O papel da pregação no culto

 

1º TRIMESTRE 2024

O CORPO DE CRISTO

Origem, Natureza e Vocação da Igreja no mundo

COMENTARISTA:  Pr. José Gonçalves

LIÇÃO 12 – O PAPEL DA PREGAÇÃO NO CULTO – (2Tm 4.1-5)

INTRODUÇÃO

Nesta lição, destacaremos o conceito bíblico do que é pregação; mencionaremos que o ministério terreno de Cristo, foi caracterizado pela proclamação das boas novas com o propósito de alcançar a todas as pessoas; elencaremos também, principais eventos que mostram a pregação sendo colocada como prioridade no dia a dia da igreja primitiva; e por fim, abordaremos quais devem ser as características da pregação no culto e a sua devida importância.

I  – DEFINIÇÕES

1.1 Definição do termo proclamar. O verbo grego traduzido como “proclamar”, “kerysso” que quer dizer: “ser um arauto, proclamar como um arauto”, refere-se na prática à: “pregação do evangelho como a palavra autorizada (obrigatória) de Deus, trazendo responsabilidade eterna a todos que a ouvem” (GONÇALVES, 2024). Ainda podendo ser entendido como: “promulgação solene e urgente de um fato importante. Assim é descrito o anúncio do Evangelho em obediência ao ‘ide’ de Cristo” (Mt 28.18-19) (ANDRADE, 2006, p. 305).

1.2 Definição do termo pregação. Andrade define a pregação como sendo: “proclamação da Palavra de Deus, visando a divulgação do conhecimento divino, a conversão dos pecadores e a consolação dos fiéis” (2006, p. 303). Um dos termos usados é “kerygma”, que indica: “a mensagem do evangelho”; essa palavra aparece cerca de oito vezes no Novo Testamento (Mt 12.41; Lc 11.32; Rm 16.25; 1Co 1.21; 2.4; 15.14; 2Tm 4.17; Tt 1.3), indicando a pregação apostólica, que é a mensagem central e o fundamento do Novo Testamento (CHAMPLIN, 2004, p.367)

II  – A PREGAÇÃO NO MINISTÉRIO DE JESUS

Jesus exerceu um tríplice ministério de cura, pregação e ensino da palavra de Deus: “E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo” (Mt 4.23), essa ênfase na pregação no ministério do Senhor é Jesus, é vista frequentemente nos Evangelhos “E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo” (Mt 9.35), “E aconteceu, num daqueles dias, que, estando ele ensinando o povo no templo e anunciando o evangelho, sobrevieram os principais dos sacerdotes e os escribas com os anciãos” (Lc 20.1). Sua importância é ressaltada, quando essa mesma ênfase foi ordenada e confiada à igreja (Mt 28.19; Mc 16.15-18).

III  – A PREGAÇÃO NA IGREJA PRIMITIVA

A pregação é a parte central do culto cristão e sem ela o culto fica sem brilho e objetivo, pois é através dela que a fé é gerada: “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam a paz, dos que anunciam coisas boas! Mas nem todos obedecem ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus (Rm 10.14-17; ver Gl 3.2); é a vontade de Deus, que todos se arrependam e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (At 17.30; 1Tm 2.4), para tanto percebemos a pregação sendo evidenciada na vida da igreja primitiva. Vejamos:

3.1 No ministério de Pedro. Após ser revestido com o poder do Espírito Santo, o apóstolo Pedro pregou um sermão bíblico (At 1.16), totalmente cristocêntrico, começando com: “[…] Jesus Nazareno” (At 2.22) e, terminando com: “[…] Senhor e Cristo” (At 2.36), resultando em quase três mil almas para o Reino de Deus. Desde então, seu ministério foi marcado pela proclamação das boas novas, na unção do Espírito. Como se pode ver em vários momentos: (a) diante do espanto dos que presenciaram o milagre realizado na porta formosa do templo (At 3.12-26); (b) diante da indagação e da oposição do sinédrio (At 4.8-22); e, (c) na casa do centurião Cornélio (At 10.34-48).

3.2 No ministério de Paulo. O apóstolo Paulo em razão da sua importância no cenário cristão, destacou-se quanto ao compromisso de proclamar a Palavra de Deus de tal forma que sempre lembrava: “Para o que (digo a verdade em Cristo, não minto ) fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios, na fé e na verdade” (1Tm 2.7; 2Tm 1.11), o que podemos ver com facilidade tanto em seu exemplo (At 9.20,22; 13.5,16; 14.1,21,22,25; 16.13,31; 17.2,3,17;18.4,5,11; 19.8,13; 20.25; 28.31), como em seus ensinamentos (1Tm 4.6-11,13,16; 5.17; 6.3-5; 2Tm 1.13; 2.14,15; 4.2).

IV  – CARACTERÍSTICAS DA PREGAÇÃO NO CULTO

O apóstolo Paulo prevendo o fim de seus dias (2Tm 4.6,7), trouxe à tona para o jovem obreiro Timóteo, compromissos que deveriam caracterizar sua conduta como servo de Deus e da igreja do Senhor. Entre esses o de pregar o Evangelho de forma genuína, frente a um tempo de resistência à verdadeira mensagem de Deus (2Tm 4.3,4). Nesse intuito, o apóstolo destaca características que deve ter a pregação no culto:

4.1 Seriedade: “Conjuro-te, pois […]” (2Tm 4.1-a). A palavra conjuro-te, do grego: “diamarturomai” que indica: “testificar sob juramento, atestar, testificar a, afirmar solenemente”, é enfática e tem peso de afirmação legal. O apóstolo elaborara detalhadamente a responsabilidade que está sobre o ministro cristão. Agora ele incumbe Timóteo de assumir este encargo em plena conscientização de que, no desempenho de suas obrigações, ele é responsável diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo (2Co 5.10). A pregação da Palavra era tão importante para Paulo e para o ministério da igreja que ele ordenou “uma ordem militar” que Timóteo continuasse a pregá-la. Paulo recorre a Cristo como testemunha de sua ordem e lembra a Timóteo que, um dia, o Senhor retornará e testará o ministério dele. O pregador infiel que acrescenta algo à mensagem ou dela subtrai será reprovado no dia do acerto de contas (Ap 22.18).

4.2 Fidelidade: “pregues a palavra […]” (2Tm 4.2-a). Pela expressão “a palavra”, o apóstolo quer dizer a mensagem relativa a Cristo como Redentor, Salvador e Senhor. Este deve ser o teor da pregação cristã. Nenhum sermão é realmente sermão, a menos que deixe explícita a verdade bíblica. O pregador é um arauto de Cristo, não pode mudar a mensagem que lhe foi confiada: “porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus” (At 20.27), não pode alterar a essência da mensagem, na tentação de torná-la palatável aos homens: “Porque nós não somos, como muitos, falsificadores da palavra de Deus; antes, falamos de Cristo com sinceridade, como de Deus na presença de Deus” (2Co 2.17).

4.3 Urgência: “[…] instes a tempo e fora de tempo […]” (2Tm 4.2). O pregador precisa ter um profundo senso de urgência, o verbo grego “ephistemi”, traduzido por “instar”, significa literalmente: “estar de prontidão”. A tempo e fora de tempo pode ser traduzido por “insista em todas as ocasiões, convenientes ou inconvenientes”. Esta determinação nos mostra o senso de urgência que deve caracterizar nossa pregação (At 8.26-30). Isso acarreta necessariamente a responsabilidade de corrigir e repreender (redarguas e repreendas) e o dever mais positivo de animar (exortes). Temos de provocar em todos que nos ouvem a disposição de reagir em total obediência à Palavra de Deus. Acima de tudo, o servo de Deus deve cultivar a graça da paciência (longanimidade), em seus esforços de levar as pessoas a Cristo e ministrar-lhes o ensino segundo a verdade cristã (doutrina).

V  – A IMPORTÂNCIA DA PREGAÇÃO BÍBLICA NO CULTO

5.1 Para nosso ensino. Paulo diz: “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito […]” (Rm 15.4). Segundo Champlin (2004, p. 855):“Paulo faz aqui uma pausa momentânea a fim de relembrar aos seus leitores qual a autoridade e qual o devido uso das Escrituras. Ele também quis dar a entender, que ela está repleta de boas coisas para nossa instrução moral e espiritual, e a igreja tem feito bom emprego dela, quanto a esses propósitos”.

5.2 Para aviso nosso. O mesmo apóstolo assevera acerca da Bíblia que as coisas que estão escritas: “[…] estão escritas para aviso nosso […]” (1Co 10.11). Para exortar os crentes de Corinto, Paulo utiliza-se do mau comportamento do povo de Israel no deserto (1Co 10.1-6). O apóstolo diz que este exemplo negativo serve de aviso a fim de que não caiamos nos mesmos erros (1Co 10.6,11). Segundo Champlin (1995, p. 396 – acréscimo nosso) a palavra “aviso” no original grego é: “nouthesia”, que significa: “admoestação”, “instrução”, “aviso”, que é utilizada tanto no sentido positivo quanto negativo, ou seja, uma atitude que pode ser reproduzida ou evitada”. Os bons exemplos quanto os maus exemplos de personagens das Escrituras também foram registrados para nos trazer advertências;

5.3 Para nos instruir no caminho certo. Paulo descreveu para o jovem obreiro Timóteo quais os muitos propósitos da pregação das Escritura em relação ao homem: “Toda a Escritura é […] proveitosa para ensinar, […] redarguir, […] corrigir, […] instruir em justiça” (2Tm 3.16). Tudo que foi escrito, o foi para nos instruir no caminho da justiça. Segundo Champlin (1995, p. 396 – acréscimo nosso), no tocante à justiça que no grego é: “dikaiosune”, fica indicado o “treinamento naquilo que é reto”. Porém, no sentido cristão, “praticar o que é reto” consiste em cultivar o caráter moral de Cristo, o qual, por sua vez, reproduzirá a moralidade de Deus Pai”.

CONCLUSÃO

Em razão dos tempos difíceis que marcam os últimos dias da Igreja do Senhor na terra, precisamos reafirmar o valor das Escrituras e da sua proclamação, ocupando um lugar proeminente no culto cristão

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
  • CHAMPLI, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
  • GONÇALVES, José. O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e Vocação da Igreja no Mundo. 1 ed. RJ: CPAD, 2024.
  • VINE, W. E. Dicionário Vine. CPAD.

Fonte: portal rbc1/lições

A disciplina na Igreja

 

1º TRIMESTRE 2024

O CORPO DE CRISTO

Origem, Natureza e Vocação da Igreja no mundo

COMENTARISTA:  Pr. José Gonçalves

LIÇÃO 08 – A DISCIPLINA NA IGREJA – Hb 12:5-13

INTRODUÇÃO

É fato que a igreja tem o direito e o dever de disciplinar os seus membros quando for preciso. Tal autoridade foi-lhe dada pelo próprio Cristo, quando disse aos seus discípulos (e por extensão à Sua igreja): “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na Terra terá sido ligado nos Céus, e tudo o que desligardes na Terra terá sido desligado nos Céus” (Mt 18.18). Assim, a igreja age em nome e na autoridade de Cristo e o espírito por trás da disciplina deve também ser o de Cristo de corrigir, elevar, restaurar, orientar, disciplinar e curar. Aplicada à disciplina cristã, fica evidente que ela nunca visa um mero castigo retribuidor, uma vingança contra o infrator, mas, visa “emendar” e “consertar” um indivíduo que sofreu danos e ferimentos com o seu erro.

I  – DEFINIÇÃO DA PALAVRA DISCIPLINA

1.1 Definição etimológica. Segundo Antônio Houaiss (2001, pp. 1051,1052), a palavra “disciplina” vem do latim “discere” e significa: “obediência às regras e aos superiores; submissão a um regulamento; regulamento sobre a conduta dos diversos membros de uma coletividade imposto ou aceito democraticamente que tem por finalidade o bem-estar dos membros e o bom andamento dos trabalhos; ordem, bom comportamento; castigo; penitência; mortificação; obediência ao regime, diretrizes e orientações de um grupo ao qual é filiado”.

1.2 Definição exegética. No AT o termo hebraico para “disciplina” é “musar” e significa “correção, advertência, castigo” (Dt 11.2; Pv 5.12; 15.10). Já no NT a palavra “disciplina” é a tradução dos termos gregos: a) “didaskalia” – ensino, orientação (Mt 28.20); b) “paraklesis” – exortação  (1Tm 4.13); c) “paideia” – educação, algumas vezes esse verbo é também empregado com o sentido de punir, castigar (Hb 12.4-11), e também utilizado para se referir à instrução de crianças (WILBUR, 1993, p. 153) de onde vem a palavra pedagogia (VINE, 2010, p. 153), visa o mesmo que ensino, repreensão, correção (2Tm 3.16); d) “nouthesia” – admoestação, advertência (1Co 4.14); e) “elenxin; elenchos” repreensão, punição, expor à luz, convencer (Jo 16.8); f) “orthos” – retidão; “epannothosin” – correção (2Tm 3.15-17; Ef 4.12) (SHEED, 2013, pp. 13-35). Muito esclarecedora é a abordagem de Barclay (2000, pp. 119-120), no estudo sobre o termo “katartizeim” onde afirma que um dos seus significados no grego clássico é “ajustar, pôr em ordem, restaurar”. O Dr. Harold L. Willmington (2015, p. 314), diz que: “Disciplinar é penalizar uma pessoa por quebrar as leis de uma unidade de sociedade a qual pertence, com vistas de restaurá-la a essas leis”.

II  – EXEMPLOS DE DISCIPLINA NO ANTIGO TESTAMENTO

        A disciplina é tão preciosa quanto à própria vida (Pv 6.23). Eis o que diz Salomão: “O que ama a correção (disciplina) ama o conhecimento, mas o que aborrece a repreensão é um bruto” (Pv 12.1). Como somos ainda pecadores e imperfeitos, a disciplina na igreja é necessária. Por isso, uma igreja que não pratica a disciplina vai se destruindo e pervertendo a doutrina. A disciplina é necessária para que haja ordem e harmonia.

2.1 Israel praticava a disciplina. A primeira ideia de disciplina está em Números 5.1-4, onde está prescrito que tudo aquilo que fosse considerado imundo, deveria ser mantido “fora do arraial”, tais como: os leprosos, os imundos e os que sofriam de hemorragia. Em Deuteronômio, aparece nove vezes a prescrição disciplinar: “tirarás o mal do meio de ti” (Dt 13.5; 17.7; 19.19; 21.21; 22.21,24; 24.7). O sacerdote tinha autoridade de disciplinar os desobedientes (Dt 17.8-13). Além disso, encontramos também na Lei, um complexo sistema de punições, cujo intuito é reforçar os mandamentos divinos (Lv 25.23; Dt 4.36; Êx 20.20). Diversas ocasiões no AT registram que Deus exerceu a disciplina por intermédio de um juízo, como ocorreu com os desobedientes de Israel (Êx 32.25-29); Mirian (Nm 12.10-15); Acã (Js 7.1,19-26); Corá, Datã e Abirão (Nm 16.1-3, 30-35); Nadabe e Abiú (Lv 10.1-11); Hofni e Fineias (1Sm 1.12-17; 4.11;17) e, Geazi (2Rs 5.20-27).

III  – EXEMPLOS DE DISCIPLINA NO NOVO TESTAMENTO

Podemos dizer que a disciplina é uma das prerrogativas que Deus se utiliza para preservar a santidade do seu povo, primeiramente com Israel, e, posteriormente, com a igreja. Na prática, é uma atitude preventiva, formativa e corretiva, com o intuito de tornar o povo santo, ainda mais santo. Assim, ao estudarmos esta palavra, vemos que a disciplina cristã nunca é vingativa, mas ela sempre é construtiva. A disciplina é um meio de purificação e santificação da igreja. Notemos:

3.1 A igreja primitiva praticava a disciplina. A Igreja de hoje não está dispensada desta obrigação. Divisões, heresias, imoralidades, etc. são mencionadas como causa para disciplina na igreja (At 5.11; Mt 18.17; 1Co 5.6-8,13; Rm 16.17; 2Ts 3.6,14; Tt 3.10,11; 2Jo 10). Shedd (2013, pp. 53-67) chama os exemplos a seguir de disciplina negativa: a) O homem que cometeu incesto (1Co 5.1-8); b) A igreja de Corinto (1Co 11.30-32); c) Ananias e Safira (At 5.1-11); d) Simão, o mágico (At 8); e) Himineu e Alexandre (2Co 2.17-18; 1Tm 1.20); f) Os hereges (Gl 1.9); e, g) Os que pecam para a morte (1Jo 5.16-17). Em 1Timóteo 1.20, Paulo informa que Himeneu e Alexandre foram excluídos da igreja: “entreguei a Satanás” com o intuito de que “aprendam a não blasfemar”. A exclusão deve servir como um tratamento de choque para o crente que demonstra resistência em se arrepender sirva de exemplos para os demais: “Desviai-vos deles” (Rm 16.17); “Que vos aparteis de” (2 Ts 3.6); “Aparta-te dos tais” (1Tm 6.3,5); “Evita-o” (Tt 3.10); “Não vos mistureis com ele” (2Ts 3.14); “Ele deve ser entregue a Satanás” (1Co 5.5; 1Tm 1.20). A disciplina serve também para ensinar a igreja que não se pode confundir amor com tolerância ao pecado. As igrejas de Pérgamo e Tiatira estavam tolerando o erro ao permitirem que pessoas que já haviam dado prova de uma vida incompatível com o evangelho, fossem ainda membros de suas comunidades (Ap. 2.14,15,20). Jesus advertiu essas igrejas, que devido ao não exercício da disciplina, Ele mesmo faria com que o erro fosse punido (Ap 2.16; 21-24).

IV  – PROPÓSITOS DA DISCIPLINA NA IGREJA

         O propósito da disciplina é manter os padrões da Igreja diante de um mundo observador (Mt 5.13-16). Deus não deseja que a Igreja apresente o mesmo mau testemunho que Israel uma vez apresentou (Rm 2.24). O uso da disciplina na Igreja é para: a) valorizar a santidade (Hb 12.10); b) preservação da reputação (Rm 2.23,24); c) repreender os transgressores (1Ts 5.17; 2Tm 2.24,25); d) restaurar a comunhão (Hb 12.12,13); e) gerar temor nos demais (Dt 13.11; 17.13; Pv 19.25; At 5.11; 1Tm 5. 20), e, f) evitar o juízo de Deus sobre todo o povo (Js 7.1,13; Ap 2.14-15). A disciplina evita que o pecado se dissemine por toda a Igreja (1Co 5.6,7), e ajuda o culpado a encontrar seu caminho de volta para Deus (2Co 2.6-8) (WILLMINGTON, 2015, p. 315). Ao lermos a Bíblia, podemos observar que a disciplina não é uma invenção humana e muito menos um capricho da liderança da igreja. Vejamos pelo menos três objetivos principais. Vejamos:

4.1 Testemunhar a santidade de Deus. A base da disciplina de uma igreja local é a santidade de Deus (Sl 93.5; 1Pe 1.16). Deus é santo e não pactua com o pecado (Êx 15.11; Lv 11.44,45; 20.26; Js 24.19; lSm 2.2; Sl 5.4; 111.9; 145.17; Is 6.3; 43.14,15; Jr 23.9; Tg 1.13; 1Pe 1.15,16; Ap 4.8; 15.3,4). A santidade de Deus significa Sua absoluta pureza moral e, através da disciplina, Ele nos revela Seu caráter e Sua santidade. A Bíblia nos diz que o ímpio odeia a disciplina (Sl 50.17) e o tolo aborrece a correção e quem lhe corrige (Pv 12.1; 15.12); mas, o sábio recebe a correção e ama ao que lhe corrige (Pv 13.1; 9.8).

4.2 Preservar a santidade do povo de Deus. Deus sempre exigiu santidade do seu povo (Lv 20.7; Nm 11.18; Js 3.5; 7:13; 1Cr 15.12; 2Cr 35.6; Is 8:13; 1Pe 1.15,16; 3.15; Hb 12.14). Deus, através da disciplina e correção, sempre conduziu os transgressores ao arrependimento preservando, assim, a santidade do Seu povo (Sl 119.67,71; Pv 3.12; Ap 3.19). A disciplina protege a pureza da igreja e não permite que o Nome de Jesus seja difamado pelas pessoas de fora. A igreja não pode permitir que o Nome do Senhor seja desonrado com o erro de alguns de seus membros, da mesma forma que o nome de Deus era “blasfemado” por causa do comportamento de alguns judeus na época de Paulo (Rm 2.17-24; 1Co 10.32)

4.3 Corrigir o povo de Deus. A autoridade máxima para disciplinar reside em Cristo, que autoriza Sua igreja a exercitar a disciplina quando necessário (1Co 5.4). Existem, pelo menos, três tipos de disciplinas: a)  disciplina  preventiva  que ocorre por meio da exortação e compete a todos os cristãos (Hb 3.13), e que se destina a evitar que os males surjam no meio do povo de Deus (Dt 28; 30.19,20; 1Cr 28.9; 1Co 6.12; 10.12; 10.32; Hb 3.12; 1Jo 2.1); b) disciplina corretiva que ocorre por meio do afastamento do crente e compete aos pastores (2Ts 3. 6,14,15), e que tem por objetivo corrigir os transgressores (Js 7.1,19-26; Jz 4.1,2; 6.1; 13:1; Nm 16.1-3, 30-35; At 5.1-10; 1Co 5.5; 10.1-11), para que outros não sigam seu exemplo.; e, c)  disciplina cirúrgica ou  formativa  que ocorre por meio da exclusão do crente e compete ao pastor e a igreja (1Co 5.3-5; 1Tm 1.20). Na carta aos Hebreus 12.5-6, é dito que Deus toma a iniciativa de corrigir os filhos que se desviam. No versículo 8 é mencionado que sem disciplina não somos filhos, mas bastardos. E no versículo 11 é descrito que o projeto de Deus na disciplina não é simplesmente provocar dor, (embora a disciplina produza certa dor no cristão), mas fazer com que ele viva uma vida que produza frutos que o glorifiquem (Cl 1.10).

CONCLUSÃO

       A disciplina é necessária para que haja ordem no Corpo de Cristo. Ela pode ser coerciva como também educativa. Tanto no Antigo como em o Novo Testamento, o Criador sempre disciplinou os seus servos, para que esses vivam em plena comunhão com Ele. O propósito da disciplina na vida do cristão é, em suma, fazer com que este cresça em santificação e viva uma vida frutífera para a glória de Deus. O objetivo da disciplina cristã é proporcionar ao crente uma intimidade profunda com o seu Criador.

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor C. Dicionário Teológico: Um suplemento biográfico dos grandes teólogo e pensadores. CPAD.
  • DAKE, Finis J. Bíblia de Estudo Dake: Anotações, esboços e referências. Editora Atos.
  • CHAMPLIN, Russel Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia.
  • GINGRICH, F. Wilbur. Léxico do Novo Testamento Grego/Português. Vida Nova.
  • WILLMINGTON, Harold L. Guia de Willmington para a Bíblia: Um ensino bíblico completo. ACADÊMICO.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal: Antigo e Novo Testamento. CPAD
  • VINE, W. E. et al. Dicionário Vine: O significado exegético e expositivo das palavras do AT e do NT. CPAD.

Fonte: portal rbc1/lições

A autoridade da Bíblia

1º TRIMESTRE 2022

A SUPREMACIA DAS ESCRITURAS

A inspirada, inerrante e infalível Palavra de Deus

COMENTARISTA:  Pr. DouglasBaptista

LIÇÃO 01 – A AUTORIDADE DA BÍBLIA – (2Tm 4.6-8; 1Ts 5.1-11)

INTRODUÇÃO

Nesta lição veremos as definições dos termos Bíblia e autoridade; pontuaremos alguns aspectos da autoridade da Bíblia; notaremos alguns propósitos de Deus com a Bíblia; e por fim, falaremos sobre as características da Bíblia Sagrada.

I – DEFINIÇÕES DOS TERMOS BÍBLIA E AUTORIDADE

1.1 Definição da palavra Bíblia. A palavra “Bíblia” não se encontra no texto das Sagradas Escrituras. É derivado do nome que os gregos davam à folha de papiro preparada para a escrita “biblos”. Um rolo de papiro de tamanho pequeno era chamado “biblion”, e vários destes era uma “bíblia”. Portanto, a palavra Bíblia quer dizer: “coleção de livros pequenos”. Atribui-se a João Crisóstomo a disseminação do uso desse vocábulo para se referir à Palavra de Deus. No Ocidente, a palavra em questão foi introduzida por Jerônimo tradutor da Vulgata Latina (tradução da Bíblia do grego para o latim), o qual, costumeiramente, chamava o Sagrado Livro de “Biblioteca Divina” (ANDRADE, 2008, p. 20 – acréscimo nosso). Os nomes mais comuns que a Bíblia dá a si mesma são: (a) Escrituras (Mt 21.42; 22.29; Mc 14.29; Lc 24.27; Jo 5.39); (b) Sagradas Letras (2Tm 3.15); (c) Livro do Senhor (Is 34.16); e, (d) Palavra de Deus (Pv 30.5; Hb 4.12).

1.2 Definição da palavra autoridade. A palavra autoridade é a tradução do termo grego “eksousia”. A autoridade da Bíblia deriva de sua origem divina e o selo dessa autoridade aparece em expressões como “assim diz o SENHOR” (Êx 5.1; Is 7.7); “veio a palavra do SENHOR” (Jr 1.2). Isso encerra a suprema autoridade das Escrituras com plena e total garantia de infalibilidade, pois a Bíblia é a Palavra de Deus (Mc 7.13; 1Pd 1.23-25). “Existem muitas palavras ou frases que a Bíblia utiliza para se autodescrever e que sugerem uma reivindicação de autoridade divina. Jesus disse que a Bíblia é indestrutível e que ela jamais passará (Mt 5.17,18); ela é infalível, ou ‘não pode ser anulada’ (Jo 10.35); ela tem a autoridade final (Mt 4.4,7,10); e ela é suficiente para a nossa fé e prática (Lc 16.31)” (HORTON, 1996, p. 218 – grifo nosso).

II – ASPECTOS DA AUTORIDADE DA BÍBLIA

2.1 A Bíblia é inspirada. A Bíblia alega ser um livro de Deus e ter uma mensagem com autoridade divina. Paulo diz que: “Toda a Escritura é divinamente inspirada […]” (2Tm 3.16). A palavra grega é “theopneustos”, e significa literalmente “soprada por Deus”. Portanto, a Bíblia não contém, nem torna-se, ela é a Palavra de Deus. Geisler (2010, p. 460 – acréscimo nosso) define a inspiração da seguinte forma: “é a operação sobrenatural do Espírito Santo, que, por intermédio de diferentes personalidades e estilos literários dos autores humanos escolhidos, investiu as palavras exatas dos livros originais das Sagradas Escrituras, em separado ou no seu conjunto, como a própria Palavra de Deus, isenta de erro em tudo o que ensina, e é, dessa forma, a regra infalível e a autoridade final de fé e prática para todos os crentes”. As próprias Escrituras afirmam ser inspiradas no todo, em partes, em palavras e em cada letra: (a) Inspiração do todo (Mt 5.17; 2 Tm 3.16); (b) Inspiração de partes (Jo 12.14-16); (c) Inspiração das palavras (Mt 4.4); e, (d) Inspiração de cada letra (Mt 5.18).

2.2 A Bíblia é revelada. A Bíblia é a revelação escrita de Deus ao homem, pois através dela o Senhor se fez conhecido de forma especial (Jo 3.16). O conhecimento divino preservado nas Sagradas Escrituras, é posto à disposição da humanidade (Dt 8.3; Is 55.11; 2Tm 3.16; Hb 4.12). Por ela, conhecemos Seus atributos comunicáveis e incomunicáveis, dentre outras coisas (Sl 139.1-10; 1Jo 4.8). “Pela Bíblia, Deus fala em linguagem humana, para que o homem possa entendê-lo. Isto é, Deus, para fazer-se compreender, vestiu a Bíblia da nossa linguagem, bem como do nosso modo de pensar” (GILBERTO, 2004, p. 06 – acréscimo nosso). A revelação é a ação de Deus pela qual Ele dá a conhecer aos escritores da Bíblia, coisas e fatos desconhecidos, que eles jamais poderiam saber, nem descrever, senão por revelação divina (Gn 1,2).

2.3 A Bíblia é inerrante. Segundo o Aurélio (2004, p. 1100) a palavra “inerrância” significa: “que não pode errar; infalível; não errante, fixo”. Teologicamente “a inerrância bíblica é a doutrina segundo a qual as Sagradas Escrituras não contêm quaisquer erros, por serem a inspirada, infalível e completa Palavra de Deus” (ANDRADE, 2008, p. 33). A palavra de Deus não pode mentir (Sl 19.8,9; Hb 6.18); não pode passar ou ser destruída (Mt 5.18); permanecerá para sempre (1Pd 1.25); e é a própria verdade (Jo 17.17). Tais atribuições mostram claramente a inerrância das Escrituras.

2.4 A Bíblia é infalível. Segundo Andrade (2006, p. 229) é a “doutrina de acordo com a qual a Bíblia Sagrada é infalível em seus propósitos, promessas e profecias”. Ela pode ser assim considerada porque: (a) seus propósitos jamais falham; (b) suas promessas são rigorosamente observadas; e, (c) suas profecias cumprem-se de forma detalhada, exata e clara. Deus usou o profeta Isaías para dizer:

“[…] a palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei” (Is 55.11). O Escritor aos hebreus diz que “apalavra de Deus é viva e eficaz [•••]” (Hb 4.12-a).

2.5 A Bíblia é completa. Quando afirmamos que a Bíblia é um livro completo, dizemos que ela contém tudo aquilo que Deus quis revelar à humanidade (Dt 29.29). Ela é completa no que diz respeito ao seu propósito principal, que é revelar-nos a origem de todas as coisas (Gn 1-3); como o pecado passou a fazer parte da história da humanidade (Gn 3.1-24); como o homem tornou-se destituído da glória de Deus (Rm 3.23); e apresentar o único meio de o homem obter a salvação, através da fé em Jesus Cristo (Jo 3.16; Rm 3.21-24).

III – PROPÓSITOS DE DEUS COM A BÍBLIA

3.1 A Bíblia foi escrita para nos ensinar. Paulo diz: “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito […]” (Rm 15.4). Segundo Champlin (2004, p. 855), “Paulo faz aqui uma pausa momentânea a fim de relembrar aos seus leitores qual a auto ridade e qual o devido uso das Escrituras. Ele também quis dar a entender, que ela está repleta de boas coisas para nossa instrução moral e espiritual, e a igreja tem feito bom emprego dela, quanto a esses propósitos”.

3.2 A Bíblia foi escrita para nos avisar. O mesmo apóstolo assevera acerca da Bíblia que as coisas que estão escritas “[…] estão escritas para aviso nosso […]” (1Co 10.11). Para exortar os crentes de Corinto, Paulo utiliza-se do mau comportamento do povo de Israel no deserto (1Co 10.1-6). O apóstolo diz que este exemplo negativo serve de aviso a fim de que não caiamos nos mesmos erros (1Co 10.6,11). Segundo Champlin (1995, p. 396 – acréscimo nosso). A palavra “aviso” no original grego é “nouthesia”, que significa: “admoestação”, “instrução”, “aviso”, que é utilizada tanto no sentido positivo quanto negativo, ou seja, uma atitude que pode ser reproduzida ou evitada”. Portanto, tanto os bons exemplos quanto os maus exemplos de personagens das Escrituras também foram registrados para nos trazer advertências.

3.3 A Bíblia foi escrita para nos instruir. Paulo descreveu para o jovem obreiro Timóteo quais os muitos propósitos da Escritura em relação ao homem: “Toda a Escritura é […] proveitosa para ensinar, […] redarguir, […] corrigir, […] instruir em justiça” (2 Tm 3.16). Tudo que foi escrito, o foi para nos instruir no caminho da justiça. Segundo Champlin (1995, p. 396): “no tocante à “justiça” que no grego é “dikaiosune”, fica indicado o “treinamento naquilo que é reto”. Porém, no sentido cristão, “praticar o que é reto” consiste em cultivar o caráter moral de Cristo, o qual, reproduzirá a moralidade de Deus Pai”.

IV – CARACTERÍSTICAS DA BÍBLIA

4.1 Porque a Bíblia é o manual do crente (2Tm 2.15; 3.16). Ela é o livro-texto do cristão. Ela nos ensina como devemos amar, temer e obedecer a Deus (Dt 17.18,19; Ec 12.13; Lc 10.27); como devemos amar ao próximo (Mc 12.33; Lc 10.27-37); bem como nos ensina a viver neste mundo (Mt 5.13-16; 1Co 10.32). Por isso, devemos ler a Bíblia para ser sábio; crer na Bíblia para ser salvo e praticar a Bíblia para ser santo (1Tm 4.16; 2Tm 3.15).

4.2 Porque a Bíblia é o alimento espiritual (Mt 4.4; Jr 15.16; 1Pd 2.2). Sem dúvidas, a leitura da Palavra de Deus produz nutrição e crescimento espiritual. Ela é tão indispensável à vida espiritual como o alimento é para o corpo. Por isso, ela é comparada ao alimento. O texto de l Pedro 2.2, fala do intenso apetite do recém-nascido: “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo”.

4.3 Porque a Bíblia é a espada do Espírito (Ef 6.17; Hb 4.12). Escrevendo aos efésios, o apóstolo Paulo fala sobre a armadura de Deus (Ef 6.10-17), onde ele descreve diversas peças da armadura, que servem para defesa, tais como: capacete, couraça, escudo, etc. A Palavra de Deus, que é chamada de “espada do Espírito”, é a única arma de ataque nessa descrição: “Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Ef 6.17). O escritor aos Hebreus também compara a Bíblia a uma espada (Hb 4.12). Foi com esta arma que Jesus venceu a tentação (Mt 4.1-11).

4.4 Porque a Bíblia é um livro superior dos demais livros. Desde a invenção da escrita e da imprensa, milhares de livros já foram escritos no mundo. Muitos deles se tornaram conhecidos no mundo, marcaram a história e até se tornaram best-seller, ou seja, mais vendidos. Mas, nenhum deles pode ser comparado à Bíblia. Isto por que: Somente a Bíblia é inspirada por Deus (2Tm 3.16; 2Pd 1.20,21); somente a Bíblia é viva e eficaz (Hb 4.12; Is 55.10,11); e, somente a Bíblia é infalível (Is 40.8; 1Pd 1.24,25).

CONCLUSÃO

As Escrituras são de origem divina. A autenticidade da Bíblia é confirmada por evidências internas e externas. A Palavra de Deus é a nossa autoridade final de fé e prática.

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico.
  • GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
  • GILBERTO, Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
  • HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva Pentecostal. CPAD.

Fonte: portalrbc1.

Comprometidos com a Palavra de Deus

1º TRIMESTRE 2021

O VERDADEIRO PENTECOSTALISMO

A atualidade da doutrina bíblica sobre a atuação do Espírito Santo

COMENTARISTA:  Pr. Esequias Soares

LIÇÃO 08 – COMPROMETIDOS COM A PALAVRA DE DEUS – (2Tm 2.14-19; 2Pd 1.20,21)

INTRODUÇÃO

Nesta lição ressaltaremos a nossa confissão de fé em relação à Palavra de Deus; destacaremos também as principais características e propósitos das Escrituras como regra de fé e prática; e, por fim, demonstraremos as principais razões pelas quais devemos seguir comprometidos com a Palavra de Deus.

I – A PALAVRA DE DEUS E A VISÃO ASSEMBLEIANA

1.1 A declaração de fé e a Bíblia: “Cremos, professamos e ensinamos que a Bíblia Sagrada é a Palavra de Deus, única revelação escrita de Deus (Ap 1.1) dada pelo Espírito Santo (1Co 2.13,14), escrita para a humanidade e que o Senhor Jesus Cristo chamou as Escrituras Sagradas de a “Palavra de Deus” (Mc 7.13); que os livros da Bíblia foram produzidos sob inspiração divina: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil” (2Tm 3.16 – ARA). Isso significa que toda a Escritura foi respirada ou soprada por Deus, o que a distingue de qualquer outra literatura, manifestando, assim, o seu caráter sui generis. As Escrituras Sagradas são de origem divina; seus autores humanos falaram e escreveram por inspiração verbal e plenária do Espírito Santo (2Pd 1.21). Deus soprou nos escritores sagrados, os quais viveram numa região e numa época da história e cuja cultura influenciou na composição do texto. Esses homens não foram usados automaticamente; eles foram instrumentos usados por Deus, cada um com sua própria personalidade e talento. A inspiração da Bíblia é especial e única, não existindo um livro mais inspirado e outro menos inspirado, tendo todos o mesmo grau de inspiração e autoridade. A Bíblia é nossa única regra de fé e prática (Is 8.20), a inerrante, completa e infalível Palavra de Deus: “A lei do SENHOR é perfeita” (Sl 19.7). É a Palavra de Deus, que não pode ser anulada: “e a Escritura não pode falhar” (Jo 10.35 – ARA)” (SOARES (Org), 2017, p. 23 – grifo nosso).

1.2 Definição do termo Bíblia. A palavra “Bíblia” não se encontra no texto das Sagradas Escrituras. É derivado do nome que os gregos davam à folha de papiro preparada para a escrita – “biblos”. Um rolo de papiro de tamanho pequeno era chamado “biblion”, e vários destes era uma “bíblia”. Portanto, a palavra Bíblia quer dizer “coleção de livros pequenos”. “Atribui-se a João Crisóstomo a disseminação do uso desse vocábulo para se referir à Palavra de Deus. No Ocidente, a palavra em questão foi introduzida por Jerônimo — tradutor da Vulgata (tradução da Bíblia do grego para o latim) —, o qual, costumeiramente, chamava o Sagrado Livro de Biblioteca Divina” (ANDRADE, 2008, p. 20 – acréscimo nosso). Os nomes mais comuns que a Bíblia dá a si mesma são: (a) Escrituras (Mt 21.42; 22.29; Mc 14.29; Lc 24.27; Jo 5.39); (b) Sagradas Letras (2Tm 3.15); (c) Livro do Senhor (Is 34.16); e, (d) Palavra de Deus (Pv 30.5; Hb 4.12).

II – CARACTERÍSTICAS DA PALAVRA DE DEUS

A autoridade da Bíblia deriva de sua origem divina. O selo dessa autoridade aparece em expressões como: “assim diz o SENHOR” (Êx 5.1; Is 7.7); “veio a palavra do SENHOR” (Jr 1.2); “está escrito” (Mc 1.2). Isso encerra a suprema autoridade das Escrituras com plena e total garantia de infalibilidade, pois a Bíblia é a Palavra de Deus (Mc 7.13; 1Pd 1.23-25) (HORTON, 1996, p. 218). A Bíblia é um livro superior a qualquer outro livro, pois possui características que a fazem ser singular. Vejamos:

2.1 A Palavra de Deus é inspirada. A Bíblia alega ser um livro de Deus e ter uma mensagem com autoridade divina. Paulo diz que: “Toda a Escritura é divinamente inspirada […]” (2Tm 3.16). A palavra grega é “theopneustos”, e significa literalmente “soprada por Deus”. Portanto, a Bíblia não contém, nem se torna, ela é a Palavra de Deus. Geisler (2010, p. 460 – acréscimo nosso) define a inspiração da seguinte forma: “é a operação sobrenatural do Espírito Santo, que, por intermédio de diferentes personalidades e estilos literários dos autores humanos escolhidos, investiu as palavras exatas dos livros originais das Sagradas Escrituras, em separado ou no seu conjunto, como a própria Palavra de Deus, isenta de erro em tudo o que ensina, e é, dessa forma, a regra infalível e a autoridade final de fé e prática para todos os crentes”. As próprias Escrituras afirmam ser inspiradas no todo, em partes, em palavras e em cada letra: (a) Inspiração do todo (Mt 5.17; 2 Tm 3.16); (b) Inspiração de partes (Jo 12.14-16); (c) Inspiração das palavras (Mt 4.4); e, (d) Inspiração de cada letra (Mt 5.18).

2.2 A Palavra de Deus é revelada. A Bíblia é a revelação escrita de Deus ao homem, pois através dela o Senhor se fez conhecido de forma especial (Jo 3.16). O conhecimento divino preservado nas Sagradas Escrituras, é posto à disposição da humanidade (Dt 8.3; Is 55.11; 2Tm 3.16; Hb 4.12). Por ela, conhecemos Seus atributos comunicáveis e incomunicáveis, dentre outras coisas (Sl 139.1-10; 1Jo 4.8). “Pela Bíblia, Deus fala em linguagem humana, para que o homem possa entendê-lo. Isto é, Deus, para fazer-se compreender, vestiu a Bíblia da nossa linguagem, bem como do nosso modo de pensar” (GILBERTO, 2004, p. 06 – acréscimo nosso). A revelação é a ação de Deus pela qual Ele dá a conhecer aos escritores da Bíblia, coisas e fatos desconhecidos, que eles saberiam, nem descrever, senão por revelação divina (Gn 1,2).

2.3 A Palavra de Deus é inerrante. Segundo o Aurélio (2004, p. 1100) a palavra “inerrância” significa: “que não pode errar; infalível; não errante, fixo”. Teologicamente “a inerrância bíblica é a doutrina segundo a qual as Sagradas Escrituras não contêm quaisquer erros, por serem a inspirada, infalível e completa Palavra de Deus” (ANDRADE, 2008, p. 33). A palavra de Deus não pode mentir (Sl 19.8,9; Hb 6.18); não pode passar ou ser destruída (Mt 5.18); permanecerá para sempre (1Pd 1.25); e é a própria verdade (Jo 17.17).

2.4 A Palavra de Deus é infalível. Segundo Andrade (2006, p. 229 – acréscimo nosso) é a “doutrina de acordo com a qual a Bíblia Sagrada é infalível em seus propósitos, promessas e profecias”. Ela pode ser assim considerada porque: (a) seus propósitos jamais falham; (b) suas promessas são rigorosamente observadas; e, (c) suas profecias cumprem-se de forma detalhada, exata e clara. Deus usou o profeta Isaías para dizer: “[…] a […] palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei” (Is 55.11 ver ainda Hb 4.12-a).

2.5 A Palavra de Deus é completa. Quando afirmamos que a Bíblia é um livro completo, dizemos que ela contém tudo aquilo que Deus quis revelar à humanidade (Dt 29.29). Ela é completa no que diz respeito ao seu propósito principal, que é revelar-nos a origem de todas as coisas (Gn 1-3); como o pecado passou a fazer parte da história (Gn 3.1-24); como o homem tornou-se destituído da glória de Deus (Rm 3.23); e apresentar o único meio de o homem obter a salvação, através da fé em Jesus Cristo (Jo 3.16; Rm 3.21-24).

III – PROPÓSITOS DA PALAVRA DE DEUS

3.1 A Bíblia foi escrita para ensino nosso. Paulo diz: “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito […]” (Rm 15.4). Segundo Champlin (2004, p. 855), “Paulo faz aqui uma pausa momentânea a fim de relembrar aos seus leitores qual a autoridade e qual o devido uso das Escrituras. Ele também quis dar a entender, que ela está repleta de boas coisas para nossa instrução moral e espiritual, e a igreja tem feito bom emprego dela, quanto a esses propósitos”.

3.2 A Bíblia foi escrita para aviso nosso. O mesmo apóstolo assevera acerca da Bíblia que as coisas que estão escritas “[…] estão escritas para aviso nosso […]” (1Co 10.11). Para exortar os crentes de Corinto, Paulo utiliza-se do mau comportamento do povo de Israel no deserto (1Co 10.1-6). O apóstolo diz que este exemplo negativo serve de aviso a fim de que não caiamos nos mesmos erros (1Co 10.6,11). Segundo Champlin (1995, p. 396 – acréscimo nosso) a palavra “aviso” no original grego é: “nouthesia”, que significa: “admoestação”, “instrução”, “aviso”, que é utilizada tanto no sentido positivo quanto negativo, ou seja, uma atitude que pode ser reproduzida ou evitada”. Os bons exemplos quanto os maus exemplos de personagens das Escrituras também foram registrados para nos trazer advertências.

3.3 A Bíblia foi escrita para nos instruir no caminho certo. Paulo descreveu para o jovem obreiro Timóteo quais os muitos propósitos da Escritura em relação ao homem: “Toda a Escritura é […] proveitosa para ensinar, […] redarguir, […] corrigir, […] instruir em justiça” (2Tm 3.16). Tudo que foi escrito, o foi para nos instruir no caminho da justiça. Segundo Champlin (1995, p. 396 – acréscimo nosso), no tocante à justiça que no grego é: “dikaiosune”, fica indicado o “treinamento naquilo que é reto”. Porém, no sentido cristão, “praticar o que é reto” consiste em cultivar o caráter moral de Cristo, o qual, por sua vez, reproduzirá a moralidade de Deus Pai”.

IV – POR QUE DEVEMOS NOS COMPROMETER COM A PALAVRA DE DEUS

4.1 Porque a ela é o manual do crente (2Tm 2.15; 3.16). Ela é o livro-texto do cristão. Ela nos ensina como devemos amar, temer e obedecer a Deus (Dt 17.18,19; Ec 12.13; Lc 10.27); como devemos amar ao próximo (Mc 12.33; Lc 10.27-37); bem como nos ensina a viver neste mundo (Mt 5.13-16; 1Co 10.32). Por isso, devemos ler a Bíblia para ser sábio; crer na Bíblia para ser salvo e praticar a Bíblia para ser santo (1Tm 4.16; 2Tm 3.15).

4.2 Porque a ela alimenta nossas almas (Mt 4.4; Jr 15.16; 1Pd 2.2). Sem dúvidas, a leitura da Palavra de Deus produz nutrição e crescimento espiritual. Ela é tão indispensável à vida espiritual como o alimento é para o corpo. Por isso, ela é comparada ao alimento. O texto de l Pedro 2.2, fala do intenso apetite do recém-nascido: “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo”. Assim deve ser o nosso apetite pela Palavra de Deus. Bom apetite pela Bíblia, é sinal de saúde espiritual.

4.3 Porque a ela é a espada do Espírito (Ef 6.17; Hb 4.12). Escrevendo aos efésios, o apóstolo Paulo fala sobre a armadura de Deus (Ef 6.10-17), onde ele descreve diversas peças da armadura, que servem para defesa, tais como: capacete, couraça, escudo etc. A Palavra de Deus, que é chamada de “espada do Espírito”, é a única arma de ataque nessa descrição (Ef 6.17). O escritor aos Hebreus também compara a Bíblia a uma espada, quando diz que ela é mais penetrante do que qualquer espada de dois fios (Hb 4.12). Foi com esta arma que Jesus venceu a tentação (Mt 4.1-11).

4.4 Porque a ela é um livro diferente dos demais livros. Desde a invenção da escrita e da imprensa, milhares de livros já foram escritos no mundo. Muitos deles se tornaram conhecidos no mundo, marcaram a história e até se tornaram best-seller, ou seja, mais vendidos. Mas, nenhum deles pode ser comparado à Bíblia. Isto por quê: a) Somente a Bíblia é inspirada por Deus (2Tm 3.16; 2Pd 1.20,21); é viva e eficaz (Hb 4.12; Is 55.10,11); é infalível (Is 40.8; 1Pd 1.24,25).

CONCLUSÃO

O comprometimento com a Palavra de Deus é uma característica preservada pelo verdadeiro pentecostalismo. Deus colocou à disposição dos seus servos a Bíblia: a Palavra de Deus, inspirada, revelada, inerrante, infalível e completa, a fim de que, por ela, todos possam conhecê-lo como também a Sua vontade.

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
  • GILBERTO, Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
  • HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva Pentecostal. CPAD.

Fonte: portalrbc1.