As nossas armas espirituais

 

2º TRIMESTRE 2024

A CARREIRA QUE NOS ESTÁ PROPOSTA

O caminho da salvação, santidade e perseverança para chegar ao céu

COMENTARISTA:  Pr. OsielGomes

LIÇÃO 06 – AS NOSSAS ARMAS ESPIRITUAIS – (Lc 4.1-4; 16-20)

INTRODUÇÃO

Nesta lição, veremos algumas informações sobre e tentação de Jesus segundo o Evangelho de Lucas; pontuaremos as propostas do inimigo na batalha espiritual enfrentada por Jesus; notaremos a realidade da batalha espiritual bem como o preparo do crente; e por fim, falaremos sobre o campo da batalha espiritual.

I  – A TENTAÇÃO DE JESUS SEGUNDO O EVANGELHO DE LUCAS

Após ser batizado por João Batista no Jordão (Lc 3.21,22), Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado. Mas alguém pode perguntar: como era possível que o Jesus sem pecado fosse tentado? Devemos antes de mais nada observar que o que foi tentado foi sua natureza humana. O escritor Lucas fornece alguns detalhes desse fato que iremos destacar:

1.1 O lugar da tentação (Lc 4.1). O referido texto nos mostra que Jesus foi tentado no deserto “E Jesus […] foi levado […] ao deserto”. A palavra deserto no grego “eremía” e “éremus” significam, ambos, “deserto” ou “lugar ermo”, ou seja, não somente um verdadeiro deserto, mas também um lugar desabitado ou escassamente habitado (Barclay, 1955, p. 39).

1.2 O tempo da tentação (Lc 4.2-a). O relato de Mateus indica que foi “após os quarenta dias de jejum” que a tentação teve início (Mt 4.1). Mas Lucas diz especificamente que a tentação durou todo esse tempo “e quarenta dias foi tentado pelo diabo”. Jesus, apesar da tensão e da fome, mostrou-se vitorioso. É interessante destacar que as tentações que Cristo sofreu não se resumiram ao deserto (Lc 22.28). O diabo deu uma trégua depois do episódio no deserto, mas logo retornaria (Lc 4.13).

1.3 O agente tentador (Lc 4.2-b). O referido texto nos informa que quem tentou Jesus foi o próprio diabo: “e quarenta dias foi tentado pelo diabo” (Mt 4.3; Mc 1.13). A Bíblia nos mostra que ele é o principal agente da tentação (Gn 3.1; 2Co 11.3; 1Ts 3.5; 1Pd 5.8). O registro lucano informa quais as artimanhas do Inimigo para esse fim: (a) o diabo chegou-se a Jesus no deserto valendo-se de que ele estava sozinho (Mt 4.1; Lc 4.1); (b) aproveitou um momento que o Mestre se encontrava debilitado fisicamente (Mt 4.2; Lc 4.2); (c) com a expressão “se” talvez quisesse colocar dúvida na mente de Cristo (Lc 4.3); (d) tentou três vezes, pois entendia que a insistência podia fazer o Filho de Deus ceder (Lc 4.3); e, (e) usou a Palavra de Deus de forma distorcida para ludibriar (Lc 4.10,11). 

II  – AS PROPOSTAS DO INIMIGO NA TENTAÇÃO

Lucas apresenta uma sequência de tentações diferente da do evangelho de Mateus, contudo o relato de Lucas não afirma ser cronológico. Não sabemos por que Lucas inverte a ordem das duas últimas tentações, e não há proveito em especular a respeito disso. O que deve ser destacado é que a tentação foi uma realidade. “Jesus é colocado em teste para determinar se possui as qualidades necessárias para ser o Salvador, o Cristo e o Senhor. O diabo, seu arqui-inimigo, confronta Jesus e tenta seduzi-lo antes do início de seu ministério. Seu objetivo é frustrar o plano de salvação de Deus logo no princípio, induzindo Jesus a faltar com sua palavra para com Deus” (Tokumboh, 2010, p. 1241). Vejamos quais as intenções do diabo na tentação do deserto:

2.1 Duvidar da revelação recebida (Lc 4.3). No batismo, Jesus ouvira do céu a declaração do Pai dizendo: “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo” (Lc 3.22-b). No entanto, no deserto, o diabo o tentou a duvidar dessa declaração, quando o quis incitar a transformar as pedras em pão como evidência de sua filiação divina (Lc 4.3). Em primeiro lugar, Jesus não precisava provar para Satanás que ele era o Filho de Deus, pois Satanás sabia disso (Mc 5.7; Lc 8.28). Em segundo lugar Jesus não compôs a sua própria resposta para o tentador, mas extraiu a sua resposta da revelação das Escrituras (Dt. 8.3; Lc 4.4).

2.2 Apossar-se de forma prematura dos direitos de Messias (Lc 4.5-8). Lucas enfatiza o fato de que o Maligno fez aparecer diante de Jesus toda a pompa deste mundo, alegando ser dele (Jo 12.31; 14.30; 16.11). Na verdade Cristo Jesus é herdeiro de tudo (Rm 8.17; Hb 1.2). Todavia, a Escritura nos mostra que todas as coisas lhe estariam sujeitas no devido tempo (Hb 10.13; Ap 11.15). Querer tomar posse dos reinos antes de passar pela cruz era contrariar o plano divino. Mas, Jesus estava comprometido plenamente com a vontade divina (Jo 4.34; 5.30; 6.38; Hb 10.7). 

2.3 Testar a revelação recebida (Lc 4.9-12). O Maligno nesta ocasião cita a Escritura (Sl 91.11-12) para assegurar Jesus que Ele ficaria bastante seguro. Este, porém, é um emprego errôneo da Bíblia. E torcer um texto para servir um propósito. Jesus rejeita esta tentação, conforme fizera com as outras duas, ao apelar para o significado verdadeiro da Bíblia (Dt 6.16). Não cabe ao homem submeter Deus ao teste, nem sequer quando o homem é o próprio Filho de Deus encarnado (Morris, 2007, pp. 98,99).

III  – A REALIDADE DA BATALHA ESPIRITUAL

A batalha espiritual é uma realidade com a qual todo crente, em algum momento, irá se deparar. Não existe ninguém que seja imune à batalha espiritual, pois até mesmo Jesus, o homem perfeito, foi submetido. A resposta à batalha espiritual não é, portanto, negá-la, mas enfrentá-la à luz da Palavra de Deus. Notemos algumas observações que devemos ter:

3.1 Não ignorar essa realidade. Infelizmente não são poucos os cristãos que ignoram que estamos numa batalha espiritual contra os seres demoníacos. Alguns ignoram por falta de conhecimento, outras porque preferem não acreditar. Ignorar o diabo não o fará deixar de existir e de investir contra nós. Acerca disso Paulo diz: “Porque não ignoramos os seus ardis” (2Co 2.11). Pedro também afirmou que: “o diabo […] anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pd 5.8 veja ainda 1Co 7.5; Ef 6.16; 1Ts 2.18; Ap 12.17). Embora, haja anjos decaídos que estão algemados no Inferno (2Pd 2.4; Jd v.6); há outros que estão soltos, como agentes de Satanás, sob o seu domínio e controle (Ef 2.2; Αp 12.7).

3.2 Não supervalorizar essa realidade. Enquanto uns ignoram a realidade do inimigo das nossas almas, há outros que cometem pelo menos dois erros: (a) atribuem tudo ao diabo. Embora Satanás seja um causador de males aos homens na terra, há males que sobrevêm ao homem por causa do seu pecado (Rm 5.12; Lm 3.39), e outros que são enviados por Deus como punição (Gn 6.5,17; 2 Cr 7.13); e, (b) acham que o diabo é tão poderoso quanto Deus. É bom dizer que embora o diabo tenha certo poder (At 26.18; 2 Ts 2.9), pois foi um ser angelical de destaque no mundo espiritual (Is 14.12-19; Ez 28.14,15), ele não pode agir de forma autônoma, pois esteve e sempre estará sob o controle de Deus (Jó 1.11,12; Mc 5.9,10; Lc 22.31).

3.3 Ser moderado a essa realidade. Que existe um reino tenebroso, diabólico, organizado no mundo espiritual (Ef 6.12) influenciando as nações e os povos para o mal em todos os sentidos, está patente na Bíblia: “o mundo jaz no maligno” (1Jo 5.19). Jesus, por diversas vezes chamou o diabo de “o príncipe deste mundo” (Jo 12.31; 14.30; 16.11); Paulo de “[…] o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos […]” (2 Co 4.4). Ele também falou do “príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência” (Ef 2.2). No entanto, a Bíblia também diz que, por ocasião do sacrifício de Cristo que, esmagou a cabeça da serpente (Gn 3.15), e despojou os principados e potestades, quando triunfou deles na cruz do Calvário (Cl 2.15), sua atuação ficou ainda mais restrita no mundo, pela presença do Espírito Santo e da igreja (2Ts 2.7). A esta Igreja, o Senhor Jesus concedeu poder e autoridade sobre os demônios e todo poder do maligno (Mc 16.17; Lc 10.19); de forma que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18).

IV  – O PREPARO ESPIRITUAL DO CRENTE PARA A BATALHA

A imagem que o apóstolo Paulo na sua carta aos Efésios é a de uma linguagem retirada do contexto militar romano. A expressão “toda a armadura” traduz o termo grego “panóplia”, que significa “a armadura completa de um soldado fortemente armado” (Ef 6.11,13). Na Carta, a orientação não é para usar armas próprias, mas tomar o equipamento dado por Deus, resistir bravamente e marchar contra as potestades do ar.

4.1 Fortalecidos no poder do Senhor. Quando o apóstolo Paulo usa a expressão na forma passiva “fortalecei-vos no Senhor” (Ef 6.10a) indica que não temos poder em nós mesmos. Esse excelso poder nos é conferido pela comunhão com Deus, em Cristo, por meio do Espírito Santo (Jo 15.7; 1Jo 1.3). Por isso precisamos estar fortalecidos por meio da “renovação da mente” (Ef 4.23), da “vida em santidade” (Ef 4.24) e “ser cheio do Espírito” (Ef 5.18). A vitória não pode ser alcançada por outro meio. Conhecer as Escrituras sem a devida obediência e frequentar os cultos sem a genuína conversão não são suficientes. Não obstante, o poder de Deus está disponível aos fiéis para “pisar serpentes, e escorpiões, e toda a força do Inimigo” (Lc 10.19).

4.2 Vigilantes em toda a oração e súplica. Paulo enfatiza a necessidade de uma vida cristã permeada pela prática da oração. Não é possível entrar em combate sem a cobertura de tão preciosa arma espiritual (Lc 21.36). A expressão “orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito” (Ef 6.18) significa clamar pelo favor divino em qualquer circunstância e oportunidades. Esse clamor deve estar acompanhado de vigilância (Is 59.1,2), pois esta preserva o crente das astutas ciladas do Inimigo (Sl 124.7).

V  – CONHECENDO O CAMPO DA BATALHA ESPIRITUAL

A expressão usada por Paulo: “ciladas do diabo” (Ef 6.11) indica as “armadilhas” articuladas perversamente pelo reino das trevas. O líder desse reino é identificado como diábolos, que significa “caluniador” e “acusador” (Mt 4.1; Jo 8.44; 1Pd 5.8). Vejamos algumas características dessa batalha espiritual:

5.1 O conflito contra o reino das trevas. Paulo enfatiza que esse conflito não é “contra carne e sangue” (Ef 6.12). Não se trata de lutar contra o ser humano, mas contra o reino das trevas nas “regiões celestes”. Essas declarações indicam que a batalha não é física, mas travada no mundo espiritual. O conflito é contra as hostes que, debaixo da autoridade do Diabo, mantêm os homens na escuridão (1Jo 5.19). Nessa metáfora, fica claro que o cenário do campo de batalha do soldado é espiritual (Ef 6.11,12), ao mesmo que se revela a natureza pessoal do conflito, pois essa luta se dá tanto na área individual quanto na área coletiva da igreja (1Pd 5.8,9).

5.2 As agências das potestades do ar. Paulo identifica as forças do mal que marcham contra a Igreja como “principados, potestades, príncipes das trevas deste século e hostes espirituais da maldade” (Ef 6.12). Esses seres são caracterizados por três aspectos: a) Eles são poderosos. Os títulos “principados e potestades” indicam poder, primazia e autoridade para agir; “príncipes das trevas” são líderes de anjos decaídos, que sob o comando do Diabo exercem domínio; b) Eles são malignos. Esses agentes formam “as hostes espirituais da maldade”. Refere-se a demônios que empregam seu poder destrutivamente para o mal; e, c) Eles são astutos. São cheios de sutilezas e maquinam a queda da Igreja. Apesar desse imenso império do mal, a Igreja é exortada a não temer. Somos incentivados a lutar e, sobretudo, a vencer, pois o Senhor da Igreja está elevado ao nível “acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio” (Ef 1.21).

CONCLUSÃO

Em certo sentido, a “armadura de Deus” é uma imagem de Jesus Cristo. Ele é a Verdade (Jo 14.6); Ele é nossa justiça (2Co 5.21) e nossa paz (Ef 2.14). Ele é fiel (Gl 2.20); é nossa salvação (Lc 2.30); e, é a Palavra de Deus (Jo 1.1,14). Isso significa que, quando aceitamos a Cristo, também recebemos a armadura. No momento da salvação, vestimos a armadura de uma vez por todas. No entanto, devemos nos apropriar dela cada dia: “[…] vistamo-nos das armas da luz” (Rm 13.12).

REFERÊNCIAS

  • SOARES, Ezequias; SOARES, Daniele. Batalha Espiritual. CPAD, 2018.
  • SOARES, Ezequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD, 2017.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD, 1995.
  • WIERSBE, W. W (Trad. Susana Klassen). Comentário Bíblico Expositivo NT. GEOGRÁFICA, 2007.
  • HANEGRAAFF Hank (Trad. Marta Andrade). Armadura Espiritual. CPAD, 2005.
  • MORRIS, Leon, L. Lucas: Introdução e Comentário. VIDA NOVA.

Fonte: portal rbc1/lições

Os inimigos do cristão

 

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A CARREIRA QUE NOS ESTÁ PROPOSTA

O caminho da salvação, santidade e perseverança para chegar ao céu

COMENTARISTA:  Pr. OsielGomes

LIÇÃO 05 – OS INIMIGOS DO CRISTÃO – (Rm. 6.11-14; 1Jo. 2.15-17)

INTRODUÇÃO

Nesta lição aprenderemos sobre a expressa necessidade de se resistir aos inimigos de todos aqueles que aceitaram a fé em Cristo e resolveram mudar sua vida. Teremos a oportunidade de refletir sobre a carne, o diabo e mundo, três dos nossos maiores inimigos e que causam os grandes conflitos que temos diuturnamente. Também pontuaremos a oportunidade de entender como podemos vencê-los e permanecer no caminho.

I – A VELHA E A NOVA NATUREZA

Antes de conhecermos os nossos inimigos, precisamos entender que éramos e o caminho de transformação que nos foi proposto. Na teologia chamamos esse embate da guerra entre a velha natureza e a nova natureza. Vamos entender melhoro tema: 

1.1 A velha natureza. Nas Escrituras Sagradas, o termo é usado tanto para descrever a natureza humana quanto para qualificar o princípio que está sempre disposto a se opor ao Espírito. Tal propensão para as práticas pecaminosas herdamos de Adão, que quando transgrediu afetou toda a raça humana (Gn 4.7; 8.21; Sl 51.5; Rm 7.18). William Barcley (1988, p. 24) diz que: “a carne é aquilo que o homem fez de si mesmo em contraste com aquilo que Deus fez”. É preciso destacar que a carne não pode ser confundida com o corpo, no grego “soma”, visto que este é uma dádiva divina (Gn 2.7) e é o Templo do Espírito Santo (1Co 6.19). A cerca dessa “natureza” a Bíblia nos orienta a não andarmos segundo seus impulsos (Rm 8.1-a); nos despojarmos dela (Ef 4.22); e, fazer morrer seus desejos (Cl 3.5).

1.2 A nova natureza. Esta nova natureza é fruto da regeneração ou novo nascimento, ato que se dá na vida de quem aceita a Cristo, tornando-o participante da vida e da natureza divina. Esta nova vida nos é transmitida pelo Espírito (Jo 3.8; Tt 3.5). Tal ato é concedido ao crente quando pelo Espírito, ele desliga o pecador de Adão e o conecta com Cristo (1Co 12.13). Paulo ilustra tal mudança de condição quando diz que “éramos zambujeiro, mas fomos enxertados na boa oliveira que é Cristo, e por meio da sua seiva, o Espírito Santo, podemos produzir bons frutos” (Rm 11.17-24; Gl 5.22).

1.3 A guerra interior. Fomos salvos da condenação e do poder do pecado, mas não ainda da presença do pecado (Rm 7.18,23). No campo do nosso interior ainda se trava uma guerra, um conflito permanente entre a carne e o Espírito. Eles são opostos entre si. Paulo tratou da guerra interior que existe em cada cristão com as suas duas naturezas (Rm 7.22.23; Gl 5.17). Nessa batalha “carne versus espírito”, vencerá aquele que dermos a maior preferência (Gl 5.16).

II – CONHECENDO OS INIMIGOS!

2.1 A carne. O primeiro inimigo é a “carne” (Rm 6.19-a; 7.18) do grego: “sarx”. A natureza carnal, a velha natureza que herdamos de Adão depois da Queda (Gn 6.12), uma natureza que se opõe a Deus e que não é capaz de fazer qualquer coisa espiritual para agradar ao Senhor (Gl 5.19-21). A carne refere-se à nossa natureza caída e pecaminosa às vezes chamada na Bíblia de “velho homem” (Rm 6.6, Ef 4.22; Cl 3.9) que surgiu desde a desobediência no Éden (Rm 3.10-12).

2.2 O mundo. A Bíblia ensina que não devemos amar ao mundo, pois ser amigo do mundo é ser “inimigo de Deus” (Tg 4.4). O mundo aqui do grego: “kosmos” não é o planeta Terra onde vivemos, mas, é o presente século mau, o grande sistema do mal ao redor de nós (Gl 1.4; 6.14), que é governado por um príncipe (Jo 14.30; 2Co 4.4). É o governo mundial de rebelião contra Deus, e que se opõe ao Senhor Jesus e satisfaz: “a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida” (1Jo 2.15-17). É sobre este mundo que a Bíblia fala que jaz no maligno (1Jo 5.19).

2.3 O diabo. O terceiro grande adversário do homem é o próprio diabo que é o: “príncipe das potestades do ar” (Ef 2.2). Ele rege os negócios deste mundo mau, e seu grande objetivo é contrariar a vontade e o programa divino no mundo, na Igreja e no crente. Mas, por meio de sua morte e ressurreição, Cristo venceu a carne (Rm 6.1-6; Gl 2.20); o mundo (Jo 16.33; Gl 6.14); e o diabo (Ef 1.19-23) (WIERSBE, 2007, vol. 2, p. 74). Esse inimigo, é o principal agente da tentação. Logo nos primeiros capítulos da Bíblia vemos o diabo tentando os nossos primeiros pais (Gn 3); em Mateus 4.3 vemo-lo tentando a Cristo. Paulo escrevendo aos Tessalonicenses diz: “temendo que o tentador vos tentasse” (1Ts 3.5). Aos Coríntios ele escreve dizendo que temia que eles fossem enganados pela serpente (2Co 11.3). Alguns ignoram por falta de conhecimento, outras porque preferem não acreditar. Ignorar o diabo não o fará deixar de existir e de investir contra nós. Acerca disso Paulo diz: “Porque não ignoramos os seus ardis” (2Co 2.11). Pedro também afirmou que: “o diabo […] anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1Pd 5.8 veja ainda 1Co 7.5; Ef 6.16; 1Ts 2.18; Ap 12.17). Embora, haja anjos decaídos que estão presos (2Pd 2.4; Jd v.6); há outros que estão soltos, como agentes de Satanás, sob o seu domínio e controle (Ef 2.2; Αp 12.7).

III – O QUE DEUS NOS OFERECE EM MEIO A ESTA BATALHA?

Deus nunca abandonará seus filhos, nem tão pouco o deixará só em meio as batalhas, na verdade Ele já preparou para todos nós equipamentos que podem anular a força de nossos inimigos, mas para isso precisamos:

3.1 Conhecer a armadura. O dicionarista Antônio Houaiss (2001, p. 802) diz que conhecer é: “perceber e incorporar algo; ficar sabendo; adquirir informações sobre; tomar ou ter consciência de; estar familiarizado com; ter ideia bastante exata sobre; experimentar; dar-se conta de”. Contra os inimigos espirituais não podemos lutar de “qualquer jeito”, nem com “qualquer arma”, nem tampouco usarmos “armadura humana”. Uma vez que lutamos contra inimigos na esfera espiritual e imaterial, precisamos conhecer nossas armas espirituais (2Co 10.3-5), pois Deus nos supriu com elas, e não devemos deixar parte alguma de fora (Ef 6.10). Alguns estão sendo derrotados porque não tem dado a devida importância a estas armas espirituais, e por isso, estão sendo “[…] vencidos por Satanás” (2Co 2.10-c; Ef 4.27; 1Pd 5.8).

3.2 Revestir-se da armadura. Segundo o dicionário da língua portuguesa, a palavra revestir é: “vestir mais uma vez; vestir de novo; cobrir-se com adornos; recobrir; tornar firme, estável e resistente algo lhe aplicando um revestimento para enfrentar situação adversa; armar-se” (2001, p. 2453). No grego a palavra “revestir” é “enduo” que quer dizer: “entrar em uma roupa, vestir duas vezes”. A ideia deixada pelo apóstolo Paulo é que este revestimento serve para “estar firmes” (Ef 6.11), de onde vem a palavra: “histemi” que significa: “ficar de pé, tornar firme, fixar, manter-se no lugar, permanecer imóvel, continuar seguro, ileso, permanecer preparado, ter uma mente firme, alguém que não hesita, que não desiste”. Só assim podemos vencer “as astutas ciladas do diabo”.

IV – COMO PODEMOS VENCER NOSSOS INIMIGOS? 

4.1 Vivendo em sujeição e comunhão com Deus (Tg 4.7,8-a). A ordem do verbo “sujeitai-vos” exige uma ação passiva, a qual implica alinhar-se sob a autoridade de alguém. Para manter-se firme diante do diabo, da carne e do mundo, o crente precisa estar prostrado diante do Senhor. A única maneira eficaz de resistirmos às artimanhas do Diabo, assim como aos desejos e paixões da nossa própria carne, é nos rendendo incondicionalmente ao Senhor, em plena devoção (Mt 4.10; 1Pd 5.8,9). Esta segunda ordem: “chegai-vos a Deus […]” (Tg 4.8-a) indica uma ação ativa dos crentes (Is 55.6). Esta atitude resulta numa reciprocidade de Deus: “[…] ele se chegará a vós”. Confira também (Jr 29.13,14; 33.3; Mt 6.6).

4.2 Vivendo em santidade e humildade (Tg 4.8,10). A santificação posicional ocorre no ato da salvação quando fomos purificados pelo poder da palavra (At 15.9; Tt 2.14) e, por isso, o Senhor espera de todo cristão uma purificação pessoal (santificação progressiva), prática e constante (Lv 20.7; Js 3.5; 2Co 7.1; 1Ts 4.3; Hb 12.14). Jesus dignificou a humildade nos seus ensinos (Mt 18.4; Fp 2.5-11). Tiago e Pedro afirmam que o resultado da humilhação presente é a exaltação futura: “humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará (Tg 4.10); “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte (1Pd 5.6).

4.3 Vivendo no poder de Deus (Ef 6.10). Enquanto estivermos no mundo não teremos trégua na luta contra nossos inimigos. Como a batalha é contínua nossa capacitação para vencer também deve ser contínua. Precisamos diariamente do poder do Espírito Santo para prevalecermos as hostes da maldade (Ef 5.18). O cristão jamais poderá prevalecer contra o poder de Satanás, da carne e do mundo, sem o poder de Deus. Sabedor disto, Jesus delegou aos apóstolos poder para expulsar os demônios (Mt 10.1; Mc 6.7; Lc 9.1). Na ocasião em que o Mestre ordenou que outros setenta discípulos fossem expulsar os demônios, também lhes conferiu poder (Lc 10.19). Sobre a necessidade do poder para vencer os ataques, Paulo exortou aos cristãos de Éfeso dizendo: “[…] fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder (Ef 6.10,11).

4.4 Vivendo em constante oração (Ef 6.18). A luta contra nossos inimigos é uma realidade cotidiana, e nessa batalha não há cessar fogo, de modo que a recomendação apostólica para nós é que: “[…] depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis (Ef 6.13 – ARA), depois das vitórias alcançadas não devemos abaixar as armas, visto que não há momento mais vulnerável na vida de um cristão quando depois de uma grande conquista. Uma forma de evitar essa vulnerabilidade é o crente se fortalecer através da oração (Ef 6.18; Rm 12.12), de modo que não podemos vencer essa guerra com nossa própria capacidade (2Co 3.5).

CONCLUSÃO

Apesar dos ataques de Satanás, de nossa natureza pecaminosa e do mundo, podemos confiar na palavra de nosso Deus que nos assegura vitória, Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo (2 Co 5.17). Essa nova criatura recebe de Deus a oportunidade de através dele, vencer os inimigos.

REFERÊNCIAS

  • SOARES, Ezequias; SOARES, Daniele. Batalha Espiritual. RJ: CPAD, 2018.
  • SOARES, Ezequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. RJ: CPAD, 2017.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
  • WIERSBE, W. W (Trad. Susana Klassen). Comentário Bíblico Expositivo NT. SP: GEOGRÁFICA, 2007.
  • HANEGRAAFF Hank (Trad. Marta Andrade). Armadura Espiritual. RJ: CPAD, 2005

Fonte: portal rbc1/lições

Como se conduzir na caminhada

 

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COMENTARISTA:  Pr. OsielGomes

LIÇÃO 04 – COMO SE CONDUZIR NA CAMINHADA – (Ef 5.15-17)

INTRODUÇÃO

Na presente lição traremos uma definição da palavra conduzir; trataremos à luz da epístola de Paulo aos efésios sobre como era o nosso andar antes de Cristo; e, veremos quais as orientações do apóstolo sobre a nossa conduta depois de Cristo como autênticos servos de Deus.

I – DEFININDO O VERBO CONDUZIR

O verbo conduzir significa: “proceder, agir, portar-se, andar”. Já a palavra “andar” muito recorrente na epístola aos efésios, no grego “peripateo” significa: “caminhar, viver, regular a própria vida” (STRONG, 2002, p. 110). Em Efésios 5.8, a linguagem paulina é de contrastes entre a condição passada “éreis trevas” e a condição presente do cristão “agora, sois luz”. Portanto, já que somos luz devemos andar como filhos da luz (Ef 5.8-b).

II – A VELHA FORMA SER E DE ANDAR: CAPÍTULO 04

 O apóstolo Paulo exorta aos cristãos efésios que não se conduzam, não andem, não procedam mais como os gentios não convertidos. A expressão: “E digo isto e testifico no Senhor” (Ef 4.1), é um chamado a responsabilidade do viver cristão comprometido. A palavra “testifico” no grego “marturomai” significa: “protestar, exortar, implorar” (STRONG, 2002, p. 750). Paulo segue destaca a condição dos que não conhecem a Cristo:

2.1 Eles andam na vaidade do seu sentido. A vaidade do sentido a que refere o apóstolo Paulo quer dizer que “os pagãos” andam segundo seus próprios pensamentos. Segundo o Pr. Elienai Cabral: “A vaidade é própria daqueles que perdem a visão real de Deus na experiência pessoal e, então, separados de Deus, buscam no seu próprio sentido (mente) a resposta para o seu vazio interior” (CABRAL, 1999, p. 60).

2.2 Entenebrecidos no entendimento. A palavra “entenebrecer” no grego “skotizo” significa: “ser coberto com trevas, ser escurecido” (STRONG, 2002, p. 1661). Paulo enfatiza aqui que os ímpios procedem impiamente porque seu entendimento está em trevas. O diabo lhes cegou o entendimento (2Co 4.4).

2.3 Separados da vida de Deus. O homem caído em pecado encontra-se distante de Deus, devido a parede de separação que é resultado da transgressão humana. Nas primeiras páginas da Bíblia vemos isso: “o SENHOR Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden” (Gn 3.23-a). O profeta Isaías também fala desta separação espiritual: “Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça” (Is 59.2). Nas páginas do NT, Paulo fala desta triste condição: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23).

2.4 Perderam todo sentimento. A expressão “perderam todo sentimento”, mostra-nos que quando a consciência é golpeada muitas vezes, torna-o pecador, insensível. Ele já não sente mais constrangimento em fazer o que é errado (1 Tm 4.2). Champlin diz que “este termo assinala o final do longo processo de ‘endurecimento’, deixando o coração calejado e petrificado, deixando a depravadas e desavergonhadas, piores do que animais irracionais” (1995, p. 607).

2.5 Se entregaram a dissolução. A expressão dissolução no grego é “aselgeia” que significa: “luxúria desenfreada, excesso, licenciosidade, lascívia, libertinagem, caráter ultrajante impudência, desaforo, insolência” (STRONG, 2002, p. 1227). Uma das práticas comuns na cidade de Éfeso era a imoralidade sexual ligada a idolatria, no culto a Diana.  

III – A NOVA FORMA DE SER E DE ANDAR: CAPÍTULO 05

 Após falar da vida pregressa dos efésios, Paulo fala agora de como eles devem viver depois que receberam a Cristo. Vejamos:

3.1 Andai em amor (Ef 5.2). A palavra “amor” ocorre na Bíblia 276 vezes. No AT: 123 e no NT: 153 (JOSHUA, 2012, p. 183). Teologicamente o amor é a “virtude que nos constrange a buscar, desinteressada e sacrificialmente, o bem de outrem” (ANDRADE, 2006, p. 42). Sobre o amor devemos destacar que: (a) O amor é o solo onde são cultivadas todas as demais virtudes espirituais (I Jo 4:8); (b) O amor é a prova mesma da espiritualidade; e tem início na regeneração (I Jo 4:7,8); (c) o amor é a principal característica da divina família de geração a geração (Jo 14.21 15.10); (d) o amor consiste de querer para os outros, aquilo que queremos para nós mesmos. É a dedicação ao próximo. O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor (Rm 13.10); (e) O amor inspira e vitaliza a fé (Gl 5.6).  

3.2 Andar em luz (Ef 5.8-b). Todo cristão autêntico é luz no Senhor: “Porque, noutro tempo, éreis trevas, mas, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz” (Ef 5.8), e deve resplandecer como astro no mundo: “para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo” (Fp 2.15). A ausência da luz permite que a escuridão prevaleça. Mas, quando a luz chega, as trevas desaparecem (Mt 4.13-16; Jo 1.5). Assim deve ser o crente no desempenho de sua missão de luz no mundo, espargindo a luz do Evangelho de Cristo: “nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador, e dá luz a todos que estão na casa” (Mt 5.15), sobre todos os povos, raças, culturas e indivíduos, independente de idade, sexo, cor, religião, profissão e posição (Mt 28.18-20). A Bíblia diz que: (a) A luz precisa ser mantida. Se a luz estiver apagada ou escondida, nenhum benefício trará ao ambiente: “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte” (Mt 5.14). A luz não se mistura com as trevas. Quando Jesus diz que somos a luz do mundo, está afirmando que a luz se opõe ao mundo, que está em trevas (Is 9.2; 59.9; Jo 1.5; 3.19; Rm 13.12; 2Co 6.14); a luz glorifica o nome do Senhor.  A visão das nossas boas obras fará isto: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.16).

3.3 Andar em prudência (Ef 5.15). No presente versículo Paulo exorta os cristãos a andarem de forma prudente e não como néscios. A expressão “prudência” segundo o Houaiss significa: “Qualidade da pessoa que age de maneira a evitar perigos ou consequências ruins, com precaução; cautela, atenção, sensatez”. A Bíblia nos guia a vivermos prudentemente, sem nos desviarmos nem para a direita nem para a esquerda (Js 1.7,7). Em Provérbios, o livro de ética do AT, o sábio Salomão pontua as caraterísticas da pessoa prudente. Ele que: o prudente modera seus lábios (Pv 10.19); age com conhecimento (Pv 13.16); atenta para seus passos (Pv 14.15); é sábio (Pv 14.33); e, vê o mal e se esconde (Pv 27.12).

3.4 Andar em harmonia (Ef 5.21). No presente texto o cristão também é exortado a andar em harmonia dentro do seio familiar. A Bíblia ensina os diferentes papéis na família, para que este lar seja harmonioso e saudável. Notemos: 

a) Submissão da esposa (Ef 5.22). A expressão “submissão” no grego é “hupotassõ” que quer dizer: submeter-se; obedecer; subordinar”. Não se trata de uma determinação paulina e sim, de um princípio divino que visa a boa ordem na família. Não significa inferioridade porque Deus criou homem e mulher à sua imagem, e ambos têm igual valor (Gn 1.27; 1Co 11.8,9).

b) Amor do esposo (Ef 5.25). Paulo usa o amor de Cristo pela Igreja, para dizer que de forma semelhante o esposo deve amar a esposa. Esse amor é descrito pelo apóstolo como: (a) Incondicional – Cristo amou a Igreja (1Co 13.18); (b) PerseveranteCristo amou, ama e amará a Igreja, o marido deve manter o seu amor por sua esposa até que a morte os separe (Mt 19.5,6); (c) Santificador – Cristo se entregou por sua Igreja “para a santificar”. Portanto o marido que ama a sua esposa mantém o seu lar em santificação, evitando brigas, desavenças, mágoas e infidelidade (1Ts 4.7; Hb 13.4); (d) Sacrificial – Cristo se sacrificou pela Igreja, assim o marido deve amar a esposa, pois ferindo-a, ferirá a si mesmo e amando-a amará a si mesmo (Ef 5.28,29); (e) RomânticoCristo não só se sacrificou pela Igreja como dela cuida e alimenta (Ef 5.29). O marido deve seguir o mesmo padrão (1Co 7.33).

c) A correta criação dos filhos (Ef 6.4). Os pais têm o dever de disciplinar e corrigir seus filhos: “Castiga o teu filho, e te fará descansar e dará delícias à tua alma” (Pv 29.17). A correção aplicada de maneira apropriada, torna o filho sábio (Pv 28.7) livra sua alma do inferno (Pv 23.13-16), e como resultado trará alegria aos pais (Pv 29.17; Pv 19.18; Pv 10.1).

 CONCLUSÃO

            A vida nas trevas pertence ao passado. Ele foi sepultada com Cristo na cruz. A vida na luz pertence ao presente. Devemos irradiar esta luz diante dos homens em todas as esferas da vida, a fim de glorificarmos a Deus.

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor de. Dicionário TeológicoCPAD.
  • CABRAL, Elienai. Comentário da Carta aos Efésios. CPAD.
  • CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
  • HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
  • LOPES, Hernandes Dias. Casamento, divórcio e novo casamento. HAGNOS
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: portal rbc1/lições

O Céu – O destino do cristão

 

2º TRIMESTRE 2024

A CARREIRA QUE NOS ESTÁ PROPOSTA

O caminho da salvação, santidade e perseverança para chegar ao céu

COMENTARISTA:  Pr. OsielGomes

LIÇÃO 03 – O CÉU – O DESTINO DO CRISTÃO – (Fp 3.13,14,20,21; Ap 21.1-4)

INTRODUÇÃO

Nesta lição estudaremos o céu – o destino do cristão, para isto definiremos a palavra céu, em seguida veremos uma breve descrição de como esse tema aparece nas Sagradas Escrituras. Elencaremos também a natureza do céu e a conduta exigidas dos salvos em Cristo. E por fim, pontuaremos as bênçãos reservadas para igreja do senhor.

I  – DEFININDO O TERMO CÉU

Nas traduções da Bíblia para a língua portuguesa cerca de 700 ocorrências da palavra céu (s). Sendo que, a maioria dos textos bíblicos usa a palavra hebraica: “shamayim”, que é traduzida literalmente como: “as alturas”, ou a palavra grega: “ouranos”, que é traduzida como: “o que está elevado”. Estes termos são usados em toda a Bíblia, referentes a três céus. Notemos: 

1.1 O primeiro céu (inferior): É o céu atmosférico, onde sobrevoam as aves e os aviões; onde passam as nuvens, desce a chuva e se processam os trovões e relâmpagos: “Ele é que cobre o céu de nuvens, que prepara a chuva para a terra e que faz produzir erva sobre os montes” (Sl 147.8; ver Dt 11.11,17; 28.12,24).

1.2 O segundo céu (intermediário): É o céu estelar ou planetário, chamado também de céu astronômico: “E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus […]” (Gn 1.14; ver Gn 15.5; Sl 33.6; Jr 10.2; Hb 1.10).

1.3 O terceiro céu (superior): Este céu é o ponto central do nosso estudo. Podemos chamá-lo de “céu dos céus” por estar acima de todos (Ne 9.6; Jo 3.13). É este céu que o apóstolo Paulo denomina de “o Paraíso” (2Co 12.2-4), e que o Senhor Jesus mencionou, muitas vezes, em suas pregações e ensinos (Mt 5.12,16; 6.1,9,10; 7.21; 8.11; 10.32,33).

II  – A DESCRIÇÃO DO CÉU À LUZ DAS ESCRITURAS

2.1 Paraíso: Este título nos lembra a felicidade, contentamento e comunhão que os nossos primeiros pais desfrutavam com Deus, no Éden, antes da queda (Gn 3.8). Escrevendo aos coríntios, o apóstolo Paulo afirma que foi arrebatado até o terceiro céu, que é o paraíso (2Co 12.2-4).

2.2 Casa de meu Pai: Em um dos seus últimos discursos, o Senhor Jesus descreveu o céu como a: “casa de meu Pai” (Jo 14.1-3), trazendo-nos a ideia do conforto, descanso e comunhão do lar.

2.3 Cidade celestial:  Assim como Israel peregrinou no deserto, com destino a Canaã, a igreja está peregrinando, com destino a Canaã celeste. O escritor aos Hebreus disse: “Porque nós não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura” (Hb 13.14); e o apóstolo Paulo, escrevendo aos filipenses, afirma: “Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3.20).

III  – A NATUREZA DO CÉU À LUZ DAS ESCRITURAS

O céu não é um lugar místico e nem um conceito filosófico. O céu é um lugar real, onde Deus habita; de onde Jesus veio, para tomar forma humana, e para lá voltou, após a sua ressurreição, e de onde Ele voltará, para buscar a Sua igreja. Vejamos como a Bíblia informa a natureza do céu:

3.1 O Céu é um lugar real. O céu não é um lugar imaginário, e sim, um lugar real, onde a igreja estará para sempre com o Senhor (1Ts 4.17). Jesus descreveu o céu como um lugar onde existe muitas moradas (Jo 14.1-3);

3.2 O Céu é um lugar indescritível. Apesar das muitas referências bíblicas sobre o céu, cremos que não é possível descrevê-lo por completo, pois não se pode descrever a sua beleza e sua realidade com palavras humanas. O apóstolo Paulo diz que “[…] as coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam” (1Co 2.9).

3.3 O Céu é um lugar espaçoso. As testemunhas de Jeová afirmam que apenas 144 mil irão para o céu. Porém, o apóstolo João, na ilha de Patmos, teve uma visão dos mártires na glória, e escreveu: “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos” (Ap 7.9). Se João descreve os mártires da grande tribulação como: “uma multidão, a qual ninguém podia contar”, imagine o que será a igreja, em sua totalidade.

IV  A CONDUTA DE QUEM TEM COMO DESTINO O CÉU

4.1 Andar em santidade. A santidade é a marca característica de um verdadeiro servo de Deus, tanto no AT, pois, o caráter santo de Deus deveria ser refletido na vida de Israel (Lv 11.44; Nm 15.40), como no NT, onde nos é dito que a nossa santificação é a vontade direta e perfeita de Deus para nós (1Ts 4.3). A afirmativa bíblica é que os salvos são filhos de Deus (Rm 8.16), sendo assim, temos aqui um argumento lógico e simples, os filhos herdam a natureza dos pais, logo, sendo Deus Santo, como seus filhos, devemos ter uma vida santa. Somos participantes da natureza divina e devemos revelar essa natureza em uma vida piedosa (2Pd 1.4).

4.2 Andar em obediência e reverência (1Pd 1.14,17). Antes da conversão a Cristo o homem por natureza, é filho da desobediência (Ef 2.2). O apóstolo Pedro ressalta que agora, após a experiência da salvação, não podemos mais viver nas práticas do passado que determinavam o nosso modelo de vida (1Pd 1.14,15); “não vos amoldeis” significa não entrar no esquema, no modelo. Originalmente, a palavra significava assumir a forma de alguma coisa, a partir de um molde de encaixe, os cristãos são chamados a “mudar de forma”, e a assumir o padrão de Deus (Rm 12.2), vivendo respectivamente de maneira reverente, ou seja, tendo a atitude de quem fala cada palavra, cumpre cada ação e vive cada momento consciente de Deus tendo consciência de que nossas atitudes serão julgadas pelo justo juiz (Dt 10.17; Rm 2.11; 1Pd 4.17).

4.3 Andar sem conformar-se com o mundo (Rm 12.2). A expressão “não vos conformeis” tem o sentido de “não tomar a forma” ou “não ser igual”. Em outras palavras, o apóstolo Paulo estava dizendo: “não queira ser igual ao mundo”. O cristão deve reconhecer que o presente sistema mundano é mau (At 2.40; Gl 1.4) e que está sob o controle de Satanás (Jo 12.31; I Jo 5.19). Aquele que é nascido de Deus deve aborrecer aquilo que é mau, e amar aquilo que é justo, pois, Jesus disse que nós somos o sal da terra e a luz do mundo; e, como luz do mundo devemos resplandecer diante dos homens  (Mt 5.13-16)

V  – AS BÊNÇÃOS RESERVADAS PARA A IGREJA NO CÉU

Seria impossível descrever, neste breve estudo, as bênçãos que estão reservadas para a igreja no céu. Vejamos algumas:

5.1 Santidade perfeita. No céu não existe tentação e nem pecado. Lá os santos desfrutarão, para sempre de santidade e pureza, pois receberão corpos gloriosos e incorruptíveis, e não poderão mais pecar (Ap 21.27; 22.14,15).

5.2 Plenitude de conhecimento. No céu não haverá escola nem ciência. Mas, o conhecimento será perfeito. Os mistérios serão desvendados, temas teológicos de difíceis compreensão, serão, enfim, compreendidos; e muitas coisas encobertas, serão reveladas (Dt 29.29; 1Co 13.12).  

5.3 Descanso eterno. Em contraste com a vida presente, no céu não haverá necessidade de corrermos de um lado para outro, na luta pela sobrevivência. Estaremos, para sempre, livres de fadiga, cansaço e dores (Ap 14.13; 21.4).  

5.4 Serviço. O céu não é um lugar de fadiga e cansaço, mas também não é um lugar de inatividade. Está equivocado aquele que pensa que a única coisa que faremos no céu é louvar a Deus. A Bíblia diz: “Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra… E ali nunca mais haverá maldição contra alguém; e nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão” (Ap 7.15; 22.3).

4.5 Gozo incomparável. Nem mesmo o maior prazer experimentado neste mundo poderia ser comparado com o gozo que desfrutaremos no céu. O céu é um lugar de gozo e de alegria permanente (Ap 19.7; 21.4).

4.6 Comunhão com Cristo. No céu seremos semelhantes a Cristo e O veremos face a face. Por enquanto, a nossa comunhão com Ele é baseada na fé. Nós oramos, adoramos e O servimos movidos por fé (1Pd 1.8). No entanto, ao adentrarmos nas regiões celestes, poderemos vê-lo face a face (Jo 14.3; 2Co 5.8; Fp 1.23; Ap 22.4).

CONCLUSÃO

O céu é um lugar real, onde a igreja estará, para sempre, com o seu noivo, o Senhor Jesus Cristo. Todo aquele que recebeu a Cristo como Senhor e Salvador de sua vida, deve desejar habitar neste lugar, preparado para o povo de Deus (Jo 14.1-3).

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
  • MCGRATH, Alister E. Teologia sistemática, Histórica e Filosófica. SHEDD.
  • MOODY, D. L. Comentário Bíblico de João. PDF.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: portal rbc1/lições

A escolha entre a porta estreita e a porta larga

 

2º TRIMESTRE 2024

A CARREIRA QUE NOS ESTÁ PROPOSTA

O caminho da salvação, santidade e perseverança para chegar ao céu

COMENTARISTA:  Pr. OsielGomes

LIÇÃO 02 – A ESCOLHA ENTRE A PORTA ESTREITA E A PORTA LARGA – (Mt 7.13,14; 3.1-10)

INTRODUÇÃO

Nesta lição, aprenderemos sobre o significado da palavra “escolha” e sua relevância na compreensão da metáfora das portas e dos caminhos, considerando que a mesma no contexto pressupõe o livre arbítrio do homem. Traremos o conceito teológico do livre arbítrio nas Escrituras, e pontuaremos que o homem, mediante a graça de Deus, é capacitado para responder e decidir sobre o seu destino eterno. A mensagem das duas portas e caminhos, não só atende aos não conversos à fé, bem como, a todo cristão, como um instrumento de incentivo e ânimo na perseverança em nosso destino: o céu.

 I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA ESCOLHA

 Definição. De acordo com Houaiss (2001, p.1206), “ato ou efeito de escolher”, “preferência que se dá a alguma coisa que se encontra entre outras”, “predileção”, “opção entre duas coisas ou mais”; “ato de eleger, eleição”; “capacidade de escolher bem, de escolher com discernimento.”

  1. Contextualizando o tema da lição – Como já acima definido, o termo “Escolha” pressupõe o livre-arbítrio humano em exercício na decisão de que porta e caminho o homem seguirá. É importante destacar que essa lição tanto se aplica aos não conversos, quanto àqueles que já professam a fé em Cristo, considerando que a perseverança no caminho estreito é o segredo da vitória e a meta de todo cristão ( Ap 2.7, 11, 17, 26; 3.5,12,21; Fl 3.13). Assim sendo, não há espaço para a predestinação fatalista, que atribui a Deus, a escolha de quem há de se salvar ou se perder.

 II – DEFINIÇÃO DE LIVRE-ARBÍTRIO 

2.1 Definição etimológica do termo. O dicionário Vine (2010, pp. 608,756) diz que livre-arbítrio vem do termo grego “eklego”, “escolher, selecionar, eleger” e “eleutheros”, “liberdade de ir onde quer”. O dicionário Houaiss define como: “possibilidade de decidir, escolher em função da própria vontade, isenta de qualquer condicionamento, motivo ou causa determinante”. A palavra livre vem do latim “liber”, que significa “livre” e o termo arbítrio “arbiter”, que é “uma pessoa escolhida para decidir sobre uma questão” (2001, p. 1774). 

2.2 Definição teológica do termo. “Entende-se por livre-arbítrio a liberdade que o ser humano tem de fazer escolhas, tornando-se, consequentemente, responsável por elas e por seus respectivos resultados […]. O poder humano de fazer escolhas é o primeiro assunto de que trata a Bíblia Sagrada […]. O livre-arbítrio é inerente ao homem, o qual não poderia ser julgado, jamais, se as suas decisões fossem involuntárias, e ele fizesse o que não desejasse pelo fato de ser movido por uma força estranha, alheia à sua consciência e vontade” (BRUNELLI, 2016, pp. 293,295). A Declaração de Fé das AD diz: CREMOS, professamos e ensinamos que o homem é uma criação de Deus […], dotado por Deus de livre-arbítrio, ou seja, com liberdade de escolher entre o bem e o mal […] essa escolha continua mesmo depois da queda no Éden (Jo 7.17). Deus dotou Adão do livre-arbítrio com o qual ele era capaz tanto de obedecer quanto de desobedecer ao Criador (SOARES, 2017, pp. 77,99).  

 III – O LIVRE-ARBÍTRIO NA BÍBLIA 

3.1 O livre-arbítrio nas Escrituras. Tanto no AT quanto no NT a doutrina do livre-arbítrio é claramente defendida, e apesar da expressão “livre-arbítrio” não estar na Bíblia de maneira explícita em diversas passagens do AT podemos ver que Deus dá o poder de escolha ao ser humano (Gn 2.16,17; 4.7; Dt 28.1; 30.15,19; Js 24.15; 2Sm 24.12; Jz 5.2; 1Cr 28.9; 2Cr 15.2; Ed 7.13; Ne 11.2; Sl 119.30; Is 1.19,20; Jr 4.1). Também podemos encontrar várias referências que nos demonstra o livre-arbítrio no NT (Mt 3.2; 4.17; 16.24; 23.37; Mc 8.35; Lc 7.30; Jo 1.11; 5.40; 6.37; 7.17; 15.7; At 3.19; 17.30; Rm 10.13; 1Tm 1.19; 1Co 10.12; 2Co 8.3,4; 1Jo 3.23; Ap 3.20; 22.17).  

3.2 O livre-arbítrio antes da Queda. O poder da livre-escolha faz parte do desígnio de Deus para a humanidade, como sendo a sua imagem e semelhança (Gn 1.27). Adão e Eva receberam o mandamento para multiplicarem a espécie humana (Gn 1.28) e se absterem de comer do fruto proibido (Gn 2.16-17). Estas duas responsabilidades implicam na capacidade de respostas. O fato deles deverem fazer estas coisas, implicava que eles poderiam fazê-las (Gn 3.6). A condenação de Deus para a atitude deles deixa claro que ambos eram moralmente livres para tomar a sua decisão (Gn 3.11,13) (GEISLER, 2010, p. 108). 

3.3 O livre-arbítrio depois da Queda. Mesmo depois de haver pecado e se tornado espiritualmente “morto” (Gn 2.17; cf. Ef 2.1) e, portanto, um pecador, em função da sua natureza pecaminosa (Ef 2.3), Adão não se tornou tão completamente depravado a ponto de não mais ouvir a voz de Deus e poder responder de maneira livre (Gn 3.9-10). A imagem de Deus foi obscurecida, mas não completamente erradicada pela Queda; ela foi corrompida (afetada), mas não eliminada (aniquilada). Na verdade, a imagem de Deus (que inclui o livre-arbítrio) ainda permanece nos seres humanos (Gn 9.6; Tg 3.9). Até mesmo a nossa cegueira espiritual é resultado da nossa decisão de não acreditar (Rm 6.16) (GEISLER, 2010, p. 109). 

IV – A METÁFORA DOS DOIS CAMINHOS (Mt 7.13,14)

                Segundo Carson (2018, p. 137), o sentido da metáfora é bem claro. Temos de imaginar dois caminhos, duas estradas. O primeiro é espaçoso e sua porta é larga. Ele acomoda muitas pessoas, e todas se sentem confortáveis e felizes com sua amplidão. Contudo, apesar de ser tão bom de percorrer, ele acaba em destruição. O outro caminho é apertado, e a porta que lhe dá acesso é estreita. Ele é restrito, e relativamente poucos viajantes se encontram nele. Mas, ele conduz à “Vida”.            A passagem de Mateus 7.12,13, nos fala de duas portas e dois caminhos; dois tipos de transeuntes; e dois destinos. Senão vejamos:

4.1 Duas portas e dois caminhos – Hendriksen (2010, pp. 456-457) nos diz que a ordem “porta” seguida por “caminho” se constitui em uma sequência natural, onde o significado aponta para: uma escolha inicial correta (conversão) seguida pela santificação; ou uma escolha Inicial incorreta seguida por um endurecimento gradual. No Novo Testamento a palavra estreita com referência à uma porta, só aparece em Mt 7.13,14. Em Lc 13.24 o mesmo adjetivo é usado com referência a uma “porta” escatológica (Mt 25.10). Para que possa entrar pela porta estreita, a pessoa precisa se desfazer de muitas coisas, por exemplo, o desejo ardente de possuir bens terrenos, o espírito que não consegue perdoar, o egoísmo e, especialmente a justiça própria. A porta estreita é,pois, a porta da autonegação e da obediência. Por outro lado, a “porta larga” permite entrar com a bolsa e toda a bagagem. A velha natureza pecaminosa – tudo o que ela contém e todos os seus acessórios – pode passar facilmente por ela. É a porta da autoindulgência. Essa porta é tão ampla que uma multidão enorme e clamorosa pode entrar toda de uma vez, e ainda restará muito espaço para outros. A “porta”, pois, aponta para a escolha que uma pessoa faz nesta presente vida, seja ela boa ou má.

 O “caminho” ao qual a porta estreita dá acesso é “apertado”. A vereda pela qual o crente está viajando se assemelha a uma passagem difícil por entre dois penhascos. Ela se acha cercada de ambos os lados. Assim também, mesmo no caso da pessoa que já entrou espiritualmente pela porta estreita, o que permanece da velha natureza, se rebela  contra a ideia de deixar de lado as más propensões e os maus hábitos de outrora. Essa velha natureza não é completamente destruída até o momento de sua morte. Mesmo estando no caminho apertado, a antiga natureza trava uma batalha diária com a nova natureza (Rm 7.15-25; Gl 5.17; 1 Pe 2.11).

4.2 Dois tipos de transeuntes – Aqueles que escolhem uma porta larga e o caminho espaçoso são chamados de “muitos”; aqueles que entram pela porta estreita e viajam pelo caminho apertado são chamados de “poucos”. Isso está em sintonia com Mt 22.14 “Muitos são chamados, poucos escolhidos”, e com as passagens que mencionam o “remanescente”, como Rm 9.27; 11.5, etc. Não obstante, toda companhia dos eleitos em Cristo é descrita como uma multidão que não se pode contar (Ap. 7.9).

 É importante lembrar que os transeuntes da porta larga”, ainda que aparentem “liberdade” e “felicidade”, todavia, tudo é de natureza puramente superficial, pois os que vivem na prática do pecado, são escravos do mesmo (Jo 8.34). Eles estão presos na vaidade de seus próprios pensamentos, tendo o seu entendimento obscurecido e separados da vida de Deus (Ef. 4.17-19). Por outro lado, “Grande paz têm os que amam a tua lei” (Sl 119.165; Is 26.3;43.2). Ainda que, entrar pela porta estreita e caminhar pelo caminho apertado da autonegação, dificuldade e luta, dores e asperezas, isto é especialmente verdadeiro em virtude da natureza pecaminosa que não foi completamente vencida. Para o “novo homem” (a natureza regenerada) há alegria indizível e cheia de glória (1 Pe 1.8; Rm 7.22; Fl 2.17; 3.1; 4.4). Os “poucos” que entram pela porta estreita são “afligidos, mas não esmagados; perplexos, porém não desesperados (2 Co 4.8,9); entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo todas as coisas(2 Co 6.10), pois além dos tesouros que já possuem desde agora, eles sabem que riquezas maiores esperam por eles (2 Co 4.17).

 4.3 Dois destinos Para Hendriksen (2010, p.459), os que entraram pela porta larga e agora trilham o caminho espaçoso estão indo rumo à destruição, ou seja, estão destinados não a aniquilação, e, sim, à perdição eterna (Dn 12.2; Mt 3.12; 18.8; 25.41,46; Mc 9.43; Lc 3.17; 2 Ts 1.9; Jd 6,7; ap.14.9-11; 19.3; 20.10). Ao contrário, “O caminho da cruz leva ao lar”. É o caminho da autorrenúncia que “conduz à vida” em seu sentido pleno e escatológico: comunhão com Deus em Cristo, no céu, subsequente, no novo céu e na nova terra; mais todas as bençãos resultantes dessa comunhão (Sl 16.11; 17.15; 23.6;73.23-36; Jo 14.2,3; 17.3,24; 2Co 3.17,18; 4.6; Fp 4.7,9; 1 Pe 1.4,8,9; Ap. 7.15-17; 15.2-4; 20.4,6; 21.1-7).  

CONCLUSÃO

  Concluímos que passar pela porta estreita, significa o início de nossa jornada, nossa conversão ao evangelho de Cristo. Entretanto, o caminho até a eternidade é caracterizado por sua estreiteza, ou seja, para nos mantermos firmes no alvo, precisamos renunciar a nós mesmos, tomar nossa cruz e seguir a Jesus, Isso implica em viver uma vida de completa entrega ao Senhor. Que ele nos ajude a nos mantermos fiéis até a morte.

REFERÊNCIAS

  • CARSON, D. A. O Sermão do Monte: Exposição de Mateus 5-7. Vida Nova GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
  • HENDRIKSEN, Willian.Comentário do Novo Testamento – Mateus vol. 1. Cultura Cristã
  • HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA
  • LLOYD-JONES, Davi Martyn, 1899-1981. Estudos no sermão do monte, Fiel Editora
  • SOARES, Esequias. Declaração de fé das Assembléias de Deus. CPAD
  • VINE, W. E. et al. Dicionário Vine: O significado exegético e expositivo das palavras do AT e do NT. CPAD.

Fonte: portal rbc1/lições