Os atributos do ser humano

1º TRIMESTRE 2020

A RAÇA HUMANA

Origem, queda e redenção

COMENTARISTA:  Claudionor de Andrade

LIÇÃO 04 – OS ATRIBUTOS DO SER HUMANO – (Rm 12. 1-10)

 INTRODUÇÃO

Nesta lição, definiremos a palavra “atributo”; notaremos a diferença entre os atributos Divinos comunicáveis e incomunicáveis; e por fim, estudaremos a espiritualidade, a racionalidade, a sociabilidade e a liberdade humana como exemplos de atributos concedidos por Deus ao homem.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA ATRIBUTO

1.1 Conceito da palavra atributo. O dicionarista Antônio Houaiss define atributo como: “o que é próprio e peculiar a alguém ou a alguma coisa, qualidade, característica, o que é próprio de um ser, emblema definitivo, característica, propriedade, particularidade, peculiaridade, traço, faculdade, individualidade, singularidade, distinção, estilo” (2001,p. 340). Sempre que falamos em atributos nos lembramos logo do nosso Deus, que é o doador de todas as capacidades que temos (Gn 1.27-28), por ser ele possuidor de tudo (Sl 24.1).

1.2 Os atributos Divinos. Para que não haja confusão na compreensão dos atributos humanos é necessário entender os Divinos. Podemos entender os atributos divinos em duas classes: (1) Atributos Incomunicáveis. São aqueles que pertencem única e exclusivamente a Deus. Notemos alguns: (a) eternidade (Sl 45.6; 90.2; 93.2; Is 40.28; 57.15); (b) onipresença (Sl 139.7-12; At 17.27,28: Jr 16.17; 23.24; Am 9.2,3); (c) onisciência (1Jo 3.20; Sl 147.5); e, (d) onipotência (Gn 17.1; 18.14; Jó 42.2; Sl 62.11; Lc 1.37); e (2) Atributos Comunicáveis. São aqueles que podem e são encontrados no ser humano. Notemos alguns: (a) santidade (1Pd 1.15,16; Tg 1.13); (b) justiça (Gn 18.25; Dt 27.25; Sl 15.5; Jr 22.3); (c) fidelidade (Êx 34.6; Nm 23.19; Dt 4.31; Hb 6.18; 10.23); (d) amor (2Co 13.11; Ef 2.4; 2Ts 2.16; 2Co 9.7; 1Jo 4.8,16). Deus nos quis dotar de características do seu ser, para que assim pudéssemos ser chamados “imagem e semelhança” (Gn 1.26). Os atributos de Deus são singulares e perfeitos. Só Ele os tem de modo absoluto (BERGSTÉN, 2016, p. 22).

II – A ESPIRITUALIDADE COMO UM ATRIBUTO HUMANO

Deus, que é espírito (Jo 4.24), criou o homem com uma parte espiritual, isto é, com alma e espírito. Essa parte espiritual é invisível e imaterial, conhecida como “o homem interior”, e habita no corpo, que é “o homem exterior” (2 Co 4.16) (BERGSTÉN, 2016, p. 127). O “espírito” é considerado um poder sublime que estabelece os seres humanos na dimensão espiritual e os capacita à comunhão com Deus (HORTON, 2011, p. 248). Vejamos algumas considerações sobre a realidade espiritual do ser humano:

2.1 O espirito humano não-regenerado. O espírito do homem não-crente é morto, isto é, separado de Deus (Ef 2.1-5; Lc 15.24,32; 1Tm 5.6). Ele é dominado pelos seus pecados e concupiscências (Ef 4.17-22; Tt 1.15).

2.2 O espirito humano no processo de regeneração. Na salvação, o espírito do homem é vivificado (Ef 2.5; Cl 2.13). Um despertamento começará no seu espírito quando o Espírito Santo o convencer do seu pecado, e da justiça e do juízo de Deus (Jo 16.8-10).

2.3 O espirito humano regenerado. Agora ele pode comprovar de maneira mais clara, que Deus é bom (Sl 34.8), e com o seu espírito adorar ao Senhor em verdade (Jo 4.23) e orar em espírito (1Co 14.15,16), e o Todo poderoso dará ao espírito do novo crente a inspiração divina que o faz entendido (Jó 32.8) (BERGSTÉN, 2016, p. 132 – acréscimo nosso).

III – A RACIONALIDADE COMO UM ATRIBUTO HUMANO

Racionalidade humana é o processo pelo qual agimos com objetivos reais e corretos, agir racionalmente é ter uma perspectiva das consequências que nossas ações podem ter. Deus é um ser racional. Logo, há perfeita harmonia entre a genuína razão e a fé bíblica. Ele nos criou assim para que pudéssemos desfrutar de comunhão com Ele. “De acordo com a Bíblia Sagrada o mais razoável e lógico dos livros, a razão é o instrumento com que o Criador nos dotou, afim de administrarmos o universo visível” (ANDRADE, 2019, p. 63).

3.1 A racionalidade humana. Através da razão podemos: a) cooperar com Deus (Gn 2.19; 1Co 3.9); b) adorá-lo racionalmente (Rm 12.2); c) perceber sua existência (Rm 1.19,20); e, d) apreciar sua criação (Sl 19.1). Se Deus não fosse um ser racional, nós também não o seríamos, porquanto Ele nos criou segundo à sua “imagem e semelhança”. E, nessa semelhança e imagem, encontra-se, logicamente, o atributo da racionalidade. Doutra forma, a comunhão da criatura com o Criador seria impossível (ANDRADE, 2019, p. 64).

IV – A SOCIABILIDADE COMO UM ATRIBUTO HUMANO

Ao observarmos Gênesis 2.18, poderemos compreender que Deus não viu como algo bom a solidão. Sendo assim podemos inferir que a realidade humana é de convívio social. Para que o homem não estivesse só Deus projetou a família (Gn 2.22-24). Sobre a sociabilidade humana destacaremos apenas a realidade da família que deve ser vivenciada pelo ser humano nos moldes divinos, pois acreditamos que através dela Deus pode mudar toda a sociedade, além de que nela que o ser humano pode encontrar o que precisa para saciar sua sociabilidade. Biblicamente, podemos dizer que a família é o sistema social básico, instituído por Deus no Éden, para a constituição da sociedade e perpetuação da raça humana (Gn 2.18-24). Sem dúvida, a família faz parte do projeto divino visando a felicidade dos seres humanos (Sl 128). Já o lar, do latim “lare” é o ambiente onde vive a família. É no lar que marido, mulher, pais e filhos, encontram o ambiente adequado para amadurecer, conviver e compartilhar seus sentimentos. Vejamos a importância da família em seus aspectos sociais:

4.1 A sociabilidade entre os cônjuges. É no seio da família que marido e mulher passam a conviver juntos e aprendem a suportar e a perdoar mutuamente (1Co 13.7; Cl 3.12,13); a ter paciência (Rm 5.3; 1Co 13.7); a lidar com os problemas do dia a dia (Gn 16.1-6; 27.1-46; 30.1); de forma que o lar contribui, não só para o amadurecimento do casal, como também, para o ajustamento de ambos.

4.2 A sociabilidade entre os filhos. O lar é o ambiente onde os filhos se sentem seguros e felizes, junto aos pais, onde recebem amor, carinho, proteção e educação cristã (Dt 6.1-8; Pv 22.6; Ef 6.1-4; 2Tm 1.5,6), e também aprendem, desde cedo, a serem responsáveis e a se prepararem para o futuro (2Tm 1.5,6; 3.14-17).

4.3 A sociabilidade entre a Igreja. É possível existir família sem igreja, mas não existe igreja sem família. Uma igreja não pode ser forte, viva e santa com famílias fracas na fé ou espiritualmente mortas (1Co 3.1-3;5.1-13; 6.9-11). Quando a família cristã vive em paz e harmonia no lar, a Igreja também é beneficiada, pois, estando em paz com Deus e com os seus, a família passa a viver em comunhão com os irmãos (Sl 133; At 2.42; Rm 12.18).

4.4 A sociabilidade entre a sociedade. A sociedade é composta por famílias. Logo, famílias estruturadas geram sociedades estruturadas; e, consequentemente, famílias desestruturadas geram sociedades desestruturadas. É por esta razão que Satanás investe tanto contra os lares (Gn 3.1-5), pois, desestabilizando-as, ele desestruturará também a sociedade. A sociedade só poderá ser forte e equilibrada, se as famílias também estiverem assim.

V – O LIVRE-ARBÍTRIO COMO UM ATRIBUTO HUMANO

“Entende-se por livre-arbítrio a liberdade que o ser humano tem de fazer escolhas, tornando-se, consequentemente, responsável por elas e por seus respectivos resultados […]. O poder humano de fazer escolhas é o primeiro assunto de que trata a Bíblia Sagrada […]. O livre-arbítrio é inerente ao homem, o qual não poderia ser julgado, jamais, se as suas decisões fossem involuntárias, e ele fizesse o que não desejasse pelo fato de ser movido por uma força estranha, alheia à sua consciência e vontade” (BRUNELLI, 2016, pp. 293,295). A Declaração de Fé das AD diz: CREMOS, professamos e ensinamos que o homem é uma criação de Deus […], dotado por Deus de livre-arbítrio, ou seja, com liberdade de escolher entre o bem e o mal […] essa escolha continua mesmo depois da queda no Éden (Jo 7.17). Deus dotou Adão do livre-arbítrio com o qual ele era capaz tanto de obedecer quanto de desobedecer ao Criador (SOARES, 2017, pp. 77,99). Vejamos a realidade Bíblica do livre arbítrio.

5.1 O livre-arbítrio nas Escrituras. Tanto no AT quanto no NT a doutrina do livre-arbítrio é claramente defendida, e apesar da expressão “livre-arbítrio” não estar na Bíblia de maneira explícita em diversas passagens do AT podemos ver que Deus dá o poder de escolha ao ser humano (Gn 2.16,17; 4.7; Dt 28.1; 30.15,19; Js 24.15; 2Sm 24.12; Jz 5.2; 1Cr 28.9; 2Cr 15.2; Ed 7.13; Ne 11.2; Sl 119.30; Is 1.19,20; Jr 4.1). Também podemos encontrar várias referências que nos demonstra o livre-arbítrio no NT (Mt 3.2; 4.17; 16.24; 23.37; Mc 8.35; Lc 7.30; Jo 1.11; 5.40; 6.37; 7.17; 15.7; At 3.19; 17.30; Rm 10.13; 1Tm 1.19).

5.2 O livre-arbítrio antes da Queda. O poder da livre-escolha faz parte do desígnio de Deus para a humanidade, como sendo a sua imagem e semelhança (Gn 1.27). Adão e Eva receberam o mandamento para multiplicarem a espécie humana (Gn 1.28) e se absterem de comer do fruto proibido (Gn 2.16-17). Estas duas responsabilidades implicam na capacidade de respostas. O fato deles deverem fazer estas coisas, implicava que eles poderiam fazê-las (Gn 3.6). A condenação de Deus para a atitude deles deixa claro que ambos eram moralmente livres para tomar a sua decisão (Gn 3.11,13) (GEISLER, 2010, p. 108).

5.3 O livre-arbítrio depois da Queda. Mesmo depois de haver pecado e se tornado espiritualmente “morto” (Gn 2.17; cf. Ef 2.1) e, portanto, um pecador, em função da sua natureza pecaminosa (Ef 2.3), Adão não se tornou tão completamente corrompido a ponto de não mais ouvir a voz de Deus e poder responder de maneira livre (Gn 3.9-10). A imagem de Deus foi obscurecida, mas não completamente erradicada pela Queda; ela foi corrompida (afetada), mas não eliminada (aniquilada). Na verdade, a imagem de Deus (que inclui o livre-arbítrio) ainda permanece nos seres humanos (Gn 9.6; Tg 3.9). Até mesmo a nossa cegueira espiritual é resultado da nossa decisão de não acreditar (Rm 6.16) (GEISLER, 2010, p. 109).

CONCLUSÃO

Deus nos criou para sua gloria. O pecado manchou e deturpou a criação humana, mas nosso Deus por seu infinito amor arquitetou um lindo projeto de restauração. Devemos usar os atributos concedidos a nós para glorificá-lo e levar outros a entender a importância de servi-lo e amá-lo.

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor correia. A RAÇA HUMANA, Origem, Queda e Redenção. CPAD
  • BERGSTÉN, Eurico. Teologia Sistemática. CPAD
  • BRUNELLI, Walter. Teologia para pentecostais. CENTRAL GOSPEL
  • GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
  • HORTON, S. Teologia Sistemática. CPAD.

Fonte: www.redebrasil.com.br