Cultivando a convicção cristã

 

3º TRIMESTRE 2023

A IGREJA DE CRISTO E O IMPÉRIO DO MAL

Como viver nesse mundo dominado pelo espírito da Babilônia

COMENTARISTA:  Pr. Douglas Baptista

LIÇÃO 11 – CULTIVANDO A CONVICÇÃO CRISTÃ – (1 Ts. 2. 1-12)

INTRODUÇÃO

Nossa base é fundamental para suportarmos os ataques diuturnos a nossa fé. E quanto mais o tempo passa, a operação das forças da “Babilônia” tentam a todo o custo destruir nossas convicções para que fiquemos a mercê das ideologias propostas por eles. Hoje estudaremos a importância de não apenas ter tais convicções, mas antes cultivá-las, para assim continuar crescendo na graça e no conhecimento de Cristo Jesus. 

I – DEFINIÇÕES IMPORTANTES:

1.1 Cultivar – tratar a terra, revirando-a, regando-a, etc; lavrar, amanhar. plantar com cuidados especiais, promover o desenvolvimento de (sementes, espécies vegetais, suas flores ou frutos. (HOUAISS, 2001, p. 887);

1.2 Convicção – Crença ou opinião firme a respeito de algo, com base em provas ou razões íntimas, ou como resultado da influência ou persuasão de outrem; convencimento. (HOUAISS, 2001, p. 826)

II – POR QUE É NECESSÁRIO REAFIRMAMOS NOSSAS CONVICÇÕES?

Os padrões humanos mudam conforme as tendências dos valores morais da sociedade. Com o passar do tempo tem havido uma verdadeira “involução” no que diz respeito a ética, a moral e os bons costumes. Segundo Grenz (2016, p. 12) “há um consenso entre muitos observadores sociais de que o mundo ocidental está em meio às transformações. Na verdade, tudo indica que estamos fazendo a travessia da era moderna para a pós-moderna”. Paulo previu isso quando falou sobre o fim dos tempos, asseverando que as coisas se tornarão piores à medida que o fim se aproximasse: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos” (2Tm 3.1). “Da expressão ‘tempos trabalhosos’, no grego, temos o adjetivo ‘chapelos’, que significa ‘difícil’, ‘árduo’, dando a entender um período de ‘tensão’, de ‘maldade’; serão tempos difíceis de suportar, perigosos e problemáticos para a igreja em geral” (CHAMPLIN, 2014, p 502 – acréscimo nosso). Vejamos algumas características da pós-modernidade e o posicionamento bíblico quanto a elas:

2.1 A negação dos absolutos. Segundo Grenz (2016, p. 28), “os pós-modernos questionam o conceito de verdade universal. Eles olham para além da razão e dão guarida a meios não racionais de conhecimento, dando às emoções […] uma posição privilegiada”. Nancy (2000, p. 44) acrescenta que “pós-modernistas, são céticos, senão ressentidos, com relação a valores morais absolutos”. Eis por que a Bíblia Sagrada se faz tão necessária à raça humana, pois é um livro que trata com valores absolutos, pois absoluto Ele é (Dt 32.4; Sl 31.5; Jo 14.6; 17.17; Jo 16.13).

2.2 A relativização dos valores. Há quem defenda que valores éticos e morais sejam relativos ao tempo, lugar, cultura ou há um grupo. Ensinam que nada é certo e nada pode ser considerado errado. Tudo depende da subjetividade do momento. Andrade (2006, p. 318) diz que o relativismo “é uma concepção filosófica segundo a qual nada é definitivamente certo nem absoluto”. No relativismo não há uma fonte transcendente de verdade moral, e podemos construir nossa própria ética e moralidade. Todo princípio é reduzido a uma preferência pessoal. Em contraste, os cristãos acreditam em um Deus que tem falado, que revelou um padrão absoluto e imutável de certo e errado, na Sua Palavra (Êx 20.1-17), baseado, em última instância, em Seu próprio caráter santo (Lv 11.45; 20.26; 1Pd 1.16).

2.3 A inversão de valores. Entende-se por inversão de valores, a negação ou substituição dos valores absolutos conforme descritos na Palavra de Deus, por valores temporais, relativistas e circunstanciais, que são facilmente ajustáveis às épocas em que estão inseridos. O profeta Isaías reprovou severamente a inversão de valores (Is 5.20). Paulo disse que os homens pagãos “[…] mudaram a verdade de Deus em mentira […]” (Rm 1.25). Enquanto o mundo tem os seus valores deturpados pelos formadores de opinião que utilizam a escrita, televisiva e a internet para disseminarem suas ideias, nós cristãos, no entanto, fomos chamados para fazer a diferença, como sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13,14). Nosso formador de opinião é o Espírito da Verdade que nos guia em toda a verdade, que é a Sua Palavra (Jo 16.13; 17.15).

III- NOSSAS CONVICÇÕES ESPIRITUAIS

Em meio a tanto barulho no mundo, o Cristão precisa estar consciente de que sua vida é regida por Deus, tal convicção lhe fará enfrentar as adversidades com um olhar diferente do “homem natural”. Paulo escreveu ao Tessalonicenses neste contexto de dor e sofrimento advindo das perseguições. O que a Bíblia tem a nos dizer sobre como devemos usar nossa confiança em Deus em momento como estes? Vejamos: 

3.1 Perseverando. Muitos sofrimentos que enfrentamos aqui nesta vida, têm como finalidade a manifestação do poder da glória de Deus. O Senhor nunca falou que “nos livraria DA fornalha, mas sim NA fornalha”. Existem alguns exemplos na Bíblia de justos que sofreram por permissão de Deus para um propósito determinado: José (Gn 37-45); Daniel (Dn 6.1-28); os jovens na fornalha de fogo (Dn 3.28-30); (Jó 42.117); Estêvão (At 7.55-60; 1Pe 4.14; 2Co 12.9; Tg 4.6; 1Pe 2.20); Paulo (2Co 4.8-9; 11.16-33; Fp 3.7-11); Pedro (1Pe 2.20); e o próprio Jesus (Is 53.1-12; Jo 15.18-21; Mc 15.3-5; At 8.32-33; 1Pe 2.20-24; Ap 5.6).

3.2 Tendo esperança. A fidelidade a Deus não é garantia de que o crente não passará por aflições, dores e sofrimentos nesta vida (Jo 16.33; 2Tm 3.12; Sl 34.19). Lembremo-nos do profeta messiânico: “Quando passares pelas águas estarei contigo […]” (Is 43.2). O profeta ainda diz: “Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR […] dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor […]” (Is 40. 28-31). E do salmista quando falou: “DEUS é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia (Sl 46.1).

3.3 Permanecendo firmes. Definitivamente, é praticamente impossível viver sem passar por crises, pois a vida é composta inevitavelmente de dias maus: “Porém, se o homem viver muitos anos, e em todos eles se alegrar, também se deve lembrar dos dias das trevas, porque hão de ser muitos […] (Ec 11.8). Logo, o justo pode até vir a abalar-se diante das crises, porém, deve permanecer firme no Senhor (Ef 6.13). Portanto, imitemos a conduta do patriarca Jó diante das perdas que sofreu: “Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma” (Jó 1.22). 

IV – NOSSAS CONVICÇÕES MORAIS

Considera-se portador de reputação ilibada o que tem reconhecida idoneidade moral (At. 6.3).  (BAPTISTA, 2023, p.126). O conceito de idoneidade moral relaciona-se diretamente às virtudes de respeitabilidade, de honra, de dignidade, de seriedade e de bons costumes. (ALANO, 2019 apud BAPTISTA, 2023, p.126)

4.1 Uma moral que glorifique a Deus. Para um cristão cuja vida é consagrada a Deus, a divisão entre “secular” e “sagrado”, em certo sentido não são duas coisas diferentes. Ao viver para a glória de Deus, a vida do servo de Deus em todos os aspectos deve ser marcada pela santidade, como exorta o apóstolo Pedro: “[…] em toda a vossa maneira de viver” (1Pd 1.15; ver Sl 103.1; 1Ts 5.23). Nenhum aspecto da nossa vida está excluído desse imperativo divino, até mesmo atividades comuns, como comer e beber, devem ser realizadas para a glória de Deus, como afirma o apóstolo Paulo: “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus” (1Co 10.31). Semelhantemente o apóstolo Paulo nos encoraja a nos manter puros no corpo e no espírito (2Co 7.1; ver 1Co 7.34). Sendo assim, nosso procedimento deve resplandecer o caráter de Deus, a santidade daquele que nos chamou por Seu Filho para a salvação (Rm 8.29; Ef 1.4) (LOPES, 2012, p. 50 – acréscimo nosso).

4.2 Uma moral que suporte o sofrimento. Não obstante, em Tessalônica, em meio às perseguições e lutas, Paulo e os seus companheiros anunciaram o evangelho de Cristo com ousada confiança no Deus Todo-poderoso (1 Ts 2.2c). Desse modo, somos igualmente encorajados a não desfalecer na pregação do evangelho, mas, confiados em Deus, jamais recuar e nem mesmo se atemorizar diante das ameaças de prisões ou de morte (Ap 2.10). (BAPTISTA, p.136, 2023). Este deve ser o nosso objetivo, permanecer firmes em um mundo de frequentes mudanças. 

V – NOSSAS CONVICÇÕES SOCIAIS

 Escrevendo aos Romanos o Apostolo Paulo apresenta uma lista de ações que compõe um estilo de vida aprovada por Deus em sociedade, e diferentemente do modelo egoísta apresentado nos dias dele e nossos, o modelo Cristão é semelhante ao que Cristo faria. Notemos então o que Deus espera de nós, no convivo social mantendo as nossas convicções cristãs: 

5.1 Manter relações interpessoais sadias (Rm 13.9). O crente precisa obedecer a princípios morais estabelecidos por Deus, e isso fez o apóstolo ter interesse em falar das relações interpessoais quando ele nos exorta a viver de forma Ética e Moral ao dizer; “Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. O nosso próximo dever ser o alvo de nossa real comunhão com Deus (Lc. 10. 25-37).

5.2 Andarmos como filhos da luz (Rm 13.13,14). Paulo lista aqui seis pecados, em três pares, tratando da falta de controle nas áreas da bebida, do sexo e dos relacionamentos. Paulo passa da vestimenta adequada ao comportamento apropriado. A falta de controle próprio contradiz totalmente um comportamento cristão decente (Gl 5.22; 1Tm 3.3; Tt 1.8).

5.3 Amar o próximo (Rm 13.10). Paulo reforça o seu argumento sobre a lei do amor citando Levítico 19.18. Ele conclui dizendo que “o cumprimento da lei é o amor”. O mandamento do amor sintetiza todos os outros preceitos que promovem as relações (Rm 13.9). O mandamento do amor suplanta todos os 613 mandamentos da Torá. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12.30). “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós…” (Jo 15.34). “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós. E nós devemos dar a nossa vida pelos irmãos” (1 Jo 3.16; ver ainda 1Jo 4.20,21).

CONCLUSÃO

 A Palavra de Deus, como regra de fé e prática do cristão, descreve os princípios divinos que direcionam e guiam a vida do verdadeiro servo de Deus, independentemente de sua cultura, status social e época. Para os que desejam agradar a Deus, devem entender a necessidade de ter como estilo de vida, a santidade.

 REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
  • LOPES, Hernandes dias. Comentário Expositivo 1 Pedro: Com os pés no vale e o coração no céu. HAGNOS.
  • WYCLIFFE. Dicionário Bíblico. CPAD.

Fonte: portal rbc1/lições

 

A sutileza das ideologias contrárias à família

3º TRIMESTRE 2022

OS ATAQUES CONTRA A IGREJA DE CRISTO

As sutilezas de satanás nestes dias que antecedem a volta de Jesus Cristo

COMENTARISTA:  Pr. José Gonçalves

LIÇÃO 06 – A SUTILEZA DAS IDEOLOGIAS CONTRÁRIAS À FAMÍLIA (Gn 2.18-24)

INTRODUÇÃO

Nesta lição estudaremos sobre alguns ataques que a família, como instituição divina, vem sofrendo de ideologias anticristãs. Veremos também a definição e o conceito bíblico do que é a família de acordo com propósito do seu Criador, e, por fim, destacaremos quais atitudes necessárias para a proteção da família segundo Deus.

I – DEFINIÇÕES DOS TERMOS IDEOLOGIA E FAMÍLIA

1.1 Definição da palavra ideologia. “A palavra ‘ideologia’ é composta pelos vocábulos gregos ‘eidos’, que indica ‘ideia’, e ‘logia’, com o sentido de ‘raciocínio’. Assim, ideologia significa qualquer conjunto de ideias que se propõe a orientar o comportamento, a maneira de pensar e de agir das pessoas, seja individualmente, seja em sociedade. Em um sentido amplo, a ideologia se apresenta como aquilo que seria ou é ideal para um determinado grupo” (BAPTISTA, 2018, p. 17 – grifo do autor). Grosso modo, a palavra ideologia denota uma “visão de mundo” ou “cosmovisão”, e encerra um conjunto de pensamentos e doutrinas que são colocadas de alguma maneira, como padrão ideal a ser seguido” (SILVA, 2018, p. 19 – grifo nosso). O lexicógrafo Houaiss (2001, p. 1565) define a palavra ideologia como: “ciência que tem como objetivo de estudo as ideias; as quais refletem, racionalizam e defendem os interesses institucionais, sejam estes morais, religiosos, políticos ou econômicos.

1.2 Definição de família. A nossa Declaração de fé (2017, p. 203) diz que: a família é uma instituição criada por Deus, imprescindível à existência, formação e realização integral do ser humano, sendo composta de pai, mãe e filho(s) – quando houver – pois o Criador, ao formar o homem e a mulher, declarou solenemente: “Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gn 2.24). Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança e os fez macho e fêmea: “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1.27), demonstrando a sua conformação heterossexual. A diferenciação dos sexos visa à complementariedade mútua na união conjugal (1Co 11.11), essa complementariedade mútua necessária à formação do casal e à procriação. Reconhecemos preservada a família, quando, na ausência do pai e da mãe, os filhos permanecerem sob os cuidados de parentes próximos (Et 2.7,15; 1Tm 5.16). Rejeitamos o comportamento pecaminoso da homossexualidade por ser condenada por Deus nas Escrituras, bem como qualquer configuração social, que se denomine família, cuja existência se fundamente em prática, união ou qualquer conduta que atente contra a monogamia e a heterossexualidade consoante o modelo estabelecido pelo Criador […] (Mt 19.6).

II – A GÊNESE DA FAMÍLIA

O livro do Gênesis narra sobre o início de todas as coisas criadas por Deus, inclusive a gênese (início) da família (Gn 1.26,27). Vejamos algumas considerações sobre isto:

2.1 Deus fez o homem e a mulher. A Bíblia é clara em dizer que, tanto o homem quanto a mulher, foram feitos por Deus (Gn 1.27); que ambos têm a “imagem e semelhança de Deus”; e que a ambos foi dada a mesma ordem em relação a terra “e sujeitai- a; e dominai […]” (Gn 1.28).

2.2 Deus os abençoou, os casou e ordenou que se multiplicassem. Ao criar a mulher, Deus trouxe-a a Adão e celebrou o primeiro casamento (Gn 2.22-24). Portanto, “o casamento é uma criação de Deus”. É dito também que Deus os abençoou (Gn 1.28-a). A palavra “abençoou” do verbo “abençoar” no hebraico é “beraka” que significa: “o ato de conceder verbalmente boas coisas” (HARRIS, 2001, p. 221). Esta bênção sobre o casal significa: “Deus voltar inteiramente o Seu rosto de modo favorável para o beneficiário” (KIDNER, 2001, p. 49). Em seguida, o Senhor ordenou que eles se multiplicassem: “E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra” (Gn 1.28).

2.3 Distinções entre o homem e a mulher. Além de diferenças genéticas, fisiológicas e emocionais, existem distinções de papéis e diferenças funcionais entre o homem e a mulher, que foram estabelecidas pelo próprio Criador (Gn 2.15,18). Deus estabeleceu que no casamento o homem fosse o cabeça da relação. A confirmação específica pelo Senhor da liderança de Adão pode-se ver claramente no fato de: o homem ter sido feito primeiro (Gn 1.26); porque lhe foi dada a tarefa de lavrar a terra (Gn 2.15); de nomear os animais (Gn 2.19,20); ele próprio nomeou a esposa (Gn 2.23); e, foi chamado a responsabilidade quando pecou (Gn 3.9-12). (Geisler 2010, p. 940) diz: “a ordem de autoridade no lar e na Igreja está baseada no fato e ordem da criação”. Quanto a mulher, a Bíblia destaca que ela foi criada por causa do homem (1Co 11.8,9). O ideal divino ao criá-la era de que por meio dela: (a) proporcionar companhia (Gn 2.18); (b) ajudá-lo nas suas tarefas (Gn 1.28); e, (c) gerasse filhos (Gn 1.27,28). Provérbios descreve a mulher virtuosa como uma dona de casa inteligente, sob a autoridade de seu marido (Pv 31.10-31). Paulo e Pedro ensinam que a mulher deve reconhecer a liderança do marido em submissão (Ef 5.22; Cl 3.18; 1Pd 3.1), e, exigem dos maridos amor sacrificial e respeito para com a sua esposa (Ef 5.25; Cl 3.19; 1Pd 3.7). “Igualdade, distinção, complementaridade e submissão precisam ser mantidas em equilíbrio delicado” (KOSTENBERGER, 2011, p. 32).

III – IDEOLOGIAS CONTRÁRIAS À FAMÍLIA

Muitos ataques têm sido deflagrados contra à família como instituição divina. A palavra ataque refere-se a todo o investimento de Satanás por meio da educação, do sistema político, da sociedade sem Deus, que tem como propósito destruir a família através das ideologias anticristãs (2 Co 10.4-5; Cl 2.8; Tg 3.15). Vejamos alguns:

3.1 A banalização do divórcio. A mídia tem dado grande incentivo a prática do divórcio, consequentemente tornando-o prática comum na sociedade. O princípio da “indissolubilidade do casamento” tem sido quebrado em grande escala a cada ano, evidenciando a falta de temor a Deus e do verdadeiro amor e respeito que deve existir entre os casais. A natureza indissolúvel do casamento vem desde a sua origem (Gn 2.24). Jesus disse que esse registro bíblico fala da indissolubilidade do casamento (Mt 19.5,6). De acordo com as palavras de Jesus em (Mt 19.9), o adultério praticado por um dos cônjuges é a exceção para um possível divórcio. Todavia, é bom destacar que Jesus nunca estimulou ou encorajou o divórcio. Portanto, o divórcio não deve ser a primeira opção no caso de infidelidade conjugal, mas o perdão (Mt 18.21-35; Lc 17.4).

3.2 A dessacralização do leito conjugal. Desde a queda do homem, o sexo e a sexualidade têm sido deturpados. Por meio das mídias, alguns “pregadores” têm se levantado no cenário nacional com ensinamentos deturpados sobre o ato conjugal, incentivando práticas impuras e inconvenientes, sob o lema de que “dentro de quatro paredes vale tudo”. A Escritura, porém, nos mostra que o sexo foi criado por Deus com propósitos elevados, saudáveis e benéficos para o ser humano, e por isso reprova severamente práticas sexuais corrompidas, tais como: (a) adultério (Êx 20.14; Dt 5.18; Mt 5.27; Rm 13.9); e, (b) outras perversões, que são próprias daqueles que não temem a Deus (Êx 20.17; 1Co 6.19,20; 1Pd 3.7; Hb 13.4).

3.3 A normalização da ideologia de gênero. Quanto à sexualidade, a ideologia ensina que o gênero e a orientação do desejo sexual não são determinados pela constituição anatômica do corpo humano (BAPTISTA, 2018, pp. 17,18/ Uma das consequências da “ideologia de gênero” é a eliminação e alienação do conceito de pessoa, pois, segundo esse modo de pensar, não existe uma identidade biológica em relação à sexualidade e que todas as relações sexuais são apenas o construto da sociedade, pois ignora a natureza e os fatos biológicos, e alega que o ser humano nasce “sexualmente neutro”, e o gênero pode ser construído e desconstruído, ou seja, pode ser entendido como algo mutável e não definido, como afirmam as ciências biológicas (BAPTISTA, 2018, p. 18). “A ideologia de gênero defende a total distinção entre gênero e sexo e prega que o gênero do indivíduo não é uma determinação natural e biológica […] e que cada indivíduo deve lutar para se libertar da imposição social sexista que inflige o padrão único e binário de masculino e feminino, e decidir ele próprio, o seu gênero” (SILVA, 2018, p. 29). Do ponto de vista bíblico, a sexualidade de uma pessoa é determinada por uma ação criadora do próprio Deus de maneira bem definida (Gn 1.27; Mc 10.6; Mt 19.4; Lc 1.13; Rt 4.17). A ideologia de gênero está fora de sincronia com esta criação e é contrária à ordem natural estabelecida pelo Criador (Rm 1.24-27 ver Lv 18.1-23; Is 28.15).

3.4 A secularização. Em alguns lares a espiritualidade da família está entrando em crise (Mt 24.12). A frieza e a mornidão espiritual têm impedido que os membros da família vivam em comunhão com Deus (Ap 3.15,16). Isto se dá pelo fato de alguns lares, darem pouca importância a oração, adoração e a leitura bíblica no seio familiar. Todavia, a Bíblia nos mostra o que devemos priorizar: “Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33); como sendo a marca dos que de fato passaram pelo novo nascimento (Cl 3.1).

3.5 A relativização. Nesta sociedade corrompida e perversa (Fp 2.15) em que o mundo jaz no maligno (1 Jo 5.19), não é de se estranhar que a humanidade viva uma inversão dos valores e dos padrões morais. Algumas famílias estão sendo destruídas por novelas, séries iníquas, produzidas por pessoas distanciadas dos valores legitimamente cristãos, e pelas publicações que zomb am da Palavra de Deus (Is 5.20). A palavra de Deus, como regra de fé e prática do cristão, não admite posições relativistas, no que concerne a moral ou a ética familiar (Sl 119.9,11,105; Jo 17.17).

IV – PROTEGENDO A FAMÍLIA DAS SUTILEZAS DE SATANÁS

4.1 Como defender nossa família das sutilezas de Satanás. Não podemos evitar que nossa família sofra investidas do diabo, mas podemos proteger a nossa família das suas astutas ciladas (Ef 6.10,11). Vejamos como podemos proteger nossa família: a) Santificando o lar (Lv 20.26; 2 Co 7.1; 1 Ts 4.7); b) Praticando o culto doméstico (Dt 6.7-9); c) Mantendo uma vida de oração e jejum (Rm 12.12; Cl 4.2; 1Ts 5.17); d) Ensinando a Palavra de Deus no lar (Pv 22.6; At 5.42); e) Frequentando os cultos no templo assiduamente (2 Cr 7.15,16; Sl 122.1); e, f) Vigiando em todo tempo (At 20.31; 1Co 16.13; Cl 4.2; 1Ts 5.6.10; 1Pd 5.8).

CONCLUSÃO

A Bíblia não fala somente da instituição da família, como também destaca quais os papéis que cada um dos membros que a compõe deve exercer para que esta permaneça unida e espiritualmente firme diante dos ataques de Satanás. Devemos seguir e cumprir a Palavra de Deus em todo o tempo, a despeito de todas as mudanças ocorridas na sociedade, pois, fazendo assim, seremos abençoados: “Eis que assim será abençoado o homem que teme ao Senhor! (Sl 128.4).

REFERÊNCIAS

  • BAPTISTA, Douglas. Valores cristãos. CPAD.
  • SILVA, Isaac. Macho nasce macho, fêmea nasce fêmea: desmascarando a falaciosa ideologia de gênero. Relva Publicações, 2018.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
  • KOSTENBERGER, Andreas J. com JONES, David. Deus Casamento e Família. VIDA NOVA.
  • KIDNER, Derek. Gênesis: introdução e comentário. CULTURA BÍBLICA.
  • WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo NT. GEOGRÁFICA.

Fonte: portalrbc1.

As sutilezas de Satanás contra a Igreja de Cristo

3º TRIMESTRE 2022

OS ATAQUES CONTRA A IGREJA DE CRISTO

As sutilezas de satanás nestes dias que antecedem a volta de Jesus Cristo

COMENTARISTA:  Pr. José Gonçalves

LIÇÃO 01 – AS SUTILEZAS DE SATANÁS CONTRA A IGREJA DE CRISTO – (1Tm 4.1-5)

INTRODUÇÃO

Nesta lição veremos uma definição do termo “sutileza”; pontuaremos o alerta divino para os últimos dias; veremos a natureza dos ataques e as estratégias do maligno; e por fim, notaremos as armas espirituais para vencer a guerra.

I – DEFINIÇÃO DO TERMO SUTILEZA

1.1 Definição de etimológica. O dicionário Houaiss (20001, p. 2650) define sutileza com: “característica ou caráter de quem é sutil; que demonstra leveza, finura; delicadeza; tenuidade; agudeza de inteligência; argumento de grande complexidade que embaraça ou diverge; afirmação de difícil entendimento para quem não está acostumado com o assunto; detalhe quase imperceptível; qualidade do que se faz sem alarde; o que se faz discretamente; algo misterioso; enigma”

1.2 Definição teológica. Os termos “engano e sutileza”, nesse contexto da carta aos colossos, significam a mesma coisa. A palavra grega usada para sutileza é “apate”, isto é, “engano” (Ef 4.22), “sedução” (Mt 13.22). É usada para referir-se a pessoas de conduta enganosa e embusteira que levam outras ao engano. É mediante tais recursos que os mestres do erro conduzem suas vítimas ao desvio. Tais sutilezas impedem as pessoas de verem a verdade e, como consequência, tornam-se cativas das astúcias de Satanás.

II – O ALERTA DIVINO PARA OS ÚLTIMOS DIAS

O apostolo Paulo inspirado por Deus fez grandes alertas ao jovem pastor Timoteo sobre os últimos dias, eles seriam dias difíceis para a Igreja de Cristo, além disso, seriam marcados por grandes mudanças na sociedade e entre os que “professam” a fé em Cristo, vejamos agora quais as principais marcas deste tempo que Paulo profetizou e nós estamos vivenciando:

2.1 Serão marcados por apostasias. O termo apostasia vem do grego “apostásis” e significa “o abandono premeditado e consciente da fé cristã”. O termo grego “aphistemi” é definido por: “apartar, decair, desertar, retirar, rebelião, abandonar, afastar-se daquilo que antes se estava ligado” (STAMPS, 1995, p. 1903). É o desvio de parte ou totalidade dos ensinos de Cristo e dos apóstolos (1Tm 4.1; 2Tm 4.3). Nestes últimos dias os falsos obreiros apresentam uma salvação fácil e uma graça divina sem valor, desprezando as exigências do arrependimento, à separação da imoralidade, e à lealdade a Deus e seus padrões (2Pe 2.1-3,12-19). Os falsos “evangelhos”, voltados a interesses humanos, necessidades e alvos egoístas, gozam de popularidade por sua mensagem fácil e agradável.

2.2 Serão marcados por falsas doutrinas humanas e demoníacas. A falha dos apóstatas, Paulo explica, é devida a obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios; noutras palavras, detecta nela os estratagemas maléficos de Satanás e seus aliados, assim como discernira sua influência operante na oposição em Corinto (2Co 2:11) e, de modo mais geral, na resistência que os homens opõem à verdade (2Co 4:4; Ef 2:2). Estes demônios, no entanto, empregam agentes humanos; logo, a apostasia é realizada pela hipocrisia dos que falam mentiras, e que têm cauterizada a própria consciência. (KELLY, 2010, p. 94).

2.3 Serão marcados por hipocrisia. “Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7:15-20). Esses falsos mestres pregam uma coisa, mas praticam outra. Dizem a seus discípulos o que fazer, mas eles próprios não o fazem. Satanás trabalha “pela hipocrisia dos que falam mentiras” (1 Tm 4:2). Uma das características do verdadeiro servo de Deus é sua honestidade e integridade; ele pratica o que prega. Isso não significa que seja absolutamente perfeito, mas que procura sinceramente obedecer à Palavra de Deus. Procura manter uma boa consciência (ver 1 Tm 1:5, 19; 3:9). (WIERSBE, 2010, p. 293).

2.4 Serão marcados por consciências cauterizadas. “Esses indivíduos estão tão cegos pela incredulidade e são tão endurecidos de coração que a consciência não é mais capaz de exercer suas funções designadas. Ela está cauterizada Em Efésios 4.19, o apóstolo descreve a pessoa nesta condição moral: “havendo perdido todo o sentimento” (HOWARD, 2015, p. 408).

III – A NATUREZA DOS ATAQUES E AS ESTRATÉGIAS DO MALIGNO

Desde a fundação da Igreja, os falsos mestres vêm disfarçando-se entre os filhos de Deus para disseminar suas heresias. Jesus disse que os mestres do erro apresentam-se “vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores (Mt 7.15). A Bíblia classifica os tais como “falsos apóstolos” e “obreiros fraudulentos”, identificando-os como agentes de Satanás que se transfiguram “em ministros da justiça” (2Co 11.13-15). Devemos, por isso, acautelar-nos deles.

3.1 A natureza dos ataques. Paulo deixa claro que as batalhas na vida do Cristão não são empreendidas contra forças terrenas, porque ele diz: “não temos que lutar contra carne e sangue […]” (Ef 6.12), caso se tratasse disso a força humana seria suficiente. Antes de falar contra quem devemos lutar, o apóstolo declara contra quem não é a nossa luta. O apóstolo declara enfaticamente que essa batalha não é física nem terrena, mas espiritual. A expressão “carne e o sangue” denotam a espécie da batalha, uma expressão usada frequentemente no NT para referir-se a ser humano, ou a natureza do homem (Mt 16.17; 1Co 15.50; Gl 1.16; Hb 2.14), portanto, ao usá-la Paulo quer dar a entender aqui, simplesmente, a natureza humana em contraste com os seres espirituais, que não possuem a matéria e, portanto, não são de carne e sangue. Sendo assim, não se trata de uma luta humana de homens contra homens, mas contra inimigos espirituais, nossa luta portanto não é física, mas espiritual e esta realidade era por certo, algo bem familiar aos cristãos em Éfeso (At 19.13-20). Seria uma tragédia um soldado sair para a guerra sem saber contra quem deve guerrear. Há muitos cristãos que estão entrando na batalha e ferindo aos próprios irmãos, estão atingindo com seus torpedos os próprios aliados, em vez de bombardear o arraial do inimigo (LOPES, 2009, p. 178,179). O inimigo a ser derrotado é o diabo e todo o seu exército (1Pd 5.8; Ef 6.12).

3.2 As estratégias do maligno. O apóstolo Paulo asseverou que: “precisamos ficar firmes contra as astutas ciladas do diabo” (Ef 6.11). A palavra “ciladas” vem do grego “metodeia”, que significa: “métodos, estratagemas, armadilhas”. O diabo tem um grande arsenal de armadilhas, ele pesquisa meticulosamente (Jó 1.7; 2.2) em busca de nossos pontos vulneráveis (Zc 3.1,3), e não hesita em buscar brechas em nossa vida espiritual “[…]anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1Pd 5.8), ele age insistentemente para nos levar a pecar contra Deus (Gn 39.10; Ne 6.4,5,13), não desistindo facilmente (Mt 4.1-11; ver Lc 4.13).

IV – ARMAS ESPIRITUAIS PARA VENCER A GUERRA

4.1 A Palavra de Deus. Pensando nas armaduras que Deus nos deu, é importante falar da principal delas, a Palavra de Deus, em Efésios Paulo a chama de espada, que em seu tempo tinha várias formas e dimensões, e eram feitas de vários tipos de metais. Esse é o símbolo usado por Paulo para indicar a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada: “[…] e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Ef 6.17b). O escritor aos hebreus também afirmou isso (Hb 4.12). Pedro tentou usar a espada para defender Jesus no Getsêmani (Lc 22.47-51), mas, em Pentecostes, aprendeu que a “espada do Espírito” é muito mais poderosa. Quando foi tentando por Satanás no deserto, Cristo usou a espada do Espírito e derrotou o inimigo (Lc 4.1-13). Moisés também tentou conquistar pela espada, mas descobriu que a Palavra de Deus, por si mesma, era suficiente para derrotar o Egito (Êx 2.11-15 (WIERSBE, 2010, p. 77).

4.2 Oração. O soldado cristão consegue se manter fiel, sendo bem-sucedido na resistência aos inimigos espirituais, somente quando permanece em oração, sempre pronto a pôr suas necessidades diante do Senhor. O apóstolo Paulo recomenda que devemos orar sempre: “Orando em todo o tempo […]” (Ef 6.18), a expressão “em todo tempo” é a tradução de: “en panti kairo”, que pode ser traduzida por: “em todas as ocasiões, o tempo todo, sempre”. O termo grego: “kairós”, às vezes tem a força de circunstância especial, e por conseguinte, neste contexto, significaria: “na ocasião do conflito” (BEACON, 2006, p. 200), A convocação para orar é seguida da exortação à vigilância na intercessão persistente: “Orando […] e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos” (Ef 6.18; ver At 1.14; 2.42; Rm 12.12; Cl 4.2). A combinação de “orar e vigiar” origina-se das palavras de Jesus aos discípulos (Lc 21.36; Mt 26.41; Mc 14.38). Quando Neemias estava restaurando os muros de Jerusalém e o inimigo tentava impedi-lo de realizar essa obra, Neemias derrotou os adversários vigiando e orando: “Porém nós oramos ao nosso Deus e, como proteção, pusemos guarda contra eles” (Ne 4.9).

CONCLUSÃO

Apesar dos ataques de Satanás contra os servos de Deus, temos em Cristo a graça necessária para resisti-lo, certos de que, em conservarmos a nossa vida diante do Senhor, o diabo não poderá nos vencer, antes, fugirá de nós. Uma vida de oração e leitura da Santa Palavra fará com que nós estejamos prontos para vencer tais ataques. Que Deus em Cristo nos guarde.

REFERÊNCIAS

  • HOWARD, R. E. Comentário Beacon 1 Timoteo, Vol. 9. CPAD
  • KELLY, J. N. D. 1 e 2 Timoteo e Tito. Introdução e Comentário. VIDA NOVA
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.CPAD.
  • WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo NT. GEOGRÁFICA
  • LOPES, Hernandes Dias. Comentário Expositivo Efésios. HAGNOS

Fonte: portalrbc1.

O zelo do apóstolo Paulo pela sã doutrina

4º TRIMESTRE 2021

O APÓSTOLO PAULO

Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a Igreja de Cristo

COMENTARISTA:  Pr. ElienaiCabral

LIÇÃO 11 – O ZELO DO APÓSTOLO PAULO PELA SÃ DOUTRINA (1Tm 6.3-6,11; 2Tm 3.14-17)

INTRODUÇÃO

Iniciaremos o assunto, definindo a palavra zelo e situando-a dentro da proposta da lição. Falaremos do apóstolo Paulo e de seu zelo pela igreja e pela sã doutrina, bem como de quais heresias ele combateu em sua época, como um zeloso apologista. Por fim, falaremos das exortações paulinas aos obreiros e à igreja, quanto aos futuros ataques à sã doutrina.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA ZELO

O dicionário Houaiss define a palavra “zelo” como “grande cuidado e preocupação que se dedica a alguém ou algo” (2001, p. 2905). Teologicamente pode ser definido como: “desvelo ardente por alguém” (ANDRADE, 2006, p. 365). O termo grego é “zelos”. A palavra grega “zeein” (“borbulhar, ferver”) acha-se à raiz da ideia de “zelo” (CHAMPLIN, 2004, pp. 725,726). No contexto da lição, esta é uma virtude presente na vida do apóstolo Paulo, em relação a sua preocupação com a doutrina e com a igreja de Jesus Cristo. Ele reconheceu que, para munir a igreja contra os ataques à sã doutrina, Deus deu levantou homens preparados, com o intuito de promover o amadurecimento dos crentes (Ef 4.11-13). Em seu zelo, Paulo ordenou ao obreiro Timóteo ter cuidado de si mesmo e da doutrina (1 Tm 4.16). E a Tito exortou dizendo: “[…]na doutrina, mostra incorrupção” (Tt 2.7).

II – PAULO E O SEU ZELO PELA SÃ DOUTRINA

Fazendo alusão à sua vida passada no judaísmo, Paulo se descreveu como um fariseu extremamente zeloso (At 22.3; Gl 1.14). Quando se converteu a Cristo, seu zelo tornou-se ainda maior. A diferença é que antes combatia com a espada; agora, em Cristo, combatia com a Palavra. Como um fiel servo de Deus, o apóstolo demonstrou:

2.1 Zelo pela igreja. Na segunda epístola aos coríntios, encontramos uma expressão do apóstolo Paulo que descreve seu zelo pela igreja: “Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo” (2 Co 11.2). O presente texto mostra o zelo paulino pela virgindade moral e espiritual da igreja de Cristo. Segundo certo comentarista, “vemos aqui a imagem de um pai amoroso, cuja filha está noiva e prestes a se casar. Sente que é seu privilégio e dever o mantê-la pura, a fim de poder apresentá-la a seu marido, com alegria, e não com pesar. Paulo vê a igreja local como essa noiva, prestes a se casar com Jesus Cristo (ver Ef 5.22ss e Rm 7.4). Esse casamento só ocorrerá quando Cristo voltar para buscar sua noiva (Ap 19.1-9). Enquanto isso, a igreja – e isso significa os cristãos, enquanto indivíduos – deve-se manter pura e se preparar para o encontro com seu Amado” (WIERSBE, 2007, p. 875).

2.2 Zelo pela doutrina. Paulo havia recebido um comissionamento divino para evangelizar (At 26.18) e também para cuidar da igreja de Cristo, mantendo a sã doutrina (2 Co 11.2). Ele havia recebido do Senhor o que ensinava (1 Co 11.1; Gl 1.11,12) e também da tradição apostólica (1 Co 15.1-4). Por isso, antes de sair a pregar, cumprindo este chamado, teve a preocupação de expor o evangelho que pregava aos apóstolos que andaram com Cristo, para que não trabalhasse em vão (Gl 2.1,2). De forma que considerava anátema quem alterasse o evangelho que pregava, ainda que fosse ele mesmo, um anjo do céu ou qualquer outra pessoa (Gl 1.8,9).

III – PAULO, POR SEU ZELO, COMBATEU AS HERESIAS DE SEU TEMPO

3.1 Gnosticismo. Foi uma heresia dos primórdios do cristianismo. O termo “gnose”, do grego “gnôsis”, significa “conhecimento, sabedoria”. Portanto, diz respeito a um “pretenso conhecimento da divindade que, esotericamente, se transmite através da tradição e mediante vários ritos de iniciação”. Esse movimento surgiu a partir de filosofias pagãs mais antigas que o próprio cristianismo, que floresceram na Babilônia, Egito, Síria e Grécia. Assim, o gnosticismo uniu a filosofia pagã com as doutrinas apostólicas do cristianismo, tornando-se uma forte influência na Igreja. Vejamos os dois grupos gnósticos e seus pontos de vista, bem como a perspectiva paulina quanto às suas doutrinas:

a) Libertinagem exaltada. Certos mestres gnósticos ensinavam que, como o corpo era mau, devia ser entregue desenfreadamente aos seus desejos, pois isto em nada afetaria o espírito. Na visão de Paulo, o homem é corpo, alma e espírito (1 Ts 5.23). Logo, não há possibilidade de pecar com o corpo e não prejudicar o espírito (Rm 8.8; 2 Co 7.1). Ademais, o nosso corpo, que é templo e morada do Espírito Santo (1 Co 6.19,20), não deve ser instrumento de iniquidade (Rm 6.19,20).

b) O ascetismo exaltado. Eles ensinavam que, por ser o corpo essencialmente mau, deveria ser tratado com severidade, regras rígidas, flagelamento, privações, isolamento, jejuns forçados e desprezo pelo casamento e pelo mundo material. Para Paulo, a salvação é pela graça e independente das obras da Lei (Rm 3.28; Ef 2.8), de modo que, apesar de ensinar os cristãos a viverem no Espírito, dominando a sua natureza caída (Rm 8.1; Gl 5.16), não lhes proibia de casar, para se satisfazerem sexualmente com o seu cônjuge (1 Co 7.1-4,7,9). O apóstolo não ensinava que a vida do cristão deveria estar isolada do mundo (1 Co 5.9-11; Fp 2.15).

3.2 Os judaizantes. Foi um movimento surgido nas primeiras décadas da Igreja Cristã, cujo objetivo era forçar os crentes gentios a observar a Lei de Moisés (legalismo), principalmente a Lei cerimonial, que incluía a prática da circuncisão, a abstinência de alguns alimentos e a guarda do sábado e dias tidos como especiais (Cl 2.16-23). Na verdade, esse movimento pretendia reduzir o cristianismo a uma mera seita judaica” (ANDRADE, 2006, p. 242). Contra esta pretensão, que contrariava frontalmente a Nova Aliança, levantou-se Paulo veementemente em suas cartas (Rm 3.28; Gl 2.16; 3.11; 3.24). Os modernos defensores do novo legalismo procuram enganar os incautos, com citação de textos bíblicos isolados, os quais eles torcem em favor de seus pontos de vista. Portanto, as leis do Antigo Pacto destinadas diretamente a nação de Israel, tais como as leis sacrificiais, cerimoniais, sociais ou cívicas (Lv 1.2-3; 24.10), já não são obrigatórias para quem está no Novo Pacto (At 15.24-29; Cl 2.16-17; Hb 10.1-4).

3.3 Libertinos. Certos grupos libertinos, distorcendo os ensinos de Paulo, como por exemplo, o da justificação pela fé independente das obras (Rm 3.28), afirmavam que, desde que uma pessoa tivesse fé em Cristo, não importaria se os atos dela fossem bons ou maus. Aqueles que pensam dessa forma são chamados de antinomistas. A palavra “antinomismo”, vem do grego “anti”, que significa “contra”, e “nomos”, que significa “lei”. Alegam os antinomistas que, uma vez salvos pela fé em Cristo Jesus, já estamos livres da tutela de Moisés (ANDRADE, 2006, p. 51). Embora tenha ensinado que os homens são justificados diante de Deus pela fé, Paulo exortou também que aqueles que estão em Cristo são novas criaturas (2 Co 5.17) e, portanto, não devem mais andar segundo a carne (Rm 8.1), mas na prática das boas obras que “Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10; Tt 2.14).

IV – PAULO VIU E PREVIU O SURGIMENTO DE ATAQUES A SÃ DOUTRINA

Há quem pense que Satanás e seus demônios só investem contra a santidade da igreja com pecados da carne. O apóstolo Paulo, no entanto, nos mostrou que o Inimigo também dispara ataques contra o ensino bíblico e ortodoxo, pois sabe que, alterando a doutrina, alterará o comportamento. Notemos:

4.1 Paulo exortou a igreja de Corinto. Sua preocupação pastoral fez dele um zeloso apologista da sã doutrina. Por isso, podia dizer: “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da simplicidade que há em Cristo” (2 Co 11.3). O apóstolo não tolerava outro evangelho (2 Co 11.4), e considerava a os pregadores do falso evangelho como ministros de Satanás (2 Co 11.13).

4.2 Paulo exortou a liderança da igreja, quanto aos ataques que ela sofreria enquanto aqui na terra. Por ocasião de sua despedida na cidade de Mileto, chamou os presbíteros de Éfeso e lhes disse abertamente: “Olhai, pois, por vós, epor todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; e que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós” (At 20.28-31).

4.3 Paulo exortou o jovem obreiro Timóteo para o presente, mas tal exortação apontava também para o futuro. Quando enviou o jovem evangelista Timóteo à cidade de Éfeso, Paulo o orientou quanto ao cuidado que deveria ter, em face das heresias que alguns estavam disseminando no meio do rebanho de Cristo (1 Tm 1.3). Ao mesmo tempo, o apóstolo profetizou que, no futuro, Satanás e seus demônios usariam pessoas para espalharem ensinamentos estranhos ao Evangelho de Cristo Jesus, levando alguns à apostasia: “Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios” (1 Tm 4.1).

CONCLUSÃO

Assim como o apóstolo Paulo, devemos seguir zelosos em reter o genuíno evangelho, tal qual recebemos, a fim de que não sejamos levados por ventos de doutrina que têm sido propagados por diversos canais no tempo presente. Deve ecoar nos nossos ouvidos a exortação de Jesus aos crentes de Filadélfia, quando disse: “guarda o tens para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3.11).

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor Côrrea de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
  • WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico do Novo Testamento 1. GEOGRÁFICA.

Fonte: portalrbc1.

Provai se os espíritos são de Deus

3º TRIMESTRE 2020

OS PRINCÍPIOS DIVINOS EM TEMPOS DE CRISE

A reconstrução de Jerusalém e o avivamento espiritual como exemplos para os nossos dias

COMENTARISTA:  Eurico Bergstén

LIÇÃO 10 – PROVAI SE OS ESPÍRITOS SÃO DE DEUS (Ne 6.10-14; 1Ts 5.20,21; 1Co 14.29)

INTRODUÇÃO

Nesta lição, veremos como se deu as estratégias dos inimigos do povo de Deus para bloquear a obra do Senhor; pontuaremos quais as respostas de Neemias as novas investidas dos inimigos; notaremos como saber se uma profecia é verdadeira ou falsa; e por fim, estudaremos a verdadeira função da profecia a luz da Bíblia.

I  – ESTRATÉGIAS DOS INIMIGOS DO POVO DE DEUS

Sob a liderança competente de Neemias, o povo completou a reconstrução dos muros (Ne 6.15). Restava apenas restaurar as portas e fortalecer a comunidade cercada pelos muros. Uma vez que Sambalate e seus amigos haviam fracassado completamente em suas tentativas de impedir que o povo trabalhasse (Ne 6.16), decidiram concentrar seus ataques em Neemias. Vejamos agora as novas estratégias dos inimigos do povo de Deus:

1.1 Falsidade (Ne 6.1-3). O convite de Sambalate para “congregar-se” com Neemias feria os princípios já estabelecido por Ele (Ne 2.20). Uma reforma espiritual estava a caminho, renunciar a este princípio destruiria o aspecto moral da reforma (Ne 9.2; 10.28; 13.3). Seu objetivo real era fazer mal a Neemias (v. 2b) e fazê-lo cair em contradição.

1.2 Insistência (Ne 6.4). A insistência em chamá-lo quatro vezes demonstra que eles estavam tentando minar a resistência de Neemias para tentá-lo a mudar de ideia.

1.3 Mentiras (Ne 6.5-9). É interessante observar como, em várias ocasiões, os inimigos usaram cartas em seus ataques às obras (Ne 6.5,17,19). Uma “carta aberta” para um governador real era, ao mesmo tempo, uma forma de intimidação e um insulto (WIERSBE, 2012, 646). A carta cheia de acusações contra Neemias nos mostra o qual baixo o inimigo pode chegar para tentar minar a obra (Ne 6.8).

1.4 Ameaças de morte (Ne 6.10). Como usar de artimanhas não havia funcionado o projeto mudou para as ameaças. Um falso profeta por nome de Semaías tentou convencer Neemias a se esconder no templo, porque o plano do inimigo era matá-lo.

1.5 Profecias falsas que incentivavam ao erro (Ne 6.12-14). O convite do falso profeta era para que Neemias fosse se esconder no templo, algo que era proibido pela Lei: “O estranho que se aproximar morrerá” (Nm 18.7). Alguns séculos antes o rei Uzias havia feito isso e sofrerá grandes consequências (2Cr 26.16-23).

II  – AS RESPOSTAS DE NEEMIAS AS NOVAS INVESTIDAS DOS INIMIGOS

Podemos confiar em Deus para fazer a sua obra (Sl 21.7; Sl 125.1; Pv 29.25; Na 1.7). Ele nos equipou com armas espirituais para vencer qualquer tipo de batalha: “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue […]” (Ef 6.12). O povo  de Deus é equipado com as armas de defesa e combate, e Neemias as usou com sabedoria. Vejamos agora as respostas de Neemias as novas investidas dos inimigos da obra de Deus:

2.1 Percepção espiritual (Ne 6.2). Neemias compreendeu que o convite tinha apenas um proposito; fazer-lhe mal. Que possamos pedir a Deus para enxergarmos além das palavras.

2.2 Responsabilidade com a obra (Ne 6.3). Neemias não se via fora de Jerusalém, o convite era para ir ao Vale de Ono, cerca de 32 quilômetros ao norte de Jerusalém, perto de Lida, ou Lode (KIDNER, 2011, 107). Por que ir tão longe se o chamado era para restaurar Jerusalém? Neemias não desceu ao nível dos adversários, preferiu continuar fazendo a obra.

2.3 Consistência e coerência (Ne 6.4). Neemias possuía tanto discernimento quanto determinação; ele recusou-se a ser influenciado por suas ofertas repetidas (Ne 4.12). Se aquela oferta não era certa da primeira vez, continuaria sendo errada na quarta ou na quinta vez, e não havia motivo algum para reconsiderá-la. As decisões que se baseiam somente em opiniões podem ser reconsideradas, mas decisões que se baseiam em convicções devem ser mantidas (WIERSBE, 2012, 645).

2.4 Oração (Ne 6.9). Batalhas espiritais só podem ser vencidas através da oração (Mt 17.21). Neemias sabia disso, seu ministério baseava-se em oração desde o início (Ne 1.4; 2.4; 6.9). Que possamos ter em mente esse princípio, nossas guerras serão vencidas em oração. O que a Igreja necessita não é de novos métodos […] é de homens de oração, homens poderosos na oração” (BOUNDS, 2010, 8).

2.5 Conhecimento da Palavra (Ne 6.13). O seu conhecimento da Lei do Senhor, e do Senhor da Lei lhe deu condições de identificar uma falsa profecia (Pv 2.1-14; Ef 4.14,15). Neemias conhecia os riscos de se entrar na casa do Senhor sem ser comissionado para isso. Seu conhecimento da Palavra o livrou de pecar e de perder sua autoridade sobre seu povo. Precisamos cada vez mais conhecer a Deus e sua Palavra (Dt 6.6-9; Js 1.8; Sl 1.2; Sl 119.78; Os 6.3; 1Tm 4.15).

2.6 Temor a Deus e discernimento (Ne 6.13). Neemias ainda prosseguiu na sua resposta à Semaias, dizendo: “[…] E quem há, como eu, que entre no templo e viva? De maneira nenhuma entrarei” (Ne 6.13). Neemias desconfiou daquele falso profeta, pois sabia que o acesso ao templo era restrito aos levitas e sacerdotes. O agravante é que não era apenas um falso profeta, mas vários (Ne 14). Neemias estava rodeado de traidores, que se deixavam vender por dinheiro (Ne 6.12-14, 17-19). Eram profetas da qualidade de Balaão (Jd 11) e amigos da estirpe de Judas Iscariotes (Mt 26.14-16), mas Deus deu discernimento espiritual ao seu servo e ele não foi tragado pelos inimigos. Deus frustrara todas as investidas dos adversários de Neemias e da obra do Senhor. De igual modo, o Senhor haverá de frustrar toda e qualquer tentativa do Maligno contra a Igreja do Senhor (Mt 16.18) e contra os seus servos em particular, pois estamos munidos das armas espirituais (2Co 10.4; Ef 6.10-17).

III  – COMO SABER SE UMA PROFECIA É VERDADEIRA OU FALSA

A Bíblia revela que há três procedências das profecias, a saber: o espírito imundo e mentiroso (Is 8.19; Mt 8.29; At 16.16- 18); o espírito humano (1Cr 17.1-4; Jr 23.21,25,28; Ez 13.1-8); ou o Espírito Santo (1Co 12.7-11). Ou seja, as profecias podem vir de três fontes: de Deus, da mente humana, ou do diabo; obviamente, nem toda profecia vem de Deus, ou o apóstolo João não teria escrito: “Amados, não deis crédito a qualquer espírito: antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas tem saído pelo mundo afora” (1Jo 4.1). A forma mais segura na avaliação de uma profecia consiste na coerência com os mandamentos bíblicos. As Escrituras nos mostram como se dá esta coerência. Notemos:

3.1 A profecia tem que estar de acordo com os preceitos bíblicos. Os frutos são conforme a espécie da árvore: “Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?” (Mt 7.16). Jesus está dizendo que a videira só pode dar uva, que a figueira só pode dar figo, e assim por diante. A igreja não deve ter como infalível toda profecia, porque muitos falsos profetas estarão na igreja (1Jo 4.1). Ela deverá enquadrar-se na Palavra de Deus (1Jo 4.1), e contribuir para a santidade de vida dos ouvintes e ser transmitida por alguém que de fato vive submisso e obediente a Cristo (1Co 12.3).

3.2 O cumprimento de uma profecia não é, por si só, suficiente para autenticá-la como de origem divina. Além da coerência e do cumprimento da profecia existem outros critérios para avaliação da profecia que merecem relevância. A profecia não pode: utilizar meios de adivinhação (Mq 5.12); envolver médiuns ou feiticeiros (Ml 3.5), negar a divindade de Cristo, e nem promover a imoralidade (Lv 19.2). “Quando o profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti e te der um sinal ou prodígio, e suceder […]” (Dt 13.2). Se o evento acontecer como foi profetizado e o profeta induzir o povo a adorar outros deuses, a recomendação do Senhor é: “[…] não ouvirás as palavras daquele profeta […]” (Dt 13.3). Quando isto acontece, é Deus quem permite para provar se o povo dEle ama-O de todo coração.

IV  – A VERDADEIRA FUNÇÃO DA PROFECIA A LUZ DA BÍBLIA

O engano produzido pelos falsos profetas do grego “pseudo prophetes” não é um assunto novo. A Bíblia tratou do assunto ao falar com os filhos de Israel (Dt 18 20-22; 1Sm 3.19; Jr 9.28-32; Dt 13.5). Os falsos profetas eram aqueles que prediziam paz, prosperidade, e segurança para o povo, quando este achava-se em pecado diante de Deus (Jr 15.15; 20.1-6; 26.8-11; Am 5.10). No Novo Testamento os profetas e a profecia podem ser julgados ou avaliados pela igreja (1Co 14.29,32; 1Ts 5.20,21). O propósito da profecia é edificar, exortar e confortar” (1Co 14.3). Edificar é melhorar ou fortalecer, exortar é encorajar, e confortar é consolar, sendo assim a verdadeira profecia:

4.1 Produz liberdade, e não escravidão. Em Romanos 8.15 o apóstolo Paulo nos diz: “Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai” A verdadeira profecia trará liberdade, não escravidão. Qualquer forma de controle sobre outra pessoa por intimidação, manipulação, ou domínio não vem de Deus.

4.2 Produz um verdadeiro avivamento. Quando inspirada pelo Espírito Santo, a profecia traz vida espiritual à reunião dos crentes. Se uma profecia vem para transtornar a adoração, não é de Deus (2Ts 2). A mensagem profética pode desmascarar a condição do coração de uma pessoa (1Co 14.25), ou prover edificação, exortação, consolo, advertência e julgamento (1Co 14.3, 25,26, 31).

4.3 Tem o testemunho veraz do Espírito Santo. No AT existia o “ministério profético”, já no NT profetizar trata-se de um “dom” que capacita o crente a transmitir uma palavra ou revelação diretamente de Deus, sob o impulso do Espírito Santo (At 27,28; 1Co 12.10, 28,29; 14.24,25, 29-31); Tanto no AT, como no NT, profetizar não é primariamente predizer o futuro, mas proclamar a vontade de Deus, exortar e levar o seu povo à retidão, à fidelidade e à paciência (1Co 14.3). O apóstolo João nos mostra: “Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo; não só por água, mas por água e por sangue. E o Espírito é o que testifica, porque o Espírito é a verdade” (1Jo 5.6-b).

4.4 A profecia manifesta-se segundo a vontade de Deus e não a do homem. Não há no NT um só texto mostrando que a igreja de então buscava revelação ou orientação através dos profetas. A mensagem profética ocorria na igreja somente quando Deus tomava o profeta para isso (1Co 12.11). Pode-se dizer que nenhuma “profecia” excederá aos limites da Palavra, mas pode contribuir bastante para interpretar tais verdades, além de abordar necessidades específicas da Igreja local, envolvendo questões de ensino e questões morais, que pessoas sem esse dom não saberiam resolver com sucesso.

CONCLUSÃO

Aprendemos nesta lição que todo aquele que foi chamado por Deus enfrentará grandes batalhas para levar a cabo a vontade de Deus e que para tal, precisará viver uma vida de discernimento espiritual. Sem sombras de dúvidas o Espirito Santo irá capacitá- lo para enfrentar tais adversidades, mas compete a cada um de nós uma vida de oração, conhecimento de Deus e vigilância para assim concluir a boa obra que Ele o Senhor nos entregou.

REFERÊNCIAS

  • ELLISEN, Stanley. Conheça Melhor o Antigo Testamento.
  • KIDNER, Derek. Esdras e Neemias; introdução e comentário. VIDA NOVA
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
  • Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Vol. 2. GEOGRAFICA

Fonte: portalrbc1.