a existência de membros, de um objetivo em comum, e uma estrutura regida por leis. Assim, como toda organização, ela possuía membros (At. 2.47; 5.15;1 Co 1.2); tinha um objetivo: a glória de Deus (Hb 10.25; 1 Ts 5.11; Hb 3.13; Mt 28.19; 2 Co 8.5; At. 8.4); e era regida por leis: a lei de Cristo (2 Co 5.17; Col 3.1-5; At 2.42-46; Rm 8.1-4; 6.11-14; Ef. 4.175.1).

CONCLUSÃO

Aprendemos que a igreja do Senhor Jesus, é tanto um organismo como uma organização. Como organismo, a igreja é universal ou invisível, e consiste em todos os discípulos de Cristo, quer estejam vivos ou mortos em todo o mundo e em todos os tempos. Como organização, é composta por crentes de todas as eras e tempos, que se reúnem com cultos, liturgias, ministérios, lideranças, coletas, contribuições etc.

 REFERÊNCIAS           

  • ANDRADE, Claudionor Correa. Dicionário Teológico. CPAD.
  • BERGSTEN, Eurico. Teologia Sistemática. CPAD.
  • CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração.
  • GONÇALVES, José. O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e Vocação da Igreja no Mundo. CPAD.
  • HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. CPAD •
  • CHAMPLIM, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: portal rbc1/lições

A sutileza do enfraquecimento da identidade pentecostal

3º TRIMESTRE 2022

OS ATAQUES CONTRA A IGREJA DE CRISTO

As sutilezas de satanás nestes dias que antecedem a volta de Jesus Cristo

COMENTARISTA:  Pr. José Gonçalves

LIÇÃO 08 – A SUTILEZA DO ENFRAQUECIMENTO DA IDENTIDADE PENTECOSTAL (AT 2.1-4; 1CO 12-7-11)

INTRODUÇÃO

Nesta lição veremos uma definição dos termos “enfraquecimento” e “identidade”; pontuaremos algumas distorções no culto e na liturgia na contemporaneidade; falaremos sobre os princípios bíblicos indispensáveis ao culto; e por fim; pontuaremos os elementos do genuíno culto pentecostal.

I – DEFINIÇÃO DOS TERMOS “ENFRAQUECIMENTO” E “IDENTIDADE”

1.1 Definição do termo enfraquecimento. “Ato ou efeito de enfraquecer; perda de intensidade ou força; fraqueza; debilidade; falta de ânimo; desânimo; desalento; diminuição das propriedades ou da intensidade ou do poder de ação” (HOUAISS, 2001, p. 1146).

1.2 Definição do termo identidade. “Conjunto de características que distinguem uma pessoa ou uma coisa e por meio das quais é possível individualizá-la” (HOUAISS, 2001, p. 1565).

II – DISTORÇÕES NO CULTO E NA LITURGIA NA CONTEMPORANEIDADE

A maneira como uma igreja adora ao Senhor reflete a sua crença e os seus valores. O culto em algumas igrejas, infelizmente, tem se desviado dos padrões bíblicos e históricos, chegando-se a uma situação em que, em nome da liberdade e da espontaneidade, o culto se desvirtuou em muitas igrejas, sendo marcado pela irreverência, superficialidade e preocupação prioritária com as necessidades humanas, e não com a presença e a glória de Deus. Notemos algumas distorções no culto:

2.1 Desvios na liturgia da Igreja na atualidade. Infelizmente têm surgido muitas formas estranhas e até exageros nos cultos e liturgias em algumas igrejas em nossos dias tais como: a) rodopios e dança espiritual. Davi dançou patrioticamente, mas, nunca no Templo, pois o templo é o local de adoração e reverência (2Sm 6.14-16; 1Cr 15.29); no NT não há menção a este comportamento entre os elementos do culto; b) regressão espiritual. Uma espécie de “segunda conversão”, algo que a Bíblia condena veementemente (Nm 23.23; Jo 8.32; Gl 3.13; 2Co 5.17); c) entrevista espiritual. Caracterizada por ênfase desordenada na atuação de satanás na igreja com entrevistas com demônios; d) decretar o que Deus deve fazer. Há muitos que, desprezando a soberania divina, passam a determinar seus “direitos” e a decretar suas “posses” como se o Senhor lhes fosse um mero empregado; e) riso e cair no espírito. As pessoas caem rindo no chão, histéricas e dando gargalhadas sem nenhum controle de suas ações; g) cultos exóticos. Há tantas inovações e exotismos invadindo em alguns cultos, que, algumas dessas extravagâncias, em nada diferem do misticismo pagão do tempo de Paulo (Cl 2.18); e, h) judaização do culto. Introdução de elementos judaicos no culto cristão como estrela de Davi, menorá, talit, kipá, shophar.

2.2 Desafios no culto da Igreja na atualidade. Vários movimentos, incorretamente intitulados de pentecostais, têm surgido ao longo dos anos. Tais dissidências acabaram criando um segmento esotérico, místico e sincrético que em nada lembra o verdadeiro cristianismo (Cl 2.18). A igreja tem vivenciado uma influência de modismos, substituindo, em alguns lugares, os elementos bíblicos que marcam o seu culto e liturgia como: a) Perda do costume da oração coletiva (Jz 21.2; Jz 2.4; 2 Cr 5.13; At 2.14; 4.24); b) diminuição de tempo para exposição da Palavra (Cl 3.16); c) perda da adoração cristocêntrica; d) ênfase em mensagens de autoajuda e hinos sem adoração, centrado apenas no homem e suas experiências (antropocentrismo); f) aplausos substituindo a glorificação espontânea (Rm 15.9; Ap 4.9); e, g) danças teatrais nos cultos que retiram a centralidade da palavra. Não podemos nos esquecer, também, de extravagâncias doutrinárias como, por exemplo, a teologia da prosperidade, confissão positiv a, quebra de maldição, triunfalismo e outros aleijões teológicos e heresias.

III – PRINCÍPIOS BÍBLICOS INDISPENSÁVEIS AO CULTO

Devemos lembrar que o culto não é espetáculo nem um show caracterizado por som alto e dançante, gelo seco, roupas extravagantes, músicas carregadas de agressividade e barulho, nos mais diversos ritmos onde os participantes estão mais interessados em euforia, gritaria, diversão e auto satisfação. Todo elemento que intervém nesta relação, desviando a atenção para si, não atende à finalidade do culto, que é elevar o homem a Deus (Sl 73 25-28; 1Co 10.31). O culto para alguns é apenas um ponto de encontro, um momento de interatividade social. Notemos as características do verdadeiro culto:

3.1 O culto deve ser teocêntrico. Deus é zeloso da adoração e do culto oferecido a Ele: “Não adore essas coisas, nem preste culto a elas, porque eu, o Senhor,… sou Deus zeloso… ” (Dt 5.9 – NAA; ver ainda Sl 78.58; 1Co 10.20-22). Deus quer ser adorado pelos seus filhos: “…Assim diz o Senhor: Israel é meu filho… deixe meu filho ir para que me adore…” (Êx 3.12 – NAA). Percebamos que a adoração precede ao culto: “Adore… epreste culto somente a Ele” (Mt 4.10 – NAA); “Temam… e sirvam a Ele… ” (Dt 6.13 – NAA). Podemos ver ainda os seguintes textos (Mt 4.10; Dt 6.13; Êx 20.4; Lv 26.1; Sl 97.7; Lc 4.8).

3.2 O culto deve ser espiritual. A primeira característica da adoração é que ela deve ser de adoradores que “… adorem em espírito …” (Jo 4.23). Somente uma adoração espiritual pode gerar um culto espiritual e verdadeiro. Por isso, os sacrifícios no culto cristão são espirituais: (a) o corpo (Rm 12.1,2); (b) o louvor (Hb 13.15); (c) a prática do bem (Hb 13.16); e, (d) a mútua cooperação (Hb 13.16; Fp 4.18).

3.3 O culto deve ser reverente. O culto deve primar pela boa condução: “Mas faça-se tudo decentemente e com ordem” (1Co 14.40). O culto deve ser racional e consciente (Rm 12.1). A liturgia pentecostal é simples conforme o modelo do NT: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” (1Co 14.26). Ela consiste em oração, louvor, leitura bíblica, exposição das Escrituras Sagradas e contribuição financeira, ou seja, ofertas e dízimos. Entendemos que a adoração está incompleta na falta de pelo menos um desses elementos, exceto se as circunstâncias forem desfavoráveis ou contrárias (SOARES (Org.), 2017, p. 145). É preciso ter reverência nos cultos ao Senhor (Êx 19.16-25; 20.18-19; Ec 5.1; Hb 10.19-22; 1Co 14.40 Hb 12.28).

3.4 O culto deve ser espontâneo e alegre (Êx 35.5,21,29; 2Cr 5.12-14). No NT há espontaneidade para orar e interceder: “Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas” (1Tm 2.8). A espontaneidade chegou a tal ponto que houve necessidade de estabelecer ordem e limites na igreja primitiva (1Co 12.3;14). A igreja primitiva era autenticamente pentecostal tanto na forma quanto no conteúdo: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos” (At 2.42.43).

IV – OS ELEMENTOS DO GENUÍNO CULTO PENTECOSTAL

São igrejas legitimamente pentecostais as que: a) Aceitam a soberania da Bíblia Sagrada, como a inspirada e inerrante Palavra de Deus, elegendo-a como infalível regra de avaliação de toda e qualquer manifestação espiritual (2Tm 3.16); b) Mantém a pureza da sã doutrina (At 2.42; 1Tm 4.16); c) Acreditam na atualidade do batismo com o Espírito Santo e dos dons espirituais (At 2.39); d) Cumprem integralmente as demandas da Grande Comissão (Mc 16.15-20); e) Têm compromisso com a santidade, defendem o aperfeiçoamento da vida cristã através da leitura da Bíblia, da oração e do exercício da piedade na consolação do Espírito Santo (Gl 5.22; 1Ts 5.17-23; 1Tm 4.8). Vejamos então os principais elementos do culto pentecostal:

4.1 Oração. Oração é uma prece dirigida pelo homem ao seu Criador, com o objetivo de adorá-Lo e lhe pedir perdão pelas faltas cometidas, agradecer-Lhe pelos favores recebidos, buscar proteção e, acima de tudo, uma comunhão mais íntima com Ele (1Cr 16.11; Sl 105.4; Is 55.6; Am 5.4,6; Mt 26.41; Lc 18.1; Jo 16.24; Ef 6.17,18; Cl 4.2; 1Ts 5.17).

4.2 Hinos. Uma das formas mais expressivas da adoração cristã é manifestada através de hinos e cânticos (Ef 5.18-21). Infelizmente, essa área da liturgia cristã muito tem sofrido com a proliferação de músicas que, sublimando o homem, minimizam o Senhor. Um dos principais elementos do culto é o louvor a Deus. Louvar a Deus significa servi-lo em espírito e em verdade. A música esteve presente no culto de Israel e da Igreja primitiva (Nm 10.1-10; Jz 7.22; Jó 38.7; Ef. 5.19; 1Tm 3.16; At 16.25).

4.3 Leitura Bíblica. A leitura da Bíblia é indispensável em um culto cristão e deve ser um momento de profunda reverência, onde os verdadeiros adoradores deverão acompanhar a leitura do texto. Encontramos diversos exemplos da leitura das Sagradas Escrituras, tanto no Antigo como no NT (Nm 24.7; Dt 31.26; Js 8.34,35; 2Cr 34.14-21; Ne 8.8; 9.3; Lc 4.14-21; At 17.11).

4.4 Contribuição. As ofertas representam a expressão de gratidão do cultuador (Êx 35.29; 36.3; Lv 7.16; 22.18), bem como os dízimos (Ml 3.10). Devemos dar a Deus parte daquilo que dEle recebemos (Êx 23.15; 2Co 9.7). A contribuição no culto é bíblica e deve ser oferecida tanto pelos ricos como pelos pobres (Mc 12.41-44). A igreja primitiva adorava a Deus com a entrega voluntária de dízimos e ofertas (1Co 16.2; 2Co 9.7; Fp 4.18).

4.5 Pregação. A pregação é a parte central do culto cristão e sem ela o culto fica sem brilho e objetivo, pois é através dela que a fé é gerada (Ed 8.1-12; At 2.42; 17.11; Rm 10.14-17; Gl 3.2); é a vontade de Deus, que todos se arrependam e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (Ez 18.23; At 17.30; 1Tm 2.4). O genuíno pentecostalismo não admite qualquer outra revelação além das Escrituras Sagradas, pois prima pela ortodoxia bíblica e pela sã doutrina (Cl 1.6-9). Logo, nossa única regra de fé e conduta é a Bíblia Sagrada, a inspirada, inerrante, absoluta e completa Palavra de Deus.

4.6 Dons espirituais. Não se pode pensar em culto pentecostal sem a manifestação dos dons espiritais, pois ele é caracterizado não apenas pela verdadeira adoração ao Criador, mas também pelas manifestações espirituais e sobrenaturais do Espírito Santo (1Co 14.26). Além da adoração “Salmos”, e do ensino “doutrina”, no culto pentecostal a manifestação dos dons é comum. Paulo faz menção a diversos dons, tais como: “revelação, língua, interpretação, profecia e outros” (1Co 14.26-40).

CONCLUSÃO

Nesta lição, que o verdadeiro culto pentecostal é centrado na Palavra. Vimos também algumas sutilezas dos erros que têm aparecido no meio do Movimento Pentecostal. E apontamos por fim, para o modelo bíblico do culto ao Senhor.

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • GONÇALVES, José. Os Ataques Contra a Igreja de Cristo: As sutilezas de Satanás nestes dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
  • SOARES, Ezequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.

Fonte: portalrbc1.