O papel da pregação no culto

 

1º TRIMESTRE 2024

O CORPO DE CRISTO

Origem, Natureza e Vocação da Igreja no mundo

COMENTARISTA:  Pr. José Gonçalves

LIÇÃO 12 – O PAPEL DA PREGAÇÃO NO CULTO – (2Tm 4.1-5)

INTRODUÇÃO

Nesta lição, destacaremos o conceito bíblico do que é pregação; mencionaremos que o ministério terreno de Cristo, foi caracterizado pela proclamação das boas novas com o propósito de alcançar a todas as pessoas; elencaremos também, principais eventos que mostram a pregação sendo colocada como prioridade no dia a dia da igreja primitiva; e por fim, abordaremos quais devem ser as características da pregação no culto e a sua devida importância.

I  – DEFINIÇÕES

1.1 Definição do termo proclamar. O verbo grego traduzido como “proclamar”, “kerysso” que quer dizer: “ser um arauto, proclamar como um arauto”, refere-se na prática à: “pregação do evangelho como a palavra autorizada (obrigatória) de Deus, trazendo responsabilidade eterna a todos que a ouvem” (GONÇALVES, 2024). Ainda podendo ser entendido como: “promulgação solene e urgente de um fato importante. Assim é descrito o anúncio do Evangelho em obediência ao ‘ide’ de Cristo” (Mt 28.18-19) (ANDRADE, 2006, p. 305).

1.2 Definição do termo pregação. Andrade define a pregação como sendo: “proclamação da Palavra de Deus, visando a divulgação do conhecimento divino, a conversão dos pecadores e a consolação dos fiéis” (2006, p. 303). Um dos termos usados é “kerygma”, que indica: “a mensagem do evangelho”; essa palavra aparece cerca de oito vezes no Novo Testamento (Mt 12.41; Lc 11.32; Rm 16.25; 1Co 1.21; 2.4; 15.14; 2Tm 4.17; Tt 1.3), indicando a pregação apostólica, que é a mensagem central e o fundamento do Novo Testamento (CHAMPLIN, 2004, p.367)

II  – A PREGAÇÃO NO MINISTÉRIO DE JESUS

Jesus exerceu um tríplice ministério de cura, pregação e ensino da palavra de Deus: “E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo” (Mt 4.23), essa ênfase na pregação no ministério do Senhor é Jesus, é vista frequentemente nos Evangelhos “E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo” (Mt 9.35), “E aconteceu, num daqueles dias, que, estando ele ensinando o povo no templo e anunciando o evangelho, sobrevieram os principais dos sacerdotes e os escribas com os anciãos” (Lc 20.1). Sua importância é ressaltada, quando essa mesma ênfase foi ordenada e confiada à igreja (Mt 28.19; Mc 16.15-18).

III  – A PREGAÇÃO NA IGREJA PRIMITIVA

A pregação é a parte central do culto cristão e sem ela o culto fica sem brilho e objetivo, pois é através dela que a fé é gerada: “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam a paz, dos que anunciam coisas boas! Mas nem todos obedecem ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus (Rm 10.14-17; ver Gl 3.2); é a vontade de Deus, que todos se arrependam e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (At 17.30; 1Tm 2.4), para tanto percebemos a pregação sendo evidenciada na vida da igreja primitiva. Vejamos:

3.1 No ministério de Pedro. Após ser revestido com o poder do Espírito Santo, o apóstolo Pedro pregou um sermão bíblico (At 1.16), totalmente cristocêntrico, começando com: “[…] Jesus Nazareno” (At 2.22) e, terminando com: “[…] Senhor e Cristo” (At 2.36), resultando em quase três mil almas para o Reino de Deus. Desde então, seu ministério foi marcado pela proclamação das boas novas, na unção do Espírito. Como se pode ver em vários momentos: (a) diante do espanto dos que presenciaram o milagre realizado na porta formosa do templo (At 3.12-26); (b) diante da indagação e da oposição do sinédrio (At 4.8-22); e, (c) na casa do centurião Cornélio (At 10.34-48).

3.2 No ministério de Paulo. O apóstolo Paulo em razão da sua importância no cenário cristão, destacou-se quanto ao compromisso de proclamar a Palavra de Deus de tal forma que sempre lembrava: “Para o que (digo a verdade em Cristo, não minto ) fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios, na fé e na verdade” (1Tm 2.7; 2Tm 1.11), o que podemos ver com facilidade tanto em seu exemplo (At 9.20,22; 13.5,16; 14.1,21,22,25; 16.13,31; 17.2,3,17;18.4,5,11; 19.8,13; 20.25; 28.31), como em seus ensinamentos (1Tm 4.6-11,13,16; 5.17; 6.3-5; 2Tm 1.13; 2.14,15; 4.2).

IV  – CARACTERÍSTICAS DA PREGAÇÃO NO CULTO

O apóstolo Paulo prevendo o fim de seus dias (2Tm 4.6,7), trouxe à tona para o jovem obreiro Timóteo, compromissos que deveriam caracterizar sua conduta como servo de Deus e da igreja do Senhor. Entre esses o de pregar o Evangelho de forma genuína, frente a um tempo de resistência à verdadeira mensagem de Deus (2Tm 4.3,4). Nesse intuito, o apóstolo destaca características que deve ter a pregação no culto:

4.1 Seriedade: “Conjuro-te, pois […]” (2Tm 4.1-a). A palavra conjuro-te, do grego: “diamarturomai” que indica: “testificar sob juramento, atestar, testificar a, afirmar solenemente”, é enfática e tem peso de afirmação legal. O apóstolo elaborara detalhadamente a responsabilidade que está sobre o ministro cristão. Agora ele incumbe Timóteo de assumir este encargo em plena conscientização de que, no desempenho de suas obrigações, ele é responsável diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo (2Co 5.10). A pregação da Palavra era tão importante para Paulo e para o ministério da igreja que ele ordenou “uma ordem militar” que Timóteo continuasse a pregá-la. Paulo recorre a Cristo como testemunha de sua ordem e lembra a Timóteo que, um dia, o Senhor retornará e testará o ministério dele. O pregador infiel que acrescenta algo à mensagem ou dela subtrai será reprovado no dia do acerto de contas (Ap 22.18).

4.2 Fidelidade: “pregues a palavra […]” (2Tm 4.2-a). Pela expressão “a palavra”, o apóstolo quer dizer a mensagem relativa a Cristo como Redentor, Salvador e Senhor. Este deve ser o teor da pregação cristã. Nenhum sermão é realmente sermão, a menos que deixe explícita a verdade bíblica. O pregador é um arauto de Cristo, não pode mudar a mensagem que lhe foi confiada: “porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus” (At 20.27), não pode alterar a essência da mensagem, na tentação de torná-la palatável aos homens: “Porque nós não somos, como muitos, falsificadores da palavra de Deus; antes, falamos de Cristo com sinceridade, como de Deus na presença de Deus” (2Co 2.17).

4.3 Urgência: “[…] instes a tempo e fora de tempo […]” (2Tm 4.2). O pregador precisa ter um profundo senso de urgência, o verbo grego “ephistemi”, traduzido por “instar”, significa literalmente: “estar de prontidão”. A tempo e fora de tempo pode ser traduzido por “insista em todas as ocasiões, convenientes ou inconvenientes”. Esta determinação nos mostra o senso de urgência que deve caracterizar nossa pregação (At 8.26-30). Isso acarreta necessariamente a responsabilidade de corrigir e repreender (redarguas e repreendas) e o dever mais positivo de animar (exortes). Temos de provocar em todos que nos ouvem a disposição de reagir em total obediência à Palavra de Deus. Acima de tudo, o servo de Deus deve cultivar a graça da paciência (longanimidade), em seus esforços de levar as pessoas a Cristo e ministrar-lhes o ensino segundo a verdade cristã (doutrina).

V  – A IMPORTÂNCIA DA PREGAÇÃO BÍBLICA NO CULTO

5.1 Para nosso ensino. Paulo diz: “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito […]” (Rm 15.4). Segundo Champlin (2004, p. 855):“Paulo faz aqui uma pausa momentânea a fim de relembrar aos seus leitores qual a autoridade e qual o devido uso das Escrituras. Ele também quis dar a entender, que ela está repleta de boas coisas para nossa instrução moral e espiritual, e a igreja tem feito bom emprego dela, quanto a esses propósitos”.

5.2 Para aviso nosso. O mesmo apóstolo assevera acerca da Bíblia que as coisas que estão escritas: “[…] estão escritas para aviso nosso […]” (1Co 10.11). Para exortar os crentes de Corinto, Paulo utiliza-se do mau comportamento do povo de Israel no deserto (1Co 10.1-6). O apóstolo diz que este exemplo negativo serve de aviso a fim de que não caiamos nos mesmos erros (1Co 10.6,11). Segundo Champlin (1995, p. 396 – acréscimo nosso) a palavra “aviso” no original grego é: “nouthesia”, que significa: “admoestação”, “instrução”, “aviso”, que é utilizada tanto no sentido positivo quanto negativo, ou seja, uma atitude que pode ser reproduzida ou evitada”. Os bons exemplos quanto os maus exemplos de personagens das Escrituras também foram registrados para nos trazer advertências;

5.3 Para nos instruir no caminho certo. Paulo descreveu para o jovem obreiro Timóteo quais os muitos propósitos da pregação das Escritura em relação ao homem: “Toda a Escritura é […] proveitosa para ensinar, […] redarguir, […] corrigir, […] instruir em justiça” (2Tm 3.16). Tudo que foi escrito, o foi para nos instruir no caminho da justiça. Segundo Champlin (1995, p. 396 – acréscimo nosso), no tocante à justiça que no grego é: “dikaiosune”, fica indicado o “treinamento naquilo que é reto”. Porém, no sentido cristão, “praticar o que é reto” consiste em cultivar o caráter moral de Cristo, o qual, por sua vez, reproduzirá a moralidade de Deus Pai”.

CONCLUSÃO

Em razão dos tempos difíceis que marcam os últimos dias da Igreja do Senhor na terra, precisamos reafirmar o valor das Escrituras e da sua proclamação, ocupando um lugar proeminente no culto cristão

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
  • CHAMPLI, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
  • GONÇALVES, José. O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e Vocação da Igreja no Mundo. 1 ed. RJ: CPAD, 2024.
  • VINE, W. E. Dicionário Vine. CPAD.

Fonte: portal rbc1/lições

O culto na Igreja cristã

 

1º TRIMESTRE 2024

O CORPO DE CRISTO

Origem, Natureza e Vocação da Igreja no mundo

COMENTARISTA:  Pr. José Gonçalves

LIÇÃO 11 – O CULTO NA IGREJA CRISTÃ – (Ef 5.15-21)

INTRODUÇÃO

Nesta lição destacaremos princípios que são indispensáveis ao modelo de culto aceito por Deus; elencaremos elementos que devem existir na liturgia da adoração oferecida ao Senhor; e por fim, pontuaremos características do verdadeiro culto pentecostal.

I  – PRINCÍPIOS BÍBLICOS INDISPENSÁVEIS AO CULTO

Devemos lembrar que o culto não é espetáculo nem um show caracterizado por som alto e dançante, gelo seco, roupas extravagantes, músicas carregadas de agressividade e barulho, nos mais diversos ritmos, tais como rock, funk, rap, e axé, onde os participantes estão mais interessados em euforia, gritaria, diversão e auto satisfação. Todo elemento que intervém nesta relação, desviando a atenção para si, não atende à finalidade do culto, que é elevar o homem a Deus (Sl 73 25-28; 1Co 10.31). Como veremos, o culto é importante porque Deus atribui a ele um valor espiritual e singular. Notemos:

1.1 O culto deve ser teocêntrico. “… preste culto somente a Ele” (Mt 4.10; Dt 6.13; Êx 20.4; Lv 26.1; Sl 97.7; Lc 4.8). Deus é zeloso da adoração e do culto oferecido a Ele. “Não adore essas coisas, nem preste culto a elas, porque eu, o Senhor, … sou Deus zeloso…” (Dt 5.9 – NAA; Sl 78.58; 1Co 10.20-22). Deus quer ser adorado pelos seus filhos: “…Assim diz o Senhor:

Israel é meu filho… deixe meu filho ir para que me adore…” (Êx 3.12 – NAA). Percebamos que a adoração precede ao culto: “Adore … e preste culto somente a Ele” (Mt 4.10 – NAA); “Temam … e sirvam a Ele…” (Dt 6.13 – NAA).

 1.2 O culto deve ser espiritual. A primeira característica da adoração é que ela deve ser de adoradores que “… adorem em espírito …” (Jo 4.23). Somente uma adoração espiritual pode gerar um culto espiritual e verdadeiro. Por isso, os sacrifícios no culto cristão são espirituais: (a) o corpo (Rm 12.1,2); (b) o louvor (Hb 13.15); (c) a prática do bem (Hb 13.16); e, (d) a mútua cooperação (Hb 13.16; Fp 4.18).

1.3 O culto deve ser verdadeiro e reverente. A Bíblia nos ensina que o verdadeiro culto ao Senhor deve ser verdadeiro (Is 29.13; 1Sm 15.22; Is 1.10-17; Dt 10.12; Ez 33.31; Jo 4.23). Nossa liturgia é simples e pentecostal, conforme o modelo do Novo Testamento: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” (1Co 14.26). Ela consiste em oração, louvor, leitura bíblica, exposição das Escrituras Sagradas ou testemunho e contribuição financeira, ou seja, ofertas e dízimos. Entendemos que a adoração está incompleta na falta de pelo menos um desses elementos, exceto se as circunstâncias forem desfavoráveis ou contrárias (SOARES [Org.], 2017, p. 145). É preciso ter reverência nos cultos ao Senhor (Êx 19.16-25; 20.18-19; Ec 5.1; Hb 10.19-22; 1Co 14.40 Hb 12.28).

1.4 O culto deve ser espontâneo e alegre (Êx 35.5,21,29; 2Cr 5.12-14).  No NT há espontaneidade para orar e interceder: “Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas” (1Tm 2.8). A espontaneidade chegou a tal ponto que houve necessidade de estabelecer ordem e limites na igreja primitiva (1Co 12.3;14).

II  – O CULTO CRISTÃO E A LITURGICA NA BÍBLIA

 Nos diversos atos litúrgicos registrados na Bíblia estão traçados os elementos do culto cristão. Notemos:

2.1 Elementos litúrgicos do Tabernáculo e do Templo. Fazia parte da liturgia judaica: a) oração (2Cr 7.1); b) sacrifício (1Sm 1.3); c) oferta (Dt 26.10; 1Cr 16.29); d) louvor e cântico (2Cr 7.3); e) a oração antífona do Shema, “ouve Israel”, a confissão de fé dos judeus (Dt 6.4); f) a leitura bíblica (Ne 8.1-8; Lc 4.16,17); e, g) e a exortação (At 13.15) (SOARES [Org.], 2017, p. 145). Os sacrifícios, apontavam de forma tipológica a Cristo e se cumpriram nEle, não sendo mais praticados pela Igreja (Hb 9;10).

2.2 Elementos litúrgicos de Esdras (Ne 8.1-12). Após a reconstrução do Templo o povo se congregou oferecendo um culto na seguinte ordem: a) proclamação – leitura da Lei de Moisés; b) pregação – interpretação da leitura; c) adoração – tempo para oração e adoração coletiva; e, d) comunhão – compartilhamento de alimentos e festejos.

2.3 Elementos litúrgicos de Jesus (Jo 14-17; Mt 26). Nos últimos atos de Jesus, ao instituir a Ceia, são claros os elementos litúrgicos: a) pregação (Jo 14-16); b) oração e intercessão (Jo 17); c) instituição dos símbolos [pão e do vinho]; e, d) cântico de adoração.

2.4 Elementos litúrgicos no culto da Igreja Primitiva (At 2.42). Na Igreja Primitiva também havia uma liturgia bem definida:

a) ensino da Palavra; b) comunhão através do comer juntos e das coletas (ofertas ou contribuições); c) partir do Pão – Ceia do Senhor; d) orações tanto na vida pessoal como comunitária ou congregacional. O apóstolo Paulo instruiu a igreja a preservar com: hinos, sempre eram cantados os Salmos; exposição da Palavra; manifestação dos dons espirituais – profecia e mensagem em línguas quando houvesse interpretação; e ofertas – denominadas de coletas (1Co 14.26; 1Co 16.1-3).

III  – DISTORÇÕES NO CULTO E NA LITURGIA DA IGREJA

O culto em algumas igrejas, infelizmente, tem se desviado dos padrões bíblicos e históricos, chegando-se a uma situação em que, em nome da liberdade e da espontaneidade, o culto se desvirtuou em muitas igrejas, sendo marcado pela irreverência, superficialidade e preocupação prioritária com as necessidades humanas, e não com a presença e a glória de Deus.

Notemos algumas mudanças no culto e liturgia da igreja ao longo da história:

3.1 O culto e liturgia na Igreja primitiva. O culto da igreja primitiva inspirou-se na liturgia das sinagogas. Nos cultos eram lidas passagens do Pentateuco e dos Profetas, seguindo-se uma exposição do texto. Também eram cantados salmos, especialmente o “Hallel” (Sl 113-118). O culto cristão foi extremamente simples (não simplório), constando de orações, cânticos, leituras do AT e dos livros dos apóstolos. Eram feitas exortações pelo dirigente, ensinamentos das verdades bíblicas, coletas (ofertório) e celebração da Ceia do Senhor (COUTO, 2016, pp. 47,48 – grifo nosso). Até o século III, o culto transcorria com a seguinte ordem litúrgica: a) Leitura da Palavra; b) Cântico de hinos; c) Oração em pé com a participação coletiva; d) celebração da Ceia do Senhor; e, e) Coleta para ajudar viúvas, enfermos, encarcerados (RODRIGUEZ, 1999. p. 43).

3.2 O culto e liturgia na Igreja da contemporaneidade. Infelizmente têm surgido muitas formas estranhas e até exageros nos cultos e liturgias em algumas igrejas em nossos dias: a) regressão espiritual. Uma espécie de “segunda conversão”, algo que a Bíblia condena veementemente (Nm 23.23; Jo 8.32; Gl 3.13; 2Co 5.17); b) dança no espírito. Davi dançou patrioticamente, mas, nunca no Templo, pois o templo é o local de adoração e reverência (2Sm 6.14-16; 1Cr 15.29); no NT não há menção a este comportamento entre os elementos do culto e a manifestação do Espírito; c) entrevista espiritual. Caracterizada por ênfase desordenada na atuação de satanás no mundo e na igreja, com conversações e entrevistas com demônios; d) maldição hereditária. Consiste em pactos ascendentes da família feitos com demônios que trazem maldição. A Bíblia é clara ao mostrar que tal doutrina é herética (Jr 31.29,30; Ez 18.2-4,20; Rm 8.1); e) riso no espírito. Propagado no Brasil, principalmente pelos grupos neopentecostais, onde as pessoas caem rindo no chão, histéricas e dando gargalhadas sem nenhum controle de suas ações; e, g) outras inovações. Introdução de elementos judaicos (judaização) no culto cristão etc.

3.3 Desafios quanto ao culto e a liturgia na atualidade. Diante do crescimento de outros movimentos denominados pentecostais e neopentecostais, bem como a comunicação global pela internet, a igreja tem vivenciado uma influência de modismos, substituindo, em alguns lugares, os elementos bíblicos que marcam o seu culto e liturgia como: Perda do costume da oração coletiva (Jz 21.2; Jz 2.4; 2 Cr 5.13; At 2.14; 4.24); diminuição de tempo para exposição da Palavra (Cl 3.16); perda da adoração cristocêntrica; perda da adoração ultracircunstancial; ênfase em mensagens de autoajuda; hinos, sem adoração, centrada apenas no homem e suas experiências (antropocentrismo); utilização de símbolos judaizantes (estrela de Davi, menorá, talit, kipá, shophar); aplausos substituindo a glorificação espontânea (Rm 15.9; Ap 4.9); e, danças e teatro nos cultos que retiram a centralidade da palavra, transferindo-a à estética.

IV  – OS ELEMENTOS DO GENUÍNO CULTO PENTECOSTAL

Os principais elementos do culto pentecostal são:

4.1 Oração. Oração é uma prece dirigida pelo homem ao seu Criador, com o objetivo de adorá-Lo e lhe pedir perdão pelas faltas cometidas, agradecer-Lhe pelos favores recebidos, buscar proteção e, acima de tudo, uma comunhão mais íntima com Ele (1Cr 16.11; Sl 105.4; Is 55.6; Am 5.4,6; Mt 26.41; Lc 18.1; Jo 16.24; Ef 6.17,18; Cl 4.2; 1Ts 5.17).

4.2 Hinos. Um dos principais elementos do culto é o louvor a Deus. Louvar a Deus significa servi-lo em espírito e em verdade. A música esteve presente no culto de Israel e da Igreja primitiva (Nm 10.1-10; Jz 7.22; Jó 38.7; Ef. 5.19; 1Tm 3.16; At 16.25). 

4.3 Leitura bíblica. A leitura da Bíblia é indispensável em um culto cristão e deve ser um momento de profunda reverência, onde os verdadeiros adoradores deverão acompanhar a leitura do texto. Encontramos diversos exemplos da leitura das Sagradas Escrituras, tanto no Antigo como no Novo testamento (Nm 24.7; Dt 31.26; Js 8.34,35; 2Cr 34.14-21; Ne 8.8; 9.3; Lc 4.14-21; At 17.11).

4.4 Contribuições. As ofertas representam a expressão de gratidão do cultuador (Êx 35.29; 36.3; Lv 7.16; 22.18), bem como os dízimos (Ml 3.10). Devemos dar a Deus parte daquilo que dEle recebemos (Êx 23.15; 2Co 9.7). A contribuição no culto é bíblica e deve ser oferecida tanto pelos ricos como pelos pobres (Mc 12.41-44).

4.5 Pregação. A pregação é a parte central do culto cristão e sem ela o culto fica sem brilho e objetivo, pois é através dela que a fé é gerada (Rm 10.14-17; Gl 3.2); é a vontade de Deus, que todos se arrependam e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (Ez 18.23; At 17.30; 1Tm 2.4). A mensagem deve ter a primazia no culto cristão e relegar isso é um grande perigo a Igreja.

4.6 Dons espirituais. Não se pode pensar em Culto Pentecostal sem a manifestação dos dons espiritais, pois ele é caracterizado não apenas pela verdadeira adoração ao Criador, mas também pelas manifestações espirituais e sobrenaturais do Espírito Santo entre os adoradores por meio dos dons espirituais (1Co 14.26). Além da adoração “Salmos”, e do ensino “doutrina”, no culto pentecostal a manifestação dos dons é comum. Paulo faz menção a diversos dons, tais como: revelação, língua, interpretação, profecia e outros (1Co 14.26-40). 

CONCLUSÃO

O culto verdadeiramente pentecostal é baseado no que Deus determinou por meio de sua Palavra. De modo que, os cultos que não possuem tais princípios, não fazem parte do verdadeiro pentecostalismo.

 

REFERENCIAS

  • COUTO, Vinicius. Culto Cristão: Origens, desenvolvimento e desafios contemporâneos. 1 ed. SP: Editora Reflexão, 2016.
  • GONÇALVES, José. O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e Vocação da Igreja no Mundo. 1 ed. RJ: CPAD, 2024.
  • HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. 1 ed. RJ: OBJETIVA, 2001.
  • KESSLER, Nemuel. O culto e suas formas. 1 ed. RJ: CPAD, 2016.
  • LUIZ, Gesse. Caminhos e Descaminhos na História da Liturgia Cristã. 1 ed. Curitiba: AD Santos, 2016.
  • MARTIN, Ralph P. Adoração na Igreja Primitiva. 2 ed. SP: Vida Nova, 2012.
  • SOARES, Ezequias [Org.]. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. 1 ed. RJ: CPAD, 2017.

Fonte: portal rbc1/lições

O propósito de Missões

 

4º TRIMESTRE 2023

ATÉ OS CONFINS DA TERRA

Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo

COMENTARISTA:  Pr. Wagner Gaby

LIÇÃO 13 – O PROPÓSITO DE MISSÕES (Ap. 5. 9-14)

INTRODUÇÃO

Estamos caminhando para o final deste trimestre tão maravilhoso, e hoje iremos estudar uma lição que tem um grande objetivo: o que eu tenho feito para que o reino de Deus seja expandido em meio a minha comunidade, bairro e cidade. Ao longo deste trimestre estivemos observando a obra missionaria de um ponto de vista geral e aplicando a realidade local, hoje é a hora de analisarmos o real proposito de missões em relação a nós mesmos. 

I – PORQUE DEVEMOS EVANGELIZAR

Dentre as muitas razões pelas quais devemos anunciar o evangelho, citaremos algumas:

1.1 Porque a humanidade está perdida. Por causa da desobediência de Adão, o homem tornou-se destituído da glória de Deus (Rm 3.23) e a situação espiritual da humanidade é de condenação e perdição (Rm 5.12,19; 6.23).

1.2 Porque somente Jesus Cristo pode salvar a humanidade. De acordo com as Escrituras, só existe um meio para que o homem possa obter a salvação: a fé em Jesus Cristo (Jo 3.16,17; At 4.12; Ef 2.8,9; I Tm 2.5). Mas, para que o pecador possa crer em Cristo, é necessário que alguém pregue o evangelho (Rm 10.13-17). Como poderíamos, então, deixar de falar do amor de Deus aos pecadores?

1.3 Porque temos pouco tempo. Os sinais que antecedem a Segunda Vinda de Cristo nos mostram que Jesus em breve voltará para vir buscar a Sua Igreja (Mt 24.1-14; Mc 13.1-13; Lc 21.5-36), como Ele mesmo prometeu (Jo 14.1-3; Ap 22.12). Por isso, devemos pregar a tempo e fora de tempo (2Tm 4.1,2).

II – O ALVO DA OBRA MISSIONARIA

 A evangelização não consiste apenas em anunciar as boas-novas de salvação, mas, também, no convencimento do pecador, por parte do Espírito Santo, e na integração do novo crente, por parte da igreja local, como veremos a seguir:

 2.1 Proclamação. É a primeira etapa da evangelização e consiste na comunicação ao pecador a respeito de sua condição de escravo do pecado (Rm 3.23; 6.23); da natureza e consequência dessa escravidão (Mc 16.16; Rm 5.18); do amor de Deus e de Sua providência, por intermédio de Jesus Cristo para salvação da humanidade (Jo 3.16; Rm 5,8); e da chamada divina para uma decisão por Cristo Jesus (Mt 11.28; Mc 16.15).

2.2 Convencimento. É a ação do Espírito Santo, por intermédio do crente e da exposição da Palavra de Deus, que convence o homem do seu estado pecaminoso, da justiça divina e do juízo vindouro (Jo 16.8-11). Após a conversão do pecador, o mesmo Espírito passa a habitar no novo crente, promovendo a regeneração (Jo 3.1-8; Tt 3.5-7).

2.3 Integração. Depois da conversão, o novo crente deve ser integrado à igreja local e conduzido ao discipulado, onde será conduzido ao desenvolvimento e amadurecimento da sua fé em Cristo Jesus (Ef 4.12,13; Cl 1.10; 1Pe 2.2). Escrevendo aos Coríntios, o apóstolo Paulo disse: “Eu plantei (evangelizador), Apolo regou (discipulador); mas Deus deu o crescimento” (1Co 3.6).

III – PREGAR O EVANGELHO, NOSSA RESPONSABILIDADE

Em seu livro “Manual de Evangelismo”, o pastor Valdir Bícego (1990, pp. 12-14) menciona como a Bíblia descreve a tarefa da evangelização. Vejamos:  

3.1 Como um mandamento. O Senhor nos ordenou pregar o evangelho, pois Ele quer que a mensagem da salvação alcance a toda criatura (Mc 16.15), todas as nações (Mt 28.19), todo o mundo (Mc 16.15), todas as aldeias (Mt 9.35), todos os lugares (At 17.30). Todos os crentes, sem exceção, receberam esta incumbência do Senhor (Mt 10.8; 1Pd 2.9). 

3.2 Como uma obrigação. O apóstolo Paulo via esta tarefa como uma obrigação: “[…] pois me é imposta esta obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho” (1Co 9.16). Não significa dizer que o crente deva pregar a Palavra constrangido ou forçado, e sim, que devemos sentir no nosso coração um profundo desejo de falar de Cristo aos pecadores, como o apóstolo Pedro, que disse: “Porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido” (At 4.20).

3.3 Como um dever de todo crente. A evangelização não é uma tarefa entregue apenas a liderança da Igreja, e nem a um grupo de cristãos, mas, a todos os salvos (Mt 28.19,20; At 1.8). Portanto, todo aquele que foi alcançado por tão grande salvação, deve falar de Cristo aos pecadores. O próprio Jesus disse: “[…] de graça recebestes, de graça daí” (Mt 10.8).

3.4 Como um desafio. Pregar o evangelho não é uma tarefa fácil. Todo aquele que se dispõe a anunciar a mensagem da salvação deve estar consciente que sobrevirão dificuldades. Os apóstolos, por exemplo, foram açoitados, ameaçados e até presos por pregar a Cristo (At 4.17,21,29; 16.22,23; 22.19,24,25). Paulo também enfrentou oposição por parte de Elimas, o encantador (At 13.8-12); no Areópago, por parte dos escarnecedores (At 17.32-34); e, nas suas viagens missionárias, por parte das autoridades religiosas de Israel (At 9.23; 13.45,50; 14.1-5).

 3.5 Como um privilégio. Um dos maiores privilégios do crente é poder cooperar com Deus. Paulo diz que nós somos “cooperadores de Deus” (1Co 3.9). E, quando estamos pregando a Palavra, o Senhor coopera conosco (Mc 16.20). Como é gratificante saber que, através de nós, muitas vidas poderão ser salvas (Rm 10.13-15; Jo 1.41,42). Paulo tinha esta experiência com os irmãos de Tessalônica (1Ts 2.7-11,19,20), e como alguns dos seus filhos na fé, como Tito (Tt 1.4) e Onésimo (Fm 10).

3.6 O compromisso de cada um de nós com a obra de missões. O sentimento do evangelizador deve ser o mesmo de Cristo: amor e compaixão pelas almas (Mt 9.36; 14.14; Mc 6.34; 8.2; Lc 7.13; Jo 10.11). Por isso, todo o seu ministério foi dedicado à conquista dos pecadores (Jo 4.34), pois Ele as via como ovelhas que não tem pastor (Mt 9.36) e como doentes que necessitavam de médicos (Mt 9.12). O amor pelas almas é o resultado de uma comunhão íntima com Deus (1Jo 4.19,20), bem como do conhecimento da perdição do pecador (Rm 6.23). O amor de Deus, derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5.9), nos impulsiona poderosamente a levar as Boas Novas aos perdidos (2Co 5.14). Assim, o ganhador de almas, como o apóstolo Paulo, não deve temer prisões, tribulações e nem mesmo a morte (At 21.13), mas, seu desejo é cumprir com alegria a sua carreira de testificar do evangelho da graça de Deus (At 20.23,24).

IV – O QUE EU POSSO FAZER?  

Segundo Horton (2006, pp. 299,300), “a Igreja é uma comunidade formada por Cristo em benefício do mundo. Cristo entregou-se em favor da Igreja, e então a revestiu com o poder do dom do Espírito Santo a fim de que ela pudesse cumprir o plano e propósito de Deus”. Muitos itens podem ser incluídos tais como: a evangelização, a adoração, a edificação e a responsabilidade social. Mas, em se tratando especificamente da evangelização, há cinco textos onde o Senhor Jesus comissiona seus discípulos para esta sublime tarefa, são eles: (Mt 28.18-20; Mc 16.15-20; Lc 24.46-49; Jo 20.21,22 e At 1.8). Esta missão que tem por objetivo proclamar o evangelho, seguida da mensagem de fé e arrependimento visando o homem em sua plenitude. Ela representa a responsabilidade da Igreja em promover o reino de Deus em meio à sociedade. Como representante do reino nesse mundo, a Igreja deve utilizar todos os meios legítimos para expansão do reino de Deus.

CONCLUSÃO

Como Igreja, devemos estar cônscios da nossa responsabilidade aqui na terra de proclamar as boas novas de salvação a todos os homens. Devemos utilizar dos diversos canais legítimos que dispomos, para que a mensagem de Cristo possa alcançar o maior número de pessoas. Esta, sem sombra de dúvida alguma, é a maior contribuição que podemos dar a nossa sociedade.

 REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário Teológico.
  • BÍCEGO, Valdir. Manual de Evangelismo.
  • BOYER, Orlando. Esforça-te para Ganhar Almas.
  • COLEMAN, Robert E. Plano Mestre de Evangelismo Pessoal.
  • GABY, Wagner. Até os confins da Terra. CPAD
  • GILBERTO, Antônio. A Prática do Evangelismo Pessoal.
  • HORTON, Stanley. Teologia Sistemática. CPAD
  • PEREIRA, Shostenes. Fundamentação Bíblica para Evangelização. BEREIA
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal para Juventude. CPAD.

Fonte: portal rbc1/lições

1° TRIMESTRE DE 2024

 TEMA: O CORPO DE CRISTO – Origem, Natureza e Missão da Igreja no Mundo

 Comentarista: José Gonçalves – Pastor da Assembleia de Deus em Água Branca (PI)

LIÇÕES ADULTOS - 1° TRIMESTRE DE 2024

SUMÁRIO: 
Lição 01: A Origem da Igreja
Lição 02: Imagens Bíblicas da Igreja
Lição 03: A Natureza da Igreja
Lição 04: A Igreja e o Reino de Deus
Lição 05: A Missão da Igreja de Cristo
Lição 06: Igreja: Organismo e Organização
Lição 07: O Ministério da Igreja
Lição 08: A Disciplina na Igreja
Lição 09: O Batismo – A Primeira Ordenança da Igreja
Lição 10: A Ceia do Senhor – A Segunda Ordenança da Igreja
Lição 11: O Culto da Igreja Cristã
Lição 12: O Papel da Pregação no Culto
Lição 13: O Poder de Deus na Missão da Igreja

A grande comissão: Um enfoque etnocêntrico

 

4º TRIMESTRE 2023

ATÉ OS CONFINS DA TERRA

Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo

  • COMENTARISTA:  Pr. Wagner Gaby

LIÇÃO 1 – A GRANDE COMISSÃO: UM ENFOQUE ETNOCÊNTRICO – (Mt 28.19,20; Mc 16.15-18)

INTRODUÇÃO

Finalizaremos o ano com um tema extremamente necessário para os dias atuais; a obra missionária. Infelizmente muitos tem esquecido que seu papel enquanto igreja ainda é levar o ide a toda a criatura. Sabemos dos grandes desafios, dificuldades e principalmente do esfriamento em muitas vidas, mas essas barreiras nunca tiveram forças para deter a Igreja. Na aula de hoje conheceremos de forma introdutória a temática deste trimestre abordando a importância das missões transculturais e sua importância nesta última hora da Igreja de Cristo aqui na terra. 

I  – DEFINIÇÕES IMPORTANTES

1.1 Grande Comissão. Em linhas gerais, a grande comissão é a ordenança dada por Jesus à Sua Igreja com o fim de levar as boas novas de salvação, a todos os povos, em todos os lugares, em todas as línguas a fim de alcançá-los para o reino de Deus (Mt 28.18-20; Mc 16.15-20; Lc 24.46-49; Jo 20.21,22; At 1.8). A Grande Comissão tem seu enfoque na vida das pessoas, envolvendo o aspecto espiritual, apontando para uma vida de reconhecimento do pecado e o arrependimento para que possam participar do reino de Deus. “A grande Comissão preocupa-se, principalmente, com a expansão da Igreja no universo dos que ainda não pertencem a Igreja, quem quer que seja, e onde quer que esteja” (GABY, 2023, p. 8). 

1.2 Etnocêntrico. O etnocentrismo é a inclinação a considerar a sua própria raça ou grupo social como o centro da cultura. Tal pensamento constitui-se uma barreira para que muitos possam levar, ou mesmo, receber o Evangelho. 

II  – A IGREJA E SUA MISSÃO

Segundo Horton (2006, pp. 299, 300) “a Igreja é uma comunidade formada por Cristo em benefício do mundo. Cristo entregou-se em favor da Igreja, e então a revestiu com o poder do dom do Espírito Santo a fim de que ela pudesse cumprir o plano e propósito de Deus”. Para Pereira (2023, p. 101) “o sermão profético anunciado por Jesus revela o que ocorrerá antes do fim de todas as coisas. Porém, na descrição do caos social e das catástrofes naturais que sobrevirão como sinais deste fim, Jesus visualizou a Igreja cumprindo sua tarefa: “…este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo…” (Mt. 24.14). A diferença está nessa realidade! Pois o mundo continuará descaído, mas a Igreja permanecerá como arauto de Deus”. Sendo assim acreditamos que precisamos relembrar alguns conceitos fundamentais que nos fazem IGREJA, pois Ela representa a responsabilidade da Igreja em promover o reino de Deus em meio à sociedade. Como representante do reino nesse mundo, a Igreja deve utilizar todos os meios legítimos para expansão do reino de Deus.

 2.1 A Igreja existe para evangelizar. Acerca de um dos propósitos pelo qual a igreja existe, afirmou o apóstolo Pedro: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pd 2.9). A Igreja tem diversas atribuições, no entanto, a mais excelente delas é a que justifica a sua presença aqui na terra: a sublime tarefa da evangelização. Segundo Horton (2006, p. 300), “na adoração, a Igreja volta-se para Deus; na edificação, atenta (corretamente) para si mesma; e, evangelização, a Igreja focaliza o mundo”.

 2.2 A Igreja é ordenada a evangelizar. A palavra “ordenar” segundo o Aurélio significa: “mandar, decretar”. A tarefa de evangelizar é uma ordenação divina a todo discípulo de Cristo e não somente aos apóstolos (Mt 28.19; Mc 16.15). “A ordenança bíblica da proclamação do Evangelho em todo o mundo (Mt 28.19,20; Mc 16.15) sinaliza o seu caráter universal, ou seja, o direito que todos os povos têm de ouvi-lo de forma clara e consciente para crerem no Senhor Jesus Cristo, arrepender-se de seus pecados e ter a certeza da vida eterna” (GILBERTO, 2008, p. 418).

 2.3 A Igreja se realiza evangelizando. Pedro não podia deixar de falar daquilo que tinha visto e ouvido, mesmo sofrendo afronta e açoites do Sinédrio (At 4.20; 5.40-42). Paulo tinha a evangelização como uma obra que lhe foi imposta (I Co 9.16). Ele se realizava em pregar o evangelho ainda que lhe custasse à vida (At 20.24). “O verdadeiro movimento pentecostal, missionário, ora pelas missões; contribui para as missões; promove as missões! É um movimento que vai ao campo missionário. A igreja que não evangeliza, muito breve deixará de ser evangélica” (GILBERTO, 2008, p. 184).

 2.4 A Igreja só pode continuar a existir se evangelizar. Como a Igreja poderá crescer em número senão evangelizar? Sua existência depende da prática da evangelização, do contrário não irá perdurar. No livro dos Atos dos apóstolos, percebemos claramente os apóstolos inflamados pelo poder pentecostal, pregando o evangelho e o pequeno grupo de quase cento e vinte discípulos aumentando de forma extraordinária. Na primeira pregação do apóstolo Pedro, por ocasião do Pentecostes, quase três mil almas se decidiram por Cristo (At 2.41). Já na segunda mensagem mais de cinco mil pessoas se converteram (At 4.4). O relato de Lucas disse que a igreja tinha um crescimento extraordinário, porque o evangelismo se tornara uma prática constante (At 5.14,42).

III  – A IMPORTÂNCIA DO ENTENDIMENTO DA GRANDE COMISSÃO

 3.1 Entendendo o propósito da grande comissão. Para Pereira (2023, p. 154); “A proclamação das Boas Novas visa anunciar o comunicado divino ao coração de toda humanidade através de uma mensagem fundamentada pelas Escrituras Sagradas. Essa pregação Bíblica, que teve Jesus e os apóstolos como paradigma para as demais gerações de mensageiros, revela que o nosso Senhor e Salvador não morreu por alguns, mas por todos os homens (Jo. 3.16), e que, através do seu sacrifício, manifestou a vontade do Pai, que quer a salvação de todas as pessoas (2Tm. 2.4)”. 

 3.2 As barreiras que a grande comissão precisa vencer. Um olhar atento a esta declaração deve-nos levar a seguintes perspectivas: Existem muitas barreiras que precisam ser transpostas para que possamos alcançar o que Jesus pretendia com a grande comissão: o Pastor Gaby nos lembra (2023, p. 12). Existem barreiras complexas para a evangelização do mundo que a Igreja precisa conhecer e estar preparada para realizar a sua tarefa missional: 

  • Barreiras geográficas – novas nações e cultura;
  • Barreiras culturais – valores de vida, costumes e hábitos;
  • Barreiras econômicas – diferenças de moeda e comercio;
  • Barreiras linguísticas – as línguas do coração;
  • Barreiras religiosas – islamismo, ateísmo, materialismos, secularismos etc.

3.3 Esta é a nossa maior tarefa na atualidade. O Senhor nos ordenou pregar o evangelho, pois Ele quer que a mensagem da salvação alcance a toda criatura (Mc 16.15), todas as nações (Mt 28.19), todo o mundo (Mc 16.15), todas as aldeias (Mt 9.35), todos os lugares (At 17.30). Todos os crentes, sem exceção, receberam esta incumbência do Senhor (Mt 10.8; 1Pd 2.9). evangelização não é uma tarefa entregue apenas a liderança da Igreja, e nem a um grupo de cristãos, mas, a todos os salvos (Mt 28.19,20; At 1.8). Portanto, todo aquele que foi alcançado por tão grande salvação, deve falar de Cristo aos pecadores. O próprio Jesus disse: “[…] de graça recebestes, de graça dai” (Mt 10.8).

IV  – MISSÕES TRANSCULTURAIS

 4.1 O real sentido de missões. A palavra “missão” vem da expressão latina “missione”, que se originou por sua vez do verbo “mittere,” que significa: “ação”, “tarefa”, “ordem”, “mandado”, “compromisso”, “incumbência”, “encargo” ou “obrigação de enviar missionários”. No grego, corresponde à palavra “apostello” que, em português, é “apóstolo” e significa “alguém enviado por ordem de outrem para realizar uma tarefa” (PAULA, 2006, p. 11).

4.2 O que vem a ser uma missão transcultural? Para entender melhor a ideia de transculturalidade, precisamos definir primeiro o que é cultura. Paul Hiebert ao conceituar o termo cultura, diz que ela é o: “sistema mais ou menos integrado de ideias, sentimentos, valores e padrões associados do comportamento e de produtos, compartilhados por um grupo de pessoas que organiza e regulamenta o que pensa, sente e faz” (HIEBERT, 1999, p. 30). “Em linhas gerais, portanto, missões transculturais é transpor uma cultura para levar a mensagem do Evangelho. Essa mensagem não pode restringir-se a uma só cultura, mas tem alcance abrangente em todos os quadrantes da erra, onde quer que haja uma etnia que ainda não tenha ouvido” (GABY, 2023, p. 10).

 4.3 O propósito divino nas missões. Desde o início, a proposta divina sempre foi estender a bênção da salvação a todos os homens indiscriminadamente (Gn 12.3; Gl 3.8). Mas, o sentimento ultranacionalista dos judeus fechou seus olhos a esta realidade de que, Deus os levantou a fim de serem uma nação evangelizadora para todos os povos (Is 42.6; 49.6; Rm 2.1720). A vinda do Messias, no entanto, mostrou claramente que, Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9).  É necessário entender que: 

  •  (a) Deus amou o mundo e não apenas uma classe de pessoas (Jo 3.16); 
  • (b) o sacrifício de Jesus não alcança apenas um povo (Jo 1.29; 1Jo 2.2);
  • (c) sua graça alcança tanto os judeus como os gentios (Rm 3.29; 9.24,30; Gl 3.14; Ef 3.6);
  • (d) a ordem de levar as boas novas de salvação é extensiva até aos confins da terra (At 1.8).

 4.4 A missão da igreja. Missões é o trabalho de proclamar o evangelho a quem ainda não conhece. Todo o crente deve ter um desejo ardente por missões, pois o próprio Deus dentro das Escrituras fez isso ao longo do Antigo e do Novo testamento. Enquanto ainda estava aqui na terra, Jesus enviou seus discípulos para pregar o evangelho a todos os povos da terra (Marcos 16:15). Essa é a grande missão da igreja, que continua até hoje.

 CONCLUSÃO

 Esta missão que tem por objetivo proclamar o evangelho, seguida da mensagem de fé e arrependimento visando o homem em sua plenitude. Ela representa a responsabilidade da Igreja em promover o reino de Deus em meio à sociedade. Como representante do reino nesse mundo, a Igreja deve utilizar todos os meios legítimos para expansão do reino de Deus. Que você e eu sejamos despertados para esta tão grande obra. Jesus está voltando, precisamos anunciar isto ao mundo inteiro.

REFERÊNCIAS

  • GABY, Wagner. Até os confins da Terra. CPAD
  • GILBERTO, Antônio. A Prática do Evangelismo Pessoal. CPAD.
  • HILBERT, Paul. O Evangelho e a diversidade de culturas. VIDA
  • HORTON, Stanley. Teologia Sistemática. CPAD.
  • PAULA, Oséas. Manual de missões. CPAD
  • PEREIRA, Shostenes. Fundamentação Bíblica para a Evangelização. BEREIA.

Fonte: portal rbc1/lições