Confessando e abandonando o pecado

 

2º TRIMESTRE 2024

A CARREIRA QUE NOS ESTÁ PROPOSTA

O caminho da salvação, santidade e perseverança para chegar ao céu

COMENTARISTA:  Pr. Osiel Gomes

LIÇÃO 08 – CONFESSANDO E ABANDONANDO O PECADO – (Sl 51.1-12; 1Jo 1.8-10)

INTRODUÇÃO

Nesta lição estudaremos sobre a confissão e o abandono do pecado; começaremos, então, abordando a definição de bíblica-teológica do pecado, veremos os passos que levam a queda, para isso analisaremos a transgressão cometida pelo rei Davi. Por fim, pontuaremos a confissão como uma condição para a restauração espiritual.

I  – DEFINIÇÃO DO TERMO PECADO

1.1 Definição exegética e bíblica. A palavra hebraica “hatah” e a grega “hamartia” originalmente significam: “errar o alvo, falhar no dever” (Rm 3.23). Existem outras várias designações bíblicas para o pecado, muito mais do que há para o bem. Cada palavra apresenta a sua contribuição para formar a descrição completa desta ação horrenda contra um Deus santo. Em um sentido básico pecado é: “a falta de conformidade com a lei moral de Deus, quer em ato, disposição ou estado” (Chaves, 2015, p. 128). Podemos afirmar ainda que: “O pecado é a transgressão da Lei de Deus” (1Jo 3.4).

1.2 Descrição bíblica de pecado. Pecado é a transgressão deliberada e consciente das leis estabelecidas por Deus. Transgressão “é o ato de transgredir” “violar” ou “infringir”. Transgredir é “a quebra de um dever e de uma ordem” (Rm 2.23). Por isso, a Bíblia diz que ao pecar, Eva caiu em transgressão (1Tm 2.14), o mesmo que ocorreu com Adão (Rm 5.14). O pecado é, de fato, uma ativa oposição a Deus, uma transgressão das suas leis, que o homem, por escolha própria, cometeu (Gn 3.1-6; Rm 1.18-32; 1Jo 3.4).

II  – O PECADO DE DAVI: PASSOS QUE LEVARAM À QUEDA

Davi estava vivendo um dos melhores momentos de sua vida e de seu reinado. Tinha um exército respeitado (2Sm 8,10); as fronteiras haviam sido ampliadas (2Sm 5.6-12); tinha uma linda casa nova (2Sm 5.11); e até planos para construir o templo do Senhor (2Sm 7). Porém, como acontece geralmente com todas as pessoas, a queda de Davi não foi repentina. Algumas brechas começaram a se abrir, em sua vida espiritual. Vejamos:

2.1 Ociosidade.  a Palavra de Deus nos diz: “E Aconteceu que, tendo decorrido um ano, no tempo em que os reis saem à guerra, enviou Davi a Joabe, e com ele os seus servos, e a todo o Israel; porém Davi ficou em Jerusalém”. Como o reinado estava consolidado, possivelmente Davi achou que não havia necessidade de ir à batalha com seu exército. Mas, o maior erro de Davi não foi ficar em Jerusalém; seu maior erro foi abrir a guarda da vigilância. Além de ficar no palácio, o rei foi passear no terraço da casa real (2Sm 11.1,2). As maiores tentações que o crente enfrenta, não são aquelas que lhe sobrevêm quando ele está à frente da peleja, e sim, quando está ocioso.

2.2 Cobiça. Enquanto passeava, Davi viu Bate-Seba que estava se banhando. Ao vê-la, Davi a cobiçou, pois era uma mulher muito formosa (2Sm 11.2,3). O pecado da cobiça leva o homem perder o domínio próprio e ficar sob o domínio da carne (Tg 1.14,15). Foi isto que aconteceu com Davi. Ele procurou saber quem era aquela mulher e lhe informaram que era a mulher de Urias, ou seja, era uma mulher casada, e não era lícito possuí-la. Mas ele não se conteve e mandou trazê-la.

2.3 Insensibilidade. Mesmo sabendo que aquela mulher era casada (2Sm 11.3), Davi a possuiu e adulterou com ela, sem pensar nas consequências do seu erro. Uma das estratégias de Satanás é cegar o homem para as consequências do pecado; Davi ficou “cego” e transgrediu o mandamento de Deus ao tomar a mulher de outro homem (Êx 20.14,17).

III  – A CONFISSÃO E ARREPENDIMENTO: UM PASSO PARA A RESTAURAÇÃO

3.1. A confissão e a sua importância para a restauração espiritual. A confissão é de suma importância para que haja mudança: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia” (Pv 28.13). A Bíblia nos mostra que sem arrependimento não há remissão de pecados, portanto a confissão é a porta para o arrependimento e um passo essencial para a restauração: “E a descendência de Israel se apartou de todos os estrangeiros, e puseram-se em pé, e fizeram confissão pelos seus pecados e pelas iniquidades de seus pais” (Ne 9.2). A confissão e o arrependimento ajudam a curar a ferida. O arrependimento é uma mudança de mente e disposição para abandonar o pecado, envolvendo em senso de culpa e desamparo, apreensão da misericórdia de Deus, um forte desejo de escapar ou ser salvo do pecado, e abandono voluntário. A confissão de Davi é premiada como misericórdia. A Bíblia nos mostra o perdão pela confissão: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça” (1Jo 1.9). O apóstolo João trata a mentira e a sua progressão entre aqueles que tiveram um encontro com Jesus:

“Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade” (1Jo 1.6) As pessoas que estão em nossa volta tem comunhão com Deus, mas a forma de viver não corresponde como as nossas palavras. Andamos em trevas, e isso não corresponde a praticar a mentira;

“Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós.” (1Jo 1.8). Após mentirmos as pessoas que nos cercam, estamos mentindo a nós mesmos;

“Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1Jo 1.10). Quando tentamos mentir para Deus, fazemo-nos dele mentiroso, o qual testifica da pecaminosidade do homem (Mt 6.23b). Se nós erramos, precisamos do seu perdão para caminhar.

3.2 O arrependimento e a sua importância para a restauração espiritual. Como todos os homens pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3.23), o arrependimento também é necessário a todos os homens. Jesus mesmo introduziu a mensagem do Reino, chamando as pessoas ao arrependimento (Mt 4.17; 9.13; Mc 2.17). Ele comissionou os apóstolos a pregarem esta mensagem (Lc 24.47). Confira também (Mc 6.12; At 2.38; 3.19; 8.22). Paulo disse que por meio do evangelho se “anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam” (At 17.30). O arrependimento é vital para que o ser humano possa obter a salvação (At 2.38; 3.19; 2Co 7.10). Jesus ensinou que, se não houver arrependimento o homem perecerá em seus pecados (Lc 13.3,5; Jo 8.14). “O verdadeiro arrependimento é o que produz convicção do pecado; contrição do pecado; confissão do pecado; abandono do pecado; e conversão do pecado” (Gilberto, 2008, p. 358).

IV  – O ABANDONO DO PECADO: A GARANTIA DA RESTAURAÇÃO

4.1 A atitude de Davi. Enquanto o monarca não agiu corretamente em reconhecer sua falha, estava na seguinte condição: “Enquanto eu me calei, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio” (Sl 32.2,3). Mas ao reconhecer e buscar ao Senhor, Deus respondeu à sua petição: “Confessei-te o meu pecado e a minha maldade não encobri; dizia eu: Confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado” (Sl 32.5). Voltava à paz com seu Pai celestial. Embora Davi merecesse claramente a pena de morte (Lv 20.10; 24.17), o Senhor perdoou-o por ter demonstrado arrependimento e remorso. Até mesmo no Antigo Testamento podemos ver a graça de Deus resplandecer no relacionamento dos seus filhos (Jr 18.8) Essa experiência de Davi com o Senhor ressalta a graça divina como nenhuma outra passagem veterotestamentária. Os erros de Davi sempre se relacionam com a falha em não consultar a vontade de Deus; em vez disso, sua restauração estava sempre ligada ao ato de renovar a comunicação com Deus (Sl 55.4).

CONCLUSÃO

Aprendemos nesta lição a importância da restauração espiritual de Davi. Ele reconheceu o seu erro e pediu a misericórdia de Deus sobre a sua vida. “Esconde a tua face dos meus pecados, e apaga todas as minhas iniquidades. Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto. Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo. Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário” (Sl 51.9-12).  Em nossos dias os servos de Deus precisam reconhecer os seus erros e ter um melhor relacionamento com Deus, assim obedecendo os seus estatutos e aguardando a sua Palavra. “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti” (Sl 119.11).

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
  • CHAVES, Gilmar, Vieira. Temas Centrais da Fé Cristã. CENTRAL GOSPEL.
  • GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: portal rbc1/lições

Missões transculturais: No Antigo Testamento

 

4º TRIMESTRE 2023

ATÉ OS CONFINS DA TERRA

Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo

  • COMENTARISTA:  Pr. Wagner Gaby

LIÇÃO 3 – MISSÕES TRANSCULTURAIS: NO ANTIGO TESTAMENTO (I Rs 17.8,9,17-22; Jn 1.1,2)

INTRODUÇÃO

Nesta lição estudaremos o princípio missiológico no Antigo Testamento. Aprenderemos que Deus é a fonte de Missões, e que no pós-queda, toma a iniciativa de buscar o homem perdido, fazendo-lhe uma promessa redentora (Gn 3.15). Veremos ainda qual o propósito, alcance, instrumento e local da Missão, e. por fim, entenderemos a metodologia missiológica contida no Antigo Testamento

 I – A PREPARAÇÃO DIVINA PARA MISSÕES EM GÊNESIS  1-11.

Gênesis 1-11 começa com o casal humano original, Adão e Eva, e prossegue até que as (então conhecidas) setenta nações do mundo sejam abrangidas no escopo de sua mensagem (na tabela das nações Gn 10). Esses capítulos são decididamente universais em seu escopo e perspectiva, pois se dirigem a todas as pessoas, todas as culturas e todas as línguas desde o início das eras. Neles encontramos três crises: a queda do homem (Gn 3.6,7); A maldade da humanidade, trazendo o dilúvio (Gn 6.5-7;7.5-24); a rebelião da torre de Babel (Gn 11.1-3). Porém, encontramos também três promessas: Redentora ( a semente da mulher – Gn 3.15); habitar com os povos semitas (Gn 9.27); Aquele que viria através da semente de Abraão, pelo qual o mundo inteiro seria abençoado( Gn 12.1-3) (Kaiser, 2016, pp.21-29). 

Portanto, nos onze primeiros capítulos de Gênesis, encontramos Deus tomando iniciativa de manifestar sua graça e misericórdia, ao anunciar uma promessa de esperança e redenção à toda humanidade (Gn 3.15). Nessa promessa, podemos identificar que: a) A salvação é operada por Deus; b) A salvação destruirá Satanás, o inimigo; c) A salvação afetará a toda a humanidade; d) A salvação virá através de um mediador; e) A salvação está ligada ao sofrimento do redentor; f) A salvação será experimentada na história. O livro de Gênesis nos mostra de maneira contundente, Deus como o primeiro missionário.

II – DEUS – O AUTOR DA MISSÃO

 Ao longo de toda a revelação do Antigo Testamento, torna-se evidente que o principal ator no drama é Deus. “No princípio criou Deus…”(Gn 1.1). É Deus quem cria, quem julga, quem age, quem escolhe e quem se revela. Ele é ativo não só na criação, mas também nos julgamentos, na libertação do seu povo do Egito, nas exortações dos seus profetas e na promessa de restauração vindoura. Ele é o único e verdadeiro Deus e deseja que sua glória seja conhecida nos céus(Sl 19) e nas extremidades da terra (Is 11.9). Portanto, “missão” é uma atribuição que pertence a Deus. A missão – antes de ter uma conotação humana, de ser tarefa da igreja – é de Deus. Se a missão é de Deus, então é dele que a igreja deve depender na sua participação em sua tarefa, bem como, ter a segurança de que Ele está no comando da expansão do seu reino e nos seus termos, e isso nos dá plena convicção de que Ele realizará os seus propósitos.

2.1 Propósito da missão – A própria existência do Antigo Testamento, e de toda a Bíblia, é a primeira evidência de que Deus tem uma missão, um propósito no mundo(Ap 13.8; Mt 25.34;1 Pe 1.20). O seu fim está ao alcance universal da sua misericórdia e graça “a graça do Senhor Jesus seja com todos” (Ap 22.21). Portanto, toda extensão da Bíblia reflete um tema integrante e unificador: a missão de restauração, é a missão da redenção.

2.2 O alcance da missão – o propósito restaurador da missão alcança dimensões universais. Deus se propõe a restaurar aquilo que ele criou. Esse alcance envolve todos os povos, todas as línguas, tribos e nações (Mt 24.14), para o louvor do Cordeiro de Deus (Ap 5.9-14; 7.9-12).

2.3 O instrumento da missão – No Antigo Testamento, Deus elegeu um povo, Israel, e com ele fez uma aliança peculiar, a fim de que este povo fosse a sua fiel testemunha no meio das nações (Gn 12.1-3; Êx 19.5-6). Já no Novo Testamento, é a igreja que é o instrumento da missão, pois recebeu do Senhor Jesus esse comissionamento (Mt 28.18-20; Mc 16.15-20; Lc 24.46-49; Jo 20.21,22; At 1.8).

2.4 O local da missão – o local onde a missão se desdobra é o mundo( Jo 3.16; Tt 2.5; Mc 16.15; At 1.8), e o seu processo se realiza na história deste mundo(Carriker, 2021, pp.175-179).

III – ENTENDENDO A METODOLOGIA MISSIOLÓGICA DO ANTIGO TESTAMENTO

3.1 A chamada de Abraão

Gn 12 “Deus escolhe Abraão, e para entender a Bíblia e a missão cristã, é indispensável entender a promessa. Todo propósito de Deus encontrasse condensado aqui.” (STOTT, 2009, p. 34)

Três promessas de Deus à Abraão:

➢ A promessa de uma posteridade (Gn17.5);

➢ A promessa de uma terra (Gn 11.31;15.7);

➢ A promessa de uma benção (Gn 12.2,3).

3.2 O povo escolhido Durante algum tempo, Israel, o “povo de Abraão”, encontra-se separado das demais nações (Êx 19.3; Dt 7.14), mas isso acontece apenas para que, por meio de Israel, Deus possa preparar o caminho para alcançar seus objetivos universais” (Bosh, 2009, p. 70). A Eleição de Israel, antes de denotar qualquer favoritismo exclusivista da parte de Deus, teve um propósito exclusivo de serviço missionário para as nações (Êx 19.4-6; Is 42.6; 49.6; 51.4). Israel deveria ser “propriedade peculiar”, “reino de sacerdotes”, “nação santa”. Esta nação deveria ser separada não somente em suas vidas, mas também em seu serviço.

O Antigo Testamento sustenta o método missiológico centrípeto, ou seja, Israel ao viver uma vida na presença de Deus, experimentando suas a totalidade de suas bênçãos, as nações seriam despertadas e atraídas como íman para Jerusalém e para o Senhor. Esperava-se que estrangeiros e gentios viessem adorar ao Deus vivo por causa de sua natureza, seu poder e suas qualidades salvadoras do Nome de Deus ( 1 Rs 8.41-43; Sl 66.1-4; 67.1-8; Sf 3.9,10; Ml 1.11)).

3.3 O povo falha na missão

 Os cativeiros são uma prova da falibilidade de Israel em cumprir sua missão de fazer o Senhor conhecido em todas as nações, ao invés disso, misturou-se com os povos pagãos, adotando seus costumes e deuses, o que consequentemente permitiu a ira de Deus, entrega-los aos cativeiros Exílio Assírio (2 Rs 17) – Reino do Norte em 722 a.C. e Exílio Babilônico (Jr. 25; 29; Ez. 33) em 597 a.C.

3.4 Deus promete uma Nova Aliança e um Novo Povo

  Com a falha de Israel, Deus promete uma Nova Aliança e agregar um Novo Povo, que não é novo, senão, seu propósito original em alcançar a todos os povos (Jr 31.31-34; Is 55.1-6; 56.1-7; Jl 2.28-29). A visão de Deus nunca foi etnocêntrica ou cultural, mas sempre alcançar todos os povos, línguas e nações (Gn 12.1-3).

IV – O PLANO MISSIONAL EM UM QUADRO COMPARATIVO 

Antigo Testamento

Novo Testamento

❖ Deus – primeiro missionário

❖ Jesus – primeiro missionário

❖ Abraão escolhido por Deus para desenvolvimento de seu projeto

❖ Discípulos escolhidos para o desenvolvimento de sua missão

❖ Israel escolhido para tornar Deus conhecido

❖ Igreja fundada em Cristo, com o propósito de dar continuidade ao seu ministério.

❖ As nações deveriam ir à Israel

❖ A igreja recebe a Grande Comissão de ir às nações

CONCLUSÃO

 Com essa lição aprendemos que o desejo de Deus sempre foi alcançar todos os povos. Foi dele a iniciativa de  ir atrás do homem perdido, enunciando-lhe uma promessa de esperança redentora, mostrando com isso, Sua graça e misericórdia para com a humanidade perdida. No Antigo Testamento, faz uma promessa a Abraão, e a partir deste, desenvolve seu método missional centrípeto, fazendo de Israel um povo escolhido que seria responsável pelo testemunho do Senhor às nações. Entretanto, não conseguem estar à altura do chamado, falham e, por isso, o Senhor enuncia uma Nova Aliança, Um Novo Concerto, que envolveria não só Israel, mas todos os povos.

REFERÊNCIAS

  • CARRIKER, Timóteo. O propósito de Deus e a nova vocação. ULTIMATO.
  • GOHEEN, Michael W. A igreja missional na Bíblia, luz para as nações. VIDA NOVA
  • KAISER, Walter C. Jr. Missão no Antigo Testamento. PEREGRINO
  • PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. CPAD •     
  • PEREIRA, Shostenes. Fundamentação Bíblica para a Evangelização. BEREIA •       
  • PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. CPAD
  • Perspectivas no movimento cristão mundial. Ralph D. Winter/ Steven C. Hawthorne/ Kevin D. Bradford. VIDA NOVA

Fonte: portal rbc1/lições

 

O ministério Avivado de Jesus

1º TRIMESTRE 2023

AVIVA TUA OBRA

O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus

COMENTARISTA:  Pr. Elinaldo Renovato

LIÇÃO 04 – O MINISTÉRIO AVIVADO DE JESUS – (Lc 4.14-22)

INTRODUÇÃO

Nenhum outro avivamento que ocorreu no passado pode ser comparado ao avivamento que ocorrido durante o ministério de Jesus. Um genuíno avivamento marcado por pregação, ensino, conversões, curas, milagres extraordinários, libertações e a ação poderosa do Espírito Santo. Nesta lição estudaremos a ação do Espírito Santo durante o ministério de Jesus; os propósitos da unção do Espírito Santo na vida de Jesus; e, finalmente, as características do ministério avivado de Jesus.

I – A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NO MINISTÉRIO DE JESUS

O mesmo Espírito que atuou no AT na vida dos juízes, profetas, reis e sacerdotes (Jz 3.9,10; 11.29; 13.24,25; 1Sm 16.13; 2Sm 23.2; 2Cr 20.14; 24.20; Is 59.21; Ez 3.12), atuou também na vida de Jesus. Vejamos:

  • Quando Jesus foi batizado no rio Jordão, o Espírito Santo desceu sobre Ele (Mt 3.16; Mc 1.10; Lc 3.22; Jo 1.32,33);
  • Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto, para ser tentado pelo Diabo (Mt 4.1; Mc 1.12; Lc 4.1);
  • Jesus pregou e operou milagres pelo poder do Espírito Santo (Mt 12.18; Lc 4.14; Lc 4.18; At 10.38);
  • Jesus ensinou sobre o Espírito Santo (Mt 10.20; 12.31,32; Mc 3.29; 12.36; 13.11; Lc 12.10,12; Jo 3.5,6,8,34);
  • Jesus prometeu enviar o Espírito Santo (Jo 14.26; 15.26; 16.13);
  • Jesus soprou sobre os discípulos o Espírito Santo (Jo 20.22).

II – OS PROPÓSITOS DA UNÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NA VIDA DE JESUS

Durante o seu ministério, Jesus foi até a sinagoga de Nazaré, onde leu nas Escrituras uma profecia do livro de Isaías acerca de si mesmo e do seu ministério (Is 61.1-3; Lc 4.16-19). Lucas registrou ao menos seis propósitos da unção do Espírito Santo na vida de Jesus, como veremos a seguir:

2.1 Jesus foi ungido para evangelizar os pobres (Lc 4.18a). O primeiro propósito da unção de Jesus foi para evangelizar os pobres. Evangelizar, significa “pregar ou anunciar as boas novas de salvação”. Jesus dedicou grande parte do seu ministério a pregação do evangelho (Mt 4.23; 9.35; Mc 1.14,39; Lc 8.1). Quanto ao termo “pobres” não significa que os ricos não deveriam s er evangelizados, pois, o próprio Jesus pregou para pessoas ricas, como Zaqueu (Lc 19.1-10) e o jovem rico (Mt 19.16-22). Jesus enfatizou a evangelização dos pobres porque, geralmente, os pobres são mais humildes, mais dependentes de Deus e mais sensíveis ao chamado divino (Is 57.15; 66.2; Mt 5.3; 11.5; Lc 6.20; 7.22). Além disso, diversas vezes Jesus ensinou sobre o perigo das riquezas (Mt 19.23,24; Mc 10.25; Lc 6.24;12.16-21; 16.19-22; 18.25).

2.2 Jesus foi ungido para curar os quebrantados de coração (Lc 4.18b). Jesus foi ungido, não apenas para curar enfermidades físicas, mas, também, emocionais. Um coração quebrantado quer dizer um coração cheio de humildade e disposição para submeter- se à vontade de Deus. É o contrário de um coração endurecido, cheio de orgulho e autossuficiência. Esse tipo de coração agrad a a Deus: “Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado e salva os contritos de espírito” (Sl 34.18). Na missão de Jesus, Ele veio para ‘curar’ os que são ‘quebrantados de coração’. A sua Palavra, cheia de misericórdia e de amor pelos que sofrem a s adversidades da vida, promove a cura interior, trazendo paz e descanso para a alma: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28) (RENOVATO, 2022, p. 45).

2.3 Jesus foi ungido para apregoar liberdade aos cativos (Lc 4.19a). Após a Queda (Gn 3.1-19), o homem tornou-se destituído da glória de Deus e escravo do pecado e do Diabo (Jo 8.34,44; Rm 3.23; 6.6,17,20; Tt 3.3; 1Jo 3.8a). “ Com a Queda, a humanidade passou a ser seduzida, enganada e voltada para a prática de tudo o que é contra a santidade de Deus. Na ilusão do pecado, o ser humano pensa que é ‘livre’. O Diabo prende as pessoas com uma ‘falsa liberdade’, escravizando-as através de vários meios de destruição, tais como vícios, fornicação, adultérios, prostituição, violência, falsas religiões, heresias e outras coisas que lhes prendem de tal forma, que são prisioneiros do pecado e da corrupção.” (RENOVATO, 2022, p. 45,46). Porém, Jesus foi ungido para proclamar liberdade aos cativos, ou seja, para anunciar que, os que se encontram em prisões, poderão obter a liberdade (Jo 8.32,36; I Jo 3.8b).

2.4 Jesus foi ungido para dar vista aos cegos (Lc 4.19b). Durante o seu ministério, Jesus curou muitas pessoas que sofriam de cegueira (Mt 9.27-30; 11.5; 12.22; 15.30,31; Mc 8.22-26; 10.46-52; Lc 7.21,22; Lc 18.35-40; Jo 9.1-10). Mas, a Bíblia fala não só de cegueira física, mas, também, a espiritual (2Co 4.4; 2Pd 1.9; Ap 3.17). “A cegueira espiritual é a causa de todos os males morais e humanos que afligem a humanidade. Ela leva a maioria das pessoas a serem dominadas pela incredulidade, que é a mãe de todos os tipos de pecados. Sem crer em Deus, ou os homens tornam-se os seus próprios deuses ou, então, elegem outros ‘deuses’ nas suas vidas. A cegueira espiritual seduz as pessoas para acreditar e praticar falsos ensinos e heresias da s mais estranhas.” (RENOVATO, 2022, p. 46). Porém, Jesus foi ungido não apenas para curar a cegueira física, mas, principalmente, a espiritual, como ocorreu com o cego de nascença. Depois de curar a cegueira física (Jo 9.1-7) curou a sua cegueira espiritual (Jo 9.35-38).

2.5 Jesus foi ungido para pôr em liberdade os oprimidos (Lc 4.19c). Jesus foi ungido não só para anunciar a liberdade aos cativos, mas, principalmente, para libertá-los. Durante o seu ministério, Jesus libertou muitos que viviam endemoninhados. Dentre os muitos exemplos, podemos destacar o endemoninhado de Gadara (Mt 8.28-34; Mc 5.120; Lc 8.26-39); o jovem lunático (Mt 17.14-23; Mc 9.14-29; Lc 9.37-45); a filha da mulher cananeia (Mt 15.21-28; Mc 7.24-30); e a mulher encurvada (Lc 13.10-17). No entanto, devemos entender que, além das prisões espirituais provocadas por espíritos demoníacos, existem outros tipos de opressões, que causadas por problemas psicológicos e emocionais, tais como: ansiedade, depressão, síndrome do pânico, além de outros. E, o mesmo jesus, que libertou no passado, continua libertando pessoas em nossos dias, como ele mesmo prometeu: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. ” (Mt 11.28).

2.6 Jesus foi ungido para anunciar o ano aceitável do Senhor (Lc 4.19d). É interessante nós observarmos que, na profecia de Isaías, o texto diz: “A apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus… ” (Is 61.2). Jesus não incluiu ‘o dia da vingança do nosso Deus’ quando ele leu esta profecia na sinagoga de Nazaré (Lc 4.19) porque o Dia da vingança só ocorrerá no futuro, no período da Grande Tribulação (Ap 6.12-17). Porém, enfatizou que Ele veio para anunciar o ano aceitável do Senhor. A NVI (Nova Versão Transformadora) traduz assim: “[…] e proclamar o ano da graça do Senhor”. Ou seja, Jesus é a manifestação da graça de Deus (Tt 2.11-13) que veio ao mundo, para nos trazer o perdão dos pecados, a salvação e a vida eterna para todos aquele que nEle crerem e O receberem como seu salvador (Mc 10.45; Lc 19.10; Jo 3.16,17; At 16.31). Para os contemporâneos de Jesus, o ano aceitável era aquele período em que Ele viveu aqui na Terra. Para os que viveram depois dEle, o ano aceitável é aquele em que o pecador ouve a mensagem do Evangelho e o convite à salvação (Is 49.8; 2Co 6.2; At 10.13­17).

III – O MINISTÉRIO AVIVADO DE JESUS

A Bíblia registra diversos avivamentos que ocorreram na História do povo de Deus, como ocorreu nos dias de Esdras e Neemias (Ed 9.1-15; 10.1-11; Ne 8.1-18; 9.1-38; 13.1-31); durante o reinado de Josias e Ezequias (2Cr 29.1-36; 30.1-27; 31.1-21; 34.1-33; 35.1-19); nos dias da Igreja primitiva (At 2.37-46; 5.14-16; 19.11-20); além de outros. Porém, o maior de todos os avivamentos, sem dúvida, ocorreu durante o Ministério de Jesus. Vejamos algumas características do Ministério de Jesus:

3.1 Um Ministério marcado pela oração. A vida de Jesus foi marcada não apenas pela ação do Espírito Santo em sua vida, mas, também, por muita oração. Muitas vezes Ele passava à noite em oração, e, outras vezes, ele acordava cedo para orar (Mc 1.35; 14.35; Lc 5.16; 6.12; 9.29; 22.41-44). Jesus não apenas orava, mas, também ensinava seus discípulos a orar (Mt 6.5-13; Lc 11.2-4; 18.1-8). Se queremos viver uma vida avivada, precisamos viver em constante oração (At 1.14; 3.1; 4.31; Ef 6.18 1Ts 5.17,25; 2Ts 3.1; Hb 13.18; Tg 5.16). Devemos clamar como o profeta Habacuque: “Aviva a tua obra, ó Senhor” (Hc 3.2).

3.2 Um Ministério marcado pela pregação e por muitas conversões. O ministério de Jesus foi caracterizado pela pregação do Evangelho. Ele pregava, tanto individualmente, como pregou para a mulher samaritana (Jo 4.5-42); para Zaqueu, o publicano (Lc 19.1-10); para Nicodemos (Jo 3.1-21); como pregava também às multidões (Mt 4.23; 9.35,36). Jesus também comissionou os seus discípulos a pregar o evangelho (Mt 28.19,20; Mc 3:13,14; 16.15-20; Lc 10.1-10; At 1.8). Foi través da pregação do evangelho que milhares de pessoas se converteram a Cristo, no passado (Jo 4.41; 8.30; At 2.37-41; 5.14). Uma das principais características do verdadeiro avivamento é o abandono do pecado e a conversão a Cristo (At 8.1-8; 19.17-20).

3.3 Um Ministério marcado pelo ensino. Grande parte do ministério de nosso Senhor Jesus foi ocupado com o ensino (Mt 4.23; 9.35; Lc 20.1). O que distinguia os ensinos de Jesus com os ensinos dos escribas e fariseus era a autoridade com que Ele ensinava. Os evangelistas afirmam que todos se maravilhavam de Sua doutrina (Mt 7.28,29; Mc 1.21,22). Jesus ensinava com tanta autoridade que até mesmo àqueles que iam prendê-lo, chegaram a confessar: “Nunca homem algum falou assim como este homem” (Jo 7.46). A autoridade da mensagem de Cristo era decorrente do fato de Ele exemplificar em sua própria vida. Ele viveu o que ensinou e ensinou o que viveu! Por esta razão, o médico Lucas, ao relatar o ministério do Mestre, coloca em primeiro lugar a ação e depois o ensino, quando diz: “Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo o que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar” (At 1.1).

3.4 Um Ministério marcado por milagres extraordinários. Jesus operou muitos milagres durante o seu ministério. Ele deu vista a cegos (Mt 9.27-31; Mc 8.22-26; Lc 18.35-43; Jo 9.1-8); fez paralíticos andar (Mt 8.1-8; Mc 2.3-12; Lc 5.18-36; Jo 5.1­15); purificou leprosos (Mt 8.2-4); libertou os endemoninhados (Mt 8.28-34; Mc 1.21-28; 5.1-20; Lc 4.31-37; 9.37-45; 13.10­17); acalmou o vento e a tempestade (Mt 8.23-27; Mc 4.35-41; Lc 8.22-25); multiplicou pães e peixes para alimentar multidões (Mt 14.13-21; 15.29-39; Mc 6.30-44; Lc 9.10-17; Jo 6.1-14); andou por cima do mar (Mt 14.22-36; Mc 6.45-56; Jo 6.15-21); transformou água em vinho (Jo 2.1-12); e também ressuscitou os mortos (Mc 5.21-23,35-43; Lc 7.11-17; Jo 11.1-45).

CONCLUSÃO

Embora outros avivamentos tenham ocorrido desde os tempos do Antigo Testamento, foi durante o ministério de Jesus que o mundo experimentou o maior de todos os avivamentos. Um ministério marcado pela ação do Espírito Santo, pela oração, pela pregação e ensino da Palavra de Deus e por milagres extraordinários.

REFERÊNCIAS

  • BERGSTÉN, Eurico. Teologia Sistemática. CPAD.
  • GILBERTO, Antônio. Bíblia com Comentários de Antônio Gilberto. CPAD.
  • RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. CPAD.
  • STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: portalrbc1.

A Justiça de Deus

4º TRIMESTRE 2022

A JUSTIÇA DIVINA

A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel

COMENTARISTA:  Pr. Ezequias Soares

LIÇÃO 06 – A JUSTIÇA DE DEUS – (Ez 14.12-21)

INTRODUÇÃO

Nesta lição, veremos a definição etimológica do termo “justiça” e a forma bíblica e exegética; pontuaremos os aspectos da justiça divina; estudaremos a justiça punitiva de Deus; e por fim; analisaremos a misericórdia e a justiça de Deus como parte da sua natureza.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA JUSTIÇA

1.1 Definição etimológica do termo justiça. Segundo o dicionário Houaiss significa: “caráter, qualidade do que está em conformidade com o que é direito, com o que é justo” (2001, p. 1696).

1.2 Definição teológica do termo justiça. Os termos bíblicos no hebraico, “tsedeq” e “tsedakah ” como também o vocábulo grego “dikaiosune”, são traduzidos em português por ‘justiça’ ou ‘retidão’ (CHAMPLIN, 2004, p. 677). Teologicamente, diz respeito “à característica intrínseca de Deus em que Ele é absolutamente justo ou reto e é o padrão último de justiça e retidão” (GEISLER, 2010, p. 829).

II – ASPECTOS DA JUSTIÇA DE DEUS

Sobre a justiça em Deus, duas coisas devem ser destacadas:

2.1 Justiça interna. Diz respeito quem Deus é. Seu caráter é justo. Ele só faz o que é reto. A Bíblia é farta quanto a versículos que apontam esta característica divina (Êx 9.27; Dt 32.4; Ed 9.15; Ne 9.33; Sl 11.7; 116.5; Is 45.21). A justiça é um dos atributos morais de Deus. A justiça de Deus é, em última instância, a sua santidade em ação. Pode ser definida, também, como o atributo moral e básico do Todo-Poderoso, através do qual manifesta Ele a sua fidelidade para os seus propósitos e decretos, e, principalmente, em relação à sua natureza justa e santa. Por conseguinte, sua justiça e santidade acham-se intimamente associadas; não se pode abstrair uma da outra sem violar sua inefável natureza (ANDRADE, 2006. p. 243). Segundo Campos a justiça é “a fase da santidade de Deus que é vista no seu tratamento do obediente e do desobediente ambos sujeitos ao seu domínio”. Nesse atributo Deus dá a cada um o que é devido (2002, p. 340).

2.2 Justiça externa. Diz respeito como Deus age, com justiça. Sendo inteiramente justo, Ele revela sua justiça no seu relacionamento com os seres humanos. Deus é chamado nas Escritura de Juiz (Gn 18.25; Jó 9.15; Sl 50.6). Sobre isso a Bíblia diz que:

  1. A justiça diz respeito aos seus justos juízos (Sl 19.9);
  2. A justiça é a base do seu trono (Sl 89.14).
  3. A justiça é o cetro do seu Reino (Hb 1.8).
  4. A justiça não comete iniquidade (Sf 3.5).
  5. A justiça é perene (2 Co 9.9).
  6. A justiça é o padrão último de julgamento para o mundo (At 17.31)
  7. A justiça retribui a todos de acordo com as ações dos seres humanos (Rm 2.6);
  8. A justiça é a base para as recompensais dos crentes (2 Tm 4.8).
  9. A justiça é revelada na lei de Deus (Rm 10.5).

III – A JUSTIÇA PUNITIVA DE DEUS

A Lei de Deus, interna, escrita nos corações e externa, a Bíblia, reflete a sua santidade. Quando esta Lei é infringida, a santidade de Deus o obriga a manifestar-se justamente em ira. O ser humano, caído em pecado, está em dívida com a lei e, portanto, deve receber a punição dela. Segundo Campos: “Por causa da natureza do próprio Deus, a justiça divina está original e necessariamente obrigada a castigar o mal […]” (2012, p. 347). O apóstolo Paulo, quando escreveu a Epístola aos Romanos faz algumas considerações sobre a ira de Deus. Notemos:

3.1 A dinâmica da ira de Deus (Rm 1.18-a). Ao contrário do que pensam os ímpios, a ira de Deus “se manifesta”, ela não fica oculta. Esta expressão no grego é “apocalipto” e significa: “revelar, manifestar, expor”. Ainda que pareça que a impiedade domine e Deus tarde em revelar sua ira, Ele a manifestará ao seu tempo. Ele disse a Abraão que visitaria a iniquidade dos amorreus, quando se completa a medida (Gn 15.16). Os sacerdotes que queimavam incenso aos ídolos no templo, pensavam que Deus não estava vendo (Ez 8.12). No entanto, Deus mostrou a Ezequiel que havia de puni-los pela maldade que praticaram (Ez 8.17,18).

3.2 A origem da ira de Deus (Rm 1.18-b). O apóstolo Paulo nos diz que “do céu se manifesta a ira de Deus”. Essa ira procede daquele que se assenta no trono e governo todo o universo (Ap 15.7; 16.1). Ele manifestou sua ira dos céus sobre a geração de Noé, trazendo um grande dilúvio (Gn 7.13,17); também manifestou sua ira, fazendo descer fogo e enxofre dos céus, sobre os habitantes de Sodoma e Gomorra por sua maldade (Gn 19.24,25). Na ocasião da inauguração do templo, construído por Salomão, o Senhor lhe falou o que enviaria sobre o seu povo se este pecasse e se afastasse dele (2 Cr 7.13).

3.3 A causa da ira de Deus (Rm 1.18). Paulo nos informou também qual o motivo que causa a ira divina: “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça”. São aos atos pecaminosos dos seres humanos sobre a face da terra que incitam a ira divina (Dt 9.7; 1 Rs 22.54; Ez 35.11; Ef 5.6). Ele mostrou, com indignação, o que os judeus estavam fazendo em oculto dentro do templo (Ez 8.13-16), que foi construído para ser um lugar de adoração (2 Cr 7.15,16).

3.4 O alvo da ira de Deus (Rm 1.18-d). O alvo da ira de Deus é o pecador que além de viver fazendo o que aborrece o Criador: “detêm a verdade em injustiça” (Rm 1.18c). Israel foi escolhido por Deus e dele recebeu privilégio (Rm 9.4,5), a despeito disso, transgrediu gravemente contra o Senhor, se tornando alvo da sua ira, que haveria de retribuir-lhes segundo Sua justiça retributiva (Jr 25.14). Ele mostrou a Ezequiel que haveria de punir com a morte, aqueles que haviam profanado o Seu templo e lhe dado às costas (Ez 9.1-11).

IV – A MISERICÓRDIA E A JUSTIÇA DE DEUS COMO PARTE DA SUA NATUREZA

Antes de revelar a sua justiça retributiva aos pecadores, punindo-os, o Senhor revela a sua misericórdia a fim de trazer os homens ao arrependimento. A palavra “misericórdia” ocorre na Bíblia 158 vezes. No AT 99 e no NT 59 (JOSHUA, sd, p. 977). A palavra hebraica para misericórdia é “rahamim” que significa: “entranhas, misericórdias, compaixão”, esta mesma expressão é traduzida para o grego por “eleõ” mostrar generosidade, mediante beneficência ou ajuda (VINE, 2001,pp. 73,480). Teologicamente diz respeito a “uma compaixão suscitada pela miséria do próximo” (ANDRADE, 2006, p.266 – acréscimo nosso). Vejamos como Deus age com o homem:

4.1 Antes de Deus punir o seu povo com justiça o adverte dos seus erros. Em todo tempo da história de Israel, todas às vezes que o povo se afastou de sua verdade, vimos Deus os advertindo de seus caminhos injustos. Se Deus tivesse prazer em destruir sequer advertia o seu povo (Ez 18.32; 33.11). Os judeus foram chamados de “casa rebelde” por causa de sua rebelião (Dt 9.23,24; Sl 78.8; Jr 5.23). O termo hebraico é “mãrah” e tem o sentido de “obstinação”, “teimosia” e “rebeldia”. Esta expressão aparece treze vezes no livro (Ez 2.5,6,8; 3.9,26,27; 12.2,3,9,25; 17.12; 24.3; 44.6). Mas, o Senhor lhe diz que, ainda que eles não guardassem os mandamentos divinos, não poderiam alegar inocência, pois eles saberiam que um profeta autêntico e verdadeiro esteve no meio deles (Ez 2.5).

4.2 Antes de Deus punir o seu povo com justiça os chama ao arrependimento. Deus sempre usou seus mensageiros em época de crise para chamar o Seu povo ao arrependimento e a conversão, antes de enviar-lhes a punição. A principal função dos profetas era agir como embaixadores ou mensageiros divinos, anunciando a vontade de Deus para o seu povo, especialmente em épocas de crise. Eles eram, acima de tudo, pregadores da justiça em época de decadência moral e espiritual (Jr 3.1; Os 6.1; Jl 2.12,13; Ez 18.31,32).

4.3 Deus não trata ímpios e justos da mesma forma . Em sua justiça, Deus trata o ímpio e o justo de forma diferente. Ao ímpio que rejeita o Seu convite gracioso de arrependimento, ele o pune severamente; ao justo, que anda em retidão, Deus o poupa e o abençoa: “E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal as testas dos homens que suspiram e que gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela. E aos outros disse, ouvindo eu: Passai pela cidade após ele e feri; não poupe o vosso olho, nem vos compadeçais. Matai velhos, e jovens, e virgens, e meninos, e mulheres, até exterminá-los; mas a todo o homem que tiver o sinal não vos chegueis; e começai pelo meu santuário. E começaram pelos homens mais velhos que estavam diante da casa. E disse-lhes: Contaminai a casa, e enchei os átrios de mortos, e saí. Esaíram e feriram na cidade” (Ez 9.4-7).

CONCLUSÃO

Concluímos esta lição conscientes de que o enfoque da justiça de Deus diz respeito à retribuição divina ao pecado. É importante ter em mente que a Justiça é um atributo de Deus, é uma das Suas características próprias. Ser justo é uma qualidade fundamental da natureza do Senhor.

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico.CPAD.
  • CAMPOS, Heber Carlos de. O Ser de Deus e seus atributos. CULTURA CRISTÃ.
  • ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
  • GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
  • LOPES, Hernandes Dias. Romanos: o evangelho segundo Paulo. HAGNOS.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: portalrbc1.

Sendo verdadeiros

2º TRIMESTRE 2022

OS VALORES DO REINO DE DEUS

A relevância do sermão do monte para a Igreja de Cristo

COMENTARISTA:  Pr. OsielGomes

LIÇÃO 08 – SENDO VERDADEIROS – (Mt 6.1-4)

INTRODUÇÃO

Nesta lição, estudaremos sobre a necessidade de sermos súditos do reino, verdadeiros em intenções e ações; destacaremos também, os erros e perigos da falsa espiritualidade combatida pelo Senhor Jesus no Sermão do Monte; e, por fim, iremos ressaltar as características da autêntica espiritualidade evidenciada pelo discípulo de Cristo, e a sua devida recompensa.

I – O ERRO DA FALSA ESPIRITUALIDADE

Neste trecho do Sermão do Monte, o Senhor Jesus adverte contra a hipocrisia nas três principais atitudes religiosas do judaísmo: a) dar esmolas (Mt 6.2), b) orar (Mt 6.5), e c) jejuar (Mt 6.16). Para o judeu, a esmola era um dos mais sagrados de todos os deveres religiosos. Para alguns destes dar esmola e ser justo eram uma e a mesma coisa. No Sermão do Monte, Jesus vai mais uma vez deixar claro que, não espera dos súditos do reino, atos puramente externos, sem essência, desprovidos da verdadeira motivação, marcados pela hipocrisia, acentuando o perigo da falsa espiritualidade.

1.1 Definição do termo hipócrita. A palavra “hypokrites” é a palavra grega para: “alguém que interpreta num palco, ou um ator”. diz respeito a “um ator que usa máscaras”. O termo adquiriu o significado de “responder sobre um palco, interpretar um papel, atuar”. Desse modo, agir como hipócrita, é fingir ser o que não se é, com o intuito de enganar: “E, trazendo-o debaixo de olho, mandaram espias que se fingiam de justos, para o apanharem em alguma palavra e o entregarem à jurisdição e poder do governador” (Lc 20.20). Os religiosos da época de Jesus, profanavam a prática religiosa, transformando-a em peça de teatro, chegando ao cúmulo de atrair as multidões, que aplaudiam o espetáculo (CHAMPLIN, 2002, Vl 01, p. 319 – acréscimo nosso).

1.2 Uma advertência contra a hipocrisia. O Senhor Jesus inicia exortando: “Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens […]” (Mt 6.1-a). O termo guardai-vos advém do grego: “prosechõ” que significa: “deter a mente, prestar atenção a; tomar cuidado com; dar atenção, prestar atenção, acompanhar, tomar cuidado com; ser devotado a; levar em consideração”. O fato de sermos solicitados a nos guardar indica que, assim como devemos fazer melhor que os escribas e fariseus (Mt 5.20), evitando os pecados do coração, o adultério do coração (Mt 5.28), e o assassinato do coração (Mt 5.22), devemos igualmente manter e seguir a justiça do coração, fazendo o que fazemos a partir de um princípio interior e vital, para que possamos ser aprovados por Deus (Mt 5.16,20), e não para sermos aplaudidos pelos homens. Isto é, devemos vigiar contra a hipocrisia, que era o fermento dos fariseus, bem como contra sua doutrina (Lc 12.1).

II – PERIGOS DA FALSA ESPIRITUALIDADE

2.1 Exibicionismo: “para ser visto pelos homens” (Mt 6.1-a). O termo hipócrita, conforme já vimos, refere-se à pessoa que faz boas obras só por aparência, não por compaixão. Suas ações podem ser boas, mas seus motivos são maus. Embora os discípulos devam ser vistos praticando boas obras (Mt 5.16), eles não devem fazê-las, como objetivo de serem vistos (2Tm 3.5).

2.2 Vangloria: “para ser honrado pelos homens” (Mt 6.2-b). O ensino que fica claro, é que os súditos do Reino não devem realizar boas obras para glória pessoal, e sim, que glorifiquem ao Pai celestial (Mt 5.16; 1Co 10.31). A auto glorificação é um erro frontal, para quem quer viver a ética do reino os céus (Jo 5.44), e não condiz com quem nutre a verdadeira espiritualidade: “Seja outro o que te louve, e não a tua boca; o estrangeiro, e não os teus lábios” (Pv 27.2).

2.3 Recompensa puramente terrena: “para receber o galardão dos homens” (Mt 6.2-c). Tal como Jesus o entendia, não pode duvidar-se que esta forma hipócrita de agir, tem em si certo tipo de recompensa. Três vezes Jesus repete a frase: “Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa” (Mt 6.2,5,16). Jesus, portanto, quer dizer o seguinte: “Se você der esmolas para demonstrar sua generosidade, você obterá a admiração de seus semelhantes, mas isso é tudo o que você receberá como recompensa”. A força plena da afirmação de Jesus é que aquele que almeja e obtém o louvor dos homens, dá virtualmente um recibo: “Totalmente pago”. Não haverá nenhum outro galardão aguardando por ele no céu: “[…] não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus” (Mt 6.2) e ainda, sofrerá de Deus penalidade (Mt 23.13,14).

III – CARACTERÍSTICAS DA VERDADEIRA ESPIRITUALIDADE

3.1 Exerce a justiça da forma correta. Quando Jesus diz: “Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita” (Mt 6.3), quer significar que nossos motivos para boas ações, devem ser puros. É fácil dar com motivos mistos, fazer algo em favor de alguém se for beneficiado de alguma maneira. Isso significa que é errado ofertar abertamente? Todas as ofertas devem ser anônimas? Não necessariamente, pois os cristãos da Igreja primitiva sabiam que Barnabé havia doado o valor recebido da venda de suas terras (At 4.34-37). Quando os membros da igreja colocavam seu dinheiro aos pés dos apóstolos, não o faziam em segredo. É evidente que a diferença está na motivação interior. Vemos um contraste no caso de Ananias e Safira (At 5.1-11), que tentaram usar sua oferta para mostrar aos outros uma espiritualidade que, na verdade, nenhum dos dois possuía.

3.2 Exerce a justiça pela motivação correta. Dar esmolas aos pobres, orar e jejuar eram disciplinas importantes para o judaísmo. Jesus não condenou essas práticas, mas advertiu que era preciso ter uma atitude interior correta ao realizá-las. Os fariseus usavam as esmolas como forma de obter o favor de Deus e a atenção dos homens, duas motivações erradas. Não há oferta, por mais generosa que seja, capaz de comprar a salvação, pois a salvação é um presente de Deus (Ef 2.8,9). Jesus diz que devemos revisar nossos motivos quanto a: a) generosidade (Mt 6.4), b) oração (Mt 6.6) e c) jejum (Mt 6.18). Não deve ser motivado pela popularidade e pelo aplauso vazio da multidão. Procuremos agradar a Deus, e desejarmos fervorosamente sua aprovação e certamente receberemos tesouros no céu (Mt 5.12; Lc 14.14).

3.3 Exerce a justiça com o propósito certo. É tolice viver em função do reconhecimento humano, pois a glória do homem não dura muito tempo: “Porque toda carne é como erva, e toda a glória do homem, como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor” (1Pd 1.24). O que importa é a glória e o louvor de Deus! É muito fácil dar por reconhecimento e louvor. Para nos assegurar de que nossos motivos não são egoístas devêssemos realizar nossas boas obras quieta e silenciosamente, sem esperar recompensa (Cl 3.22,23). Estas obras não devem ser egocêntricas, a não ser teocêntricas, e não para nos fazer luzir bem, a não ser para fazer a Deus luzir bem. Jesus não disse que não deveríamos deixar que alguém visse as nossas boas obras. Ele já havia admoestado os seus discípulos: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.16). É com o propósito que ele está lidando aqui, devemos buscar a glória de Deus, não a nossa própria (Rm 11.36).

3.4 Não exerce a misericórdia por ostentação. O verbo “ostentar” significa: “mostra-se; exibir-se com aparato; alardear” (HOUAISS, 2001, p. 2089). Os fariseus eram peritos em fazer coisas para serem apresentados, e Jesus reprovou esta atitude (Mt 6.2,5,18). Lucas nos mostra que, Barnabé vendeu sua propriedade para depositar aos pés dos apóstolos, para assistir aos necessitados da igreja (At 4.36,37); Ananias e Safira, também venderam sua herdade e depositaram aos pés dos apóstolos (At 5.1-11). A obra era praticamente a mesma. No entanto, a diferença entre eles era a motivação. Enquanto Barnabé foi inspirado pelo amor; Ananias e Safira, pela ostentação e por isso foram severamente punidos (At 5.9,10).

3.5 É devidamente recompensada. O Senhor Jesus deixa claro que, quando as boas obras são realizadas pelas razões certas, ainda que não vista pelos homens, serão devidamente recompensadas: “Mas, quando tu deres esmola […] teu pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente” (Mt 6.3,4). Há promessa de retribuição para os que vivem uma vida justa e piedosa, diante de Deus e dos homens e por tudo que realizam para a glória de Deus (Mt 10.41,42; 16.27; Mc 9.41), como afirma o Senhor: “E eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo para dar a cada um segundo a sua obra” (Ap 22.12).

CONCLUSÃO

A sinceridade de coração é uma marca distintiva do autêntico discípulo de Cristo, sendo necessário este ser verdadeiro, no que diz respeito às suas intenções, bem como às suas práticas ou ações religiosas.

REFERÊNCIAS

  • ADEYEMO, Tokunboh. etal. Comentário Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
  • BARCLAY, William. Comentário do Evangelho de Mateus.
  • EARLE, Ralph. Comentário Bíblico Beacon: Mateus a Lucas. Vol 6. CPAD.
  • CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia.
  • GOMES, Osiel. Os valores do reino de Deus: A relevância do Sermão do Monte para a igreja de Cristo. CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: portalrbc1.