Confessando e abandonando o pecado

 

2º TRIMESTRE 2024

A CARREIRA QUE NOS ESTÁ PROPOSTA

O caminho da salvação, santidade e perseverança para chegar ao céu

COMENTARISTA:  Pr. Osiel Gomes

LIÇÃO 08 – CONFESSANDO E ABANDONANDO O PECADO – (Sl 51.1-12; 1Jo 1.8-10)

INTRODUÇÃO

Nesta lição estudaremos sobre a confissão e o abandono do pecado; começaremos, então, abordando a definição de bíblica-teológica do pecado, veremos os passos que levam a queda, para isso analisaremos a transgressão cometida pelo rei Davi. Por fim, pontuaremos a confissão como uma condição para a restauração espiritual.

I  – DEFINIÇÃO DO TERMO PECADO

1.1 Definição exegética e bíblica. A palavra hebraica “hatah” e a grega “hamartia” originalmente significam: “errar o alvo, falhar no dever” (Rm 3.23). Existem outras várias designações bíblicas para o pecado, muito mais do que há para o bem. Cada palavra apresenta a sua contribuição para formar a descrição completa desta ação horrenda contra um Deus santo. Em um sentido básico pecado é: “a falta de conformidade com a lei moral de Deus, quer em ato, disposição ou estado” (Chaves, 2015, p. 128). Podemos afirmar ainda que: “O pecado é a transgressão da Lei de Deus” (1Jo 3.4).

1.2 Descrição bíblica de pecado. Pecado é a transgressão deliberada e consciente das leis estabelecidas por Deus. Transgressão “é o ato de transgredir” “violar” ou “infringir”. Transgredir é “a quebra de um dever e de uma ordem” (Rm 2.23). Por isso, a Bíblia diz que ao pecar, Eva caiu em transgressão (1Tm 2.14), o mesmo que ocorreu com Adão (Rm 5.14). O pecado é, de fato, uma ativa oposição a Deus, uma transgressão das suas leis, que o homem, por escolha própria, cometeu (Gn 3.1-6; Rm 1.18-32; 1Jo 3.4).

II  – O PECADO DE DAVI: PASSOS QUE LEVARAM À QUEDA

Davi estava vivendo um dos melhores momentos de sua vida e de seu reinado. Tinha um exército respeitado (2Sm 8,10); as fronteiras haviam sido ampliadas (2Sm 5.6-12); tinha uma linda casa nova (2Sm 5.11); e até planos para construir o templo do Senhor (2Sm 7). Porém, como acontece geralmente com todas as pessoas, a queda de Davi não foi repentina. Algumas brechas começaram a se abrir, em sua vida espiritual. Vejamos:

2.1 Ociosidade.  a Palavra de Deus nos diz: “E Aconteceu que, tendo decorrido um ano, no tempo em que os reis saem à guerra, enviou Davi a Joabe, e com ele os seus servos, e a todo o Israel; porém Davi ficou em Jerusalém”. Como o reinado estava consolidado, possivelmente Davi achou que não havia necessidade de ir à batalha com seu exército. Mas, o maior erro de Davi não foi ficar em Jerusalém; seu maior erro foi abrir a guarda da vigilância. Além de ficar no palácio, o rei foi passear no terraço da casa real (2Sm 11.1,2). As maiores tentações que o crente enfrenta, não são aquelas que lhe sobrevêm quando ele está à frente da peleja, e sim, quando está ocioso.

2.2 Cobiça. Enquanto passeava, Davi viu Bate-Seba que estava se banhando. Ao vê-la, Davi a cobiçou, pois era uma mulher muito formosa (2Sm 11.2,3). O pecado da cobiça leva o homem perder o domínio próprio e ficar sob o domínio da carne (Tg 1.14,15). Foi isto que aconteceu com Davi. Ele procurou saber quem era aquela mulher e lhe informaram que era a mulher de Urias, ou seja, era uma mulher casada, e não era lícito possuí-la. Mas ele não se conteve e mandou trazê-la.

2.3 Insensibilidade. Mesmo sabendo que aquela mulher era casada (2Sm 11.3), Davi a possuiu e adulterou com ela, sem pensar nas consequências do seu erro. Uma das estratégias de Satanás é cegar o homem para as consequências do pecado; Davi ficou “cego” e transgrediu o mandamento de Deus ao tomar a mulher de outro homem (Êx 20.14,17).

III  – A CONFISSÃO E ARREPENDIMENTO: UM PASSO PARA A RESTAURAÇÃO

3.1. A confissão e a sua importância para a restauração espiritual. A confissão é de suma importância para que haja mudança: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia” (Pv 28.13). A Bíblia nos mostra que sem arrependimento não há remissão de pecados, portanto a confissão é a porta para o arrependimento e um passo essencial para a restauração: “E a descendência de Israel se apartou de todos os estrangeiros, e puseram-se em pé, e fizeram confissão pelos seus pecados e pelas iniquidades de seus pais” (Ne 9.2). A confissão e o arrependimento ajudam a curar a ferida. O arrependimento é uma mudança de mente e disposição para abandonar o pecado, envolvendo em senso de culpa e desamparo, apreensão da misericórdia de Deus, um forte desejo de escapar ou ser salvo do pecado, e abandono voluntário. A confissão de Davi é premiada como misericórdia. A Bíblia nos mostra o perdão pela confissão: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça” (1Jo 1.9). O apóstolo João trata a mentira e a sua progressão entre aqueles que tiveram um encontro com Jesus:

“Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade” (1Jo 1.6) As pessoas que estão em nossa volta tem comunhão com Deus, mas a forma de viver não corresponde como as nossas palavras. Andamos em trevas, e isso não corresponde a praticar a mentira;

“Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós.” (1Jo 1.8). Após mentirmos as pessoas que nos cercam, estamos mentindo a nós mesmos;

“Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1Jo 1.10). Quando tentamos mentir para Deus, fazemo-nos dele mentiroso, o qual testifica da pecaminosidade do homem (Mt 6.23b). Se nós erramos, precisamos do seu perdão para caminhar.

3.2 O arrependimento e a sua importância para a restauração espiritual. Como todos os homens pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3.23), o arrependimento também é necessário a todos os homens. Jesus mesmo introduziu a mensagem do Reino, chamando as pessoas ao arrependimento (Mt 4.17; 9.13; Mc 2.17). Ele comissionou os apóstolos a pregarem esta mensagem (Lc 24.47). Confira também (Mc 6.12; At 2.38; 3.19; 8.22). Paulo disse que por meio do evangelho se “anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam” (At 17.30). O arrependimento é vital para que o ser humano possa obter a salvação (At 2.38; 3.19; 2Co 7.10). Jesus ensinou que, se não houver arrependimento o homem perecerá em seus pecados (Lc 13.3,5; Jo 8.14). “O verdadeiro arrependimento é o que produz convicção do pecado; contrição do pecado; confissão do pecado; abandono do pecado; e conversão do pecado” (Gilberto, 2008, p. 358).

IV  – O ABANDONO DO PECADO: A GARANTIA DA RESTAURAÇÃO

4.1 A atitude de Davi. Enquanto o monarca não agiu corretamente em reconhecer sua falha, estava na seguinte condição: “Enquanto eu me calei, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio” (Sl 32.2,3). Mas ao reconhecer e buscar ao Senhor, Deus respondeu à sua petição: “Confessei-te o meu pecado e a minha maldade não encobri; dizia eu: Confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado” (Sl 32.5). Voltava à paz com seu Pai celestial. Embora Davi merecesse claramente a pena de morte (Lv 20.10; 24.17), o Senhor perdoou-o por ter demonstrado arrependimento e remorso. Até mesmo no Antigo Testamento podemos ver a graça de Deus resplandecer no relacionamento dos seus filhos (Jr 18.8) Essa experiência de Davi com o Senhor ressalta a graça divina como nenhuma outra passagem veterotestamentária. Os erros de Davi sempre se relacionam com a falha em não consultar a vontade de Deus; em vez disso, sua restauração estava sempre ligada ao ato de renovar a comunicação com Deus (Sl 55.4).

CONCLUSÃO

Aprendemos nesta lição a importância da restauração espiritual de Davi. Ele reconheceu o seu erro e pediu a misericórdia de Deus sobre a sua vida. “Esconde a tua face dos meus pecados, e apaga todas as minhas iniquidades. Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto. Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo. Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário” (Sl 51.9-12).  Em nossos dias os servos de Deus precisam reconhecer os seus erros e ter um melhor relacionamento com Deus, assim obedecendo os seus estatutos e aguardando a sua Palavra. “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti” (Sl 119.11).

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
  • CHAVES, Gilmar, Vieira. Temas Centrais da Fé Cristã. CENTRAL GOSPEL.
  • GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: portal rbc1/lições

Sendo a Igreja do Deus Vivo

 

3º TRIMESTRE 2023

A IGREJA DE CRISTO E O IMPÉRIO DO MAL

Como viver nesse mundo dominado pelo espírito da Babilônia

COMENTARISTA:  Pr. Douglas Baptista

LIÇÃO 12 – SENDO A IGREJA DO DEUS VIVO – (1Tm 3.14-16; Ef 5.25-27,32)

INTRODUÇÃO

Como vimos nas lições anteriores, o “espírito da Babilônia”, encabeçado pelo Diabo (Ef 6.11; Tg 4.7; 1Pd 5.8), que é descrito na Bíblia como o “deus deste século” (2Co 4.4), “príncipe deste mundo (Jo 12.31; 14.30; 16.11); e “príncipe das potestades do ar” (Ef 2.2) faz uso de todos os meios possíveis: educação, política, cultura, religião, filosofia, tecnologia e ideologias, para se opor a Deus, a Sua Palavra e a Igreja de Cristo (Rm 1.21-25; Ef 6.12; Cl 2.8,18; 2Tm 4.3,4). Nesta lição, estudaremos sobre a responsabilidade da Igreja de Cristo, de preservar a sua identidade e cumprir a sua missão na Terra. Assim, definiremos os termos “Igreja” e “Igreja do Deus Vivo”; explicaremos sobre a natureza da igreja; e, citaremos qual é a missão da igreja do Deus vivo.

   I  – DEFINIÇÃO E EXPLICAÇÃO DO TEMA

1.1 Igreja. Segundo o dicionário Teológico de Claudionor Correia de Andrade, a palavra “Igreja” vem do hebraico ‘Qahal’, e significa “assembleia do povo de Deus”; e, do grego ‘Ekklesia’, que significa “assembleia pública”. Logo, a Igreja é um organismo vivo, composto por todos os que aceitam o sacrifício vicário de Cristo, e têm a Palavra de Deus como a sua única regra de fé e conduta (Ef 5.30-33). (ANDRADE, 2006, p. 220). “A palavra grega no Novo Testamento para igreja é “ekklesia”, que significa “uma assembleia de chamados para fora”. O termo aplica-se a: (1) Todo o corpo de cristãos em uma cidade (At 11.22; 13.1); (2) Uma congregação (1Co 14.19,35; Rm 16.5); e, (3) Todo o corpo de crentes na terra (Ef  5.32)”. (PEARLMAN, 2006, p. 342). No contexto desta lição, o termo “Igreja” aplica-se ao corpo de Cristo (Cl 1.24), ou seja, a reunião de todos os salvos espalhados pelo mundo (Ef 1.22; 3.10,21; 5.23-32; Fp 3.6; Cl 1.18; I Tm 3.5; 3.15; Hb 12.23). 

 1.2 Deus Vivo. Quando o autor se refere ao Deus Vivo (Js 3.10; 1Sm 17.26,36; 2Rs 19.4,16; Sl 42.2; 84.2; Jr 10.10; Ez 33.27; Dn 6.20; Hb 10.31; 12.22) é para diferenciar das demais religiões que servem e adoram a deuses mortos que obra das mãos dos homens, feitos de madeira, gesso, prata e ouro, que tem boca, mas não falam; tem olhos, mas não vêem; tem ouvidos, mas não ouvem; tem narizes, mas não cheiram; tem mãos, mas não apalpam; tem pés, mas não andam (Dt 4.28; 28.64; Sl 115.4-7; 135.15; Is 44.9; 46.7). Por isso, os homens são convidados a se converterem dos ídolos para o Deus vivo e verdadeiro (At 14.15; 1Ts 1.9); o Criador de todas as coisas boas e perfeitas (Gn 1.1; At 17.24)    

 1.3 Sendo a Igreja do Deus Vivo. Ser Igreja do Deus vivo fala da nossa responsabilidade pessoal e individual, de não se moldar ao modelo e os padrões estabelecidos pelo “espírito de Babilônia” (Rm 12.1,2; Ef 2.2,3), mas, como sal da terra e luz do mundo, resplandecer em meio as trevas (Mt 5.13-16; 1Pd 2.12; Fp 2.15); pregando o Evangelho a toda criatura (Mt 28.19,20; Mc 16.15-20; Lc 24.47; At 1.8;); ensinando a Palavra de Deus (At 5.42; Rm 12.7; 1Tm 4.13); vivendo em constante oração (Rm 12.12; Ef 6.18; 1Ts 5.17); aguardando a volta de Jesus em vigilância e santidade (Hb 12.14; 1Pd 1.15,16; Mt 24.36-44; Mc 13.32-37). 

 II  – A NATUREZA DA IGREJA

            Podemos compreender a natureza da Igreja através dos diversos termos a ela aplicados na Bíblia. Vejamos:

 2.1 O povo de Deus (2Co 6.16; 1Pd 2.9,10). O apóstolo Paulo aproveita a descrição de Israel no antigo Testamento, aplicando-a a Igreja do Novo Testamento quando declara: ‘Coo Deus disse: Neles habitarei e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo’ (2Co 6.16; cf. Lv 26.12). Por toda a Bíblia a Igreja é retratada como povo de Deus. Assim como no Antigo Testamento Deus criou Israel a fim de ser um povo para si mesmo, também a Igreja no Novo Testamento é criação de Deus, ‘o povo adquirido’ por Ele (1Pd 2.9,10; cf. Dt 10.15; Os 1.10) […] O amor mútuo e a comunhão são inerentes entre o povo de Deus e servem para lembrar que, independentemente de vocação ou cargo individual no ministério, todos os irmãos desfrutam de uma posição de igualdade na presença do Senhor.  (HORTON, 2002, p. 542,543).

2.2 O corpo de Cristo (1Co 12.12-31). “A igreja é também um corpo. Este simbolismo traduz a ideia de que são diversos órgãos e muitos membros, mas todos trabalham de forma orgânica e harmônica, interligados, em benefício do corpo de Cristo (1Co 12.12). Vale a pena reiterar: ninguém trabalha em favor de si. Qualquer ação de um órgão ou membro em corpo saudável está relacionada com toda estrutura orgânica que sustenta a vida […] é responsabilidade de todos os crentes trabalharem de forma orgânica e harmônica, interligados, em favor do crescimento, saúde e fortalecimento da igreja, tendo Cristo como cabeça, na liderança (Ef 1.22,23)” (COUTO, 2008, p. 402).

2.3 O templo de Deus (1Co 3.16,17). Outra figura muito significativa da Igreja, no Novo Testamento, é “o templo do Espírito Santo”. Os escritores bíblicos empregam vários símbolos para representar os componentes da construção desse templo, que têm seu paralelo nos materiais necessários à construção de uma estrutura terrestre. Por exemplo: toda edificação precisa de um alicerce sólido. Paulo indica com clareza que o alicerce primário da Igreja é a pessoa e obra históricas de Cristo: ‘Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo’ (1Co 3.11). Em outra Epístola, Paulo afirma que, em outro sentido, a Igreja é edificada ‘sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas’ (Ef 2.20) […] A metáfora do templo do Espírito Santo confirma ainda mais que a terceira Pessoa da Trindade habita na Igreja, quer individual, quer coletivamente. Por exemplo: Paulo pergunta aos crentes de Corinto: ‘Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?… O templo de Deus, que sois vós, é santo’ (1Co 3.16,17).

2.4 A coluna e firmeza da verdade (1Tm 3.15). “A Igreja precisa, em primeiro lugar, manter a atitude firme e não ceder diante dos ataques contra a sã doutrina. Devemos em tudo praticar a verdade, seja em palavras, seja em ações (1Co 4.6; 2Co 1.19). Devemos andar na verdade (2Jo 4). Devemos a tempo e fora de tempo, ser defensores do Evangelho, assim como o apóstolo Paulo e outros o foram (Fp 1.16; At 24.5).” (BERGSTÉN, 2005, p. 227). “A Igreja deve ser o fundamento da verdade do evangelho. Ela sustenta e preserva a verdade revelada por Cristo e pelos apóstolos. Ela recebeu esta verdade para obedecê-la (Mt 28.20), escondê-la no coração (Sl 119.11), proclamá-la como a palavra da vida (Fp 2.16), defendê-la (Fp 1.17) e demonstrar seu poder no Espírito Santo (Mc 16.15-20; At 1.8; 4.29-33; 6.8).” (STANPS, 1995, p. 1869).

III  – A MISSÃO DA IGREJA DO DEUS VIVO

 Diante de tantos ataques e investidas do reino das trevas através de ideologias, doutrinas antibíblicas e pautas progressistas, é dever da Igreja cumprir a sua missão na Terra, influenciando, sem se deixar ser influenciada pelo espírito da Babilônia. Dentre as muitas atividades da Igreja, citaremos apenas três: 

3.1 Evangelizar. É missão da Igreja levar as boas novas de salvação a toda criatura (Mt 28.19; Mc 16.15; Lc 24.47; At 1.8; Rm 10.13-17). Todo cristão deve estar ocupado com a pregação do evangelho, pois, o desejo de Deus é que todos os homens sejam salvos, e venham ao conhecimento da verdade (Jo 3.16; Tt 2.11; 1Tm 2.4; 2Pe 3.9). Assim como Jesus, que dedicou grande parte do seu ministério a pregação do Evangelho (Mt 4.23; 9.9-13; 35,36; Lc 19.1-10; Jo 3.1-8; 4.1-26) e a igreja primitiva, que todos os dias anunciava a Cristo aos perdidos (At 2.37-41; 8.1-7,26-40; 11.19-26), a Igreja não pode deixar de anunciar a salvação através da fé em Cristo (At 4.20; Rm 1.14-17; 1Co 9.16). 

3.2 Ensinar a Palavra de Deus. Jesus, o maior Mestre que este mundo já conheceu (Jo 13.13), além de evangelizar, também se dedicou ao ensino (Lc 4.15,31; 5.3; 13.10; 19.47;21.37; Jo 7.14; 8.2). E, seguindo o exemplo do Mestre, a Igreja Primitiva jamais se descuidou da tarefa de ensinar as Sagradas Escrituras (At 5.42; 20.20; 11.26; 18.25). Diversas vezes o apóstolo Paulo exortou seus filhos na fé a ensinarem a Palavra de Deus (Rm 12.7; 1Tm 3.2; 4.11,13; 6.2; 2Tm 2.24). Neste mundo caracterizado pelo ateísmo, materialismo, ceticismo e incredulidade, mais do que nunca, devemos ensinar a Bíblia Sagrada, pois ela é inspirada por Deus (2Tm 3.16; 2Pd 1.20,21); ela é viva e eficaz (Hb 4.12; Is 55.10,11); e, é também, a inerrante e infalível Palavra de Deus (Pv 30.5; Is 40.8; 1Pd 1.24,25).

3.3 Combater os falsos ensinos. Uma das principais atividades do “espírito da Babilônia” é propagar os falsos ensinos. Com o advento da internet e das redes sociais, abriram-se novas oportunidades para evangelização, mas, também, para a propagação das heresias. Por esta razão, a Igreja do Deus vivo deve se ocupar, não apenas com a pregação do Evangelho e do ensino da Palavra de Deus, mas, também, no combate as heresias. Diversas vezes a Bíblia nos exorta sobre os perigos dos falsos ensinos, bem como da necessidade de combatê-los (Rm 16.17; 1Co 11.19; Ef 4.14; 1Tm 1.3; 4.1; 2Pd 2.1-3). Mais do que nunca, a igreja deve empenhar-se no combate às heresias e aos falsos ensinos: “Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que sejais poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes” (Tt 1.9). 

 CONCLUSÃO

 A Igreja do Deus vivo não pode se deixar ser influenciada pelo espírito da Babilônia, com seus enganos e pautas progressistas, cujas doutrinas e práticas vão de encontro aos princípios estabelecidos na Palavra de Deus. Mas, pelo contrário! Como coluna e firmeza da verdade, ela deve cumprir a missão que Cristo lhe entregou, pregando o Evangelho, ensinando a Palavra de Deus e combatendo os falsos ensinos.             

  REFERÊNCIAS                                                                                                                                                            

  • BAPTISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o Império do Mal. CPAD.
  • BERGSTÉN, Eurico. Teologia Sistemática. CPAD.
  • COUTO, Geremias do. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
  • HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. CPAD.
  • PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. VIDA.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.  CPAD.

Fonte: portal rbc1/lições

PRÓXIMO TRIMESTRE

PRÓXIMO TRIMESTRE

 

Paulo e sua dedicação aos vocacionados

4º TRIMESTRE 2021

O APÓSTOLO PAULO

Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a Igreja de Cristo

COMENTARISTA:  Pr. ElienaiCabral

LIÇÃO 09 – PAULO E SUA DEDICAÇÃO AOS VOCACIONADOS – (ATOS 20.17-34)

INTRODUÇÃO

Na lição de hoje estudaremos a dedicação do apóstolo Paulo aos vocacionados, ou seja, àqueles que Deus separa dentre o seu povo para servir na obra do Senhor. Esse cuidado é revelado nas epístolas paulinas, mediante as advertências e as recomendações que o apóstolo faz. Dessa forma, o apóstolo traça o perfil que deve ser alcançado por aqueles que desejam servir na casa de Deus.

I – AS ADVERTÊNCIAS DE PAULO AOS VOCACIONADOS

O apóstolo Paulo fez várias advertências, tanto à igreja, de forma geral, como aos vocacionados ao santo ministério. Entre eles podemos citar Timóteo e Tito. O objetivo desses alertas era preservar a casa do Senhor de danos causados pelos falsos mestres e pelos falsos ensinos. Além disso, era preocupação do apóstolo manter o padrão da sã doutrina, de forma que ela não fosse violada pelos hereges. Notemos:

1.1 Cuidados com os falsos mestres. Um dos alertas que o apóstolo Paulo fez aos presbíteros em Éfeso foi sobre a entrada de falsos mestres no seio da Igreja de Cristo: “[…] homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si” (At 20.29,30). Escrevendo aos coríntios, ele adverte que os falsos apóstolos podem se transfigurar em apóstolos de Cristo (2Co 11.13). No entanto, são falsos doutores movidos pela avareza (2Pd 2.1). Ainda existem outras características dos falsos mestres que são apresentadas na Palavra de Deus, tais como: a) hereges (2Pd 2.1,12); b) mentirosos (1Jo 2.22), e c) escarnecedores (2Tm 3.2). A partir desses textos, entende-se a preocupação do apóstolo em alertar aos vocacionados para o ministério sobre os falsos mestres e suas heresias.

1.2 Cuidados com os falsos ensinos. A instrução bíblica deve ser ministrada não apenas para a edificação, mas também para refutar e combater os falsos ensinos. O apóstolo Paulo diz a Timóteo: “que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina” (1Tm 4.2). Paulo conhecia a ação dos falsos mestres, que não se moldavam aos padrões bíblicos e sabia que muitos iriam seguir seus falsos ensinos. Por isso, ele diz que viria um tempo em que muitos fariam “doutores conforme as suas próprias concupiscências” (2Tm 4.3).

1.3 Cuidado em preservar a sã doutrina. Paulo advertiu sobre a preservação da sã doutrina: “Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé e na caridade que há em Cristo Jesus” (2Tm 1.13). As “sãs palavras” são a revelação original e fundamental de Cristo e dos apóstolos, bem como as doutrinas bíblicas ensinadas a Timóteo por Paulo. Timóteo devia conservar essas verdades com fé em Jesus Cristo e amor a Ele; nunca se apartar delas, e não as comprometer, mesmo que sua fidelidade para com elas importasse em sofrimento, rejeição, humilhação e zombaria. Hoje, em algumas igrejas, a ideia popular em moda é enfatizar que é a experiência, e não a doutrina, o que mais importa. As Epístolas Pastorais de Paulo contradizem firmemente tal coisa (1Tm 1.10; 6.3; Tt 1.9,13; 2.1,2,8) (STAMPS, 1995, p. 1877).

II – RECOMENDAÇÕES DO APÓSTOLO PAULO AOS VOCACIONADOS

As recomendações do apóstolo Paulo, quando dirigidas aos vocacionados, sempre foram no sentido de uma exortação, ou seja, um estímulo, um encorajamento com um objetivo de defender a pureza do Evangelho, em face dos falsos ensinos (1Tm 1.3-7; 4.1-8; 6.3-5,20,21), bem como a respeito das qualificações espirituais e pessoais exigidas daqueles que são chamados por Deus para servir na obra. Vejamos:

2.1 Fidelidade (1Tm 4.12,13,15). A fidelidade é indispensável na vida de um salvo, pois envolve todas as áreas da sua vida. Fidelidade a Deus, ao cônjuge, aos filhos, à igreja, nos negócios, enfim, fidelidade em todas as áreas da vida: “… além disso, requer-se… que cada um se ache fiel” (1Co 4.1,2).

2.2 Vigilância (1Tm 4.16). O crente que não é vigilante pode tornar a sua vida uma tragédia. É preciso ser vigilante em todas as áreas, para que os nossos adversários, inclusive o Diabo, não tenha do que nos acusar. O crente deve ficar sempre de prontidão e nunca dormir em relação ao seu testemunho pessoal, pois o inimigo não dorme, mas trabalha dia e noite, procurando uma brecha para entrar e destruí-lo (1Pd 5.8; 1Ts 5.6).

2.3 Resiliência (2Tm 2.3-5). Hoje muitos não querem mais sofrer por amor a Cristo. O crente não foi chamado só para viver um evangelho de conforto, mais também de sofrimento e provação. O apóstolo Paulo, escrevendo aos filipenses, diz: “Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele, tendo o mesmo combate que já em mim tendes visto e, agora, ouvis estar em mim” (Fp 1.29,30; vejamos ainda 2Tm.2.11-13).

2.4 Verdade (2Tm 4.1-5; Tt 2.1). O crente aprovado é verdadeiro porque vive na verdade e prega a palavra da verdade. Só pode pregar a palavra da verdade, aquele que é verdadeiro. Quando o apóstolo Paulo disse “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”, isto significa dizer que, para se apresentar a Deus aprovado, é preciso estar vivendo a verdade. Quem vive a verdade tem aprovação de Deus, não é envergonhado por ninguém e tem autoridade de manejar bem a Palavra da Verdade.

2.5 Humildade (1Tm 6.3,4, 11). A humildade é uma virtude que identifica o verdadeiro homem de Deus. O servo aprovado não deve ser orgulhoso, soberbo e de olhar altivo, e sim, amigo, comunicativo, amável, generoso e humilde (Ef 4.1,2). A palavra de Deus nos diz: “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda” (Pv 16.18); diante da honra, vai a humildade” (Pv 18.12).

2.6 Disposição (2Tm 2.15a). Quando Paulo disse ao seu discípulo Timóteo “Procura apresentar-te a Deus aprovado”, que significa: “procura estar sempre disponível para Deus”. Nenhuma ocupação terrena pode privar-nos desta disponibilidade (2Tm 2.4). É claro que há crentes que têm suas atividades profissionais, e que delas depende sua sobrevivência. Estes devem buscar organizar de tal maneira o seu tempo, de sorte que haja a maior disponibilidade possível para trabalhar na obra de Deus.

III – COMO SERVIR A DEUS SENDO UM COOPERADOR VOCACIONADO

Diante da grande responsabilidade de salvaguardar a verdadeira doutrina bíblica e de transmiti-la aos fiéis, o apóstolo Paulo expõe algumas características imprescindíveis que devem ser encontradas nos vocacionados que desejam servir no ministério da Palavra.

3.1 Bom caráter. O dicionarista Houaiss (2001, p. 620) define a palavra “caráter” como “o conjunto das qualidades boas ou más de um indivíduo que lhe determina a conduta – como a pessoa age”. Paulo escreve a Timóteo, dizendo que aquele que almeja cooperar na obra do Senhor excelente obra almeja (1Tm 3.1). No entanto, estará apto para esse serviço se, além de ter a chamada divina, for irrepreensível no seu caráter: “Convém,pois, que… seja irrepreensível” (1Tm 3.2-a). No texto de Atos 16.2, ver-se que Timóteo era reconhecido em sua cidade Listra e também em Icônio. É muito animador ver que existem pessoas que são capazes de causar uma boa impressão. Porém, no caso de Timóteo, o seu testemunho falava alto, a ponto de pessoas de outra cidade reconhecerem a sua fé. Portanto, é imprescindível que aquele que coopera na obra de Deus possua as qualificações morais que a Bíblia exige (At 6.3; 1Tm 3.1-16; Tt 1.5-9).

3.2 Irrepreensível. Paulo lembrou a Timóteo o exemplo de Jesus diante de Pôncio Pilatos: “Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza.” (1Tm 4.12; 6.13-16). Ter um bom testemunho perante as pessoas, obedecer aos mandamentos de Cristo e guardá-los sem mácula, com um coração puro, íntegro e sincero perante Deus. Que as pessoas ao nosso redor reconheçam em nós o caráter de Jesus! Ser sal e luz e fazer toda a diferença! Timóteo imitou o modo de vida de Paulo; escolheu alguém que agradava à Deus e seguia os passos de Cristo; tirou para si tudo o que havia de bom na figura de Paulo. Todos aqueles que irão viver a eternidade deverão ser encontrados irrepreensíveis antes da volta de Cristo (1Tm 6.6-7; 2Pd 3.14; Mt 5.8).

3.3 Responsável. O dicionarista Houaiss (2001, p. 2440) define a palavra “responsável” como “aquele que responde por seus atos ou pelos de outrem; que tem condições morais ”. O serviço do Senhor precisa ser feito com muita responsabilidade, visto que aquilo que fazemos e a maneira como realizamos serão submetidos à análise no Tribunal de Cristo, onde as obras dos salvos serão julgadas (Rm 14.10; 1Co 3.13-15; 1Co 5.10).

3.4 Conhecedor e pregador da Palavra de Deus. Paulo nos aconselha a pregar a Palavra de Deus. Não podemos perder as oportunidades de ministrar a Palavra aos nossos amigos e familiares, mesmo quando sabemos que os confrontaremos. Devemos atender a este mandamento do Senhor e pregar. Não calar os nossos lábios e dizer aquilo que o Senhor tem colocado em nosso coração é dever cristão (2Tm 4.1-2; 1Tm 6.17-21). O apóstolo Paulo já afirmou: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, e que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (2Tm 3.14-15).

CONCLUSÃO

Na lição de hoje aprendemos que o apóstolo Paulo se dedicou muito na formação espiritual dos vocacionados ao ministério. Para isso, Paulo fez várias recomendações e advertências, e, por fim, traçou o perfil esperado daqueles que desejam servir na obra de Deus.

REFERÊNCIAS

  • ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
  • CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia.
  • Dicionário da Lingua Portuguesa. OBJETIVO
  • HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento. CULTURA CRISTÃ.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: portalrbc1.

Jó e a realidade de satanás

4º TRIMESTRE 2020

A FRAGILIDADE HUMANA E A SOBERANIA DIVINA

O sofrimento e a restauração de Jó

COMENTARISTA:  Pr. José gonçalves

LIÇÃO 03 – JÓ E A REALIDADE DE SATANÁS
(JÓ 1.6-12; 2.4,5)

INTRODUÇÃO

Na lição de hoje iremos estudar o significado do termo Satanás, iremos analisar a expressão filhos de Deus aplicadas aos anjos no livro de Jó, e por fim veremos quais as recomendações bíblicas para resistir as astutas ciladas do reino das trevas.

I – QUEM É SATANÁS

1.1 Significado do termo: O termo heb. Satan, “adversário”, “acusador”, humano ou angelical (Sl 109.6,29; Nm 22.22) e o termo gr. Satan(as) é o líder de espíritos caídos ou demônios (Mt 12.24). Mais do que outros anjos, Satanás é “magnífico em poder” (Sl 103.20; Jd 9), porém é limitado em termos de espaço (Jó 1.7), e só pode operar tendo a permissão divina (Jó 1.12; Cf. 1 Co 10.13). (WICLIFFE, 2010, p. 1772). Além do fato de ser espiritual, capaz de agir sobrenaturalmente (Jó 1.7), Satanás, por exemplo, também demonstra ser possuidor de inteligência e conhecimento (Jó 1.7; 9). Ele demonstra conhecer Jó e a sua forma de comportar-se (Jó 1.7). Essas mesmas características são demonstradas por Satanás quando tentou a Cristo. Ele sabia, por exemplo, quem era Jesus e foi capaz de argumentar com Ele (Mt 4.1-11). O Diabo do livro de Jó e o do Novo Testamento são, portanto, a mesma pessoa (GONÇALVES, 2020, p.58)

1.2 Origem e queda de Lúcifer. No AT há dois textos clássicos que são aceitos pela maioria dos estudiosos como reveladores da origem e da queda de Lúcifer. O primeiro, na ordem aqui utilizada (Ez 28.11-19), enfatiza mais a sua origem, e o segundo (Is 14.12-16) trata mais da sua queda. Embora haja muitas discussões sobre a identidade de Satanás nesses textos, após uma exegese bíblica que considera os aspectos literários da época tais como poesia, figura de retórica própria da literatura hebraica e a duplicidade profética (dupla referência em uma só mensagem), chega-se à conclusão de que, sem sombra de dúvida, ambos os textos fazem menção clara à figura de Satanás, e isso por algumas razões: (a) a Bíblia exalta Daniel por sua sabedoria, integridade e justiça (Ez 14.14), porém o rei de Tiro, é referido como mais sábio do que o profeta (Ez 28.3); (b) que homem no mundo, além do Filho Unigênito de Deus, foi considerado por Ele um ser perfeito? (Ez 28.15), um rei humano de carne e osso e ainda pagão seria assim declarado por Deus? (c) quando Deus quer fazer referência ao início da vida de alguém, se é dito: “desde o dia em que nasceste” (Rt 2.11; Jr 22.26), mas nunca: “desde o dia em que foste criado” (Ez 28.15), isso porque os anjos não nascem e não procriam, eles foram criados um a um; e, (d) esse personagem é chamado de “querubim ungido” (Ez 28.14), categoria angelical mais elevada; nos dando a entender que há uma relação entre o rei de Tiro e Lúcifer que forma um paralelismo, da mesma forma como Daniel identifica Antíoco Epifânio ao homem do pecado, o anticristo (Dn 9.27; 12.11; Mt 24.15; 2Ts 2.3,4) (BRUNELLI, 2016, pp. 439-441 – acréscimo nosso).

1.3 Os seus nomes: O texto bíblico apresenta vários nomes para esse ser caído, que expressa a sua natureza maldosa e perversa: Diabo (Ap 12.9). Satanás (Ap 20.2). Dragão (Ap 12.3). O príncipe deste mundo (Jo 12.31). O príncipe das potestades do ar (Ef 2.2). O príncipe dos demônios (Mt 12.24). O rei dos terrores (Jó 18.14). O deus deste século (2 Co 4.4). De “ave do céu” no sentido enigmático (Mt 13.4,19). O tentador (Mt 4.3). O inimigo (Mt 13.39). O adversário (1 Pe 5.8). O anjo do abismo (Ap 9.11). A antiga serpente (Ap 12.9). Apoliom (Ap 9.11). Abadom (Ap 9.11). Estrela da manhã (Is 14.12). Esta palavra chegou até nós através da Vulgata Latina que traduziu o hebraico “hêbêl” (LXX -“heõsphoros”) em Isaías 14.12 por “Lúcifer”, literalmente este vocábulo significa “aquele que brilha” ou o “resplandecente”. Então a ARA traduziu por a “estrela da manhã”. A referência é aplicada ao rei de Babilônia e da inferência a Satanás (Is 14.12; Ez 28.13). O pai da mentira (Jo 8.44). O homicida (Jo 8.44). A mortalha (Is 14.19). O espanto (Ez 28.19). Belial (2Co 6.15). Belzebu (Mt 12.24). Querubim ungido (Ez 28.14). Querubim protetor (Ez 28.16). Esses últimos títulos foram perdidos na queda. (SILVA, 1987).

II – SATANÁS E O ACESSO AS REGIÕES CELESTES

2.1 Satanás tinha acesso aos céus? Muitos expositores bíblicos admitem essa ideia, mas que se tratava de um acesso com certa restrição. Essas evidências aparecem em algumas passagens do Antigo Testamento (1Rs 22.23; Jó 1.6-9; 2.1-6; Zc 3.1,2). É com base nessas passagens que Satanás é chamado de “o acusador de nossos irmãos” (Ap 12.10). A Bíblia de Estudo Pentecostal deixa transparecer essa interpretação: “Satanás é derrotado, precipitado, na Terra” (cf. Lc 10.18) e não lhe é mais permitido acesso aos céus”. Stanley M. Horton segue também nessa mesma linha de pensamento em seu comentário sobre o livro de Apocalipse. Mas, com a chegada vitoriosa de Jesus ao céu, não se achou lugar para o acusador dos irmãos, e assim não foi mais possível o acesso de Satanás e seus correligionários ao céu, pois eles “não prevaleceram; nem mais o seu lugar se achou nos céus” (Ap 12.8) (SOARES, 2018, p.57)

2.2 Satanás entre os filhos de Deus. A expressão “filhos de Deus”, em (Jó 1.6) é interpretada por alguns como sendo homens e por outros como sendo Anjos. Temos que lembrar que a frase, filhos de Deus, tanto pode ser aplicada a pessoas (Mt 5.9, Lc 20.36, Jo 1.12; 11.52, Rm 8.14, Gl.3.26; Fp 2.15;1 Jo 3.1) como a Anjos (Jó 38.7), pois é uma palavra polissêmica, podendo ter vários significados. O contexto da passagem bíblica precisa ser observado nesses casos. Em Gênesis 6.2,4 faz referência a homens, ou seja, a linhagem piedosa de Sete (Dt 14.1; 32.5; Sl 73.15; Os 1.10. No versículo em estudo no livro de Jó: “E vindo um dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o SENHOR, veio também Satanás entre eles.” (Jó 1.6.). Norman Geisler entende que sejam anjos (GEISLER, 2010, p. 223). O reconhecimento dos “filhos de Deus” como anjos fica também transparente na Bíblia de Estudo Pentecostal (1995, p. 769). Embora existam opiniões diferentes devemos ter em mente três verdades extraídas dos textos seguintes ao verso seis:

2.3 Satanás não é onipresente. Isto é confirmado no texto “Donde vens? e Satanás respondeu ao SENHOR e disse: De rodear a terra e passear por” (Jó 1.7). O ato de rodear a terra para averiguar os homens, demonstra limitação, provando assim ser essa criatura inferior ao Senhor dos Exércitos. O atributo da Onipresença, isto é, o espaço material não o limita em ponto algum. (Gn. 28.15,16; Dt 4.39; Js 2.11; Sl 139.7-10; Pv 15.3,11; Is 66.1; Jr 23.23,24; Am 9.2-4,6; At 7.48,49; Ef 1.23.) pertence exclusivamente a Deus. Da mesma forma todos os atributos incomunicáveis – aqueles que Deus não partilha com nenhuma criatura (onipotência, onisciência e onipresença, entre outros) torna o Senhor único. “A quem, pois, fareis semelhante a Deus ou com que o comparareis? (Is 40.18 cf. Is 46.5; At 17.29).

2.3 Satanás não é onipotente. O adversário não podia tocar em Jó sem a permissão de Deus. Diz o texto bíblico: “…somente contra ele não estendas a tua mão…” O controle e o governo desse mundo estão nas mãos do Deus todo poderoso (Gn 1.1; 17.1; 18.14; Êx 15.7; Dt 3.24; 32.39; 1Cr 16.25; Jó 40.2; Is 40.12-15; Jr 32.17; Ez 10.5; Dn 3.17; 4.35; Am 4.13; 5.8; Zc 12.1; Mt 19.26; Ap 15.3; 19.6). O inimigo de nossas almas não pode tocar em um crente fiel, a não ser sob permissão do Senhor Jeová. “…. mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca (1 Jo 5.18).

2.4 Ele é o acusador de nossos irmãos. Quando mente e acusa faz o que lhe é próprio de sua natureza caída. A Bíblia de Estudo Pentecostal (1995, p.769) recomenda como devemos vencer: “…o crente pode eliminar essas acusações por meio do sangue de Cristo, de uma boa consciência e da palavra de Deus” (Mt 4.3-11; Tg 4.7; Ap 12.11). Nossa confiança é reforçada pelo fato de termos como nosso Advogado perante o Pai, o Senhor Jesus Cristo (1Jo 2.1) que está a sua destra, intercedendo (Hb 7.25).

III – RESISTINDO AO DIABO

3.1 Revestir-se de toda a armadura de Deus. Paulo exorta a que nos revistamos das armas pertencentes a Deus: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus […]” (Ef 6.11), notemos que este ato implica na responsabilidade humana: “[…] Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz” (Rm 13.12) E certo que Satanás é o tentador (1 Ts 3.5), mas cada um é tentado “quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência” (Tg 1.14) […] Não pode, porém, levar a efeito nenhum ato desse tipo sem a participação (e até mesmo a iniciativa) humana. Ressaltar demasiadamente o papel dos demônios (segundo a nossa opinião) naquilo que se opõe a Deus, tende a amainar a responsabilidade humana e a denegrir a responsabilidade de Deus (HORTON, 2010).

3.2 Viver em constante vigilância. Uma recomendação não menos importante é que o cristão deve ficar firme: “[…] para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo” (Ef 6.11), do grego “histemi”, que significa: “ficar de pé, manter-se no lugar, continuar seguro, continuar pronto ou preparado”, isso indica estar de olhos abertos, atento, de prontidão para o combate visto o perigo a volta e sagacidade do inimigo (1Pd 5.8,9).

3.3 Perseverar em oração. Paulo faz referência a uma ferramenta imprescindível que nos proporciona a energia necessária para sermos vitoriosos, a oração: “Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos” (Ef 6.18). Podemos concluir que a oração faz parte permanente de todo o equipamento de guerra exposto nos versículos precedentes (Ef 6.14-17). Cada uma das armas espirituais, desde o “cinto” até a “espada”, deve ser vestida com a oração (CABRAL, 1999, p. 92)

CONCLUSÃO

Estudamos na lição de hoje que Satanás é um ser real e o acusador de nossos irmãos (Ap 12.11). Porém temos um Advogado que nos defende diante de Deus, Jesus Cristo. A Palavra de Deus nos garanti que podemos resistir ao Diabo através da oração e meditação na palavra e uma vida de comunhão com o Senhor.

REFERÊNCIAS

  • BRUNELLI, Walter. Teologia para pentecostais. Vl 02. CENTRAL GOSPEL.
  • CABRAL, Elienai. Comentário Bíblico: Efésios. CPAD
  • GONÇALVES, Josué. A Fragilidade Humana e a Soberania Divina: o sofrimento e a restauração de Jó. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
  • SILVA, Severino Pedro da. Os Anjos, sua natureza e ofício. CPAD
  • PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

Fonte: portalrbc1.