O Avivamento no Antigo Testamento

1º TRIMESTRE 2023

AVIVA TUA OBRA

O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus

COMENTARISTA:  Pr. Elinaldo Renovato

LIÇÃO 02 – O AVIVAMENTO NO ANTIGO TESTAMENTO – (2Crônicas 34.29-33)

INTRODUÇÃO

Na lição de hoje estudaremos sobre o avivamento no Antigo Testamento, para isso veremos em quais situações os momentos de renovação espiritual aconteceram na nação de Israel. Pontuaremos que os avivamentos registrados no Antigo Testamento foram antecedidos pelo retorno às Escrituras Sagradas, além de uma atitude de arrependimento e confissão de pecado.

I – O AVIVAMENTO NO ANTIGO TESTAMENTO

O AT descreve diversos avivamentos que ocorreram no meio do povo de Deus, tais como: reinado de Asa (2Cr 15. 1­15); no reinado de Joás (2Rs 11 e 12); no reinado de Ezequias (2Rs 18. 4-7); no reinado de Josias (2Rs 22 e 23); nos dias de Esdras e Neemias (Ne 8.1-18; 9.1-38), além de outros. Todos eles ocorreram em momentos de crise moral e espiritual. Notemos:

1.1 Aconteceu no momento de crise moral e espiritual da nação de Israel. Entre tantos momentos de crises espirituais que a nação dos judeus experimentou podemos destacar o momento crítico nos tempos do rei Josias. Por meio da profetiza Hulda, o Senhor declarou: “Porquanto me deixaram e queimaram incenso a outros deuses, para me provocarem à ira por todas as obras das suas mãos, o meu furor se acendeu contra este lugar e não se apagará”. (2Rs 22.17). Porém, diante das atitudes do Rei Josias descrita no texto bíblico: “Visto que o seu coração se enterneceu e você se humilhou diante de Deus, quando ouviu as ameaças que ele fez contra este lugar e contra os seus moradores, e se humilhou diante de mim, rasgou as suas roupas e chorou diante de mim, também eu ouvi a sua oração, diz o SENHOR” (2Cr 34.27), Um grande avivamento aconteceu em Israel: Ídolos forma removidos, altares foram concertados e as festas do senhor voltaram a ser celebradas.

1.2 Aconteceu no momento de grande oposição à obra de Deus. Após o cativeiro babilônico, a nação de Israel enfrentou uma grande oposição dos arábios, amonitas e os asdoditas, além de Tobias e Sambalate que eram de Samaria. Foi nesse momento de ameaças: “Todos se ajuntaram de comum acordo para virem atacar Jerusalém e criar confusão ali. Porém nós oramos ao nosso Deus e, como proteção, pusemos guarda contra eles, de dia e de noite” (Ne 4.8,9). Neemias encaminhou o povo para o retorno as Escrituras. O texto bíblico nos revela que houve uma fome e sede de ouvir a Palavra de Deus. O avivamento teve início mediante um autêntico retorno à Palavra de Deus e um esforço decisivo para a compreensão de sua mensagem.

1.3 Aconteceu no momento de frieza espiritual da nação de Israel. Ciro, rei da Pérsia, havia permitido que 50.000 judeus exilados voltassem a Jerusalém sob a liderança do governador Zorobabel e do sumo sacerdote Josué (Ed 1.2-4; 2.64, 65; 3.2; 5.1). Durante o segundo ano de seu retorno (536-535 a.C), foram lançados os alicerces do templo (Ed 3.8-10). A oposição dos samaritanos, porém, fez cessar a obra (Ed 4.1-5,24) Consequentemente, os judeus tornaram-se espiritualmente apáticos. Passar-se-iam dezesseis anos até que retomassem à construção da Casa do Senhor. Deus, então, envia-lhes os profetas Ageu e Zacarias para encorajá-los a recomeçar a obra (STAMPS, 2012, p. 1348 – grifo nosso). Depois da atuação dos profetas o texto bíblico um despertar espiritual, um avivamento para voltar a servir na casa de Deus: “Assim o Senhor encorajou o governador de Judá, Zorobabel, filho de Sealtiel, o sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, e todo o restante do povo, de modo que eles começaram a trabalhar no templo do Senhor dos Exércitos, o seu Deus” (Ag. 1.14 – NVI). Um verdadeiro avivamento impulsiona o povo a servir a Deus melhor.

II – O AVIVAMENTO NO ANTIGO TESTAMENTO ENVOLVE RETORNO AS ESCRITURAS SAGRADAS

2.1 O retorno as Escrituras Sagradas restabeleceram o verdadeiro culto. o texto bíblico relata: “O rei subiu à Casa do SENHOR, e com ele foram todos os homens de Judá, os moradores de Jerusalém, os sacerdotes, os levitas e todo o povo, desde o maior até o menor. E o rei leu diante deles todas as palavras do Livro da Aliança que havia sido encontrado na Casa do SENHOR” (2Cr30). Após esse ato de ler e obedecer houve uma renovação espiritual em Judá: As abominações foram removidas (v.32); a festa da páscoa foi restabelecida (2Cr 35.1); os sacerdotes foram estabelecidos em seus cargos e o ensino da palavra foi ordenado em todo Israel (2Cr 35.3). Isso demonstra que nunca existirá um avivamento sem um retorno a Palavra de Deus.

2.2 O retorno as Escrituras Sagradas trouxeram quebrantamento espiritual. No livro de Neemias podemos encontrar que: O povo estava atento à leitura da Palavra de Deus (Ne 8.3). Todo o povo se pôs em pé em reverência à Palavra de Deus (Ne 8.5). Aconteceu um genuíno culto avivado, pois “levantaram as mãos; e inclinaram-se e adoraram ao Senhor, com o rosto em terra” (Ne 8.6; 2Cr 7.3; 2Cr 20.18; 2Cr 17 7-9; Lc 17.16). Durante sete dias, seis horas por dia, Esdras leu o livro da Lei (Ne 8.3, 18) e por fim, a busca pelo o Senhor trouxe quebrantamento “Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da Lei” (Ne 8.9); Estudo da Palavra do Senhor “E leram o livro, na Lei de Deus, e declarando e explicando o sentido, faziam que, lendo se entendesse” (Ne 8.8).

III – O AVIVAMENTO NO ANTIGO TESTAMENTO ENVOLVE ARREPENDIMENTO E CONFISSÃO DE PECADOS

3.1 O Avivamento no livro de Neemias começou com arrependimento. A Lei do Senhor foi abundantemente lida e o resultado foi um genuíno avivamento, que começou com um genuíno arrependimento. Já fazia um bom tempo que os estatutos do Senhor não eram observados (Ne 8.17). Os moradores de Judá haviam sido libertos e a alegria se espalhara por toda a nação. Interessante que aquele avivamento foi um retorno à experiência do Sinai (Ex 19), e uma rememoração de tudo quanto o Senhor havia operado na trajetória de Israel. Eles se arrependeram de sua ingratidão para com o Deus que tudo houvera provido até então. Vejamos alguns pontos daquela maravilhosa oração: (a) Reconhecimento de Deus como o Todo-Poderoso e Criador (Ne 9.5,6); (b)Lembrança das promessas feitas a Abraão (Ne 9.7,8); (c) Lembrança da misericórdia de Deus em relação a Israel no Egito (Ne 9.9); (d) Lembrança dos sinais e prodígios operados por Deus no Egito (Ne 9.10-12); (e) Lembrança da Glória no Sinai (Ne 9.13); (f) Lembrança das provisões do Senhor (Ne 9.15); (g) Lembrança da dureza de coração de seus antepassados (Ne 9.16-18); (h) Lembrança da longanimidade de Deus (Ne 9.19-21); (i) Lembrança das vitórias nas guerras em Canaã (Ne 9.22-25); (j) As terríveis oscilações espirituais e suas consequências (Ne 9.26-29).

3.2 O verdadeiro arrependimento é acompanhado de confissão de pecados. Foi assim com o salmista Davi (Sl 51.10-12; 16,17); com os ninivitas (Jn 3.5-10) e com o Filho Pródigo ( Lc 15.17-24). Naquela ocasião não foi diferente. Devido o sincero arrependimento, o Senhor lhes perdoou os pecados. Interessante que isso já havia sido predito quando da consagração do Templo na época do rei Salomão (II Cr 6.36-39). O que aconteceu com Judá é o que acontece com todos quantos se arrependem de seus pecados, mesmo na atual dispensação. Traçando um paralelo entre II Cr 7.14 e At 3.19, chegamos ao seguinte esquema:

IV – O AVIVAMENTO NO ANTIGO TESTAMENTO ENVOLVE OBEDIÊNCIA

4.1 O significado da palavra obediência no Antigo Testamento. As palavras hebraicas e gregas traduzidas como “obedecer” ou “obediência” são geralmente “shama” e as formas cognatas de O significado básico de ambas é ‘‘ouvir” [….]“obedecer” (WYCLIFFE, 2007, p. 1383). Obedecer significa ouvir no sentido de atender as exigências do Criador. A obediência é imposta pelo Senhor a todos aqueles que lhe servem (Dt 13.4); é essencial à fé (Hb 11.6); é o resultado para quem dá credito à voz de Deus (Êx 19.5,6); manifesta-se através da submissão do servo ao seu senhor (Rm 13.1); O Senhor Jesus é o supremo exemplo de obediência (Mt 3.15; Fl 2.5-8); deve ser uma das características dos santos (1Pe 1.14); deve proceder do próprio coração e nunca por obrigação (Dt 11.13; Rm 6.17). Vejamos alguns exemplos bíblicos de obediência: Noé (Gn 6.22); Abraão (Gn 12.1-4); Elias (1Reis 17.5); Jesus (João 7.16; 12.4; 14.10,24); Paulo (At 26.19).

4.2 Exemplos de homens no Antigo Testamento que obedeceram ao Senhor. A palavra de Deus registra vários personagens que incentivaram e ao mesmo tempo obedeceram ao Senhor. Notemos os diversos resultados advindos da obediência: (a) Moisés instruiu o povo para obediência ao Senhor (Dt 5.32-33; 17.18-20); (b) Josué e os israelitas comprometeram-se a obedecer à Palavra para serem prósperos (Js 1.7-8); (c) José foi um grande exemplo de prosperidade no Egito através da obediência ao Senhor (Gn 39.2, 23); (d) O rei Davi aconselha Salomão à obediência para que ele fosse próspero em tudo (1Rs 2.1-3); (e) Uzias também é um exemplo de prosperidade pela obediência a Deus (2Cr 26.1-5); (f) Daniel prosperou na Babilônia por sua obediência e fidelidade a Palavra de Deus (Dn 6.28).

4.3 A obediência que resultou em Avivamento no Antigo Testamento. Existem muitos exemplos no Antigo Testamento de pessoas que obedeceram ao Senhor; um desses resultou em avivamento nacional. O rei Josias, no período da reforma do Templo do Senhor que estava abandonado, achou o Livro do Senhor, ou seja, as Escrituras Sagradas, quando essa foi lida o rei “[…] rasgou as vestes” (2Cr 34.19) em sinal de arrependimento. Foi no seu reinado que todos se comprometeram em obedecer como é relatado no livro das Crônicas: “O rei se pôs em pé no seu lugar e fez aliança diante do SENHOR, para o seguir, guardar os seus mandamentos, os seus testemunhos e os seus estatutos, de todo o seu coração e de toda a sua alma, cumprindo as palavras da aliança, que estavam escritas naquele livro” (2Cr 34.31). Como resultado disso: a idolatria foi removida (2Cr 34.33) e a festa da Páscoa foi comemorada (2Cr 35.1). Dessa maneira houve um verdadeiro avivamento.

CONCLUSÃO

Os momentos de avivamento espiritual que ocorreram no Antigo Testamento foram precedidos por atitudes de retorno às Escrituras Sagrada, de sincero arrependimento e confissão de pecados. Como consequência, o povo volta à obedecer a palavra de Deus por amor.

REFERÊNCIAS

  • LOPES, Hernandes Dias. Avivamento urgente. Vitória: Vida, 1994.
  • LOPES, Hernandes Dias. Neemias o líder que restaurou uma nação. São Paulo: Hagnos, 2006.
  • PACKER, J. I. Neemias paixão pela fidelidade. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
  • PFEIFFER, F. Charles, HOWARD, F. Vos. Dicionário Bíblico Wycliffe. CPAD
  • RENOVATO, Elinaldo. Neemias integridade e coragem em tempos de crise. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
  • STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal.. C.P.A.D.

Fonte: portalrbc1.

O Avivamento Espiritual

1º TRIMESTRE 2023

AVIVA TUA OBRA

O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus

COMENTARISTA:  Pr. Elinaldo Renovato

LIÇÃO 01 – O AVIVAMENTO ESPIRITUAL – (2Cr 7.12-15; Ag 2.5-9)

INTRODUÇÃO

Nesta primeira lição de 2023, estudaremos sobre Avivamento Espiritual a partir das Escrituras. Definiremos o que é avivamento, abordaremos sobre a necessidade de um verdadeiro avivamento, quais as atitudes para um verdadeiro avivamento espiritual, e, por fim, estudaremos sobre os resultados do avivamento espiritual.

I – O QUE É AVIVAMENTO

1.1 Definição exegética do termo avivamento. A palavra avivamento deriva-se do verbo avivar, em hebraico “hayah” (Hc 3.2). Verbo que significa: “estar vivo, viver, manter vivo”; é usado várias vezes nas Escrituras. É usado no Antigo Testamento com o sentido de prosperar (Dt 8.1; 1Sm 10.24; Sl 22.26,27); ou para indicar que um objeto está a salvo (Gn 12.13; Nm 14.38; Js 6.17). O sentido é reviver em Ezequiel 37.5 e 1 Reis 17.22 ou curar em Josué 5.8 e 2 Reis 8.8.

1.2 Definição bíblica de avivamento espiritual. À luz das Escrituras, o despertamento espiritual faz alusão a mudança de ânimo de uma pessoa quanto ao interesse acentuado pelas coisas de Deus (Cl 3.1), por viver uma vida pautada na vontade do Senhor, ocorrendo uma verdadeira mudança interior, demonstrada pela vida prática (Rm 12.1,2; 2Co 5.17). Em relação à igreja, esse avivamento é a restauração do primeiro amor dos cristãos, resultando no despertamento, arrependimento e na busca incessante pela presença de Deus (Ap 2.4,5).

II – A NECESSIDADE DE UM AVIVAMENTO ESPIRITUAL

2.1 Ausência de entusiasmo. A falta de entusiasmo aponta para a necessidade de um despertamento espiritual. Quando se perde o prazer de se adorar a Deus (Ml 1.10-13), quando não há alegria em contribuir para a obra de Deus (Ag 1.1-6; 2Co 9.7), são sinais de um esfriamento na vida devocional, uma vez que a recomendação bíblica para o crente é que este seja fervoroso: “Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor” (Rm 12.11).

2.2 Ausência do lugar da adoração. No passado, alguns dos judeus haviam perdido o valor de se estar no templo, apresentando-se muitas vezes apenas para cumprir um ritual (Ml 1.6-8), mas, sem a essência da verdadeira adoração (Os 6.6; Sl 51.17), por esta e outras razões, Deus permitiu a destruição do templo de Jerusalém (Dn 1.2). No processo da restauração espiritual, uma das primeiras ações de Deus para a nação, foi a reedificação da sua casa (Ed 1.2,3), resgatando no povo o desejo pela casa do Senhor (Sl 42.2-4).

2.3 Ausência de moralidade. No período pós cativeiro. os que viviam em Jerusalém, além de estarem passando por inúmeras privações (Ne 1.3); também viviam e uma cidade em total ruína (Ne 2.17). Não havia segurança pública visto que os muros continuavam derrubados, e de igual modo, a justiça social estava comprometida bem como a vida espiritual (Ne 5.1-5; Is 1.1-6). A ruína da cidade ilustrava também a espiritualidade do povo, pois havia contraído casamento misto (Ed 9.1,2), como também, tolerando pessoas desautorizadas em posições de importância religiosa (Ne 13.1-9). Daí a necessidade urgente de um avivamento espiritual.

III – ATITUDES PARA O AVIAVAMENTO ESPIRITUAL

3.1 Priorizar a Palavra de Deus. No período do rei Josias, enquanto os trabalhadores faziam os reparos, o sumo sacerdote Hilquias encontrou uma cópia do Livro da Lei. Após ouvir o seu conteúdo, Josias “rasgou as suas vestes” (2Rs 22.8,11-b). O Registro Sagrado diz que o rei Josias: (a) achou a Palavra dentro da Casa do Senhor, por meio do sumo sacerdote (2Rs 22.8); (b) o escriba leu a Palavra diante do rei (2Rs 22.10); (c) temeu a Palavra (2Rs 22.11); e (d) agiu por causa da Palavra (escrita e profética), promovendo uma grande reforma religiosa em Judá, pois deu ouvidos à voz do Senhor (2Rs 22.11-20; 23.1-3). Não é possível haver avivamento espiritual sem os parâmetros da Palavra de Deus (Ne 8.13,18).

3.2 Oração perseverante. Todos que buscaram a Deus em momentos de decadência espiritual, ou em grande tristeza, foram por Ele atendidos, pois é compromisso do Senhor com o seu povo (2Cr 7.14). É através da oração que podemos superar toda e qualquer crise. Foi isto que fez Abraão (Gn 20.17), Isaque (Gn 25.21), o rei Josafá (2Cr 20.5-12), Paulo e Silas (At 16.25) e outros. O salmista Asafe disse: “Invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás” (Sl 50.15).

3.3 Temor. Era outra característica da igreja primitiva. É interessante observar que o texto diz: “E em toda a alma havia temor…” (At 2.43a). Não era apenas em alguns cristãos, ou na maioria dos cristãos, e sim, “em toda a alma”. Nenhuma igreja poderá ser avivada, se não houver temor ao Senhor.

3.4 Desprendimento dos bens materiais. Uma igreja avivada não se apega aos bens materiais. Por isso, a igreja primitiva repartia seus bens com os necessitados, como uma prova de amor ao próximo e desprendimento dos bens terrenos (At 2.44,45; Cl 3.1-3).

3.5 Perseverança em ir ao templo. O médico Lucas diz que aqueles cristãos “perseveravam todos os dias no templo…” (At 2.46a). Isto nos ensina que uma igreja avivada reconhece a necessidade de estar na casa de Deus (Sl 122.1). É lamentável que, nos dias atuais, muitos cristãos não perseveram em ir ao templo.

3.6 Louvor a Deus. Quando a igreja é avivada, Deus é louvado no seu templo (At 2.47). Não há lugar para show e muito menos estrelismo. Uma igreja avivada ocupa-se com a genuína adoração ao Único e Verdadeiro Deus (Jo 4.23,24).

IV – AVIVAMENTO DEMONSTRADO NO A.T. E N.T.

Ao contrário dos que defendem que o avivamento é apenas fruto de Atos 2, a Bíblia demonstra que tal avivamento já era experimentado no A.T., e trazia muitos resultados, senão vejamos:

4.1 No Antigo Testamento. O AT descreve diversos avivamentos que ocorreram no meio do povo de Deus, tais como: reinado de Asa (II Cr 15. 1-15); no reinado de Joás (II Rs 11 e 12); no reinado de Ezequias (II Rs 18. 4-7); no reinado de Josias (II Rs 22 e 23); nos dias de Esdras e Neemias (Ne 8.1-18; 9.1-38), além de outros. Todos eles ocorreram em momentos de crise moral e espiritual, e tiveram como resultado:

  • Obediência aos mandamentos divinos (II Rs 18.6; II Rs 22.2; 23.3; Ne 9.38);
  • Retorno do culto ao Senhor (II Cr 15.8; II Rs 23.21-23; Ne 8.13-18);
  • Destruição dos ídolos (II Cr 15.8; II Rs 18.4; II Rs 23.4-20);
  • Arrependimento, confissão e abandono do pecado (II Rs 22.11; Ne 9.1-3);
  • Entrega de ofertas e holocaustos ao Senhor (II Cr 15.11; II Rs 11.11; 22.4-7);
  • Prosperidade espiritual (II Rs 18.6; 23.25).

4.2 No Novo Testamento. As experiências vividas na Igreja Primitiva nos revelam a plenitude do que acontece quando a igreja é avivada. Vejamos:

  • Pregação do Evangelho com ousadia, mesmo em meio às ameaças (At 4.20,29; 5.29);
  • Conversão de almas (At 2.14-42; 5.14; 8.12; 11.21);
  • Batismo com o Espírito Santo (At 8.14-17; 10.44-46; 19.1-6);
  • Milagres e maravilhas (At 3.6-9; 8.5-8; 9.32-42);
  • Dedicação a obra missionária (At 1.8; 13.1-4);
  • Ação social (At 6.1-3; 9.36).

V – RESULTADOS DO AVIVAMENTO ESPIRITUAL

  • O genuíno avivamento produz uma mudança de vida (Rm 8.15-17; 11.1-2; 2Co 5.14-17);
  • O genuíno avivamento ilumina a mente e a razão com a Palavra e com o Espírito (Pv 3.13; Cl 1.9; Tg 1.5);
  • O genuíno avivamento produz frutos do Espírito Santo (G1 5.16-26; Ef 5.18);
  • O genuíno avivamento abrange todo o ser do homem (Jr 31.31-33; Ez 36.25-28; 1Ts 5.23);
  • O genuíno avivamento produz unidade cristã (1Co 12.4-7; At 4.32);
  • O genuíno avivamento tem a oração como elemento fundamental (Rm 12.12; Cl 4.2; 1Tm 2.1-2);
  • O genuíno avivamento produz um autêntico quebrantamento (1Pd 5.6; Sl 51.112; Rm 5.1; Ef 2.16-18).

CONCLUSÃO

Concluímos que o Avivamento Espiritual é uma necessidade para os dias de hoje. Deus é o maior interessado que a Igreja seja avivada, para que ocorram muitas conversões, milagres, curas, batismo com o Espírito Santo e manifestação dos dons espirituais. Portanto, que neste trimestre não estudemos apenas sobre o tema, mas mergulhemos em uma experiência mais profunda com Deus e sua Palavra.

REFERÊNCIAS

  • RENOVATO, Elinaldo. Avia a Tua Obra. CPAD
  • SOARES, Esequias. Visão Panorâmica do Antigo Testamento. CPAD
  • SOARES, Esequias. O Ministério profético na Bíblia. CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: portalrbc1.

A responsabilidade é individual

4º TRIMESTRE 2022

A JUSTIÇA DIVINA

A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel

COMENTARISTA:  Pr. Ezequias Soares

LIÇÃO 07 – A RESPONSABILIDADE É INDIVIDUAL – (Ez 18.20-28)

INTRODUÇÃO

Nesta lição, veremos uma breve definição do termo responsabilidade, que é uma palavra-chave, para a compressão do assunto aqui tratado; destacaremos também, a condição da nação de Israel, nesse ponto do livro do profeta Ezequiel; ressaltaremos os principais aspectos da mensagem de Deus através do profeta; e, por fim, elencaremos quais as atitudes que Deus esperava de seu povo, e que servem de referência para os nossos dias.

I – DEFINIÇÃO DO TERMO RESPONSABILIDADE

1.1 Definição do termo. A palavra responsabilidade procede do latim: “respondere”, literalmente: “responder”. Usada como um termo moral, significa que: “o indivíduo dever responder ou reagir diante de certos deveres, a fim de ajustar-se a algum padrão moral e espiritual ”. A responsabilidade pessoal, é o estado de quem sente que precisa prestar contas de seus atos; de quem sente que precisa cumprir com as suas obrigações; de quem sente que precisa atender a reivindicações legítimas (CHAMPLIN, 2004, p. 672).

II – A CONDIÇÃO DA NAÇÃO DE JUDÁ

2.1 Condição histórica. O capítulo 18 do livro de Ezequiel, combate uma argumentação da nação de Israel que se sentia desobrigada de responsabilidade moral pelo juízo divino. Em forma de um provérbio, do hebraico “mashal”, ou seja, “um adágio, poema, parábola, discurso”; o povo dizia: “[…] os pais comeram uvas verdes, e os dentes de seus filhos se embotaram?” (Ez 18.2). Afirmando com isso, que a punição de Deus era injusta e que eles estavam sendo penalizados pelos pecados de seus antepassados (Ez 18.25,29).

2.2 Condição espiritual. Os profetas Jeremias e Ezequiel trouxeram à nação de Judá uma mensagem de Juízo e conclamação ao Entretanto, a nação com dura cerviz, culpava seus antepassados pelo juízo. Com essa atitude eles demonstravam três grandes problemas:

2.2.1 Insensibilidade ao seu estado de pecado. A nação não se sentia culpada. A indiferença e a insensibilidade sempre serão frutos de uma vida sem comunhão com Deus: “[…] porquanto todos se apartaram de mim para seguirem os seus ídolos” (Ez 5-b).

2.2.2 Transferência de culpa aos familiares. Nos dias de Ezequiel, os israelitas estavam usando o provérbio para justificar-se e para culpar seus pais pelo infortúnio nacional. A propósito, transferência de culpa foi o primeiro fato evidente no ato da queda (Gn 12,13). Nunca devemos culpar os outros por nossas más atitudes, mas devemos reconhecer nossas falhas, nos arrependermos e confessarmos as nossas faltas, buscando o perdão divino: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv 28.13).

2.2.3. Atribuição de injustiça a Deus. Não bastasse a insensibilidade de reconhecer seus pecados, Israel atribuía culpa ao próprio Deus pelos seus métodos e castigos: “E, no entanto, o povo de Israel continua a dizer: ‘O Senhor não é justo!Ó povo de Israel, vocês é que são injustos, e não eu! (Ez 18.29 – NVT). Em uma outra versão encontramos a seguinte expressão: “Apesar disso ser uma coisa tão clara, os israelitas continuam reclamando: O Senhor está sendo injusto no seu julgamento! Israelitas, vocês são os injustos, e não Eu” (Ez 18.29 – VIVA). Há pessoas que buscam sempre culpar a Deus ou mesmo o diabo pelos problemas de suas vidas, esquecendo-se que em muitos casos, os problemas são frutos dos próprios erros: “De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados” (Lm 3.39).

III – A MENSAGEM DE DEUS ATRAVÉS DO PROFETA EZEQUIEL

3.1 Todos são iguais perante Deus: “[…] a alma que pecar, essa morrerá” (Ez. 18.4-b). O profeta mostra que Deus não faz acepção de pessoas; antes, deseja que todos se arrependam e vivam. Deus não tem filhos prediletos e nem netos, Ele deseja que todos os seus filhos reproduzam o seu caráter no dia a dia (Mt 5.13,16; 1Pd 1.15).

3.2 Nosso relacionamento com Deus envolve compromisso moral (Ez 18.5). Como filhos, devemos reproduzir o caráter de Deus:

  • “[…] não comendo sobre os montes […]” (Ez 18.6-a). Não oferece sacrifícios e nem come das oferendas a outros supostos deuses, pois ele pertence ao Deus Verdadeiro e Santo (1Co 10.25-30; Rm. 12.1,2);
  • “[…] nem levantando os olhos para os ídolos da casa de Israel […]” (Ez 18.6-b). Ele não cultua, adora, venera ou deseja nenhum ídolo (tudo aquilo que substitui a Deus em nossas vidas). Pois só o Senhor ama e adora (Dt 6.5; Mt 22.37; Mc 30; Lc 10.27);
  • “[…] nem se contaminando com a mulher de seu próximo […]” (Ez 18.6-c). Seu corpo é templo do Espírito Santo, logo, não há espaço para prostituição, fornicação, adultério e toda sorte de práticas imorais (Rm 6.11 -16; 1Co 6.13-20; Gl 5.19-21);
  • “[…] não oprimindo a ninguém, tornando ao devedor o seu penhor, não roubando, dando o seu pão ao faminto, cobrindo ao nu com sua veste […]” (Ez 18.7). O que vive em santidade não se isola do mundo, ele vive no mundo demonstrando no seu testemunho pessoal seu compromisso com Deus no seu relacionamento com a sociedade (Mt 13,16; 1Pd 1.15; Tg 1.22-25);
  • “[…] Ele não empresta visando lucro e nem cobra juros […]” (Ez 18.8 – NVI). O justo não pede dinheiro a agiota e nem prática agiotagem (Ez 18.8; Êx 22.25; Lv 25.37; Dt 22.15);
  • “[…] andando nos meus estatutos e guardando os meus juízos […]” (Ez 18.9). O justo tem seu prazer na lei do Senhor (Sl 1; 119), e por isso, santidade é sua prioridade de vida;
  • “[…] para proceder segundo a verdade […]” (Ez 18.5). O filho de Deus não se deixa levar por falsos avivamentos, shows gospels, ou qualquer outra inovação; sua vida é regulada pela Palavra de Deus (Sl 119.9,11).

3.3 Deus exige de cada um de seus filhos uma vida de santidade. O capítulo 18 de Ezequiel mostra-nos que o justo, deve ter uma vida de excelência moral, uma vida de santidade (Ez 18.5-9), fato, aliás, que já estava previsto no Código de Santidade de Deus para os seus servos (Lv 17-26), e que marca o estilo de vida dos autênticos servos de Deus (Mt 5.20), e que querem ver ao Senhor (Hb 12.14).

3.4 Cada um responderá por seus atos diante de Deus. O que Ezequiel diz é que, mesmo que os filhos possam sofrer por causa dos pecados dos seus pais em uma ordem natural de causa e efeito, Deus não vai castigar um filho pelos pecados de seu pai e também não considerará justo o filho injusto porque seu pai foi justo. O profeta deixa claro que a “teologia da transferência de culpa” não resistirá ao juízo de Deus (Ez. 18.29,30). Pois cada um responderá por seus atos diante de Deus, sejam bons ou maus (Rm 14.10-12; 1Co. 4.4,5; Ap 20.11-15); nada fugirá de seu juízo (Hb 4.12,13).

3.5 A possiblidade real da perda da salvação. Deus deixa claro por meio do profeta Ezequiel, da possibilidade de o justo perder a sua comunhão com o Senhor ao perguntar: “[…] desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo a iniquidade, e fazendo conforme todas as abominações que faz o ímpio, porventura viverá? (Ez 18.24), a resposta obviamente é: não! Essa pessoa realmente foi justa e realmente caiu da graça. Se ela não voltar para Deus, mas morrer em seu estado caído, sofrerá a ira santa de Deus: “Desviando-se o justo da sua justiça e cometendo iniquidade, morrerá por ela; na sua iniquidade que cometeu, morrerá” (Ez 18.26). A ideia, difundida pelos calvinistas, que um cristão não pode cair da graça e perder-se, vai contra o ensino desse texto. É difícil entender como alguém pode conciliar a teologia de “uma vez na salvo, sempre salvo” com o claro ensino bíblico dessa passagem e em toda a Escritura.

IV – UM CHAMADO PARA A RESTAURAÇÃO

Ante a situação espiritual, moral e social que vivia a nação de Israel, o profeta traz ainda uma palavra de esperança, compartilhando um chamado de Deus. Notemos:

4.1 Um chamado ao arrependimento: “[…] arrependam-se!” (Ez. 18.30b – NVI). Não há outro caminho para a santidade, a não ser por meio do arrependimento (Ez 14.6; 33.11; Jr. 25.5; 35.15).

4.2 Um chamado à santidade: “Desviem-se de todos os seus males” (Ez. 18.30b – NVI). O desejo de Deus é que os homens busquem a santidade e uma comunhão com Ele (Ez 7.19; 14.3,4,7).

4.3 Um chamado à mudança: “[…]e busquem um coração novo e um espírito novo” (Ez 18.31 – NVI). Ninguém que queira se relacionar com Deus, pode continuar do mesmo jeito (Ez 11.19,20; 36.26,27; 2Co 5.17).

4.4 Um chamado à vida: “[…] arrependam-se e vivam” (Ez 18.32-b – NVI). Deus não tem prazer na morte do ímpio. E por isso chama todos ao arrependimento para que vivam (Ez 33.11); e tenham uma vida maiúscula: “[…] eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância” (Jo 10.10).

CONCLUSÃO

Apesar da mensagem de juízo pela dureza do coração do povo e as claras consequências pela responsabilidade de cada um; Deus demonstra seu grande amor ao trazer também neste capítulo, uma palavra de esperança, arrependimento e vida, evidenciando que não tem prazer na morte do pecador.

REFERÊNCIAS

  • Comentário Beacon: Isaías a Daniel. Vol. 4. CPAD.
  • Lição do Simpósio de Doutrinas Bíblicas 2014. IEADPE.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
  • CHAMPLIN, R. Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. HAGNOS.

Fonte: portalrbc1.

A Justiça de Deus

4º TRIMESTRE 2022

A JUSTIÇA DIVINA

A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel

COMENTARISTA:  Pr. Ezequias Soares

LIÇÃO 06 – A JUSTIÇA DE DEUS – (Ez 14.12-21)

INTRODUÇÃO

Nesta lição, veremos a definição etimológica do termo “justiça” e a forma bíblica e exegética; pontuaremos os aspectos da justiça divina; estudaremos a justiça punitiva de Deus; e por fim; analisaremos a misericórdia e a justiça de Deus como parte da sua natureza.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA JUSTIÇA

1.1 Definição etimológica do termo justiça. Segundo o dicionário Houaiss significa: “caráter, qualidade do que está em conformidade com o que é direito, com o que é justo” (2001, p. 1696).

1.2 Definição teológica do termo justiça. Os termos bíblicos no hebraico, “tsedeq” e “tsedakah ” como também o vocábulo grego “dikaiosune”, são traduzidos em português por ‘justiça’ ou ‘retidão’ (CHAMPLIN, 2004, p. 677). Teologicamente, diz respeito “à característica intrínseca de Deus em que Ele é absolutamente justo ou reto e é o padrão último de justiça e retidão” (GEISLER, 2010, p. 829).

II – ASPECTOS DA JUSTIÇA DE DEUS

Sobre a justiça em Deus, duas coisas devem ser destacadas:

2.1 Justiça interna. Diz respeito quem Deus é. Seu caráter é justo. Ele só faz o que é reto. A Bíblia é farta quanto a versículos que apontam esta característica divina (Êx 9.27; Dt 32.4; Ed 9.15; Ne 9.33; Sl 11.7; 116.5; Is 45.21). A justiça é um dos atributos morais de Deus. A justiça de Deus é, em última instância, a sua santidade em ação. Pode ser definida, também, como o atributo moral e básico do Todo-Poderoso, através do qual manifesta Ele a sua fidelidade para os seus propósitos e decretos, e, principalmente, em relação à sua natureza justa e santa. Por conseguinte, sua justiça e santidade acham-se intimamente associadas; não se pode abstrair uma da outra sem violar sua inefável natureza (ANDRADE, 2006. p. 243). Segundo Campos a justiça é “a fase da santidade de Deus que é vista no seu tratamento do obediente e do desobediente ambos sujeitos ao seu domínio”. Nesse atributo Deus dá a cada um o que é devido (2002, p. 340).

2.2 Justiça externa. Diz respeito como Deus age, com justiça. Sendo inteiramente justo, Ele revela sua justiça no seu relacionamento com os seres humanos. Deus é chamado nas Escritura de Juiz (Gn 18.25; Jó 9.15; Sl 50.6). Sobre isso a Bíblia diz que:

  1. A justiça diz respeito aos seus justos juízos (Sl 19.9);
  2. A justiça é a base do seu trono (Sl 89.14).
  3. A justiça é o cetro do seu Reino (Hb 1.8).
  4. A justiça não comete iniquidade (Sf 3.5).
  5. A justiça é perene (2 Co 9.9).
  6. A justiça é o padrão último de julgamento para o mundo (At 17.31)
  7. A justiça retribui a todos de acordo com as ações dos seres humanos (Rm 2.6);
  8. A justiça é a base para as recompensais dos crentes (2 Tm 4.8).
  9. A justiça é revelada na lei de Deus (Rm 10.5).

III – A JUSTIÇA PUNITIVA DE DEUS

A Lei de Deus, interna, escrita nos corações e externa, a Bíblia, reflete a sua santidade. Quando esta Lei é infringida, a santidade de Deus o obriga a manifestar-se justamente em ira. O ser humano, caído em pecado, está em dívida com a lei e, portanto, deve receber a punição dela. Segundo Campos: “Por causa da natureza do próprio Deus, a justiça divina está original e necessariamente obrigada a castigar o mal […]” (2012, p. 347). O apóstolo Paulo, quando escreveu a Epístola aos Romanos faz algumas considerações sobre a ira de Deus. Notemos:

3.1 A dinâmica da ira de Deus (Rm 1.18-a). Ao contrário do que pensam os ímpios, a ira de Deus “se manifesta”, ela não fica oculta. Esta expressão no grego é “apocalipto” e significa: “revelar, manifestar, expor”. Ainda que pareça que a impiedade domine e Deus tarde em revelar sua ira, Ele a manifestará ao seu tempo. Ele disse a Abraão que visitaria a iniquidade dos amorreus, quando se completa a medida (Gn 15.16). Os sacerdotes que queimavam incenso aos ídolos no templo, pensavam que Deus não estava vendo (Ez 8.12). No entanto, Deus mostrou a Ezequiel que havia de puni-los pela maldade que praticaram (Ez 8.17,18).

3.2 A origem da ira de Deus (Rm 1.18-b). O apóstolo Paulo nos diz que “do céu se manifesta a ira de Deus”. Essa ira procede daquele que se assenta no trono e governo todo o universo (Ap 15.7; 16.1). Ele manifestou sua ira dos céus sobre a geração de Noé, trazendo um grande dilúvio (Gn 7.13,17); também manifestou sua ira, fazendo descer fogo e enxofre dos céus, sobre os habitantes de Sodoma e Gomorra por sua maldade (Gn 19.24,25). Na ocasião da inauguração do templo, construído por Salomão, o Senhor lhe falou o que enviaria sobre o seu povo se este pecasse e se afastasse dele (2 Cr 7.13).

3.3 A causa da ira de Deus (Rm 1.18). Paulo nos informou também qual o motivo que causa a ira divina: “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça”. São aos atos pecaminosos dos seres humanos sobre a face da terra que incitam a ira divina (Dt 9.7; 1 Rs 22.54; Ez 35.11; Ef 5.6). Ele mostrou, com indignação, o que os judeus estavam fazendo em oculto dentro do templo (Ez 8.13-16), que foi construído para ser um lugar de adoração (2 Cr 7.15,16).

3.4 O alvo da ira de Deus (Rm 1.18-d). O alvo da ira de Deus é o pecador que além de viver fazendo o que aborrece o Criador: “detêm a verdade em injustiça” (Rm 1.18c). Israel foi escolhido por Deus e dele recebeu privilégio (Rm 9.4,5), a despeito disso, transgrediu gravemente contra o Senhor, se tornando alvo da sua ira, que haveria de retribuir-lhes segundo Sua justiça retributiva (Jr 25.14). Ele mostrou a Ezequiel que haveria de punir com a morte, aqueles que haviam profanado o Seu templo e lhe dado às costas (Ez 9.1-11).

IV – A MISERICÓRDIA E A JUSTIÇA DE DEUS COMO PARTE DA SUA NATUREZA

Antes de revelar a sua justiça retributiva aos pecadores, punindo-os, o Senhor revela a sua misericórdia a fim de trazer os homens ao arrependimento. A palavra “misericórdia” ocorre na Bíblia 158 vezes. No AT 99 e no NT 59 (JOSHUA, sd, p. 977). A palavra hebraica para misericórdia é “rahamim” que significa: “entranhas, misericórdias, compaixão”, esta mesma expressão é traduzida para o grego por “eleõ” mostrar generosidade, mediante beneficência ou ajuda (VINE, 2001,pp. 73,480). Teologicamente diz respeito a “uma compaixão suscitada pela miséria do próximo” (ANDRADE, 2006, p.266 – acréscimo nosso). Vejamos como Deus age com o homem:

4.1 Antes de Deus punir o seu povo com justiça o adverte dos seus erros. Em todo tempo da história de Israel, todas às vezes que o povo se afastou de sua verdade, vimos Deus os advertindo de seus caminhos injustos. Se Deus tivesse prazer em destruir sequer advertia o seu povo (Ez 18.32; 33.11). Os judeus foram chamados de “casa rebelde” por causa de sua rebelião (Dt 9.23,24; Sl 78.8; Jr 5.23). O termo hebraico é “mãrah” e tem o sentido de “obstinação”, “teimosia” e “rebeldia”. Esta expressão aparece treze vezes no livro (Ez 2.5,6,8; 3.9,26,27; 12.2,3,9,25; 17.12; 24.3; 44.6). Mas, o Senhor lhe diz que, ainda que eles não guardassem os mandamentos divinos, não poderiam alegar inocência, pois eles saberiam que um profeta autêntico e verdadeiro esteve no meio deles (Ez 2.5).

4.2 Antes de Deus punir o seu povo com justiça os chama ao arrependimento. Deus sempre usou seus mensageiros em época de crise para chamar o Seu povo ao arrependimento e a conversão, antes de enviar-lhes a punição. A principal função dos profetas era agir como embaixadores ou mensageiros divinos, anunciando a vontade de Deus para o seu povo, especialmente em épocas de crise. Eles eram, acima de tudo, pregadores da justiça em época de decadência moral e espiritual (Jr 3.1; Os 6.1; Jl 2.12,13; Ez 18.31,32).

4.3 Deus não trata ímpios e justos da mesma forma . Em sua justiça, Deus trata o ímpio e o justo de forma diferente. Ao ímpio que rejeita o Seu convite gracioso de arrependimento, ele o pune severamente; ao justo, que anda em retidão, Deus o poupa e o abençoa: “E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal as testas dos homens que suspiram e que gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela. E aos outros disse, ouvindo eu: Passai pela cidade após ele e feri; não poupe o vosso olho, nem vos compadeçais. Matai velhos, e jovens, e virgens, e meninos, e mulheres, até exterminá-los; mas a todo o homem que tiver o sinal não vos chegueis; e começai pelo meu santuário. E começaram pelos homens mais velhos que estavam diante da casa. E disse-lhes: Contaminai a casa, e enchei os átrios de mortos, e saí. Esaíram e feriram na cidade” (Ez 9.4-7).

CONCLUSÃO

Concluímos esta lição conscientes de que o enfoque da justiça de Deus diz respeito à retribuição divina ao pecado. É importante ter em mente que a Justiça é um atributo de Deus, é uma das Suas características próprias. Ser justo é uma qualidade fundamental da natureza do Senhor.

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico.CPAD.
  • CAMPOS, Heber Carlos de. O Ser de Deus e seus atributos. CULTURA CRISTÃ.
  • ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
  • GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
  • LOPES, Hernandes Dias. Romanos: o evangelho segundo Paulo. HAGNOS.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: portalrbc1.