Ídolos na família

 

2º TRIMESTRE 2023

RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA

Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus

COMENTARISTA:  Pr. ElienaiCabral

LIÇÃO 04 – ÍDOLOS NA FAMÍLIA – (Gn 31.17-19; 33-35; Jz 17.1,3-5)

INTRODUÇÃO

Na lição desta semana, estaremos estudando o quanto prejudicial pode ser a família que permite que a idolatria se forme em seu seio. A partir dos exemplos de Labão e Raquel, e Mica, aprenderemos que mesmos personagens que conhecem a Deus, podem em algum momento, ceder à tentação da idolatria. Definiremos idolatria, no Antigo e Novo testamento, comentaremos sobre os ídolos familiares, além de mostrarmos os prejuízos que uma família pode colher por sucumbir ao pecado da idolatria. E concluiremos apresentando os ídolos familiares e como proteger a família da idolatria.

I – DEFINIÇÃO DE IDOLATRIA

O dicionário de Houaiss define idolatria como: “culto que se presta a ídolos” do grego “eidololatreia” (2011, p. 1567). Teologicamente “a idolatria pode ser considerada também o amor excessivo por alguma pessoa, ou objeto. Amor este que suplanta o amor que se deve devotar, voluntária, incondicional e amorosamente, ao único e verdadeiro Deus” (ANDRADE, 2006, p. 220). “Essa palavra vem do grego: “eidolon” que significa: “ídolo”, e “latreuein” que quer dizer “adorar”. Esse termo refere-se à adoração ou veneração a ídolos ou imagens, quando usado em seu sentido primário. Porém, em um sentido mais lato, pode indicar a veneração ou adoração a qualquer objeto, pessoa, instituição, ambição, etc., que tome o lugar de Deus, ou que lhe diminua a honra que lhe devemos” (CHAMPLIN, 2004, p. 206). Notemos esta prática citada nas Escrituras:

1.1 No Antigo Testamento. Quando os israelitas saíram do Egito, com destino a Canaã, Deus lhes deu a Lei (Êx 20; Dt 5), que lhes advertia para que não aprendessem as práticas idólatras dos povos de Canaã (Êx 20.2-4,23; 23.13,24,32; Lv 19.4; 26.1; Dt 7.5,25; 12.3). Após a conquista da Terra prometida, os hebreus não expulsaram completamente os pagãos como Deus havia ordenado (Jz 2.1­3). Isto se tornou um laço para eles, pois aderiram facilmente ao culto idólatra (Jz 2.11; 3.7,12; 4.1; 6.1; 10.6; 13.1). Nos períodos de apostasia, os profetas foram levantados por Deus para advertirem aos israelitas que se abstivessem do paganismo (1Rs 14.9; Is 2.8,9; 57.5; Jr 1.16). Porém, o povo de Deus não os ouviu, e, por isso, experimentaram, o amargo cativeiro (2Rs 17.1-23; 2Cr 36.11-21).

1.2 No Novo Testamento. Se a idolatria era combatida com rigor no AT, não foi diferente no NT. O Senhor Jesus condenou o amor à riqueza, que é uma forma de idolatria (Mt 6.24). A recomendação apostólica feita no Concílio de Jerusalém condenou severamente a adoração a ídolos (At 15.28,29). Os apóstolos combateram veementemente o envolvimento dos cristãos com essa prática pagã. Paulo, por exemplo, exortou aos cristãos de Corinto a fugirem da idolatria (1Co 10.14); e condenou a avareza, que também é uma forma de idolatria (Cl 3.5). Pedro e João também condenaram as práticas idólatras (1Pd 4.3; 1Jo 5.21).

II – ÍDOLOS FAMILIARES OU ÍDOLOS DO LAR

2.1 Os ídolos familiares. Eram imagens de escultura, feitas em honra a diversas divindades, deuses da lareira, tal como hoje as pessoas põem ídolos em nichos, em suas casas. O comportamento de Labão revela uma ambiguidade espiritual, pois ao mesmo tempo em que tinha consciência da adoração a Deus: “Labão e Betuel responderam: Isso procede do Senhor. Nada temos a dizer, nem a favor e nem contra” (Gn 24.50 – NAA), flertava com a idolatria, tendo seus ídolos familiares furtados por sua filha Raquel (Gn 31.19), além de admitir a prática da adivinhação (Gn 30.27 – NAA). Parece mais provável que Raquel cresse na eficácia de orações e ritos realizados diante dessas imagens, e benefícios que esses terafins poderiam conferir. Tais ídolos eram postos nos lares a fim de protegê-los e trazer-lhes prosperidade.

2.2 Os ídolos familiares e as heranças. Os tabletes de Nuzi (tratados de leis familiares) do Séc. XV a.C. associam esses ídolos do lar aos direitos de herança, mas não é provável que Raquel pensasse que eles pudessem garantir herança para Jacó (CHAMPLIN, 2001, p. 206). Portanto, embora os ídolos do lar sejam mencionados por muitos estudiosos como um documento utilizado nas relações imobiliárias, tendo força de “escritura”, porém, não parece ser esse o objetivo e motivo da subtração dos ídolos por parte de Raquel, sua filha, mostrando que a idolatria ainda fazia parte de sua vida.

III – CENÁRIO POLÍTICO-SOCIAL DE ISRAEL NA ÉPOCA DE MICA

3.1 Período dos juízes. Este período vai da morte de Josué até o fim do governo de Samuel. A forma de governo era teocrática, isto é, Deus era o governante direto da nação. Nesse período houve um ciclo vicioso com a nação de Israel: Israel fazia o que era mau aos olhos do Senhor (Jz 2.11; 3.7); o Senhor lhes entregava nas mãos dos inimigos; o povo, então, se arrependia dos seus pecados e clamava a Deus; e Deus levantava um juiz que julgava o povo, e subjugava seus inimigos (Jz 2.16). Enquanto aquele juiz julgava, o povo temia ao Senhor. Porém, após a morte do juiz, o povo tornava a fazer o que parecia mal aos olhos do Senhor, tornando assim um período de altos e baixos para a nação. Samuel foi o maior líder espiritual desse período e, além de juiz, foi também Sacerdote e Profeta (1Sm 3.20; 7.15; 12.1-5; At 3.24).

3.2 Período sem uma liderança central. Com a morte de Josué, e os anciãos que viveram em sua época (Jz 2.6), levantou-se em Israel uma geração que não conhecia a Deus (Jz 2.10), sem uma liderança centralizada (Jz 17.6; 18.1; 19.1; 21.25), pois “[^] cada umfazia o que bem lhes parecia aos seus olhos” (Jz 17.6).

3.3 Período de idolatria. Fica claro, que esse período foi caracterizado por um crescimento devastador da idolatria em Israel (Jz 1 -2;17-21). Sem uma liderança centralizada, sem uma geração que não foi ensinada nos princípios da Palavra, o resultado não poderia ser diferente: degradação espiritual e moral de Israel.

IV – A FAMÍLIA IDÓLATRA DE MICA

4.1 A família de Mica. É apresentada nas Escrituras como espiritual e moralmente confusa. Temos uma mãe que amaldiçoa porque lhe roubaram dinheiro (Jz 17.2), mas retira a maldição e abençoa o filho por ter lhe devolvido. Com o dinheiro recuperado, destina parte para o Senhor (Jz 17.3), e a outra, destina para a fabricação de uma imagem de escultura e uma de fundição (Jz 17.4). Esta imagem fica na casa de Mica, que a transforma num santuário. Faz uma estola sacerdotal, alguns ídolos do lar, e consagra um de seus filhos para ser sacerdote (Jz 17.5).

4.2 Problemas familiares causados pelo afastamento de Deus. Com a família distante de Deus, é perceptível o desastre espiritual demonstrado em Juízes 17, que envolveu: a desonra aos pais (v. 2), a mentira (v. 2), a cobiça (v. 2); a desonra ao nome do Senhor (vv. 2,13); adorou a outros deuses (vv. 3-5); construiu imagem de esculturas (v. 3); furto (v. 2), ou seja, a família conseguiu quebrar quase todos os mandamentos, e isso sem sentir remoso, arrependimento ou temor ao Senhor (Ver as duas relações dos Dez mandamentos (Êx 20.1-17; Dt 5.7-21).

V – ÍDOLOS FAMILIARES MODERNOS

5.1 Avareza. A Bíblia ensina claramente que a avareza, ou seja, o amor ao dinheiro é idolatria (Cl 3.5). O Senhor Jesus ensinou que ninguém pode servir a Deus e a Mamom, que é o deus da riqueza (Mt 6.24). E, o apóstolo Paulo diz que o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males, e que os que querem ser ricos caem em muitas tentações e concupiscências (1Tm 6.9,10). Por isso, o cristão pode até ser rico, e possuir muitos bens, mas, jamais deve amar o dinheiro e a riqueza!

5.2 Autolatria. A palavra autolatria é formada por dois vocábulos gregos: “autos”, que significa “a si mesmo” e “latria”, que quer dizer “adoração”. Logo, autolatria significa: “adoração a si próprio”. Esse tipo de idolatria também é conhecido como egolatria. Encontramos alguns exemplos na Bíblia, tais como: Lúcifer (Ez 28.11-19; Is 14.12-14) e o rei Nabucodonosor (Dn 4.29,30; 5.5.18-21). Ao se manifestar no seio familiar, os pais ou filhos afetados por esse ídolo, promoverão a desintegração familiar, haja vista que o(s) mesmo(s) só pensarão em si, e nunca, na unidade da família.

5.3 Mídias sociais. As mídias sociais exercem um papel de grande relevância em nossa sociedade. A falta de cuidado com o uso, resultará na indisciplina com os horários para descansar, estudar, se relacionar com os amigos, com os familiares, ir à Igreja e etc. Essa falta de cuidado conduz a falta de objetivo na vida. Por isso que a vida afetiva na área familiar, espiritual e profissional têm sido severamente afetadas, causando nos mais jovens a “adultização” precoce e frustrações no processo de maturidade (Ec 3.1; 12.1; Gl 5.22), bem como a e “sexualização” precoce nas crianças. Infelizmente, há pessoas que passam mais tempo nas mídias sociais, q ue curtindo sua família. Há famílias que não mais se comunicam fisicamente, senão, através da mídia, mesmo vivendo na mesma casa.

5.4 Prosperidade. Nunca este ídolo foi tão ovacionado. Há famílias que buscam prosperidade a qualquer custo: seja jogando na Mega- sena, loteria esportiva, ou qualquer outro meio que prometa “ganhos fáceis” e “rápidos”. Todo ganho fácil que não seja resultante do trabalho, é visto nas Escrituras como desonesto, e que acabará facilmente (Pv 13.11). A mordomia cristã nos aconselha a administrarmos com sabedoria os nossos bens e cuidarmos de nossa família (1Tm 5.18). Nossa mente dever ser ocupada com tudo que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, que tenha virtude e louvor (Fl 4.8).

5.5 Infantolatria. O termo é utilizado para designar quando mães ou pais que acatam todas as vontades dos filhos, tornando-os o centro da atenção, não só de sua casa, mas de suas vidas. Tudo gira em torno do que o pequeno gosta e deseja, fazendo com que os pais abram mão, constantemente, de suas preferências para atender o pedido dos filhos. Os pais precisam lembrar que Deus estabeleceu papéis sociais para cada membro da família (Ef 5.22-25; 6.1-4), e designou aos pais, a responsabilidade da educação e formação do caráter de seus filhos (Dt 6.7-9; Pv 4.1-14; 22.6).

VI- PROTEGENDO A FAMÍLIA CONTRA A IDOLATRIA

6.1 Defendendo a família contra a idolatria. Vejamos como podemos proteger nossa família contra a idolatria:

  • Santificando o lar (Lv 20.26; 2 Co 7.1; 1Ts 4.7);
  • Praticando o culto doméstico (Dt 6.7-9);
  • Mantendo uma vida de oração e jejum (Rm 12.12; Cl 4.2; 1Ts 5.17);
  • Ensinando a Palavra de Deus no lar (Pv 22.6; At 5.42);
  • Frequentando os cultos no templo assiduamente (2Cr 7.15,16; Sl 122.1);
  • Vigiando em todo tempo (At 20.31; 1Co 16.13; Cl 4.2; 1Ts 5.6.10; 1Pd 5.8).

CONCLUSÃO

Aprendemos com esta lição, a importância de cuidarmos de nossa família, buscando protegê-la dos ídolos da modernidade. Adorar ao Senhor de todo o coração, sempre será o objetivo e a canção que estará nos lábios da família cristã. Caber a nós, p ais a responsabilidade da educação de nossos filhos, apresentando-os ao Senhor, ensinando-os em seus caminhos, levando-os em sua presença em oração, e, acima de tudo, sermos o exemplo vivo de um adorador(a) que conhece a Deus profundamente, pois só assim , conseguiremos tocar a alma de nossos filhos.

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário Teológico.
  • CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia.
  • RENOVATO, Elinaldo. A Família Cristã e os ataques do inimigo. CPAD
  • KIDNER, Derek. Gênesis: introdução e comentário. CULTURA BÍBLICA.
  • WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo NT. GEOGRÁFICA.

Fonte: portalrbc1.

O Avivamento Espiritual

1º TRIMESTRE 2023

AVIVA TUA OBRA

O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus

COMENTARISTA:  Pr. Elinaldo Renovato

LIÇÃO 01 – O AVIVAMENTO ESPIRITUAL – (2Cr 7.12-15; Ag 2.5-9)

INTRODUÇÃO

Nesta primeira lição de 2023, estudaremos sobre Avivamento Espiritual a partir das Escrituras. Definiremos o que é avivamento, abordaremos sobre a necessidade de um verdadeiro avivamento, quais as atitudes para um verdadeiro avivamento espiritual, e, por fim, estudaremos sobre os resultados do avivamento espiritual.

I – O QUE É AVIVAMENTO

1.1 Definição exegética do termo avivamento. A palavra avivamento deriva-se do verbo avivar, em hebraico “hayah” (Hc 3.2). Verbo que significa: “estar vivo, viver, manter vivo”; é usado várias vezes nas Escrituras. É usado no Antigo Testamento com o sentido de prosperar (Dt 8.1; 1Sm 10.24; Sl 22.26,27); ou para indicar que um objeto está a salvo (Gn 12.13; Nm 14.38; Js 6.17). O sentido é reviver em Ezequiel 37.5 e 1 Reis 17.22 ou curar em Josué 5.8 e 2 Reis 8.8.

1.2 Definição bíblica de avivamento espiritual. À luz das Escrituras, o despertamento espiritual faz alusão a mudança de ânimo de uma pessoa quanto ao interesse acentuado pelas coisas de Deus (Cl 3.1), por viver uma vida pautada na vontade do Senhor, ocorrendo uma verdadeira mudança interior, demonstrada pela vida prática (Rm 12.1,2; 2Co 5.17). Em relação à igreja, esse avivamento é a restauração do primeiro amor dos cristãos, resultando no despertamento, arrependimento e na busca incessante pela presença de Deus (Ap 2.4,5).

II – A NECESSIDADE DE UM AVIVAMENTO ESPIRITUAL

2.1 Ausência de entusiasmo. A falta de entusiasmo aponta para a necessidade de um despertamento espiritual. Quando se perde o prazer de se adorar a Deus (Ml 1.10-13), quando não há alegria em contribuir para a obra de Deus (Ag 1.1-6; 2Co 9.7), são sinais de um esfriamento na vida devocional, uma vez que a recomendação bíblica para o crente é que este seja fervoroso: “Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor” (Rm 12.11).

2.2 Ausência do lugar da adoração. No passado, alguns dos judeus haviam perdido o valor de se estar no templo, apresentando-se muitas vezes apenas para cumprir um ritual (Ml 1.6-8), mas, sem a essência da verdadeira adoração (Os 6.6; Sl 51.17), por esta e outras razões, Deus permitiu a destruição do templo de Jerusalém (Dn 1.2). No processo da restauração espiritual, uma das primeiras ações de Deus para a nação, foi a reedificação da sua casa (Ed 1.2,3), resgatando no povo o desejo pela casa do Senhor (Sl 42.2-4).

2.3 Ausência de moralidade. No período pós cativeiro. os que viviam em Jerusalém, além de estarem passando por inúmeras privações (Ne 1.3); também viviam e uma cidade em total ruína (Ne 2.17). Não havia segurança pública visto que os muros continuavam derrubados, e de igual modo, a justiça social estava comprometida bem como a vida espiritual (Ne 5.1-5; Is 1.1-6). A ruína da cidade ilustrava também a espiritualidade do povo, pois havia contraído casamento misto (Ed 9.1,2), como também, tolerando pessoas desautorizadas em posições de importância religiosa (Ne 13.1-9). Daí a necessidade urgente de um avivamento espiritual.

III – ATITUDES PARA O AVIAVAMENTO ESPIRITUAL

3.1 Priorizar a Palavra de Deus. No período do rei Josias, enquanto os trabalhadores faziam os reparos, o sumo sacerdote Hilquias encontrou uma cópia do Livro da Lei. Após ouvir o seu conteúdo, Josias “rasgou as suas vestes” (2Rs 22.8,11-b). O Registro Sagrado diz que o rei Josias: (a) achou a Palavra dentro da Casa do Senhor, por meio do sumo sacerdote (2Rs 22.8); (b) o escriba leu a Palavra diante do rei (2Rs 22.10); (c) temeu a Palavra (2Rs 22.11); e (d) agiu por causa da Palavra (escrita e profética), promovendo uma grande reforma religiosa em Judá, pois deu ouvidos à voz do Senhor (2Rs 22.11-20; 23.1-3). Não é possível haver avivamento espiritual sem os parâmetros da Palavra de Deus (Ne 8.13,18).

3.2 Oração perseverante. Todos que buscaram a Deus em momentos de decadência espiritual, ou em grande tristeza, foram por Ele atendidos, pois é compromisso do Senhor com o seu povo (2Cr 7.14). É através da oração que podemos superar toda e qualquer crise. Foi isto que fez Abraão (Gn 20.17), Isaque (Gn 25.21), o rei Josafá (2Cr 20.5-12), Paulo e Silas (At 16.25) e outros. O salmista Asafe disse: “Invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás” (Sl 50.15).

3.3 Temor. Era outra característica da igreja primitiva. É interessante observar que o texto diz: “E em toda a alma havia temor…” (At 2.43a). Não era apenas em alguns cristãos, ou na maioria dos cristãos, e sim, “em toda a alma”. Nenhuma igreja poderá ser avivada, se não houver temor ao Senhor.

3.4 Desprendimento dos bens materiais. Uma igreja avivada não se apega aos bens materiais. Por isso, a igreja primitiva repartia seus bens com os necessitados, como uma prova de amor ao próximo e desprendimento dos bens terrenos (At 2.44,45; Cl 3.1-3).

3.5 Perseverança em ir ao templo. O médico Lucas diz que aqueles cristãos “perseveravam todos os dias no templo…” (At 2.46a). Isto nos ensina que uma igreja avivada reconhece a necessidade de estar na casa de Deus (Sl 122.1). É lamentável que, nos dias atuais, muitos cristãos não perseveram em ir ao templo.

3.6 Louvor a Deus. Quando a igreja é avivada, Deus é louvado no seu templo (At 2.47). Não há lugar para show e muito menos estrelismo. Uma igreja avivada ocupa-se com a genuína adoração ao Único e Verdadeiro Deus (Jo 4.23,24).

IV – AVIVAMENTO DEMONSTRADO NO A.T. E N.T.

Ao contrário dos que defendem que o avivamento é apenas fruto de Atos 2, a Bíblia demonstra que tal avivamento já era experimentado no A.T., e trazia muitos resultados, senão vejamos:

4.1 No Antigo Testamento. O AT descreve diversos avivamentos que ocorreram no meio do povo de Deus, tais como: reinado de Asa (II Cr 15. 1-15); no reinado de Joás (II Rs 11 e 12); no reinado de Ezequias (II Rs 18. 4-7); no reinado de Josias (II Rs 22 e 23); nos dias de Esdras e Neemias (Ne 8.1-18; 9.1-38), além de outros. Todos eles ocorreram em momentos de crise moral e espiritual, e tiveram como resultado:

  • Obediência aos mandamentos divinos (II Rs 18.6; II Rs 22.2; 23.3; Ne 9.38);
  • Retorno do culto ao Senhor (II Cr 15.8; II Rs 23.21-23; Ne 8.13-18);
  • Destruição dos ídolos (II Cr 15.8; II Rs 18.4; II Rs 23.4-20);
  • Arrependimento, confissão e abandono do pecado (II Rs 22.11; Ne 9.1-3);
  • Entrega de ofertas e holocaustos ao Senhor (II Cr 15.11; II Rs 11.11; 22.4-7);
  • Prosperidade espiritual (II Rs 18.6; 23.25).

4.2 No Novo Testamento. As experiências vividas na Igreja Primitiva nos revelam a plenitude do que acontece quando a igreja é avivada. Vejamos:

  • Pregação do Evangelho com ousadia, mesmo em meio às ameaças (At 4.20,29; 5.29);
  • Conversão de almas (At 2.14-42; 5.14; 8.12; 11.21);
  • Batismo com o Espírito Santo (At 8.14-17; 10.44-46; 19.1-6);
  • Milagres e maravilhas (At 3.6-9; 8.5-8; 9.32-42);
  • Dedicação a obra missionária (At 1.8; 13.1-4);
  • Ação social (At 6.1-3; 9.36).

V – RESULTADOS DO AVIVAMENTO ESPIRITUAL

  • O genuíno avivamento produz uma mudança de vida (Rm 8.15-17; 11.1-2; 2Co 5.14-17);
  • O genuíno avivamento ilumina a mente e a razão com a Palavra e com o Espírito (Pv 3.13; Cl 1.9; Tg 1.5);
  • O genuíno avivamento produz frutos do Espírito Santo (G1 5.16-26; Ef 5.18);
  • O genuíno avivamento abrange todo o ser do homem (Jr 31.31-33; Ez 36.25-28; 1Ts 5.23);
  • O genuíno avivamento produz unidade cristã (1Co 12.4-7; At 4.32);
  • O genuíno avivamento tem a oração como elemento fundamental (Rm 12.12; Cl 4.2; 1Tm 2.1-2);
  • O genuíno avivamento produz um autêntico quebrantamento (1Pd 5.6; Sl 51.112; Rm 5.1; Ef 2.16-18).

CONCLUSÃO

Concluímos que o Avivamento Espiritual é uma necessidade para os dias de hoje. Deus é o maior interessado que a Igreja seja avivada, para que ocorram muitas conversões, milagres, curas, batismo com o Espírito Santo e manifestação dos dons espirituais. Portanto, que neste trimestre não estudemos apenas sobre o tema, mas mergulhemos em uma experiência mais profunda com Deus e sua Palavra.

REFERÊNCIAS

  • RENOVATO, Elinaldo. Avia a Tua Obra. CPAD
  • SOARES, Esequias. Visão Panorâmica do Antigo Testamento. CPAD
  • SOARES, Esequias. O Ministério profético na Bíblia. CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: portalrbc1.

As abominações do templo

4º TRIMESTRE 2022

A JUSTIÇA DIVINA

A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel

COMENTARISTA:  Pr. Ezequias Soares

LIÇÃO 03 – AS ABOMINAÇÕES DO TEMPLO – (Ez 8.5,6,9-12,14,16)

INTRODUÇÃO

Nesta lição veremos a definição da palavra “abominação”; pontuaremos as abominações do templo no período do profeta Ezequiel; estudaremos a perigo da prática da idolatria; e por fim; notaremos porque não devemos adorar os ídolos.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA ABOMINAÇÃO

1.1 Definição do termo abominação. Segundo o dicionário Houaiss significa: “ato ou efeito de abominar; repulsa, aversão, execração” (2001, p. 22). Quatro vocábulos hebraicos são assim traduzidos. Assim, os termos hebraicos envolvidos refletiam tais usos, como: “hegez” (carnes de animais proibidos); “shigguz” (ódio à idolatria); “piggul” (repugnância à carne sacrificial estragada). A mais comum dessas palavras, “to’ebah”, era usada para indicar qualquer tipo de abominação, o que se aplica ao contexto do capítulo oito do Livro de Ezequiel. A idolatria repele a ordem própria das coisas e perverte a ideia da divindade, substituindo-a por uma variedade qualquer das simulações humanas, deixando de lado a adoração ao Deus único (Dt 17.4,5; 2Rs 23.13; Dn 9.27; 11.31; 12.11). A idolatria não apenas perverte a ideia de divindade, mas também é uma irresponsabilidade moral, porque, através dela, o homem é iludido acerca de quem ele tem responsabilidade. Outrossim, a prática da idolatria tem produzido muitas práticas desumanas, violentas e corruptas” (CHAMPLIN, 2004, p. 16 – acréscimo nosso).

II – AS ABOMINAÇÕES DO TEMPLO NO PERÍODO DO PROFETA EZEQUIEL

Com frequência, Deus dava visões ao profeta Ezequiel pelo Espírito Santo (Ez 1.1; 8.3; 40.2; 43.3). No capítulo oito do seu livro, ele diz que no sexto ano, no sexto mês, no quinto dia do mês, estando em casa, no momento em que os anciãos estavam diante dele, a mão do Senhor veio sobre ele e o transportou em visões, da terra de Babilônia a Jerusalém (Ez 8.1-3). Ali o profeta viu as abominações que estavam dentro do templo. Notemos:

2.1 Abominação no pátio do templo: adoração a deusa da fertilidade (Ez 8.1-6). A porta do norte era uma das três que davam acesso do átrio externo do Templo para o átrio interno, as outras duas olhavam para o leste e o sul, respectivamente (Ez 8.3). O registro bíblico nos mostra que Manassés tinha colocado uma imagem de madeira de Aserá, a deusa cananita, na casa do Senhor (2Rs 21.7), e embora 2Crônicas 33.15 narre como ele subsequentemente a removeu, deve ter reaparecido, porque o rei Josias mais tarde mandou retirá-la para ser queimada ao lado do ribeiro Cedrom (2Rs 23.6). “As palavras de Ezequiel dão a impressão de que um dos sucessores de Josias tinha feito outra, colocando-a ao lado da porte do norte” (TAYLOR, 1984, p. 90).

2.2 Abominação na porta do átrio: adoração a animais (Ez 8.7-13). Na segunda parte, a visão segue, o profeta aos poucos é impelido pelo Senhor a seguir em frente a parte mais interior do templo, porque coisas maiores veria (Ez 8.6-b). A localidade exata disto não pode ser identificada. Percebe-se que al-go estava sendo praticado em segredo, e o profeta é informado como obter acesso a es-ta câmara e ali ele é surpreendido com os anciãos em flagrante idolatria. Um dos anciãos é identificado pelo profeta como: “Jazanias filho de Safã” (Ez 8.11). Safã foi o escrivão que ajudou Josias a purificar e renovar a religião nacional (2Rs 22.8-10). Seu filho no caso estava em apostasia. Eles estavam queimando incenso as pinturas na parede, que segundo o profeta tinha imagem de répteis e de animais (Ez 8.10). Taylor nos informa que “as divindades-serpentes conhecidas nas religiões egípcias, cananitas e babilônicas dão motivo para supor que este incidente reflete a influência generalizada das seitas estrangeiras sobre o culto israelita, cultivadas, sem dúvida, por motivos mais políticos do que puramente religiosos” (1984, p. 91).

2.3 Abominação na porta da entrada: adoração a natureza (Ez 8.14-15). Provavelmente imediatamente fora do recinto sagrado, à entrada da porta do norte que dava para o átrio exterior do Templo e Ezequiel viu as mulheres chorando ao deus pagão Tamuz. Tamuz era um deus babilônico da vegetação. Acreditava-se que “quando a vegetação morria no outono, o povo lamentava, julgando ser aquilo a morte do ídolo” (STAMPS, 2012, p. 1180). Acrescenta-se ainda que parte da lenda diz que o grande dilúvio de lágrimas de seus devotos o trazia de volta à vida, como as chuvas da primavera dão vida nova à terra” (CHAMPLIN, 2001, p. 3220). Taylor também afirma que: “o culto associado a ele era parcialmente um ritual de luto, mas também incorporava ritos de fertilidade. Tornou-se extremamente popular no Oriente Próximo antigo e no Mediterrâneo Oriental, onde assumiu formas gregas e se ligava com os nomes de Adônis e de Afrodite. As indicações da sua influência nos tempos do Antigo Testamento são poucas, mas uma delas pode ser achada em Isaías 17.10-11, o plantio de jardins de Tamuz’” (1984, p. 92).

2.4 Abominação no átrio interior: adoração aos astros (Ez 8.16). A abominação suprema estava para ser praticada na própria entrada do templo do Senhor, conforme a descrição de Ezequiel. Ali, no lugar em que deveriam estar chorando e clamando a Deus, no entanto, os sacerdotes estavam deliberadamente virando as costas a Ele. Russel Shedd (2008, p. 1161), nos diz que “era natural para os povos antigos adorar o mais poderoso objeto que lhes era visível, mas que ficava fora do seu alcance, que o nome ‘sol’ soava como um nome próprio, divino. É por isso que a palavra não consta na história da criação, sendo substituída por luzeiro” (Gn 1.14-19).

III – O PERIGO DA IDOLATRIA

A palavra idolatria no latim, “eidolon” que significa “ídolo”, e “latreuein” que quer dizer “adorar”. Esse termo refere-se à adoração ou veneração a ídolos ou imagens, quando usado em seu sentido primário. Porém, em um sentido mais lato, pode indicar a veneração ou adoração a qualquer objeto, pessoa, instituição, ambição, etc., que tome o lugar de Deus, ou que lhe diminua a honra que lhe devemos (CHAMPLIN, 2004, p. 206). Vejamos o que nos diz a Bíblia sobre esse pecado:

3.1 A idolatria no Antigo Testamento. Quando os israelitas saíram do Egito, com destino a Canaã, Deus lhes deu a Lei (Êx 20; Dt 5), que lhes advertia para que não aprendessem as práticas idólatras dos povos de Canaã (Êx 20.2-4,23; 23.13,24,32; Lv 19.4; 26.1; Dt 7.5,25; 12.3). Após a conquista da Terra prometida, os hebreus não expulsaram completamente os pagãos como Deus havia ordenado (Jz 2.1-3). Isto se tornou um laço para eles, pois aderiram facilmente ao culto idólatra (Jz 2.11; 7,12; 4.1; 6.1; 10.6; 13.1). Nos períodos de apostasia, os profetas foram levantados por Deus para advertirem aos israelitas que se abstivessem do paganismo (1Rs 14.9; Is 2.8,9; 57.5; Jr 1.16). Porém, o povo de Deus não os ouviu, e, por isso, experimentaram, o amargo cativeiro (2Rs 17.1-23; 2 Cr 36.11-21).

3.2 A idolatria no Novo Testamento. Se a idolatria era combatida com rigor no AT, não foi diferente no NT. O Senhor Jesus condenou o amor à riqueza, que é uma forma de idolatria (Mt 6.24). A recomendação apostólica feita no Concílio de Jerusalém condenou severamente a adoração a ídolos (At 15.28,29). Os apóstolos combateram veementemente o envolvimento dos cristãos com essa prática pagã. Paulo, por exemplo, exortou aos cristãos de Corinto a fugirem da idolatria (1Co 10.14); e condenou a avareza, que também é uma forma de idolatria (Cl 3.5). O apóstolo Pedro e João também condenaram as práticas idólatras (1Pd 4.3; 1Jo 5.21).

IV – PORQUE NÃO DEVEMOS ADORAR A ÍDOLOS

4.1 Porque Deus é uno. Apesar de a Bíblia mencionar a existência de deuses estranhos (Gn 35.2); novos deuses (Dt 32.1); e deuses fundidos (Êx 34.17); ela é enfática em revelar o monoteísmo, ou seja, a existência de um Único Deus verdadeiro, que subsiste em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Mt 3.16,17); e que deve ser o objeto exclusivo do amor e obediência (Dt 6.4; Is 42.8; Mc 12.29,32; Jo 17.3; 1Co 8.4,6). Estes e outros textos das Sagradas Escrituras também tornam-se a base da proibição da adoração a outros deuses (Êx 20.2; Dt 5.6-9).

4.2 Porque Deus é espírito. Sendo Deus um ser espiritual (Jo 4.24), Ele não está sujeito as limitações às quais estão sujeitos os seres humanos dotados de corpo físico. Ele não possui partes corporais e não está sujeito às condições de existência Logo, é impossível que uma imagem possa representar sua glória e majestade. Além disso, Deus é transcendente e insondável, ou seja, Ele ultrapassa a compreensão humana, e, por isso, não pode ser representado por um ídolo feito de madeira, prata ou ouro (Is 40.18,25; 46.5). Por isso, Deus proibiu terminantemente que os israelitas fizessem imagem de escultura (Êx 20.4; Dt 4.15,16; 23-28; 5.8,9).

4.3 Porque adorar a ídolos é cultuar aos demônios. A Palavra de Deus nos revela que quem oferece sacrifícios aos ídolos, oferece aos demônios (Lv 17.7; Dt 32.17; 2 Cr 11.15; Sl 106.37; 1Co 10.20,21). Por trás das imagens de escultura existem entidades demoníacas que ouvem as preces dos fiéis, e até operam favoravelmente por eles, com o intuito de aprisioná-los cada vez mais na idolatria. Eis o porquê de tantas pessoas pagarem promessas nos denominados “dias santos” e nas festividades dos padroeiros. Satanás, como “deus deste século” (2Co 4.4) tem poder para realizar benefícios físicos e materiais com intuito de enganar as pessoas (Ap 13.2-8,13; 16.13,14).

CONCLUSÃO

Aprendemos, com as quatro cenas do pecado cúltico, que um Deus santo não tolera o pecado. Deus exige fidelidade de seu povo. O que aconteceu com Israel nos ensina sobre a responsabilidade na santidade com a adoração e o estilo de vida também para os dias atuais pelos crentes em Jesus.

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor de. Dicionário TeológicoCPAD.
  • CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS
  • CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento Intepretado. HAGNOS.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
  • SHEDD, Russel. Bíblia de Estudo SHEDD. VIDA NOVA.
  • TAYLOR, John B. Ezequiel Introdução e Comentário. VIDA NOVA.

Fonte: portalrbc1.