Desenvolvendo uma consciência de santidade

2º TRIMESTRE 2024

A CARREIRA QUE NOS ESTÁ PROPOSTA

O caminho da salvação, santidade e perseverança para chegar ao céu

COMENTARISTA:  Pr. Osiel Gomes

LIÇÃO 10 – DESENVOLVENDO UMA CONSCIÊNCIA DE SANTIDADE (1Pd 1.13-22)

INTRODUÇÃO

Estamos caminhando para o final de nossa jornada, e na aula de hoje precisaremos analisar o desdobramento mais importante desde o dia em que resolvemos andar com Cristo: manter-se ao seu lado na caminhada. Hoje estudaremos sobre Santidade e seus desdobramentos. Veremos nesta aula a perspectiva bíblica e teológica da santidade, seus estágios e o porquê devemos viver em santidade.

I – A SANTIDADE À LUZ DA BÍBLIA

1.1 Definição do termo. O substantivo “qodesh”, que se traduz como “santidade”, bem como a palavra grega “hagiosyne”, significam basicamente: “estado de separação do que é comum ou impuro; é a característica do que é consagrado exclusivamente a Deus” (Lv 20.24-26; At 6.13; 21.28; 1Ts 3.13) (WYCLIFFE, 2012, p. 1760 – acréscimo nosso). Segundo Jones (2015, p. 76): o substantivo “qodesh” é usado como raiz das demais formas, incluindo a forma verbal, “qodash”, normalmente traduzida por “ser santo”, “santificar” ou “consagrar”. Santidade e o adjetivo santo ocorrem mais de 900 vezes na Bíblia (TYNDALE, 2015, p. 1656), ficando clara a importância dada pelas Escrituras a tal doutrina.

II – A NATUREZA DA SANTIDADE

A Bíblia mostra claramente a necessidade de vivermos uma vida santa por meio de várias exortações (Rm 13.13,14; Ef 4.17-24; Fp 4.8,9; Cl 3.5-10). A responsabilidade do crente quanto à santificação, é destacada pelo escritor aos Hebreus (Hb 12.14-a) (CHAMPLIN, 2002, p. 647). Sobretudo, a necessidade de uma vida santa é vista ao afirmar que: “[…] sem a santificação ninguém verá ao Senhor” (Hb 12.14-b). A vontade de Deus tem sido sempre de que seus filhos reflitam seu caráter (Tt 2.14). A palavra “santo” tem os seguintes sentidos. Notemos:

2.1 Santidade é uma ordem divina. Sendo Deus Santo exige dos seus filhos a santificação (Lv 11.44; Lv 19.1, 2; Lv 20.6; 1Pe 1.16). Santidade é o alvo e o propósito da nossa eleição em Cristo (Ef 1.4); significa ser semelhante a Deus, ser dedicado a Deus e viver para agradar a Deus (Rm 12. Ef 1.4; 2.10). A perfeita obra de Deus realiza uma santidade real que conforma ao padrão de Deus (Rm 8.3-4; 1Pe 1.15-16).

2.2 Santidade é separação. A palavra descritiva da natureza divina é santidade, e seu significado primordial é “separação” (Lv 20.24,26; Is 52.11; Ml 3.18); portanto, a santidade representa aquilo que está em Deus, que o torna separado de tudo quanto seja imundo ou pecaminoso. Quando Ele deseja usar uma pessoa ou um objeto para seu serviço, ele separa essa pessoa ou objeto e em virtude dessa separação tomam-se “santo” (2Co 6.14,15; 2Tm 2.21).

2.3 Santidade é consagração. No sentido de viver uma vida santa e justa, em conformidade com a palavra de Deus e dedicada ao serviço divino; o cristão passa a viver em busca da remoção de qualquer impureza que impossibilite esse serviço. Sendo assim, Deus deu ao seu povo, a nação de Israel, o código de leis de santidade que se acham no livro de Levítico. Entendemos então que o padrão de vida de um povo que busca a santificação é viver uma vida de consagração (2Co 6. 16b). A santificação é praticada e aplicada ao viver diário do crente (Pv 4.18; 2Co 3.18; 7.1; 2Pe 3.18), é a santificação vivencial (2Co 7.1; Hb 12.14).

2.4 Santidade é dedicação. Santificação inclui tanto a separação de”, como dedicação a” alguma coisa; essa é a condição dos crentes ao serem separados do pecado e do mundo e feitos participantes da natureza divina, e consagrados à comunhão e ao serviço de Deus por meio do Mediador. Israel é uma nação santa, por ser dedicada ao serviço de Jeová (Êx 19.6); os levitas são santos por serem especialmente dedicados aos serviços do tabernáculo (Nm 8.6-26). A palavra “santo” quando referente aos homens ou objetos, expressa o pensamento de que esses são usados no serviço divino e dedicados a Deus, no sentido especial de serem sua propriedade (2Co 6. 17,18).

2.5 Santidade é purificação. Embora o sentimento primordial de “santo” seja separação para serviço, inclui também a ideia de purificação. O caráter de Deus age sobre tudo que lhe é consagrado. Portanto, os homens consagrados a ele participam de Sua natureza. As coisas que lhe são dedicadas devem ser limpas e puras (2Co 7.1) Sendo assim, entendemos que pureza é uma condição de santidade (1Jo 3.3). A santidade é a marca característica de um verdadeiro servo de Deus, tanto no AT, pois, o caráter santo de Deus deveria ser refletido na vida de Israel (Lv 11.44; Nm 15.40), como no NT, onde nos é dito que a nossa santificação é a vontade direta e perfeita de Deus para nós (1Ts 4.3).

III – A NECESSIDADE DE UMA VIDA SANTA

A Bíblia mostra claramente a necessidade de vivermos uma vida santa por meio de várias exortações (Rm 13.13,14; Ef 4.17-24; Fp 4.8,9; Cl 3.5-10). No processo da santificação progressiva o homem não é de todo passivo como na regeneração, antes, os cristãos recebem a ordem de mortificar os desejos da carne (Rm 8.13), nesse texto, Paulo indica que é pelo Espírito que fazemos isso, porém, diz que a atitude é nossa (Cl 3.5). A responsabilidade do crente quanto à santificação, é destacada pelo escritor aos Hebreus (Hb 12.14-a), ao usar o termo “segui”, do grego “dioko”, que significa: “perseguir, pressionar, correr após, esforçar-se por”, palavra usada figuradamente para indicar uma busca moral e espiritual bem definida, tendo um alvo em vista (Champlin, 2002, p. 647). Sobretudo, a necessidade de uma vida santa é vista ao afirmar que: “[…] sem a santificação ninguém verá ao Senhor” (Hb 12.14-b), ficando claro que os que se moldam às paixões da carne e do mundo, tornam-se reprováveis diante de Deus, não podendo estar em sua presença (Sl 15.1-5; 24.1-3; Mt 5.8; Gl 5.19-21; Ap 21.8; 22.14,15). A vontade de Deus tem sido sempre de que seus filhos reflitam seu caráter (Tt 2.14), revelando sua identificação com Cristo (Rm 8.29-30; 2Co 3.18; 7.1; Gl 4.19; Ef 1.4; 2.10; 4.13; 1Ts 3.13; 4.3,7; 5.23).

IV – A ABRANGÊNCIA DA SANTIFICAÇÃO

4.1 A santificação como marca de uma vida guiada pelo Espírito. Para um cristão cuja vida é consagrada a Deus, a divisão entre “secular” e “sagrado”, em certo sentido não são duas coisas diferentes. Ao viver para a glória de Deus, a vida do servo de Deus em todos os aspectos deve ser marcada pela santidade, como exorta o apóstolo Pedro: “[…] em toda a vossa maneira de viver” (1Pd 1.15; ver Sl 103.1; 1Ts 5.23). Nenhum aspecto da nossa vida está excluído desse imperativo divino, até mesmo atividades comuns, como comer e beber, devem ser realizadas para a glória de Deus, como afirma o apóstolo Paulo: “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus” (1Co 10.31). Semelhantemente o apóstolo Paulo nos encoraja a nos manter puros no corpo e no espírito (2Co 7.1; ver 1Co 7.34). Sendo assim, nosso procedimento deve resplandecer o caráter de Deus, a santidade daquele que nos chamou por Seu Filho para a salvação (Rm 8.29; Ef 1.4) (Lopes, 2012, p. 50 – acréscimo nosso).

V – CARACTERÍSTICAS DE UMA VIDA SANTA

Segundo Perlman (2009, pp. 255,256 – acréscimo nosso), são meios divinamente estabelecidos para a santificação do homem: o sangue de Cristo (Hb 10.10,14; 13.12; 1Jo 1.7), o Espírito Santo (1Co 6.11; 2Ts 2.13; 1Pd 1.1,2; Rm 15.16) e a Palavra de Deus” (Sl 119.9; Jo 17.17; 15.3; Ef 5.26; Tg 1.23-25; 1Pd 1.23), que atuam interna e externamente. Notemos algumas características relacionadas a uma vida santa:

5.1 Desprendimento (1Pd 1.13-a). Os povos do oriente usavam túnicas longas, e quando desejavam andar mais rápido ou sem impedimento, prendiam a túnica com um cinto (Êx 12.11). A imagem é a de um homem que prende as pontas do manto a seu cinto, ficando livre, assim, para correr. Aos que desejam viver uma vida piedosa, devem se abster de tudo que sirva de atrapalho em sua caminhada: “[…] deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta” (Hb 12.1), evitando qualquer distração que impeça a sua conduta (2Tm 2.4), ocupando a mente com o que de fato é puro (Fp 4.8).

5.2 Obediência e reverência (1Pd 1.14,17). Antes da conversão a Cristo o homem por natureza, é filho da desobediência (Ef 2.2). O apóstolo Pedro ressalta que agora, após a experiência da salvação, não podemos mais viver nas práticas do passado que determinavam o nosso modelo de vida (1Pd 1.14,15); “não vos amoldeis” significa não entrar no esquema, no modelo. Originalmente, a palavra significava assumir a forma de alguma coisa, a partir de um molde de encaixe, os cristãos são chamados a “mudar de forma”, e a assumir o padrão de Deus (Rm 12.2), vivendo respectivamente de maneira reverente, ou seja, tendo a atitude de quem fala cada palavra, cumpre cada ação e vive cada momento consciente de Deus tendo consciência de que nossas atitudes serão julgadas pelo justo juiz (Dt 10.17; Rm 2.11; 1Pd 4.17).

5.3 Amor sincero (1Pd 1.22). A vida santa também tem como marca a prática do amor sincero, e isto Pedro afirma como resultado da regeneração: “[…] amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente, pois fostes regenerados […]” (1Pd 1.22,23 – ARA). Esse amor esperado é o que evidencia que passamos da morte para a vida (1Jo 3.14), e caracteriza o verdadeiro discípulo de Jesus (Jo 13.35; ver Rm 12.9; 1Jo 3.18). O amor é a marca do cristão, pois é a evidência mais eloquente da nossa salvação (LOPES, 2012, p. 58).

CONCLUSÃO

A Palavra de Deus, como regra de fé e prática do cristão, descreve os princípios divinos que direcionam e guiam a vida do verdadeiro servo de Deus, independente de sua cultura, status social e época. Para os que desejam agradar a Deus, devem entender a necessidade de ter como estilo de vida, a santidade.

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
  • JONES, Landon. O Deus de Israel: na teologia do Antigo Testamento. HAGNOS.
  • LOPES, Hernandes dias. Comentário Expositivo 1 Pedro: Com os pés no vale e o coração no céu. HAGNOS.
  • PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. VIDA.

Fonte: portal rbc1/lições

As nossas armas espirituais

 

2º TRIMESTRE 2024

A CARREIRA QUE NOS ESTÁ PROPOSTA

O caminho da salvação, santidade e perseverança para chegar ao céu

COMENTARISTA:  Pr. OsielGomes

LIÇÃO 06 – AS NOSSAS ARMAS ESPIRITUAIS – (Lc 4.1-4; 16-20)

INTRODUÇÃO

Nesta lição, veremos algumas informações sobre e tentação de Jesus segundo o Evangelho de Lucas; pontuaremos as propostas do inimigo na batalha espiritual enfrentada por Jesus; notaremos a realidade da batalha espiritual bem como o preparo do crente; e por fim, falaremos sobre o campo da batalha espiritual.

I  – A TENTAÇÃO DE JESUS SEGUNDO O EVANGELHO DE LUCAS

Após ser batizado por João Batista no Jordão (Lc 3.21,22), Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado. Mas alguém pode perguntar: como era possível que o Jesus sem pecado fosse tentado? Devemos antes de mais nada observar que o que foi tentado foi sua natureza humana. O escritor Lucas fornece alguns detalhes desse fato que iremos destacar:

1.1 O lugar da tentação (Lc 4.1). O referido texto nos mostra que Jesus foi tentado no deserto “E Jesus […] foi levado […] ao deserto”. A palavra deserto no grego “eremía” e “éremus” significam, ambos, “deserto” ou “lugar ermo”, ou seja, não somente um verdadeiro deserto, mas também um lugar desabitado ou escassamente habitado (Barclay, 1955, p. 39).

1.2 O tempo da tentação (Lc 4.2-a). O relato de Mateus indica que foi “após os quarenta dias de jejum” que a tentação teve início (Mt 4.1). Mas Lucas diz especificamente que a tentação durou todo esse tempo “e quarenta dias foi tentado pelo diabo”. Jesus, apesar da tensão e da fome, mostrou-se vitorioso. É interessante destacar que as tentações que Cristo sofreu não se resumiram ao deserto (Lc 22.28). O diabo deu uma trégua depois do episódio no deserto, mas logo retornaria (Lc 4.13).

1.3 O agente tentador (Lc 4.2-b). O referido texto nos informa que quem tentou Jesus foi o próprio diabo: “e quarenta dias foi tentado pelo diabo” (Mt 4.3; Mc 1.13). A Bíblia nos mostra que ele é o principal agente da tentação (Gn 3.1; 2Co 11.3; 1Ts 3.5; 1Pd 5.8). O registro lucano informa quais as artimanhas do Inimigo para esse fim: (a) o diabo chegou-se a Jesus no deserto valendo-se de que ele estava sozinho (Mt 4.1; Lc 4.1); (b) aproveitou um momento que o Mestre se encontrava debilitado fisicamente (Mt 4.2; Lc 4.2); (c) com a expressão “se” talvez quisesse colocar dúvida na mente de Cristo (Lc 4.3); (d) tentou três vezes, pois entendia que a insistência podia fazer o Filho de Deus ceder (Lc 4.3); e, (e) usou a Palavra de Deus de forma distorcida para ludibriar (Lc 4.10,11). 

II  – AS PROPOSTAS DO INIMIGO NA TENTAÇÃO

Lucas apresenta uma sequência de tentações diferente da do evangelho de Mateus, contudo o relato de Lucas não afirma ser cronológico. Não sabemos por que Lucas inverte a ordem das duas últimas tentações, e não há proveito em especular a respeito disso. O que deve ser destacado é que a tentação foi uma realidade. “Jesus é colocado em teste para determinar se possui as qualidades necessárias para ser o Salvador, o Cristo e o Senhor. O diabo, seu arqui-inimigo, confronta Jesus e tenta seduzi-lo antes do início de seu ministério. Seu objetivo é frustrar o plano de salvação de Deus logo no princípio, induzindo Jesus a faltar com sua palavra para com Deus” (Tokumboh, 2010, p. 1241). Vejamos quais as intenções do diabo na tentação do deserto:

2.1 Duvidar da revelação recebida (Lc 4.3). No batismo, Jesus ouvira do céu a declaração do Pai dizendo: “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo” (Lc 3.22-b). No entanto, no deserto, o diabo o tentou a duvidar dessa declaração, quando o quis incitar a transformar as pedras em pão como evidência de sua filiação divina (Lc 4.3). Em primeiro lugar, Jesus não precisava provar para Satanás que ele era o Filho de Deus, pois Satanás sabia disso (Mc 5.7; Lc 8.28). Em segundo lugar Jesus não compôs a sua própria resposta para o tentador, mas extraiu a sua resposta da revelação das Escrituras (Dt. 8.3; Lc 4.4).

2.2 Apossar-se de forma prematura dos direitos de Messias (Lc 4.5-8). Lucas enfatiza o fato de que o Maligno fez aparecer diante de Jesus toda a pompa deste mundo, alegando ser dele (Jo 12.31; 14.30; 16.11). Na verdade Cristo Jesus é herdeiro de tudo (Rm 8.17; Hb 1.2). Todavia, a Escritura nos mostra que todas as coisas lhe estariam sujeitas no devido tempo (Hb 10.13; Ap 11.15). Querer tomar posse dos reinos antes de passar pela cruz era contrariar o plano divino. Mas, Jesus estava comprometido plenamente com a vontade divina (Jo 4.34; 5.30; 6.38; Hb 10.7). 

2.3 Testar a revelação recebida (Lc 4.9-12). O Maligno nesta ocasião cita a Escritura (Sl 91.11-12) para assegurar Jesus que Ele ficaria bastante seguro. Este, porém, é um emprego errôneo da Bíblia. E torcer um texto para servir um propósito. Jesus rejeita esta tentação, conforme fizera com as outras duas, ao apelar para o significado verdadeiro da Bíblia (Dt 6.16). Não cabe ao homem submeter Deus ao teste, nem sequer quando o homem é o próprio Filho de Deus encarnado (Morris, 2007, pp. 98,99).

III  – A REALIDADE DA BATALHA ESPIRITUAL

A batalha espiritual é uma realidade com a qual todo crente, em algum momento, irá se deparar. Não existe ninguém que seja imune à batalha espiritual, pois até mesmo Jesus, o homem perfeito, foi submetido. A resposta à batalha espiritual não é, portanto, negá-la, mas enfrentá-la à luz da Palavra de Deus. Notemos algumas observações que devemos ter:

3.1 Não ignorar essa realidade. Infelizmente não são poucos os cristãos que ignoram que estamos numa batalha espiritual contra os seres demoníacos. Alguns ignoram por falta de conhecimento, outras porque preferem não acreditar. Ignorar o diabo não o fará deixar de existir e de investir contra nós. Acerca disso Paulo diz: “Porque não ignoramos os seus ardis” (2Co 2.11). Pedro também afirmou que: “o diabo […] anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pd 5.8 veja ainda 1Co 7.5; Ef 6.16; 1Ts 2.18; Ap 12.17). Embora, haja anjos decaídos que estão algemados no Inferno (2Pd 2.4; Jd v.6); há outros que estão soltos, como agentes de Satanás, sob o seu domínio e controle (Ef 2.2; Αp 12.7).

3.2 Não supervalorizar essa realidade. Enquanto uns ignoram a realidade do inimigo das nossas almas, há outros que cometem pelo menos dois erros: (a) atribuem tudo ao diabo. Embora Satanás seja um causador de males aos homens na terra, há males que sobrevêm ao homem por causa do seu pecado (Rm 5.12; Lm 3.39), e outros que são enviados por Deus como punição (Gn 6.5,17; 2 Cr 7.13); e, (b) acham que o diabo é tão poderoso quanto Deus. É bom dizer que embora o diabo tenha certo poder (At 26.18; 2 Ts 2.9), pois foi um ser angelical de destaque no mundo espiritual (Is 14.12-19; Ez 28.14,15), ele não pode agir de forma autônoma, pois esteve e sempre estará sob o controle de Deus (Jó 1.11,12; Mc 5.9,10; Lc 22.31).

3.3 Ser moderado a essa realidade. Que existe um reino tenebroso, diabólico, organizado no mundo espiritual (Ef 6.12) influenciando as nações e os povos para o mal em todos os sentidos, está patente na Bíblia: “o mundo jaz no maligno” (1Jo 5.19). Jesus, por diversas vezes chamou o diabo de “o príncipe deste mundo” (Jo 12.31; 14.30; 16.11); Paulo de “[…] o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos […]” (2 Co 4.4). Ele também falou do “príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência” (Ef 2.2). No entanto, a Bíblia também diz que, por ocasião do sacrifício de Cristo que, esmagou a cabeça da serpente (Gn 3.15), e despojou os principados e potestades, quando triunfou deles na cruz do Calvário (Cl 2.15), sua atuação ficou ainda mais restrita no mundo, pela presença do Espírito Santo e da igreja (2Ts 2.7). A esta Igreja, o Senhor Jesus concedeu poder e autoridade sobre os demônios e todo poder do maligno (Mc 16.17; Lc 10.19); de forma que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18).

IV  – O PREPARO ESPIRITUAL DO CRENTE PARA A BATALHA

A imagem que o apóstolo Paulo na sua carta aos Efésios é a de uma linguagem retirada do contexto militar romano. A expressão “toda a armadura” traduz o termo grego “panóplia”, que significa “a armadura completa de um soldado fortemente armado” (Ef 6.11,13). Na Carta, a orientação não é para usar armas próprias, mas tomar o equipamento dado por Deus, resistir bravamente e marchar contra as potestades do ar.

4.1 Fortalecidos no poder do Senhor. Quando o apóstolo Paulo usa a expressão na forma passiva “fortalecei-vos no Senhor” (Ef 6.10a) indica que não temos poder em nós mesmos. Esse excelso poder nos é conferido pela comunhão com Deus, em Cristo, por meio do Espírito Santo (Jo 15.7; 1Jo 1.3). Por isso precisamos estar fortalecidos por meio da “renovação da mente” (Ef 4.23), da “vida em santidade” (Ef 4.24) e “ser cheio do Espírito” (Ef 5.18). A vitória não pode ser alcançada por outro meio. Conhecer as Escrituras sem a devida obediência e frequentar os cultos sem a genuína conversão não são suficientes. Não obstante, o poder de Deus está disponível aos fiéis para “pisar serpentes, e escorpiões, e toda a força do Inimigo” (Lc 10.19).

4.2 Vigilantes em toda a oração e súplica. Paulo enfatiza a necessidade de uma vida cristã permeada pela prática da oração. Não é possível entrar em combate sem a cobertura de tão preciosa arma espiritual (Lc 21.36). A expressão “orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito” (Ef 6.18) significa clamar pelo favor divino em qualquer circunstância e oportunidades. Esse clamor deve estar acompanhado de vigilância (Is 59.1,2), pois esta preserva o crente das astutas ciladas do Inimigo (Sl 124.7).

V  – CONHECENDO O CAMPO DA BATALHA ESPIRITUAL

A expressão usada por Paulo: “ciladas do diabo” (Ef 6.11) indica as “armadilhas” articuladas perversamente pelo reino das trevas. O líder desse reino é identificado como diábolos, que significa “caluniador” e “acusador” (Mt 4.1; Jo 8.44; 1Pd 5.8). Vejamos algumas características dessa batalha espiritual:

5.1 O conflito contra o reino das trevas. Paulo enfatiza que esse conflito não é “contra carne e sangue” (Ef 6.12). Não se trata de lutar contra o ser humano, mas contra o reino das trevas nas “regiões celestes”. Essas declarações indicam que a batalha não é física, mas travada no mundo espiritual. O conflito é contra as hostes que, debaixo da autoridade do Diabo, mantêm os homens na escuridão (1Jo 5.19). Nessa metáfora, fica claro que o cenário do campo de batalha do soldado é espiritual (Ef 6.11,12), ao mesmo que se revela a natureza pessoal do conflito, pois essa luta se dá tanto na área individual quanto na área coletiva da igreja (1Pd 5.8,9).

5.2 As agências das potestades do ar. Paulo identifica as forças do mal que marcham contra a Igreja como “principados, potestades, príncipes das trevas deste século e hostes espirituais da maldade” (Ef 6.12). Esses seres são caracterizados por três aspectos: a) Eles são poderosos. Os títulos “principados e potestades” indicam poder, primazia e autoridade para agir; “príncipes das trevas” são líderes de anjos decaídos, que sob o comando do Diabo exercem domínio; b) Eles são malignos. Esses agentes formam “as hostes espirituais da maldade”. Refere-se a demônios que empregam seu poder destrutivamente para o mal; e, c) Eles são astutos. São cheios de sutilezas e maquinam a queda da Igreja. Apesar desse imenso império do mal, a Igreja é exortada a não temer. Somos incentivados a lutar e, sobretudo, a vencer, pois o Senhor da Igreja está elevado ao nível “acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio” (Ef 1.21).

CONCLUSÃO

Em certo sentido, a “armadura de Deus” é uma imagem de Jesus Cristo. Ele é a Verdade (Jo 14.6); Ele é nossa justiça (2Co 5.21) e nossa paz (Ef 2.14). Ele é fiel (Gl 2.20); é nossa salvação (Lc 2.30); e, é a Palavra de Deus (Jo 1.1,14). Isso significa que, quando aceitamos a Cristo, também recebemos a armadura. No momento da salvação, vestimos a armadura de uma vez por todas. No entanto, devemos nos apropriar dela cada dia: “[…] vistamo-nos das armas da luz” (Rm 13.12).

REFERÊNCIAS

  • SOARES, Ezequias; SOARES, Daniele. Batalha Espiritual. CPAD, 2018.
  • SOARES, Ezequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD, 2017.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD, 1995.
  • WIERSBE, W. W (Trad. Susana Klassen). Comentário Bíblico Expositivo NT. GEOGRÁFICA, 2007.
  • HANEGRAAFF Hank (Trad. Marta Andrade). Armadura Espiritual. CPAD, 2005.
  • MORRIS, Leon, L. Lucas: Introdução e Comentário. VIDA NOVA.

Fonte: portal rbc1/lições

O papel da pregação no culto

 

1º TRIMESTRE 2024

O CORPO DE CRISTO

Origem, Natureza e Vocação da Igreja no mundo

COMENTARISTA:  Pr. José Gonçalves

LIÇÃO 12 – O PAPEL DA PREGAÇÃO NO CULTO – (2Tm 4.1-5)

INTRODUÇÃO

Nesta lição, destacaremos o conceito bíblico do que é pregação; mencionaremos que o ministério terreno de Cristo, foi caracterizado pela proclamação das boas novas com o propósito de alcançar a todas as pessoas; elencaremos também, principais eventos que mostram a pregação sendo colocada como prioridade no dia a dia da igreja primitiva; e por fim, abordaremos quais devem ser as características da pregação no culto e a sua devida importância.

I  – DEFINIÇÕES

1.1 Definição do termo proclamar. O verbo grego traduzido como “proclamar”, “kerysso” que quer dizer: “ser um arauto, proclamar como um arauto”, refere-se na prática à: “pregação do evangelho como a palavra autorizada (obrigatória) de Deus, trazendo responsabilidade eterna a todos que a ouvem” (GONÇALVES, 2024). Ainda podendo ser entendido como: “promulgação solene e urgente de um fato importante. Assim é descrito o anúncio do Evangelho em obediência ao ‘ide’ de Cristo” (Mt 28.18-19) (ANDRADE, 2006, p. 305).

1.2 Definição do termo pregação. Andrade define a pregação como sendo: “proclamação da Palavra de Deus, visando a divulgação do conhecimento divino, a conversão dos pecadores e a consolação dos fiéis” (2006, p. 303). Um dos termos usados é “kerygma”, que indica: “a mensagem do evangelho”; essa palavra aparece cerca de oito vezes no Novo Testamento (Mt 12.41; Lc 11.32; Rm 16.25; 1Co 1.21; 2.4; 15.14; 2Tm 4.17; Tt 1.3), indicando a pregação apostólica, que é a mensagem central e o fundamento do Novo Testamento (CHAMPLIN, 2004, p.367)

II  – A PREGAÇÃO NO MINISTÉRIO DE JESUS

Jesus exerceu um tríplice ministério de cura, pregação e ensino da palavra de Deus: “E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo” (Mt 4.23), essa ênfase na pregação no ministério do Senhor é Jesus, é vista frequentemente nos Evangelhos “E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo” (Mt 9.35), “E aconteceu, num daqueles dias, que, estando ele ensinando o povo no templo e anunciando o evangelho, sobrevieram os principais dos sacerdotes e os escribas com os anciãos” (Lc 20.1). Sua importância é ressaltada, quando essa mesma ênfase foi ordenada e confiada à igreja (Mt 28.19; Mc 16.15-18).

III  – A PREGAÇÃO NA IGREJA PRIMITIVA

A pregação é a parte central do culto cristão e sem ela o culto fica sem brilho e objetivo, pois é através dela que a fé é gerada: “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam a paz, dos que anunciam coisas boas! Mas nem todos obedecem ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus (Rm 10.14-17; ver Gl 3.2); é a vontade de Deus, que todos se arrependam e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (At 17.30; 1Tm 2.4), para tanto percebemos a pregação sendo evidenciada na vida da igreja primitiva. Vejamos:

3.1 No ministério de Pedro. Após ser revestido com o poder do Espírito Santo, o apóstolo Pedro pregou um sermão bíblico (At 1.16), totalmente cristocêntrico, começando com: “[…] Jesus Nazareno” (At 2.22) e, terminando com: “[…] Senhor e Cristo” (At 2.36), resultando em quase três mil almas para o Reino de Deus. Desde então, seu ministério foi marcado pela proclamação das boas novas, na unção do Espírito. Como se pode ver em vários momentos: (a) diante do espanto dos que presenciaram o milagre realizado na porta formosa do templo (At 3.12-26); (b) diante da indagação e da oposição do sinédrio (At 4.8-22); e, (c) na casa do centurião Cornélio (At 10.34-48).

3.2 No ministério de Paulo. O apóstolo Paulo em razão da sua importância no cenário cristão, destacou-se quanto ao compromisso de proclamar a Palavra de Deus de tal forma que sempre lembrava: “Para o que (digo a verdade em Cristo, não minto ) fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios, na fé e na verdade” (1Tm 2.7; 2Tm 1.11), o que podemos ver com facilidade tanto em seu exemplo (At 9.20,22; 13.5,16; 14.1,21,22,25; 16.13,31; 17.2,3,17;18.4,5,11; 19.8,13; 20.25; 28.31), como em seus ensinamentos (1Tm 4.6-11,13,16; 5.17; 6.3-5; 2Tm 1.13; 2.14,15; 4.2).

IV  – CARACTERÍSTICAS DA PREGAÇÃO NO CULTO

O apóstolo Paulo prevendo o fim de seus dias (2Tm 4.6,7), trouxe à tona para o jovem obreiro Timóteo, compromissos que deveriam caracterizar sua conduta como servo de Deus e da igreja do Senhor. Entre esses o de pregar o Evangelho de forma genuína, frente a um tempo de resistência à verdadeira mensagem de Deus (2Tm 4.3,4). Nesse intuito, o apóstolo destaca características que deve ter a pregação no culto:

4.1 Seriedade: “Conjuro-te, pois […]” (2Tm 4.1-a). A palavra conjuro-te, do grego: “diamarturomai” que indica: “testificar sob juramento, atestar, testificar a, afirmar solenemente”, é enfática e tem peso de afirmação legal. O apóstolo elaborara detalhadamente a responsabilidade que está sobre o ministro cristão. Agora ele incumbe Timóteo de assumir este encargo em plena conscientização de que, no desempenho de suas obrigações, ele é responsável diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo (2Co 5.10). A pregação da Palavra era tão importante para Paulo e para o ministério da igreja que ele ordenou “uma ordem militar” que Timóteo continuasse a pregá-la. Paulo recorre a Cristo como testemunha de sua ordem e lembra a Timóteo que, um dia, o Senhor retornará e testará o ministério dele. O pregador infiel que acrescenta algo à mensagem ou dela subtrai será reprovado no dia do acerto de contas (Ap 22.18).

4.2 Fidelidade: “pregues a palavra […]” (2Tm 4.2-a). Pela expressão “a palavra”, o apóstolo quer dizer a mensagem relativa a Cristo como Redentor, Salvador e Senhor. Este deve ser o teor da pregação cristã. Nenhum sermão é realmente sermão, a menos que deixe explícita a verdade bíblica. O pregador é um arauto de Cristo, não pode mudar a mensagem que lhe foi confiada: “porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus” (At 20.27), não pode alterar a essência da mensagem, na tentação de torná-la palatável aos homens: “Porque nós não somos, como muitos, falsificadores da palavra de Deus; antes, falamos de Cristo com sinceridade, como de Deus na presença de Deus” (2Co 2.17).

4.3 Urgência: “[…] instes a tempo e fora de tempo […]” (2Tm 4.2). O pregador precisa ter um profundo senso de urgência, o verbo grego “ephistemi”, traduzido por “instar”, significa literalmente: “estar de prontidão”. A tempo e fora de tempo pode ser traduzido por “insista em todas as ocasiões, convenientes ou inconvenientes”. Esta determinação nos mostra o senso de urgência que deve caracterizar nossa pregação (At 8.26-30). Isso acarreta necessariamente a responsabilidade de corrigir e repreender (redarguas e repreendas) e o dever mais positivo de animar (exortes). Temos de provocar em todos que nos ouvem a disposição de reagir em total obediência à Palavra de Deus. Acima de tudo, o servo de Deus deve cultivar a graça da paciência (longanimidade), em seus esforços de levar as pessoas a Cristo e ministrar-lhes o ensino segundo a verdade cristã (doutrina).

V  – A IMPORTÂNCIA DA PREGAÇÃO BÍBLICA NO CULTO

5.1 Para nosso ensino. Paulo diz: “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito […]” (Rm 15.4). Segundo Champlin (2004, p. 855):“Paulo faz aqui uma pausa momentânea a fim de relembrar aos seus leitores qual a autoridade e qual o devido uso das Escrituras. Ele também quis dar a entender, que ela está repleta de boas coisas para nossa instrução moral e espiritual, e a igreja tem feito bom emprego dela, quanto a esses propósitos”.

5.2 Para aviso nosso. O mesmo apóstolo assevera acerca da Bíblia que as coisas que estão escritas: “[…] estão escritas para aviso nosso […]” (1Co 10.11). Para exortar os crentes de Corinto, Paulo utiliza-se do mau comportamento do povo de Israel no deserto (1Co 10.1-6). O apóstolo diz que este exemplo negativo serve de aviso a fim de que não caiamos nos mesmos erros (1Co 10.6,11). Segundo Champlin (1995, p. 396 – acréscimo nosso) a palavra “aviso” no original grego é: “nouthesia”, que significa: “admoestação”, “instrução”, “aviso”, que é utilizada tanto no sentido positivo quanto negativo, ou seja, uma atitude que pode ser reproduzida ou evitada”. Os bons exemplos quanto os maus exemplos de personagens das Escrituras também foram registrados para nos trazer advertências;

5.3 Para nos instruir no caminho certo. Paulo descreveu para o jovem obreiro Timóteo quais os muitos propósitos da pregação das Escritura em relação ao homem: “Toda a Escritura é […] proveitosa para ensinar, […] redarguir, […] corrigir, […] instruir em justiça” (2Tm 3.16). Tudo que foi escrito, o foi para nos instruir no caminho da justiça. Segundo Champlin (1995, p. 396 – acréscimo nosso), no tocante à justiça que no grego é: “dikaiosune”, fica indicado o “treinamento naquilo que é reto”. Porém, no sentido cristão, “praticar o que é reto” consiste em cultivar o caráter moral de Cristo, o qual, por sua vez, reproduzirá a moralidade de Deus Pai”.

CONCLUSÃO

Em razão dos tempos difíceis que marcam os últimos dias da Igreja do Senhor na terra, precisamos reafirmar o valor das Escrituras e da sua proclamação, ocupando um lugar proeminente no culto cristão

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
  • CHAMPLI, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
  • GONÇALVES, José. O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e Vocação da Igreja no Mundo. 1 ed. RJ: CPAD, 2024.
  • VINE, W. E. Dicionário Vine. CPAD.

Fonte: portal rbc1/lições

A missão da Igreja de Cristo

 

1º TRIMESTRE 2024

O CORPO DE CRISTO

Origem, Natureza e Vocação da Igreja no mundo

COMENTARISTA:  Pr. José Gonçalves

LIÇÃO 5 – A MISSÃO DA IGREJA DE CRISTO – (Mc 6.14-20; At 2.42-47)

INTRODUÇÃO

Assim como a nação de Israel foi escolhida por Deus no AT para ser um reino sacerdotal e nação santa (Êx 19.5,6), a Igreja de Cristo também foi instituída com fins específicos. Ao lermos a Bíblia Sagrada, principalmente no NT, percebemos claramente a missão da Igreja na Terra. Veremos nesta lição que a missão da Igreja inclui deveres para com Deus, tais como adoração e o serviço cristão; deveres para com o mundo, que é a evangelização local e transcultural; deveres para com todos, como a intercessão e o serviço social; e, deveres para consigo mesma, tais como a comunhão e o ensino da Palavra de Deus.

I  – A MISSÃO DA IGREJA PARA COM DEUS

1.1 Adoração. A palavra “adoração” significa “chegar-se a Deus, de modo reverente, submisso e agradecido, a fim de glorificá-lo. Adorar é um ato de total rendição, gratidão e exaltação a Deus”. Adorar a Deus é um sublime ato de serviço à Deus. Por isso, devemos adorá-lo e servi-lo com toda reverência, fervor, sinceridade e dedicação (Hb 12.28,29). Adorar também é exaltar e reconhecer que Deus é o Senhor, criador de todas as coisas (Sl 95.3-6). Uma das principais formas de adorar a Deus é através do louvor. A palavra “louvor” deriva-se do latim “laudare” e significa “Serviço de adoração prestado voluntariamente a Deus”. Em sua essência, louvar significa “voluntariedade de espírito em adorar e servir ao Supremo Deus. Louvar a Deus significa servi-lo em espírito e em verdade.” De acordo com a Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, de R.N. Champlin, Louvar, significa “adorar”, “glorificar”, “magnificar”, “oferecer ações de graças”. “O louvor brota do coração que sente gratidão, ação de graças ou admiração. A música sempre esteve presente, tanto no culto de Israel como na Igreja primitiva (Nm 10.1-10; Jz 7.22; At 2.46,47; 16.25; Ef 5.19; 1Tm 3.16).

1.2 Serviço Cristão. De acordo com o Dicionário Teológico do Pr. Claudionor de Andrade, Serviço Cristão, deriva-se do latim “servitium” e significa “trabalho”, “encargo”, “missão”. “É a atuação consciente do discípulo de Cristo, visando a expansão do Reino dos Céus e a glória do nome de Deus. O serviço cristão consiste na evangelização, na realização de missões transculturais, na assistência social e na manutenção da comunhão com os santos. O seu principal objetivo é a glorificação do nome de Cristo; pois a igreja é tanto uma comunidade de serviços e de educação, quanto uma comunidade de adoração ao único Deus verdadeiro”. Dentre os muitos objetivos do serviço cristão, destacamos três:

1.2.1 Glorificar a Deus. Todo serviço cristão deve ter como principal objetivo, glorificar a Deus (Rm 11.36; 1Pd 4.11; Ap 1.6).

1.2.2 Edificar a Igreja. Todo serviço cristão deve ter o objetivo de promover a edificação do corpo de Cristo. Diversos textos das Escrituras nos ensinam este princípio (Rm 14.19; 15.2; 1Co 14.12,26; Ef 4.16).

1.2.3 Servir ao próximo. O serviço cristão sempre será um serviço ao próximo, atendendo suas necessidades físicas, emocionais, espirituais e sociais (Mt 20.28,29; At 2.42-47; Tg 2.14-17).

II  – A MISSÃO DA IGREJA PARA COM O MUNDO

2.1 Pregar o evangelho. A tarefa da Evangelização foi entregue pelo Senhor Jesus à Sua Igreja. Todo cristão deve estar ocupado com esta tarefa, com o objetivo de conduzir os pecadores à Cristo, quer seja no evangelismo infantil, evangelismo pessoal ou evangelismo em massa (Mt 28.19,20; Mc 16.15-20; At 1.8). Assim como Jesus, que dedicou grande parte do seu ministério a pregação do Evangelho (Mt 4.23; 9.9-13; 35,36; Lc 19.1-10; Jo 3.1-8; 4.1-26) e a igreja primitiva, que todos os dias anunciava a Cristo aos perdidos (At 2.37-41; 8.1-7,26-40; 11.19-26), a Igreja não pode deixar de anunciar a salvação através da fé em Cristo, pois, o desejo de Deus é que todos os homens sejam salvos e venham ao conhecimento da verdade (At 4.20; 17.30; Rm 1.14-17; I Co 9.16; I Tm 2.1-4).

2.2 Fazer missões transculturais. A palavra “missão” vem da expressão latina “missione”, que se originou por sua vez do verbo “mittere”, que significa: “ação, tarefa, ordem, mandado, compromisso, incumbência, encargo” ou “obrigação de enviar missionários”. No grego, corresponde à palavra “apostello” que, em português, é “apóstolo” e significa “alguém enviado por ordem de outrem para realizar uma tarefa” (PAULA, 2006, p. 11). Complementando esta definição podemos acrescentar o seguinte: “A missão primária da Igreja é proclamar o Evangelho de Cristo e reunir os crentes em igrejas locais onde possam ser edificados na fé e tornados eficazes ao serviço, para assim implantarem novas congregações no mundo Inteiro (HESSELGRAVE, 1984, p. 13). A palavra “transcultural” traz a ideia de um missionário que transpõe as barreiras da cultura de um povo, ou civilização, para apresentar o amor de Deus. Assim como Barnabé e Saulo foram enviados pelo Espírito Santo para pregar em outras nações (At 9.15; 13.1-4), a Igreja deve enviar missionários para pregar em outras nações, conforme Jesus ordenou na Grande Comissão (Mt 28.19; Mc 16.15; Lc 24.47; At 1.8).

III  – A MISSÃO DA IGREJA PARA COM TODOS

3.1 Interceder. De acordo com o Dicionário de Aurélio da Língua Portuguesa, interceder é: “pedir, rogar, suplicar (por outrem); intervir (a favor de alguém ou de algo)”.  No sentido bíblico, significa orar em favor de outros, na direção e no poder do Espírito Santo. Na intercessão, o intercessor põe-se diante de Deus no lugar da outra pessoa. A Bíblia revela que Deus busca intercessores (Is 59.16; Ez 22.30). A igreja do NT intercedia constantemente pelos fiéis. Por exemplo: a igreja de Jerusalém reuniu-se a fim de orar pela libertação de Pedro da prisão (At 12.5, 12). A igreja de Antioquia orou pelo êxito do ministério de Barnabé e de Paulo (At 13.3). O apóstolo Paulo diz a Timóteo que se faça oração em favor de todos (1Tm 2.1-3). E, o apóstolo Tiago ordena que todos os cristãos orem “uns pelos outros” (Tg 5.16; cf. Hb 13.18,19).

3.2 Realizar ações sociais. Embora o serviço social seja uma responsabilidade governamental, a Igreja de Cristo, como principal representante do Reino de Deus aqui na terra, não deve ser omissa. Por isso, além da evangelização e do ensino da Palavra de Deus, a igreja deve também ajudar aos pobres, viúvas e necessitados, conforme nos recomenda a Palavra de Deus (Mt 5.42; Gl 2.10; Tg 1.27; 2.15,16). Na Igreja Primitiva, por exemplo, era comum, não só a pregação do Evangelho, mas também a prática de ajudar aos pobres em suas necessidades (At 2.43-46; 4.34-37). Quando a igreja cresceu e tornou-se difícil para os apóstolos cuidar dos necessitados, foram escolhidos sete homens cheios do Espírito Santo e de sabedoria para executar esta importante tarefa (At 6.1-6). Diversas vezes houve coletas entre os irmãos com o objetivo de socorrer aos santos que estavam enfrentando dificuldades (Rm 15.25-27; 1Co 16.1-4; 2Co 8.9; Fp 4.18,19). Estes e outros exemplos nos mostram claramente que ajudar aos necessitados também é uma tarefa da Igreja.

IV  – A MISSÃO DA IGREJA PARA CONSIGO MESMA

4.1 Promover meios de comunhão. De acordo com a Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia de R.N. Champlin, a comunhão consiste em um acordo em que diversas pessoas unem-se e chegam a participar de uma determinada coisa (2Co 6.14; 1Jo 1.3). O termo grego “Koinonía” envolve a ideia de participação, companheirismo e contribuição. Já o Dicionário Teológico de Claudionor Correia de Andrade descreve a palavra “Comunhão” como “Vínculo de unidade fraterna, mantido pelo Espírito Santo, que leva os cristãos a se sentirem um só corpo em Cristo Jesus” (2Co 13.13; 1Jo 1.3). A comunhão cristã abrange o sentido vertical e horizontal:

4.1.1 Comunhão com Deus (vertical): A nossa comunhão deve ser com o Pai (1Jo 1.3), com o Filho (1Co 1.9; 1Jo 1.3) e com o Espírito Santo (Fp 2.1). “Comunhão”, portanto, é passar a compartilhar dos sentimentos, propósitos e desígnios de Deus. É ser “participante da Natureza Divina” (2Pd 1.4). É ser “vara da videira verdadeira” (Jo 15.4,5).

4.1.2 Comunhão com os homens (horizontal): Também deve haver comunhão de uns para com os outros (1Jo 1.7). Antes estávamos longe de Deus, mas, pelo sangue de Cristo, chegamos perto (Ef 2.13) e, por isso, passamos a integrar este novo povo, a Igreja, o grupo daqueles “reunidos para fora”.

4.2 Ensinar a Palavra de Deus. Jesus exerceu um tríplice ministério de cura, pregação e ensino da palavra de Deus (Mt 4.23; 9.35; Lc 20.1). Esse mesmo ministério tríplice foi ordenado e confiado à Igreja (Mt 28.19; Mc 16.15-18). Após a ascensão do Senhor, os apóstolos e discípulos continuaram a ensinar. A igreja dos dias primitivos dava muita importância a esse ministério (At 5.41,42). Paulo e Barnabé, por exemplo, passaram um ano todo ensinando na igreja de Antioquia (At 11.26). Em Éfeso, Paulo ficou três anos ensinando (At 20.20,31) e em Corinto, ficou um ano e seis meses (At 18.11). Seus últimos dias em Roma foram ocupados com o ensino da Palavra de Deus (At 28.31). O ensino das Sagradas Escrituras é indispensável para o crescimento e a edificação da Igreja, pois:

  • Somente a Bíblia é inspirada por Deus (2Tm 3.16; 2Pd 1.20,21);
  • Somente a Bíblia é viva e eficaz (Hb 4.12; Is 55.10,11);
  • Somente a Bíblia é infalível (Is 40.8; 1Pd 1. 24,25).

CONCLUSÃO

Assim como o mundo não surgiu do acaso, nem da vontade humana, a igreja veio a existir pela vontade soberana de Deus, para cumprir um propósito especial na Terra. Dentro deste propósito, estão inclusas algumas missões, tais como: adoração, evangelização, intercessão, promover ações sociais e ensinar a palavra de Deus.  Cabe a cada um de nós, como membros do corpo de Cristo, trabalharmos em prol do Reino de Deus, cumprindo a missão que Cristo nos confiou. 

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor Correa. Dicionário Teológico. CPAD.
  • BERGSTEN, Eurico. Teologia Sistemática. CPAD.
  • COUTO, Jeremias. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
  • GONÇALVES, José. O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e Vocação da Igreja no Mundo. CPAD.
  • HESSELGRAVE, David J. Plantar Igrejas, um guia para missões nacionais e transculturais. VIDA.
  • CHAMPLI, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: portal rbc1/lições

Sendo a Igreja do Deus Vivo

 

3º TRIMESTRE 2023

A IGREJA DE CRISTO E O IMPÉRIO DO MAL

Como viver nesse mundo dominado pelo espírito da Babilônia

COMENTARISTA:  Pr. Douglas Baptista

LIÇÃO 12 – SENDO A IGREJA DO DEUS VIVO – (1Tm 3.14-16; Ef 5.25-27,32)

INTRODUÇÃO

Como vimos nas lições anteriores, o “espírito da Babilônia”, encabeçado pelo Diabo (Ef 6.11; Tg 4.7; 1Pd 5.8), que é descrito na Bíblia como o “deus deste século” (2Co 4.4), “príncipe deste mundo (Jo 12.31; 14.30; 16.11); e “príncipe das potestades do ar” (Ef 2.2) faz uso de todos os meios possíveis: educação, política, cultura, religião, filosofia, tecnologia e ideologias, para se opor a Deus, a Sua Palavra e a Igreja de Cristo (Rm 1.21-25; Ef 6.12; Cl 2.8,18; 2Tm 4.3,4). Nesta lição, estudaremos sobre a responsabilidade da Igreja de Cristo, de preservar a sua identidade e cumprir a sua missão na Terra. Assim, definiremos os termos “Igreja” e “Igreja do Deus Vivo”; explicaremos sobre a natureza da igreja; e, citaremos qual é a missão da igreja do Deus vivo.

   I  – DEFINIÇÃO E EXPLICAÇÃO DO TEMA

1.1 Igreja. Segundo o dicionário Teológico de Claudionor Correia de Andrade, a palavra “Igreja” vem do hebraico ‘Qahal’, e significa “assembleia do povo de Deus”; e, do grego ‘Ekklesia’, que significa “assembleia pública”. Logo, a Igreja é um organismo vivo, composto por todos os que aceitam o sacrifício vicário de Cristo, e têm a Palavra de Deus como a sua única regra de fé e conduta (Ef 5.30-33). (ANDRADE, 2006, p. 220). “A palavra grega no Novo Testamento para igreja é “ekklesia”, que significa “uma assembleia de chamados para fora”. O termo aplica-se a: (1) Todo o corpo de cristãos em uma cidade (At 11.22; 13.1); (2) Uma congregação (1Co 14.19,35; Rm 16.5); e, (3) Todo o corpo de crentes na terra (Ef  5.32)”. (PEARLMAN, 2006, p. 342). No contexto desta lição, o termo “Igreja” aplica-se ao corpo de Cristo (Cl 1.24), ou seja, a reunião de todos os salvos espalhados pelo mundo (Ef 1.22; 3.10,21; 5.23-32; Fp 3.6; Cl 1.18; I Tm 3.5; 3.15; Hb 12.23). 

 1.2 Deus Vivo. Quando o autor se refere ao Deus Vivo (Js 3.10; 1Sm 17.26,36; 2Rs 19.4,16; Sl 42.2; 84.2; Jr 10.10; Ez 33.27; Dn 6.20; Hb 10.31; 12.22) é para diferenciar das demais religiões que servem e adoram a deuses mortos que obra das mãos dos homens, feitos de madeira, gesso, prata e ouro, que tem boca, mas não falam; tem olhos, mas não vêem; tem ouvidos, mas não ouvem; tem narizes, mas não cheiram; tem mãos, mas não apalpam; tem pés, mas não andam (Dt 4.28; 28.64; Sl 115.4-7; 135.15; Is 44.9; 46.7). Por isso, os homens são convidados a se converterem dos ídolos para o Deus vivo e verdadeiro (At 14.15; 1Ts 1.9); o Criador de todas as coisas boas e perfeitas (Gn 1.1; At 17.24)    

 1.3 Sendo a Igreja do Deus Vivo. Ser Igreja do Deus vivo fala da nossa responsabilidade pessoal e individual, de não se moldar ao modelo e os padrões estabelecidos pelo “espírito de Babilônia” (Rm 12.1,2; Ef 2.2,3), mas, como sal da terra e luz do mundo, resplandecer em meio as trevas (Mt 5.13-16; 1Pd 2.12; Fp 2.15); pregando o Evangelho a toda criatura (Mt 28.19,20; Mc 16.15-20; Lc 24.47; At 1.8;); ensinando a Palavra de Deus (At 5.42; Rm 12.7; 1Tm 4.13); vivendo em constante oração (Rm 12.12; Ef 6.18; 1Ts 5.17); aguardando a volta de Jesus em vigilância e santidade (Hb 12.14; 1Pd 1.15,16; Mt 24.36-44; Mc 13.32-37). 

 II  – A NATUREZA DA IGREJA

            Podemos compreender a natureza da Igreja através dos diversos termos a ela aplicados na Bíblia. Vejamos:

 2.1 O povo de Deus (2Co 6.16; 1Pd 2.9,10). O apóstolo Paulo aproveita a descrição de Israel no antigo Testamento, aplicando-a a Igreja do Novo Testamento quando declara: ‘Coo Deus disse: Neles habitarei e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo’ (2Co 6.16; cf. Lv 26.12). Por toda a Bíblia a Igreja é retratada como povo de Deus. Assim como no Antigo Testamento Deus criou Israel a fim de ser um povo para si mesmo, também a Igreja no Novo Testamento é criação de Deus, ‘o povo adquirido’ por Ele (1Pd 2.9,10; cf. Dt 10.15; Os 1.10) […] O amor mútuo e a comunhão são inerentes entre o povo de Deus e servem para lembrar que, independentemente de vocação ou cargo individual no ministério, todos os irmãos desfrutam de uma posição de igualdade na presença do Senhor.  (HORTON, 2002, p. 542,543).

2.2 O corpo de Cristo (1Co 12.12-31). “A igreja é também um corpo. Este simbolismo traduz a ideia de que são diversos órgãos e muitos membros, mas todos trabalham de forma orgânica e harmônica, interligados, em benefício do corpo de Cristo (1Co 12.12). Vale a pena reiterar: ninguém trabalha em favor de si. Qualquer ação de um órgão ou membro em corpo saudável está relacionada com toda estrutura orgânica que sustenta a vida […] é responsabilidade de todos os crentes trabalharem de forma orgânica e harmônica, interligados, em favor do crescimento, saúde e fortalecimento da igreja, tendo Cristo como cabeça, na liderança (Ef 1.22,23)” (COUTO, 2008, p. 402).

2.3 O templo de Deus (1Co 3.16,17). Outra figura muito significativa da Igreja, no Novo Testamento, é “o templo do Espírito Santo”. Os escritores bíblicos empregam vários símbolos para representar os componentes da construção desse templo, que têm seu paralelo nos materiais necessários à construção de uma estrutura terrestre. Por exemplo: toda edificação precisa de um alicerce sólido. Paulo indica com clareza que o alicerce primário da Igreja é a pessoa e obra históricas de Cristo: ‘Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo’ (1Co 3.11). Em outra Epístola, Paulo afirma que, em outro sentido, a Igreja é edificada ‘sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas’ (Ef 2.20) […] A metáfora do templo do Espírito Santo confirma ainda mais que a terceira Pessoa da Trindade habita na Igreja, quer individual, quer coletivamente. Por exemplo: Paulo pergunta aos crentes de Corinto: ‘Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?… O templo de Deus, que sois vós, é santo’ (1Co 3.16,17).

2.4 A coluna e firmeza da verdade (1Tm 3.15). “A Igreja precisa, em primeiro lugar, manter a atitude firme e não ceder diante dos ataques contra a sã doutrina. Devemos em tudo praticar a verdade, seja em palavras, seja em ações (1Co 4.6; 2Co 1.19). Devemos andar na verdade (2Jo 4). Devemos a tempo e fora de tempo, ser defensores do Evangelho, assim como o apóstolo Paulo e outros o foram (Fp 1.16; At 24.5).” (BERGSTÉN, 2005, p. 227). “A Igreja deve ser o fundamento da verdade do evangelho. Ela sustenta e preserva a verdade revelada por Cristo e pelos apóstolos. Ela recebeu esta verdade para obedecê-la (Mt 28.20), escondê-la no coração (Sl 119.11), proclamá-la como a palavra da vida (Fp 2.16), defendê-la (Fp 1.17) e demonstrar seu poder no Espírito Santo (Mc 16.15-20; At 1.8; 4.29-33; 6.8).” (STANPS, 1995, p. 1869).

III  – A MISSÃO DA IGREJA DO DEUS VIVO

 Diante de tantos ataques e investidas do reino das trevas através de ideologias, doutrinas antibíblicas e pautas progressistas, é dever da Igreja cumprir a sua missão na Terra, influenciando, sem se deixar ser influenciada pelo espírito da Babilônia. Dentre as muitas atividades da Igreja, citaremos apenas três: 

3.1 Evangelizar. É missão da Igreja levar as boas novas de salvação a toda criatura (Mt 28.19; Mc 16.15; Lc 24.47; At 1.8; Rm 10.13-17). Todo cristão deve estar ocupado com a pregação do evangelho, pois, o desejo de Deus é que todos os homens sejam salvos, e venham ao conhecimento da verdade (Jo 3.16; Tt 2.11; 1Tm 2.4; 2Pe 3.9). Assim como Jesus, que dedicou grande parte do seu ministério a pregação do Evangelho (Mt 4.23; 9.9-13; 35,36; Lc 19.1-10; Jo 3.1-8; 4.1-26) e a igreja primitiva, que todos os dias anunciava a Cristo aos perdidos (At 2.37-41; 8.1-7,26-40; 11.19-26), a Igreja não pode deixar de anunciar a salvação através da fé em Cristo (At 4.20; Rm 1.14-17; 1Co 9.16). 

3.2 Ensinar a Palavra de Deus. Jesus, o maior Mestre que este mundo já conheceu (Jo 13.13), além de evangelizar, também se dedicou ao ensino (Lc 4.15,31; 5.3; 13.10; 19.47;21.37; Jo 7.14; 8.2). E, seguindo o exemplo do Mestre, a Igreja Primitiva jamais se descuidou da tarefa de ensinar as Sagradas Escrituras (At 5.42; 20.20; 11.26; 18.25). Diversas vezes o apóstolo Paulo exortou seus filhos na fé a ensinarem a Palavra de Deus (Rm 12.7; 1Tm 3.2; 4.11,13; 6.2; 2Tm 2.24). Neste mundo caracterizado pelo ateísmo, materialismo, ceticismo e incredulidade, mais do que nunca, devemos ensinar a Bíblia Sagrada, pois ela é inspirada por Deus (2Tm 3.16; 2Pd 1.20,21); ela é viva e eficaz (Hb 4.12; Is 55.10,11); e, é também, a inerrante e infalível Palavra de Deus (Pv 30.5; Is 40.8; 1Pd 1.24,25).

3.3 Combater os falsos ensinos. Uma das principais atividades do “espírito da Babilônia” é propagar os falsos ensinos. Com o advento da internet e das redes sociais, abriram-se novas oportunidades para evangelização, mas, também, para a propagação das heresias. Por esta razão, a Igreja do Deus vivo deve se ocupar, não apenas com a pregação do Evangelho e do ensino da Palavra de Deus, mas, também, no combate as heresias. Diversas vezes a Bíblia nos exorta sobre os perigos dos falsos ensinos, bem como da necessidade de combatê-los (Rm 16.17; 1Co 11.19; Ef 4.14; 1Tm 1.3; 4.1; 2Pd 2.1-3). Mais do que nunca, a igreja deve empenhar-se no combate às heresias e aos falsos ensinos: “Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que sejais poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes” (Tt 1.9). 

 CONCLUSÃO

 A Igreja do Deus vivo não pode se deixar ser influenciada pelo espírito da Babilônia, com seus enganos e pautas progressistas, cujas doutrinas e práticas vão de encontro aos princípios estabelecidos na Palavra de Deus. Mas, pelo contrário! Como coluna e firmeza da verdade, ela deve cumprir a missão que Cristo lhe entregou, pregando o Evangelho, ensinando a Palavra de Deus e combatendo os falsos ensinos.             

  REFERÊNCIAS                                                                                                                                                            

  • BAPTISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o Império do Mal. CPAD.
  • BERGSTÉN, Eurico. Teologia Sistemática. CPAD.
  • COUTO, Geremias do. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
  • HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. CPAD.
  • PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. VIDA.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.  CPAD.

Fonte: portal rbc1/lições

PRÓXIMO TRIMESTRE

PRÓXIMO TRIMESTRE