Cultivando a convicção cristã

 

3º TRIMESTRE 2023

A IGREJA DE CRISTO E O IMPÉRIO DO MAL

Como viver nesse mundo dominado pelo espírito da Babilônia

COMENTARISTA:  Pr. Douglas Baptista

LIÇÃO 11 – CULTIVANDO A CONVICÇÃO CRISTÃ – (1 Ts. 2. 1-12)

INTRODUÇÃO

Nossa base é fundamental para suportarmos os ataques diuturnos a nossa fé. E quanto mais o tempo passa, a operação das forças da “Babilônia” tentam a todo o custo destruir nossas convicções para que fiquemos a mercê das ideologias propostas por eles. Hoje estudaremos a importância de não apenas ter tais convicções, mas antes cultivá-las, para assim continuar crescendo na graça e no conhecimento de Cristo Jesus. 

I – DEFINIÇÕES IMPORTANTES:

1.1 Cultivar – tratar a terra, revirando-a, regando-a, etc; lavrar, amanhar. plantar com cuidados especiais, promover o desenvolvimento de (sementes, espécies vegetais, suas flores ou frutos. (HOUAISS, 2001, p. 887);

1.2 Convicção – Crença ou opinião firme a respeito de algo, com base em provas ou razões íntimas, ou como resultado da influência ou persuasão de outrem; convencimento. (HOUAISS, 2001, p. 826)

II – POR QUE É NECESSÁRIO REAFIRMAMOS NOSSAS CONVICÇÕES?

Os padrões humanos mudam conforme as tendências dos valores morais da sociedade. Com o passar do tempo tem havido uma verdadeira “involução” no que diz respeito a ética, a moral e os bons costumes. Segundo Grenz (2016, p. 12) “há um consenso entre muitos observadores sociais de que o mundo ocidental está em meio às transformações. Na verdade, tudo indica que estamos fazendo a travessia da era moderna para a pós-moderna”. Paulo previu isso quando falou sobre o fim dos tempos, asseverando que as coisas se tornarão piores à medida que o fim se aproximasse: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos” (2Tm 3.1). “Da expressão ‘tempos trabalhosos’, no grego, temos o adjetivo ‘chapelos’, que significa ‘difícil’, ‘árduo’, dando a entender um período de ‘tensão’, de ‘maldade’; serão tempos difíceis de suportar, perigosos e problemáticos para a igreja em geral” (CHAMPLIN, 2014, p 502 – acréscimo nosso). Vejamos algumas características da pós-modernidade e o posicionamento bíblico quanto a elas:

2.1 A negação dos absolutos. Segundo Grenz (2016, p. 28), “os pós-modernos questionam o conceito de verdade universal. Eles olham para além da razão e dão guarida a meios não racionais de conhecimento, dando às emoções […] uma posição privilegiada”. Nancy (2000, p. 44) acrescenta que “pós-modernistas, são céticos, senão ressentidos, com relação a valores morais absolutos”. Eis por que a Bíblia Sagrada se faz tão necessária à raça humana, pois é um livro que trata com valores absolutos, pois absoluto Ele é (Dt 32.4; Sl 31.5; Jo 14.6; 17.17; Jo 16.13).

2.2 A relativização dos valores. Há quem defenda que valores éticos e morais sejam relativos ao tempo, lugar, cultura ou há um grupo. Ensinam que nada é certo e nada pode ser considerado errado. Tudo depende da subjetividade do momento. Andrade (2006, p. 318) diz que o relativismo “é uma concepção filosófica segundo a qual nada é definitivamente certo nem absoluto”. No relativismo não há uma fonte transcendente de verdade moral, e podemos construir nossa própria ética e moralidade. Todo princípio é reduzido a uma preferência pessoal. Em contraste, os cristãos acreditam em um Deus que tem falado, que revelou um padrão absoluto e imutável de certo e errado, na Sua Palavra (Êx 20.1-17), baseado, em última instância, em Seu próprio caráter santo (Lv 11.45; 20.26; 1Pd 1.16).

2.3 A inversão de valores. Entende-se por inversão de valores, a negação ou substituição dos valores absolutos conforme descritos na Palavra de Deus, por valores temporais, relativistas e circunstanciais, que são facilmente ajustáveis às épocas em que estão inseridos. O profeta Isaías reprovou severamente a inversão de valores (Is 5.20). Paulo disse que os homens pagãos “[…] mudaram a verdade de Deus em mentira […]” (Rm 1.25). Enquanto o mundo tem os seus valores deturpados pelos formadores de opinião que utilizam a escrita, televisiva e a internet para disseminarem suas ideias, nós cristãos, no entanto, fomos chamados para fazer a diferença, como sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13,14). Nosso formador de opinião é o Espírito da Verdade que nos guia em toda a verdade, que é a Sua Palavra (Jo 16.13; 17.15).

III- NOSSAS CONVICÇÕES ESPIRITUAIS

Em meio a tanto barulho no mundo, o Cristão precisa estar consciente de que sua vida é regida por Deus, tal convicção lhe fará enfrentar as adversidades com um olhar diferente do “homem natural”. Paulo escreveu ao Tessalonicenses neste contexto de dor e sofrimento advindo das perseguições. O que a Bíblia tem a nos dizer sobre como devemos usar nossa confiança em Deus em momento como estes? Vejamos: 

3.1 Perseverando. Muitos sofrimentos que enfrentamos aqui nesta vida, têm como finalidade a manifestação do poder da glória de Deus. O Senhor nunca falou que “nos livraria DA fornalha, mas sim NA fornalha”. Existem alguns exemplos na Bíblia de justos que sofreram por permissão de Deus para um propósito determinado: José (Gn 37-45); Daniel (Dn 6.1-28); os jovens na fornalha de fogo (Dn 3.28-30); (Jó 42.117); Estêvão (At 7.55-60; 1Pe 4.14; 2Co 12.9; Tg 4.6; 1Pe 2.20); Paulo (2Co 4.8-9; 11.16-33; Fp 3.7-11); Pedro (1Pe 2.20); e o próprio Jesus (Is 53.1-12; Jo 15.18-21; Mc 15.3-5; At 8.32-33; 1Pe 2.20-24; Ap 5.6).

3.2 Tendo esperança. A fidelidade a Deus não é garantia de que o crente não passará por aflições, dores e sofrimentos nesta vida (Jo 16.33; 2Tm 3.12; Sl 34.19). Lembremo-nos do profeta messiânico: “Quando passares pelas águas estarei contigo […]” (Is 43.2). O profeta ainda diz: “Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR […] dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor […]” (Is 40. 28-31). E do salmista quando falou: “DEUS é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia (Sl 46.1).

3.3 Permanecendo firmes. Definitivamente, é praticamente impossível viver sem passar por crises, pois a vida é composta inevitavelmente de dias maus: “Porém, se o homem viver muitos anos, e em todos eles se alegrar, também se deve lembrar dos dias das trevas, porque hão de ser muitos […] (Ec 11.8). Logo, o justo pode até vir a abalar-se diante das crises, porém, deve permanecer firme no Senhor (Ef 6.13). Portanto, imitemos a conduta do patriarca Jó diante das perdas que sofreu: “Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma” (Jó 1.22). 

IV – NOSSAS CONVICÇÕES MORAIS

Considera-se portador de reputação ilibada o que tem reconhecida idoneidade moral (At. 6.3).  (BAPTISTA, 2023, p.126). O conceito de idoneidade moral relaciona-se diretamente às virtudes de respeitabilidade, de honra, de dignidade, de seriedade e de bons costumes. (ALANO, 2019 apud BAPTISTA, 2023, p.126)

4.1 Uma moral que glorifique a Deus. Para um cristão cuja vida é consagrada a Deus, a divisão entre “secular” e “sagrado”, em certo sentido não são duas coisas diferentes. Ao viver para a glória de Deus, a vida do servo de Deus em todos os aspectos deve ser marcada pela santidade, como exorta o apóstolo Pedro: “[…] em toda a vossa maneira de viver” (1Pd 1.15; ver Sl 103.1; 1Ts 5.23). Nenhum aspecto da nossa vida está excluído desse imperativo divino, até mesmo atividades comuns, como comer e beber, devem ser realizadas para a glória de Deus, como afirma o apóstolo Paulo: “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus” (1Co 10.31). Semelhantemente o apóstolo Paulo nos encoraja a nos manter puros no corpo e no espírito (2Co 7.1; ver 1Co 7.34). Sendo assim, nosso procedimento deve resplandecer o caráter de Deus, a santidade daquele que nos chamou por Seu Filho para a salvação (Rm 8.29; Ef 1.4) (LOPES, 2012, p. 50 – acréscimo nosso).

4.2 Uma moral que suporte o sofrimento. Não obstante, em Tessalônica, em meio às perseguições e lutas, Paulo e os seus companheiros anunciaram o evangelho de Cristo com ousada confiança no Deus Todo-poderoso (1 Ts 2.2c). Desse modo, somos igualmente encorajados a não desfalecer na pregação do evangelho, mas, confiados em Deus, jamais recuar e nem mesmo se atemorizar diante das ameaças de prisões ou de morte (Ap 2.10). (BAPTISTA, p.136, 2023). Este deve ser o nosso objetivo, permanecer firmes em um mundo de frequentes mudanças. 

V – NOSSAS CONVICÇÕES SOCIAIS

 Escrevendo aos Romanos o Apostolo Paulo apresenta uma lista de ações que compõe um estilo de vida aprovada por Deus em sociedade, e diferentemente do modelo egoísta apresentado nos dias dele e nossos, o modelo Cristão é semelhante ao que Cristo faria. Notemos então o que Deus espera de nós, no convivo social mantendo as nossas convicções cristãs: 

5.1 Manter relações interpessoais sadias (Rm 13.9). O crente precisa obedecer a princípios morais estabelecidos por Deus, e isso fez o apóstolo ter interesse em falar das relações interpessoais quando ele nos exorta a viver de forma Ética e Moral ao dizer; “Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. O nosso próximo dever ser o alvo de nossa real comunhão com Deus (Lc. 10. 25-37).

5.2 Andarmos como filhos da luz (Rm 13.13,14). Paulo lista aqui seis pecados, em três pares, tratando da falta de controle nas áreas da bebida, do sexo e dos relacionamentos. Paulo passa da vestimenta adequada ao comportamento apropriado. A falta de controle próprio contradiz totalmente um comportamento cristão decente (Gl 5.22; 1Tm 3.3; Tt 1.8).

5.3 Amar o próximo (Rm 13.10). Paulo reforça o seu argumento sobre a lei do amor citando Levítico 19.18. Ele conclui dizendo que “o cumprimento da lei é o amor”. O mandamento do amor sintetiza todos os outros preceitos que promovem as relações (Rm 13.9). O mandamento do amor suplanta todos os 613 mandamentos da Torá. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12.30). “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós…” (Jo 15.34). “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós. E nós devemos dar a nossa vida pelos irmãos” (1 Jo 3.16; ver ainda 1Jo 4.20,21).

CONCLUSÃO

 A Palavra de Deus, como regra de fé e prática do cristão, descreve os princípios divinos que direcionam e guiam a vida do verdadeiro servo de Deus, independentemente de sua cultura, status social e época. Para os que desejam agradar a Deus, devem entender a necessidade de ter como estilo de vida, a santidade.

 REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
  • LOPES, Hernandes dias. Comentário Expositivo 1 Pedro: Com os pés no vale e o coração no céu. HAGNOS.
  • WYCLIFFE. Dicionário Bíblico. CPAD.

Fonte: portal rbc1/lições

 

A dessacralização da vida no ventre materno

 

3º TRIMESTRE 2023

A IGREJA DE CRISTO E O IMPÉRIO DO MAL

Como viver nesse mundo dominado pelo espírito da Babilônia

COMENTARISTA:  Pr. Douglas Baptista

LIÇÃO 05 – A DESSACRALIZAÇÃO DA VIDA NO VENTRE MATERNO – (Lc 1.26-33; 39-45)

INTRODUÇÃO

Nesta presente lição traremos a definição das palavras “dessacralização e aborto”; veremos algumas legislações não cristãs contrárias a prática do aborto; notaremos o que a Bíblia diz sobre esta prática; pontuaremos algumas concepções errôneas para justificar o aborto; e por fim; falaremos o que a Bíblia diz sobre a vida humana.

I  – DEFINIÇÃO DAS PALAVRAS “DESSACRALIZAÇÃO”, “ABORTO” E “FETO”

 1.1 Definição dos termos “dessacralização” e “aborto”. A palavra “dessacralização” significa: “fazer perder o caráter sagrado” (HOUAISS, 2011, p. 1015). O Dicionário Online de Português define dessacralização como: “secularização, desmistificação, fazer com que algo deixe de ser considerado sagrado, divino, inviolável” (www.dicio.com.br/dessacralização/). Já a palavra “aborto” é formada por dois vocábulos latinos: “ab”, privação, e “ortus”, nascimento (ANDRADE, 2015, p. 52). “Conceitualmente, o aborto é a interrupção do nascimento por meio da morte do embrião ou do feto. Algumas literaturas identificam o aborto como feticídio cujo significado é a morte do feto” (BAPTISTA, 2023, p. 60). O verbo “abortar” do ponto de vista médico significa: “expulsar naturalmente o feto, ou retirá-lo por meio artificiais […]” (HOUAISS, 2001, p. 1271). O aborto é chamado de feticídio que significa: “crime, no qual através do aborto provocado, ocorre a morte do feto que se presume com vida” (HOUAISS, 2001, p. 1333). 

II  – LEGISLAÇÕES NÃO CRISTÃS CONTRÁRIAS A PRÁTICA DO ABORTO

 As civilizações dos sumérios, os babilônios, os assírios, os hititas e os israelitas consideravam o aborto como um crime de maior gravidade (GARCIA, 2011, p. 25 apud BAPTISTA, 2018, 39). Ao contrário do que pensam os pró-aborto que somente os cristãos se opõem a esta prática pecaminosa, o aborto já foi declarado errado por muitas sociedades não cristãs. Vejamos:

  • Código de Hamurabi (XVIII a.C.) aplicava castigo severo para quem induzisse um aborto (GEISLER, 2001, p. 456);
  • Tiglath-Pileser rei persa (XII a.C.) punia as mulheres que induziam o aborto (GEISLER, 2001, p. 456);
  • Hipócrates médico grego (IV a.C.) se opunha ao aborto (PALLISTER, 2005, p. 141). O juramento era recitado pelos médicos no dia da formatura dizia: “Não darei a nenhuma mulher um preçário para provocar um aborto” (KAISER JR, 2016, p. 138);
  • Lucius Sêneca (II d.C.) elogiou a sua mãe por não ter lhe matado com esta prática (GEISLER, 2001, p. 456);
  • Código criminal do Império no Brasil. O aborto e o infanticídio eram punidos com prisão e trabalho forçado. A pena era de um a três anos de prisão e trabalho forçado (Art. 198) […], de um a cinco anos de trabalhos forçados no sistema prisional da época (Art. 199) […]. Código de Napoleão (1769-1821) era crime hediondo (BAPTISTA, 2018, p. 40).

 III  – O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE O ABORTO

 A vida humana é sagrada por tratar-se de um ato criativo de Deus (Gn 2.7; Jó 12.10) […]. O princípio de sacralidade assegura a dignidade da pessoa humana e a inviolabilidade do direito à vida (Sl 36.9; 90.12) […] a militância ideológica não reconhece que a sacralidade da vida está atrelada à santidade da vida […]. Essa falaciosa distinção condena o homicídio de crianças já nascidas, mas defende o assassinato dessas crianças no ventre da mãe. (BAPTISTA, 2023, pp. 61,62). Vejamos o que nos diz a Escritura:

 3.1 O aborto no Antigo Testamento. Na Lei Mosaica, provocar a interrupção da gravidez da mulher é ato criminoso (Êx 21.22,23). No Decálogo, o sexto mandamento proíbe o homem de matar, o que significa literalmente “não assassinar” (Êx 20.13). Os intérpretes do Decálogo concordam que o aborto está incluso nesse mandamento. Então, quem mata um embrião ou feto atenta contra a dignidade humana e a sacralidade da vida no ventre materno (BAPTISTA, 2023, p. 60). O aborto é um assassinato porque ele termina com uma vida humana, portanto neste mandamento encontramos uma clara reprovação a este ato (Êx 23.7; Dt 5.17). Em Êxodo 21.22-25 dá a mesma pena a alguém que comete um homicídio e para quem causa o aborto. Deus trata o feto como um ser humano (Gn 9.6). A Lei de Deus não faz distinção entre aborto e infanticídio. Tanto faraó que ordena a matança dos infantes hebreus, quanto a mulher que, por motivos fúteis, interromper a gravidez, quebrantam o sexto mandamento (Êx 1.22; 20.13) (ANDRADE, 2017, p. 77)

 3.2 O aborto no Novo Testamento. Jesus ratificou o sexto mandamento “Não matarás” (Mt 5.21; 19.18). Os apóstolos também (Rm 13.9; Tg 2.1). Uma das afeições próprias da natureza humana, é que a mãe ame o filho, desde o seu ventre (Is 49.15). No entanto, Paulo diz que umas das características do ser humano entregue ao pecado, é que ele pode se tornar uma pessoa “sem afeição natural” (Rm 1.31), uma referência implícita ao desamor que sente, por exemplo, uma mulher que estando grávida, assassina o próprio filho. O mesmo apóstolo diz que os que tais coisas cometem e também os que consentes são dignos de morte (Rm 1.32 ver ainda Ap 21.8).

 3.3 O aborto na história da Igreja. A igreja que mantém o princípio teológico da autoridade bíblica (2Tm 3.16) defende a dignidade humana, a sacralidade e a inviolabilidade da vida desde a sua concepção (BAPTISTA, 2023, pp. 63,64). “O ensino dos dez apóstolos” (séc. I), chamado de “Didaquê”, condena o aborto: “Não matarás o embrião por aborto e não farás perecer o recém-nascido” (Didaquê II,2). O apologista Tertuliano (150-220) ensinou que a morte de um embrião tem a mesma gravidade do assassinato de uma pessoa já nascida e que impedir o nascimento é um homicídio antecipado. O polemista Agostinho de Hipona e os teólogos Jerônimo de Estridão e Tomás de Aquino consideravam pecado grave interromper a gestação e o desenvolvimento da vida humana […]. Jerônimo, autor da vulgata latina, considerou as mulheres que escondiam a infidelidade conjugal com o aborto como culpadas de triplo crime: adultério, suicídio e assassinato (ANDRADE, 2015, p. 58 apud BAPTISTA, 2018, pp. 43,44).

IV  – CONCEPÇÕES ERRÔNEAS PARA JUSTIFICAR O ABORTO

 “Fecundação, embrião e feto são os nomes das três etapas da gestação […]. Quanto aos cientistas, muitos concordam que a vida tem início na fecundação, quando o espermatozoide (gâmeta masculino) e o óvulo (gâmeta feminino) se fundem gerando a nova célula chamada zigoto” (BAPTISTA, 2018, p. 44). “De fato, o homem, desde a fecundação, não é ‘um aglomerado de células’, como dizem os cientistas ateus e materialistas. É um ser completo, composto de espírito, alma e corpo” (RENOVATO, 2008, p. 273). 

4.1 O feto não é plenamente humano. Alegam os pró-abortistas que o feto não é um ser humano em potencial, podendo ser facilmente descartado. No entanto, tanto as descobertas científicas quanto a Bíblia nos mostram que isto é um argumento falacioso. A palavra “feto” segundo o Houaiss (2001, p. 1333) significa: “ser em desenvolvimento no útero […]”. As únicas diferenças entre “um feto” e um ser humano adulto, é a idade e a massa corpórea. Portanto, ele é tão pessoa quanto um ser humano nascido. Do ponto de vista bíblico, Deus não faz distinção entre vida em potencial e vida real, ou seja, entre uma criança ainda não nascida no ventre materno em qualquer que seja o estágio e um recém-nascido ou uma criança. No AT a expressão “yeled” é usada normalmente para se referir a uma criança já nascida. Mas, também é utilizada para se referir a um filho no ventre (Êx 21.22; 25.22). No NT a palavra grega “brephos” é empregada com frequência para os recém-nascidos, para os bebês e para as crianças mais velhas (Lc 2.12,16; 18.15; 1Pd 2.2). Em Atos 7.19, “brephos” refere-se às crianças mortas por ordem de Faraó. Mas em Lucas 1.41,44 a mesma palavra é empregada referindo-se a João Batista, enquanto ainda não havia nascido.

 4.2 O feto não tem alma. Há evidências científicas e bíblicas de que a alma (vida) humana começa na concepção. Norman Geisler (2001, p.453) citando a Dra. Matthew-Roth da Faculdade de Medicina de Harvard diz que: “na Biologia e na Medicina, é fato aceito que a vida de qualquer organismo individual que se reproduza por forma sexuada inicia no momento da concepção, ou da fertilização”. Do ponto de vista bíblico, a origem da vida inicia na concepção (Sl 139.13-16; Jr 1.5; Zc 12.1-b; Lc 1.41). Renovato (2008, p. 274) diz: “cada vez que um gameta masculino se funde com um feminino, no casamento, ou fora dele, pela lei do Criador, forma-se um conjunto espírito + alma dentro do homem”. Para Deus, o embrião não é “só um punhado de tecidos”; ao contrário, Deus já sentia afeto e amor por nós quando estávamos sendo tecidos dentro do ventre de nossa mãe (KAISER JR, 2005, p. 146). Hoje em dia: “O direito à vida intrauterina é substituído pelo direito incondicional da mulher sobre o próprio corpo, que, por meio do aborto, decreta a morte do fruto do seu ventre” (BAPTISTA, 2023, p. 59).

4.3 A mulher tem direito sobre seu próprio corpo. Este é o principal argumento do movimento feminista: “meu corpo, minhas regras”. No entanto, é necessário fazer algumas considerações. Vejamos: (a) do ponto de vista jurídico: o aborto ainda é crime no Brasil. A conduta de aborto está tipificada pelo Código Penal Brasileiro entre os artigos 124 e 126. Trata-se de um crime contra a vida; (b) do ponto de vista científico: é bom destacar também que o feto não é prolongamento do corpo da mulher. Dados científicos mostram que “a partir da concepção eles tem o seu próprio sexo, que pode diferir da mãe; depois de quarenta dias da concepção tem as próprias ondas cerebrais; após algumas semanas já possuem seu próprio tipo sanguíneo, que pode ser diferente da mãe, e suas próprias impressões digitais” (GEISLER, 2017, p. 160). Logo, é um indivíduo dentro de outro; (c) do ponto de vista de saúde pública: se ignora as complicações, danos e consequências emocionais, psicológicas e físicas desta prática; e, (d) do ponto de vista bíblico: a violência contra o corpo de outrem é pecado (Gn 9.6; Êx 20.13; Mt 5.21; Rm 13.9; Tg 2.11).

4.4 O aborto é justificável em algumas situações. O aborto é proibido no Brasil, apenas com exceções quando há risco à vida da mãe, quando a gravidez é resultante de um estupro e se o feto não tiver cérebro (anencefalia). Nesses três casos, permite-se à mulher optar por fazer ou não o aborto. No entanto, a Bíblia se posiciona contrária ao aborto mesmo nestas situações, pois nada justifica a morte de um inocente (Dt 19.10; Sl 106.38; Jr 2.34). Não temos o direito de escolher quem deve ou não viver, isto compete exclusivamente a Deus, que é o autor da vida (Gn 2.7; Sl 139.13-16; Jó 33.4). O Código Civil, em vigor desde 2002, ao tratar da “personalidade e da capacidade”, protege a vida desde a concepção ao legislar que “a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro” (Art. 2º do CC). Esse dispositivo é interpretado por diversos civilistas do seguinte modo: “[…] entendemos que na verdade o início legal da consideração jurídica da personalidade é o momento da penetração do espermatozoide no óvulo” (DINIZ, 2012, p. 102). Pode-se […] considerar o início da vida na concepção e assim caracterizar o aborto como atentado à vida (BAPTISTA, 2018, p. 49).

V  – O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE A VIDA HUMANA

5.1 A vida humana é um dom de Deus. A vida é um dom de Deus e um feto tem vida. Paulo diz que é Deus “quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas” (At 17.25). É Ele quem forma o corpo humano no ventre (Sl 139.13). Ana cantou: “O SENHOR é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela” (1Sm 2.6). Veja ainda (Jó 1.21; 33.4; Sl 31.15; Jo 1.3).

5.2 A vida humana é sagrada. A vida quer no estágio inicial ou no terminal, é sagrada aos olhos de Deus (Nm 16.22). Quando Deus fez o ser humano o fez segundo a Sua imagem e semelhança (Gn 1.26). Até mesmo depois do pecado esta imagem e semelhança não foi erradicada (Gn 9.6; Tg 3.9). O corpo é templo do Espírito Santo (1Co 3.16; 6.19; Tg 4.5). O valor da vida não depende dos anos acumulados, nem da capacidade física ou intelectual da pessoa. A vida é um bem pessoal, intransferível e incalculável (Mc 8.37).

5.3 A vida humana deve ser respeitada e protegida. Dos Dez Mandamentos, seis dizem respeito ao nosso compromisso com o próximo (Êx 20.12-17). Portanto, o sexto mandamento “Não matarás” (Êx 20.13), se constitui numa agressão contra a vida alheia. Não podemos furtar o direito do outro de viver. E, em se tratando de um “feto” há ainda muitos agravantes, pois este pequeno ser não pode gritar por socorro, nem pode se defender, tampouco fugir. Acrescenta-se ainda que ele não pediu para vir ao mundo. Em caso de estupro “a adoção e não o aborto é a melhor alternativa” (GEISLER, 2017, p. 165).

CONCLUSÃO

 Enquanto as legislações de vários países estão legalizando a prática de aborto, nós cristãos permanecemos sob a égide da Palavra de Deus, que é nosso código de conduta imutável e absoluto. Somente Deus, que criou o homem à sua imagem, tem o direito de pôr fim à vida humana, seja de um ser humano em gestação ou já nascido. 

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor Corrêa de. As novas fronteiras da Ética Cristã. CPAD, 2010.
  • BAPTISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o Império do Mal: como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. CPAD, 2023.
  • BAPTISTA, Douglas. Valores Cristãos: enfrentando as questões morais de nosso tempo. CPAD, 2018.
  • GEISLER, Norman. Ética Cristã: opções e questões contemporâneas. VIDA NOVA, 2015.
  • HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA, 2001.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD, 1995.
  • PALLISTER, Alan. Ética Cristã Hoje. São Paulo: Shedd Publicações, 2015.
  • KAISER JR, Walter. O Cristão e as Questões Éticas da Atualidade: Um Guia Completo para Pregação e Ensino. Editora Vida Nova, 2022.

Fonte: portalrbc1.

 

Criando filhos saudáveis

 

2º TRIMESTRE 2023

RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA

Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus

COMENTARISTA:  Pr. ElienaiCabral

LIÇÃO 12 – CRIANDO OS FILHOS SAUDÁVEIS – (Lc 2.40,42-52)

INTRODUÇÃO

Nesta lição, veremos a projeto de Deus para as famílias; pontuaremos a família e a educação de Jesus; e por fim; elencaremos alguns conselhos práticos aos pais.

I – O PROJETO DE DEUS PARA AS FAMÍLIAS

1.1 O papel dos pais na educação dos filhos. Deus delegou aos pais a responsabilidade de educar os filhos no temor do Senhor (Dt 6.5-9; Sl 103.13; 2Tm 3.3). Eles são os principais responsáveis por reproduzirem e perpetuarem os princípios divinos na formação do caráter das crianças (Êx 20.12; Lv 20.9; Pv 1.8; 6.20; 2Tm 1.5). O propósito da instrução bíblica pelos pais é ensinar os filhos a temer ao Senhor, a andar em todos os seus caminhos, a amá-lo, ser-lhe grato e servi-lo de todo o coração (Dt 10.12; Ef 6.4). Os pais devem proporcionar aos filhos uma educação baseada nos princípios da Palavra de Deus (Gn 18.17-19; Êx 10.1,2; 12.26,27; 13.14-16; Dt 4.9; 11.19; 32.46).

1.2 Exemplos de famílias que souberam educar os seus filhos saudáveis. Encontramos nas páginas da Bíblia diversos exemplos de famílias que souberam educar os seus filhos no temor do Senhor, tais como: Noé (Gn 6.8-10); Elcana e Ana (1Sm 1.20-28); Anrão e Joquebede (Êx 2.1-10; Hb 11.24-26); Loide e Eunice (2Tm 2.5; 3.15), além de outros. Porém, o maior exemplo de educação é o de Jesus. Ele foi instruído de tal forma por seus pais que se percebia o seu crescimento em todas as esferas, tanto secular quanto espiritual (Lc 2.40,52). Ele também frequentava o templo durante as festas judaicas a fim de aprender a Lei do Senhor (Lc 2.46,47). Isso nos ensina que os pais devem instruir os seus filhos dentro de casa, mas também não podem deixar de levá-los a Casa de Deus.

II – A FAMÍLIA E A EDUCAÇÃO DE JESUS

José e Maria foram escolhidos por Deus para criar e educar Seu filho Jesus. Maria recebeu a visita do anjo Gabriel, que lhe informou que ela daria a luz a um filho, e que seu nome seria Jesus (Lc 1.26-38; Mt 1.18-25). Assim, aquele casal recebeu da parte de Deus a incumbência de criar o Salvador do mundo. Eles tiveram uma experiência que nenhum outro casal teve: criar e educar, no aspecto humano, o próprio Filho de Deus.

2.1 O nascimento de Jesus. O nascimento de Jesus ocorreu da forma mais simples possível. Ele não nasceu em um palácio e muito menos em um berço de ouro. Ele nasceu em uma estrebaria. José e Maria, que moravam em Nazaré, foram até Belém da Judeia para um recenseamento. Mas, ao chegarem em Belém, não havia mais lugar na hospedaria. Então, eles entraram naquele local onde os animais dormiam, e ali, Maria deu a luz, e envolveu o menino em um pano e o deitou em uma manjedoura (Lc 2.1-7). “O nascimento do Salvador, o maior evento de toda a História, ocorreu em circunstâncias as mais humildes. Jesus, o Rei dos reis não nasceu como rei e nem viveu como rei aqui na terra” (STAMPS, 1995. p. 1503).

2.2 A apresentação no Templo. Mesmo sabendo que Jesus era o Cristo (Lc 2.8-20), José e Maria não deixaram de proceder conforme a Lei. Por isso, como qualquer criança judia, Jesus foi circuncidado ao oitavo dia e apresentado no Templo (Lc 2.21-35). Após o período da purificação das mulheres que davam a luz, segundo a Lei de Moisés (Lc 2.21-23; Lv 2.1-6) José e Maria levaram Jesus para ser apresentado no Templo. Quando ali chegaram, encontraram Simeão, um homem justo e temente a Deus, que lhe havia sido revelado pelo Espírito Santo que ele não morreria antes de ver o Cristo. Simeão, então, pegou Jesus em seus braços e disse: “Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra, pois já os meus olhos viram a tua salvação, a qual tu preparaste perante a face de todos os povos, luz para alumiar as nações e para glória de teu povo Israel.” (Lc 2.29­,32). José e Maria, então, ficaram admirados com o que ele lhes falara (Lc 2.33).

2.3 Jesus no meio dos doutores. Aos doze anos Jesus foi levado por seus pais para Jerusalém, para participar da festa da páscoa (Lc 2.41,42). “A ida de Jesus para Jerusalém, nessa idade, foi um evento significativo. Há entre os judeus um ritual, celebrado ainda hoje, chamado “Bar mitzvah”, cerimônia de maior idade espiritual no judaísmo, ou de passagem, em que o menino faz, pela primeira vez, a leitura da Lei de Moisés – Torah. A expressão aramaica “bar mitzvah” significa: ‘filho do mandamento’. É a maioridade espiritual, tornando-se um ‘filho da lei ou do mandamento’ ” (SOARES, 2008, p. 78, acréscimo nosso). Ao retornarem da festa, José e Maria não se aperceberam que Jesus havia ficado em Jerusalém. Quando eles retornaram, encontraram Jesus no Templo, conversando com os doutores da Lei, ouvindo-os e interrogando-os (Lc 2.39-46). Quando Maria lhe disse que ela e José estavam ansiosos a sua procura, Jesus lhes respondeu: “Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?” (Lc 2.49). Ao menos três fatos importantes observamos neste texto:

2.3.1 Anualmente José e Maria iam a Jerusalém a festa da páscoa (Lc 2.41). “A Páscoa era naquela época, e ainda hoje, a maior festa religiosa do judaísmo. Todos os adultos do sexo masculino tinham a obrigação de frequentar o Templo para a celebração das festas solenes (Êx 23.14,17). Quem morava numa região fora do raio de 25 km da cidade santa não tinham a obrigação de ir às festas religiosas e o Talmude -livro sagrado dos judeus- expressamente isentava as mulheres desse compromisso. Como José e Maria residiam na Galileia, que ficava a mais de 100 km de Jerusalém, não tinham essa obrigação de ir anualmente a Jerusalém, mas, não deixavam de ir aos cultos para adoração. Um exemplo de dedicação e amor a Deus que deve ser seguido pelos cristãos” (SOARES, 2008, P. 79).

2.3.2 O interesse de Jesus pelas Escrituras (Lc 2.39-46). Tudo nos leva a crer que, antes de Jesus completar doze anos, quando José e maria iam para Jerusalém, para a comemoração da festa da páscoa, Jesus ficava em casa com os demais irmãos e irmãs (Mt 13.55). Possivelmente Jesus aguardava ansioso pela chegada dos pais, para que eles lhe contassem como havia ocorrido as comemorações da páscoa em Jerusalém. É possível também que Jesus interrogasse a José acerca do que as Escrituras falavam a respeito do Messias. E, quando chegou a sua vez de ir a Jerusalém, aos doze anos de idade, Jesus ficou tão maravilhado que não se deu conta de que a festa havia acabado e que seus pais haviam retornado para Nazaré. E ele ficou ali, no templo, junto aos doutores da lei, ouvindo seus ensinos e lhes fazendo perguntas. Não estava lhes ensinando, como dizem alguns, mas, “ouvindo-os e interrogando-os” (Lc 2.46). Porém, todos estavam admirados com as suas perguntas e respostas. Isso nos mostra que, pesar de não ter uma Bíblia em casa, Jesus era um adolescente que tinha interesse pela Palavra de Deus.

2.3.3 Aos doze anos de idade, Jesus já tinha ciência de sua filiação com Deus (Lc 2.48,49). Quando José e Maria retornaram a Jerusalém para buscar a Jesus e o encontraram no Templo, conversando com os doutores da Lei, Maria lhe disse: “Filho, por que fizeste assim para conosco? Eis que teu pai e eu, ansiosos, te procurávamos. E ele lhes disse: Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?” (Lc 2.48,49). Estas são as primeiras palavras de Jesus registradas na Bíblia, e, nos mostra claramente que Jesus já tinha plena consciência de que ele era o Filho de Deus. E, mesmo sabendo de sua origem divina e tendo consciência de Sua missão, Jesus não deixou de honrar aos pais, mantendo-se submisso a José e Maria: “E desceu com eles, e foi para Nazaré, e era-lhes sujeito” (Lc 2.51).

2.4 O tríplice desenvolvimento de Jesus (Lc 2.40,52). “Como verdadeiro homem, Jesus experimentou o crescimento físico e mental e espiritual. Crescia em sabedoria, conforme a graça de Deus. Era perfeito quanto a natureza humana, prosseguindo para a maturidade, segundo a vontade de Deus.” (STAMPS, 1995. p. 1505).

2.4.1 Sabedoria (intectual). É bom lembrar que, mesmo sendo a encarnação do verbo e o próprio Deus habitando entre os homens (Mt 1.23; Jo 1.14), Jesus tornou-se homem no sentido pleno, e, por isso, como qualquer criança, teve que aprender a andar, falar, ler e escrever. Quando o médico Lucas diz que o menino crescia em sabedoria, não está se referindo a sabedoria de Deus, pois esta não pode ser aumentada, e sim, a sabedoria natural do ser humano, que é adquirida, principalmente, no seio familiar.

2.4.2 Estatura (físico). Jesus também experimentou o crescimento físico e passou pelo curso natural do ser humano. Foi uma criança que cresceu, passou pela adolescência, juventude e tornou-se adulto. Jesus era uma criança igual a qualquer outra, exceto pelo fato de não ter a natureza pecaminosa. Com certeza, quando criança, ele brincava, corria, tinha amigos, e, também aprendeu a profissão de carpinteiro, pois ajudava Jose, seu pai “adotivo” na carpintaria (Mt 13.55; Mc 6.3).

2.4.3 Graça (espiritual). Jesus crescia em graça para com Deus e para com os homens (Lc 2.52). “O termo grego usado pelo escritor é ‘charis’ que pode ser traduzido por ‘dom’, ‘presente’, ‘graça’, ‘benevolência’, ‘generosidade’ ou ‘agradecimento.’” (STRONG, 2011. pp. 2457,2458). Quando Lucas diz que Jesus crescia em graça para com Deus, fala do seu relacionamento para com o Pai, de sua vida de devoção, de comunhão e de intimidade com Deus. E, quando ele diz que Ele crescia em graça para com os homens, significa dizer que Jesus era uma pessoa meiga, dócil, agradável, que se relacionava bem com as pessoas.

III – ALGUNS CONSELHOS PRÁTICOS AOS PAIS

  • Motivem seus filhos a pern1anecerem separados do inundo (2Co 6.14-7.1; Tg 4.4);
  • Ensinem seus filhos sobre a importância do batismo com o Espírito Santo (At 1.4,5,8; 2.4,39);
  • Instruam seus filhos diariamente nas Sagradas Escrituras (Dt 4.9; 6.5,7; lT1n 4.6; 2Tm 3.15);
  • Intercedam constante e fervorosamente por seus filhos (Jó 1.5; Ef 6.18; Tg 5.16-18);
  • Dediquem seus filhos a Deus, logo no início de suas vidas (1Sm 1.28; Lc 2.22);
  • Ensinem seus filhos a temer o Senhor e desviar-se do mal, a amar a ju stiça e a odiar a iniquidade (lCr 28.9);
  • Ensinem seus filhos que Deus os ama e tem um propósito específico em suas vidas (Lc 1.13-17; Rm 8.29,30; lPd 1.3-9).
  • Protejam seus filhos da influência pecaminosa, sabendo que Satanás procurará destruí-los (Pv 2.15-17; 13.20; 28.7).

CONCLUSÃO

O desejo de Deus é que o lar seja um ambiente agradável para que os filhos possam crescer sadios, e que os pais eduquem seus filhos no temor do Senhor, ensinando a Palavra de Deus em suas casas, e conduzindo seus filhos ao templo, para que eles sejam instruídos nos caminhos do Senhor, e possam crescer saudáveis física e espiritualmente. Ao concluir esta lição, ore juntamente com seus alunos pelas suas respectivas famílias, para que Deus lhes dê sabedoria na educação dos filhos e que cada lar seja um ambiente de paz, amor e harmonia, para que os filhos cresçam sadios em todas as áreas da vida, como Jesus.

REFERÊNCIAS

  • CABRAL, Elienai. Relacionamentos em Família. CPAD.
  • SOARES, Esequias. Cristologia: A Doutrina de Jesus Cristo. HAGNOS.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
  • STRONG, J. Bíblia de Estudo Plavras Chave. CPAD.

Fonte: portalrbc1.

Aviva, ó Senhor, a tua obra

 

1º TRIMESTRE 2023

AVIVA TUA OBRA

O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus

COMENTARISTA:  Pr. Elinaldo Renovato

LIÇÃO 13 – AVIVA, Ó SENHOR, A TUA OBRA (Hc 3.1,2; 16-19)

INTRODUÇÃO

Estudaremos nesta lição sobre quem foi o profeta Habacuque; pontuaremos a situação de Judá em seus dias; falaremos sobre os aspectos de sua mensagem de arrependimento e avivamento para o povo; e por fim, veremos o clamor do profeta ao povo por um avivamento nacional.

I – O PROFETA HABACUQUE

Asseguram os estudiosos ser Habacuque da tribo de Levi […]. O final de seu livro deixa claro que, de alguma forma, ele era também habilitado oficialmente a participar da liturgia do Templo: “[…] ao mestre de música. Para instrumento de corda” (Hc 3.19). O termo traduzido no texto citado como “instrumento de corda” é “neginoth”, que tem em si a ideia de tanger um instrumento. O capítulo 3 de seu livro é um arranjo musical feito por ele mesmo. Logo, acredita-se que ele também era um levita (COELHO; DANIEL, 2012, p. 72). O comentarista da Bíblia Pentecostal diz: “A referência ao ‘cantor-mor’ sobre os instrumentos de música (Hc 3.19), sugere que ele pode ter sido um músico levita a serviço do santo templo em Jerusalém” (STAMPS, 1995, p. 1334).

1.1 Nome. O autor deste livro identifica-se como “o profeta Habacuque” (Hc 1.1; 3.1). Além disso, não oferece nenhum outro dado acerca de sua pessoa nem de sua família; e como acontece com a maioria dos “Profetas Menores”, quase nada se conhece sobre Habacuque. Ele não é mencionado em nenhum outro lugar da Bíblia (ELLISSEN, 2012, p. 372). Habacuque é um dos profetas pré-exílicos e só ele, em todas as Sagradas Escrituras, recebe esse nome, que pode significar “abraçado”, “abraço” ou “abraço amoroso”. Uma tradição dos rabinos liga o nome do profeta a 2Reiss 4.16, fazendo-o filho da sunamita: “Disse-lhe o profeta: Por este tempo, daqui a um ano, ABRAÇARAS um filho” [… ]. Segundo especialistas, seu nome deriva provavelmente de um vocábulo assírio usado para designar uma planta “hambakuku”. Jerônimo, no quinto século d.C., afirmou que o nome do profeta derivava de uma raiz hebraica cujo significado era “segurar”, e que recebera esse nome, ou por causa do seu amor a Deus, ou porque lutara com Ele (COELHO; DANIEL, 2012, pp. 70-71).

1.2 Livro. No livro de Habacuque o autor usa ilustrações e comparações cheias de vida (Hc 1.8,11,14,15; 2.5,11,14,16,17; 3.6,8-11). Podemos identificar na obra pelo menos três estilos literários distintos: (1) o diálogo entre o homem e Deus, o que faz lembrar uma espécie de diário (Hc 1.1—2.5); (2) um conteúdo semelhante ao dos demais livros proféticos do AT, na passagem dos cinco “ais” (Hc 2.6-20); e (3) uma parte poética, semelhante aos salmos (Hc 3). Assim, podemos dizer que ele é um diálogo, pode ser uma profecia ou um poema. O livro demonstra a grandeza e a excelência de Deus sobre todas as nações (Hc 2.20; 3.6,12), enfatizando a soberania divina. E destaca com a mesma intensidade a fé dos justos (Hc 2.4) e a exultação que deve ser dada ao Senhor (Hc 3.18,19).

1.3 Período que profetizou. Há apenas três referências históricas em todo o livro de Habacuque. A primeira se encontra na declaração: “Deus está no seu santo templo” (Hc 2.20) e a segunda, na nota ao final do livro “Ao mestre de música. Para instrumento de corda” (Hc 3.19); e em Habacuque (Hc 1.6) temos a outra referência histórica onde o texto fala da iminência de um ataque dos caldeus. Esses textos indicam claramente que o autor profetizou antes de o Templo construído por Salomão em Jerusalém ser destruído em 586 a.C. por Nabucodonosor. Por isso, a data sugerida para a profecia de Habacuque na maioria dos estudiosos bíblicos mais provável é a que se situa em 609 a.C., no fim do reinado do bom rei Josias no reino do Sul (Judá), o qual começou seu governo aos oito anos de idade (2Cr 34.1-33). “O quadro de violência, contendas e apostasias, tão generalizadas em Judá na época de Habacuque (Hc 1.2-4), parece caber dentro do período que se seguiu imediatamente após a morte de Josias, em 609 a.C” (SCHULTZ, 2009, p. 472).

1.4 Contemporâneos. “Habacuque foi contemporâneo de Sofonias e Jeremias em sua terra (Judá) e de Daniel na Babilônia” (MEARS, 1997, p. 282 – grifo nosso).

II – JUDÁ NOS DIAS DE HABACUQUE

O homem pode esconder seus crimes e sair ileso dos julgamentos humanos, porém jamais o culpado será inocentado diante daquele que sonda os corações (Êx 34.7) (LOPES, 2020, pp. 11-12). Notemos a situação do povo de Judá nos dias de Habacuque:

2.1 Situação política e nacional de Judá. O império mundial da Assíria caíra exatamente como Naum havia profetizado. O Egito e a Babilônia disputavam então a posição de liderança. Na batalha de Carquemis, em 605 a.C, na qual Josias foi morto, os babilônios foram vencedores [.] os juízes eram corruptos e julgavam conforme os subornos que recebiam (MEARS, 1997, p. 282).

2.2 Situação social e moral de Judá. A reforma de Josias terminou com sua morte em 609 a.C, e as sementes de corrupção plantadas por Manassés frutificaram com rapidez sob o reinado de Jeoaquim, trazendo um desequilíbrio social muito grande [.]. Judá era corrupto e estava prestes a ser julgado (ELLISSEN, 2012, p. 373).

2.3 Situação espiritual de Judá. Os tempos de Habacuque eram críticos e as suas palavras se justificam plenamente pelo contexto político e espiritual de seu tempo. Logo depois da morte do rei Josias. Joacaz, seu filho, assume o trono, mas só reina por três meses. Faraó Neco vem da campanha em Carquemis no Egito (605 a.C), depõe Joacaz e coloca seu irmão, Jeoaquim (ou Eliaquim) no trono, em seu lugar. Judá (Reino do Sul) começa agora a pagar tributo ao Egito. A impiedade voltou a reinar como nos dias do rei Manassés (2Cr 33.1-20; 2Rs 21 1-18) e de seu filho Amom que seguiu os passos maus do pai (2Rs 21.19-26; 2Cr 33.21-25). As reformas feitas por Josias haviam tido um resultado superficial. Não atingiram o coração do povo que, mal enterrara seu bom rei, já se entreg ava ao paganismo (COELHO; DANIEL, 2012, p. 75).

III – A SITUAÇÃO DE JUDÁ NO PERÍODO DO PROFETA HABACUQUE

Os acontecimentos que acarretaram a destruição de Judá, em 586 a.C, e o exílio de seus habitantes na Babilônia estavam diretamente relacionados à incompetência política de seus líderes e à apostasia religiosa […] (2Rs21; 2Cr 34,35). Quando os assírios foram derrotados em Nínive (612 a.C), o Egito tomou o controle de Judá. Alguns anos depois (605 a.C), a Babilônia derrotou o Egito e levou os judeus cativos para sua terra (2Rs 24.18-25.12) (SCHULT; SMITH, 2005, p. 227). A situação de Judá neste período era: a) Os justos e os pobres eram oprimidos (Hc 1.4;13-15); b) O povo vivia em pecado aberto (Hc 2.4; 14-15); e, c) Havia adoração aos ídolos (Hc 2.18-19). Habacuque tem sido denominado de “o livro que começou a Reforma” (ELLISSEN, 2012, p. 375). Reflitamos o porquê da punição do Senhor contra Judá:

  • O sofrimento éfruto diretamente do pecado (Gn 3. 13-19; Rm 5.12; 3.23; 8.20);
  • Deus não é o culpado pelo sofrimento do povo (Pv 26.2; Lm 1.8,9,14,18,20,22);
  • Existe a lei da semeadura (Pv 22.8; Jó 4.8; Mt 7.1-2; 2Tm 3.13; Gl 6.7-8; 2Co 9.6);
  • A situação trágica de Judá foi causa dos seus próprios pecados (Jr 26.7-11,16; Lm 4.13; Jr 42.14; Lm 4.17);
  • O homem queixa-se dos seus próprios pecados (Gn 50.20; Lm 3.39; Pv 19.3; Mq 7.9).

IV – CARACTERÍSTICAS DE UM AVIVAMENTO EM HABACUQUE

4.1 Oração profunda: “Oração do profeta Habacuque […]” (Hc 3.1). Todos os avivamentos da Bíblia e da história da Igreja foram marcados e conservados na atmosfera da oração, jejum, arrependimento, confissão espontânea, quebrantamento de espírito, humilhação diante de Deus e santidade. Precisamos intensificar também a nossa oração intercessória pessoal pela obra de Deus, como fez Habacuque.

4.2 Amor a Palavra de Deus: “Ouvi, Senhor, a tua Palavra […]” (Hc 3.2a). A Palavra de Deus abundante, fluente, poderosa, revigorante e renovadora é o grande agente divino para o avivamento.

4.3 Renovação espiritual: “Aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos” (v.2b). Precisamente falando, avivar, tem a ver com quem já morreu, e reavivar, com quem ainda tem vida. Vários membros da igreja de Sardes tinha nome no rol dos vivos, mas estavam mortos espiritualmente falando (Ap 3.1). A nova vida em Cristo é chamada ressurreição (Cl 3.1; 2.13; Ef 2.1; 5.14).

4.4 Temor de Deus: “[…] e temi” (Hc 3.2c). Sem renovação espiritual constante na sua vida, o crente perde aos poucos o repúdio ao pecado, sua sensibilidade espiritual diminui e o temor de Deus também. Isso afeta seriamente as coisas de Deus, os valores espirituais, principalmente a santidade de vida e a retidão no viver cotidiano. Se humilhados, clamarmos a Deus dia e noite, haveremos de reviver o grande avivamento (2Cr 7.14,15).

4.5 Verdadeira adoração: “a sua glória cobriu os céus, e a terra encheu-se do seu louvor” (Hc 3.3c). Não é louvor artificial, cânticos e músicas sem unção divina, sem mensagem bíblica, sem endereço certo, com letra deturpada, com melodia e ritmo copiados do mundo, e que só satisfazem a carne. O real avivamento santifica também o louvor a Deus (Sl 150.2).

4.6 Presença da glória de Deus: “Raios brilhantes saíam da sua mão, e ali estava o esconderijo da sua força” (Hc 3.4). Três alusões ao poder avivador de Deus: a) “Raios” é literalmente “chifres”, que na simbologia bíblica fala de poderio; b) “Sua mão” reflete poder; uma figura muito difundida na Bíblia; e, c) “Sua força”, o poder do Senhor que sempre oper a nos avivamentos.

4.7 Distanciamento do pecado: “Parou, e mediu a terra” (Hc 3.6). O ato de medir, em textos como estes, fala de julgamento de pecado. De fato, os avivamentos bíblicos e da história da Igreja sempre conduzem o povo de Deus a uma maior san tidade prática de vida (1Pd 1.16). A nossa decisão firme de romper com todo pecado e apegar-se à santidade, quando da nossa conversão, deve continuar pelo resto da vida (Ef 5.18).

CONCLUSÃO

Aprendemos com o profeta levita, que no avivamento bíblico registrado em Habacuque, a oração (cap. 1), a fé (cap.2) e o louvor (cap.3) são elementos preciosos que se completam. Busquemos ao Senhor incessantemente por este avivamento, e ele certamente virá.

REFERÊNCIAS

  • COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Os Doze Profetas Menores. CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
  • ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
  • SCHULTZ, S. J. A História de Israel no Antigo Testamento. VIDA NOVA.
  • MEARS, Henrieta C. Estudo Panorâmico da Bíblia. VIDA.
  • SCHULTZ, SAMUEL J; S. G. V. Curso Vida Nova de Teologia Básica. MUNDO CRISTÃO.
  • LOPES. Hernandes Dias. Habacuque: como transformar o desespero em cântico de vitória. HAGNOS.

Fonte: portalrbc1.

Lições Adultos – 2° TRIMESTRE DE 2023

TÍTULO: Relacionamentos em Familia

TEMA E SUBTÍTULO: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus

COMENTARISTA  Elienai Cabral

sumario:

  • LIÇÃO 1 – Quando a Família Age por Conta Própria
  • LIÇÃO 1 – Quando a Família Age por Conta Própria
  • LIÇÃO 2 – A Predileção dos Pais por um dos Filhos
  • LIÇÃO 3 – Ciúme, o Mal que Prejudica a Família
  • LIÇÃO 4 – Ídolos na Família
  • LIÇÃO 5 – Motim em Família
  • LIÇÃO 6 – Pais Zelosos e Filhos Rebeldes
  • LIÇÃO 7 – O Relacionamento entre Nora e Sogra
  • LIÇÃO 8 – A Importância da Paternidade na Vida dos Filhos
  • LIÇÃO 9 – Uma Família Nada Perfeita
  • LIÇÃO 10 – Quando os Pais Sepultam seus Filhos
  • LIÇÃO 11 – Os Prejuízos da Mentira na Família
  • LIÇÃO 12 – Criando Filhos Saus
  • LIÇÃO 13 – A Amizade de Jesus com uma Família de Betânia

A leitura da bíblia e a educação cristã

1º TRIMESTRE 2022

A SUPREMACIA DAS ESCRITURAS

A inspirada, inerrante e infalível Palavra de Deus

COMENTARISTA:  Pr. DouglasBaptista

LIÇÃO 13 – A LEITURA DA BÍBLIA E A EDUCAÇÃO CRISTÃ – (1Tm 4.6-16)

INTRODUÇÃO

Nesta lição estudaremos sobre a importância da leitura da Bíblia para a vida cristã; faremos algumas considerações sobre a educação cristã e quais os seus fundamentos à luz das Escrituras; e, por fim, elencaremos os principais resultados da prática da Palavra de Deus na vida do cristão.

I – A IMPORTÂNCIA DA LEITURA DA BÍBLIA

1.1 No Antigo Testamento. À luz do Antigo Testamento, encontramos de forma corriqueira, exortações para se priorizar a leitura e meditação das Escrituras. Quanto aos deveres do rei em Israel, Moisés destacou em relação ao livro da lei: “E o terá consigo e nele lerá todos os dias da sua vida […]” (Dt 17.19); a Josué, o Senhor enfatizou que a meditação em sua Palavra, deveria ser constante: “Não se aparte da tua boca o livro desta Lei; antes, medita nele dia e noite […]” (Js 1.8), o que o sucessor de Moisés não o fez apenas de modo pessoal, mas transmitiu também para o povo (Js 8.34,35); o salmista diz que a meditação diária das Escrituras, é decorrente do prazer que se nutre em relação à Palavra de Deus: “Antes, tem o seu prazer na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite” (Sl 1.3; ver Sl 119.97), como também, parte de uma decisão resoluta: “Em teus preceitos meditarei e olharei para os teus caminhos” (Sl 119.15). No período pós cativeiro, foi de extrema importância o comprometimento do sacerdote Esdras quanto a leitura e meditação das Escrituras para sua preparação espiritual (Ed 7.10), como para o ensino público necessário para a restauração de Jerusalém (Ne 8.5-9).

1.2 No Novo Testamento. Na sua primeira epístola à Timóteo, o apóstolo Paulo deixa claro sobre a importância da leitura das Escrituras tanto para a vida devocional: “Persiste em ler, exortar e ensinar […]” (1Tm 4.13), como também, para o melhor servir à Igreja: “[…] para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos” (1Tm 4.15). Isso é o que Paulo recomendou que fosse feito nas igrejas em relação também às suas epístolas como aos Tessalonicenses: “Pelo Senhor vos conjuro que esta epístola seja lida a todos os santos irmãos” (1Ts 5.27), como a que ele escreveu aos colossenses: “E, quando esta epístola tiver sido lida entre vós, fazei que também o seja na igreja dos laodicenses; e a que veio de Laodicéia, lede-a vós também” (Cl 4.16). Essa é a bem-aventurança descrita em Apocalipse: “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas…” (Ap 1.3).

II – CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A EDUCAÇÃO CRISTÃ

2.1 Definindo o termo educação. Procedente do vocábulo latino: “educatione”, a palavra educação significa etimologicamente: “extrair”. Em termos pedagógicos, educar pressupõe o desenvolvimento pleno das faculdades físicas, intelectuais, morais e espirituais do ser humano, implicando mudanças de comportamento no educando em virtude da educação recebida (ANDRADE, 2006, p. 157).

2.2 Definição de educação cristã. A educação cristã é o ensino dado especificamente à luz da Bíblia que transmite princípios divinos e valores morais e espirituais que tem como referência a pessoa de Cristo. O ensino cristão está fundamentado no conhecimento de Deus e em sua Palavra, de onde procede toda a fonte da verdadeira aprendizagem cristã, ensino e conhecimento.

2.3 A base da educação cristã. A Palavra de Deus como a ferramenta adequada para produzir mudança de vida (Hb 4.12), é a fonte não só do conteúdo, mas de toda a filosofia de ensino da educação cristã, como fica claro pelas palavras do apóstolo Paulo: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (2Tm 3.14,15), que mostra, tanto a suficiência das Escrituras, quanto os seus propósitos para a vida cristã: “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar […]” (2Tm 3.16).

III – A BÍBLIA E A EDUCAÇÃO CRISTÃ

3.1 Na nação de Israel. A educação sempre teve um papel relevante nas Escrituras, notamos sua relevância desde o Antigo Testamento. Por toda a Bíblia notamos o constante cuidado de Deus com a formação espiritual do seu povo. Antes mesmo que Israel entrasse na posse da Terra Prometida, Deus determinou: “Ajunta o povo, homens, e mulheres, e meninos, e os teus estrangeiros que estão dentro das tuas portas, para que ouçam, e aprendam, e temam ao SENHOR, vosso Deus, e tenham cuidado de fazer todas as palavras desta Lei” (Dt 31.12.) O ensino naquele período era transmitido de forma oral e passado de geração a geração (Dt 6.4-9). Inculcar, segundo o Dicionário Houaiss (2001, p. 1600), é: “gravar, imprimir (algo) no espírito de alguém; repetir seguidamente (algo) a (alguém); recomendar, apregoando as boas qualidades de; apregoar”, representando o processo de ensino aprendizagem estabelecido por Deus para seu povo.

3.2 Na grande comissão. A relevância da educação cristã, é enfatizada no Novo Testamento. O ensino funciona como uma ferramenta para que a igreja cumpra a sua missão: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, atéà consumação dos séculos. Amém!” (Mt 28.19,20); nesta recomendação, o verbo ensinar é usado duas vezes: uma no imperativo e outra no gerúndio. A primeira implica na formação e moldagem do cristão à imagem de Cristo; a segunda abrange os fatores informativo, cognitivo e comunicativo das doutrinas, princípios e verdades eternas do Evangelho (ANDRADE, 2002, p. 11). Isso significa, que a missão da Igreja é urgente, inadiável, intransferível e não pode sofrer de continuidade.

3.3 Na igreja primitiva. O evangelista Lucas registra em Atos 2.42, que os crentes perseveravam na doutrina (ensino) dos apóstolos, isso ocorria, em virtude de os apóstolos levarem à sério à docência cristã. O que ocorre em todo o relato do livro dos Atos. Paulo e Barnabé estiveram em Antioquia durante um ano ensinando a Palavra: “E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja e ensinaram muita gente. Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos” (At 11.26); em Éfeso Paulo passou um tempo ainda maior realizando a mesma tarefa: “Portanto, vigiai, lembrando- vos de que, durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar (ensinar), com lágrimas, a cada um de vós” (At 20.31); como também o fez na cidade de corinto: “E ficou ali um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus” (At 18.11). As epístolas igualmente mostram, o comprometimento dos servos de Deus com a educação cristã. Mostrando inclusive a necessidade da continuação desse serviço: “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2Tm 2.2).

IV – RESULTADOS DA LEITURA DA BÍBLIA NA EDUCAÇÃO CRISTÃ

4.1 A instrução no conhecimento divino. A Bíblia é essencialmente um manual de salvação: “E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (2Tm 3.15). Seu propósito mais alto não é ensinar fatos da ciência que o homem pode descobrir por sua investigação experimental, mas ensinar fatos da salvação que nenhuma exploração humana pode descobrir e somente Deus pode revelar (1Tm 4.17). Paulo compreendeu perfeitamente o objetivo da educação cristã ao dizer: “Admoestando a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo homem perfeito em Jesus Cristo” (Cl 1.28).

4.2 A educação do crente. O apóstolo Paulo afirmou: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.16,17). Pressupõe-se ensino ou doutrina (o que é certo); repreensão (o que não é certo); correção (como se tornar certo); educação na justiça (como permanecer certo). Essa passagem pode ser entendida da seguinte forma: A Escritura é útil para o ensino como fonte positiva de doutrina cristã; para repreensão, para refutar o erro e para repreender o pecado; para a correção, convencendo os maus orientados dos seus erros e colocando-os no caminho certo outra vez; e para a educação na justiça, através da educação construtiva na vida cristã (WIERSBE, vl. 2, p. 328).

4.3 A preparação para o serviço cristão. Um dos grandes propósitos da educação cristã, é habilitar o crente para o serviço do Reino de Deus: “para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído (ensinado) para toda boa obra” (2Tm 3.17). Duas palavras neste versículo são especialmente importantes: perfeito e instruído. O termo traduzido por “perfeito” significa: “completo, em boa forma ou bom estado”. Não sugere, de modo algum, uma perfeição impecável, antes, implica a adequação para o uso. O adjetivo “instruído” tem um significado parecido: “preparadopara o serviço”, ou seja, a Palavra de Deus equipa e capacita o cristão para que viva de maneira agradável a Deus e realize a obra da qual Deus o incumbiu (2Tm 2.15). O objetivo da educação cristã, não é apenas compreender as doutrinas nem ser capaz de defender a fé, por mais importantes que essas coisas sejam, o objetivo maior é equipar o cristão que lê e pratica a Bíblia a realizar a obra de Deus (WIERSBE, 2007, vl. 2, p. 328 – acréscimo nosso).

CONCLUSÃO

A educação cristã tem como a sua base a Palavra de Deus, e todos quantos querem ter sua vida moldada, pelos princípios que Cristo nos deixou, precisa nutrir a leitura e o estudo da Bíblia diariamente e vivendo de acordo com a vontade de Deus.

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor, Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • ANDRADE, Claudionor, Corrêa de. Teologia da Educação Cristã.
  • Arézia, L. Educação Cristã: Vivendo bem com Deus e com o Próximo. EETAD.
  • WIERSBE. W., Warren. Comentário Bíblico Expositivo do Novo Testamento. Vol. 2. GEOGRÁFICA.

Fonte: portalrbc1.

Revista Adultos – 2° TRIMESTRE 2022

Tema do Trimestre: OS VALORES DO REINO DE DEUS – A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo – Comentarista: Pr. Osiel Gomes

Lição 01: O Sermão do Monte: o caráter do Reino de Deus
Lição 02: Sal da terra, luz do mundo
Lição 03: Jesus, o discípulo e a Lei
Lição 04: Resguardando-se de sentimentos ruins
Lição 05: O casamento é para sempre
Lição 06: Expressando palavras honestas
Lição 07: Não retribua pelos padrões humanos
Lição 08: Sendo verdadeiros
Lição 09: Orando e jejuando como Jesus ensinou
Lição 10: Nossa segurança vem de Deus
Lição 11: Sendo cautelosos nas opressões
Lição 12: A bondade de Deus em nos atender
Lição 13: A verdadeira identidade do cristão

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