O papel da pregação no culto

 

1º TRIMESTRE 2024

O CORPO DE CRISTO

Origem, Natureza e Vocação da Igreja no mundo

COMENTARISTA:  Pr. José Gonçalves

LIÇÃO 12 – O PAPEL DA PREGAÇÃO NO CULTO – (2Tm 4.1-5)

INTRODUÇÃO

Nesta lição, destacaremos o conceito bíblico do que é pregação; mencionaremos que o ministério terreno de Cristo, foi caracterizado pela proclamação das boas novas com o propósito de alcançar a todas as pessoas; elencaremos também, principais eventos que mostram a pregação sendo colocada como prioridade no dia a dia da igreja primitiva; e por fim, abordaremos quais devem ser as características da pregação no culto e a sua devida importância.

I  – DEFINIÇÕES

1.1 Definição do termo proclamar. O verbo grego traduzido como “proclamar”, “kerysso” que quer dizer: “ser um arauto, proclamar como um arauto”, refere-se na prática à: “pregação do evangelho como a palavra autorizada (obrigatória) de Deus, trazendo responsabilidade eterna a todos que a ouvem” (GONÇALVES, 2024). Ainda podendo ser entendido como: “promulgação solene e urgente de um fato importante. Assim é descrito o anúncio do Evangelho em obediência ao ‘ide’ de Cristo” (Mt 28.18-19) (ANDRADE, 2006, p. 305).

1.2 Definição do termo pregação. Andrade define a pregação como sendo: “proclamação da Palavra de Deus, visando a divulgação do conhecimento divino, a conversão dos pecadores e a consolação dos fiéis” (2006, p. 303). Um dos termos usados é “kerygma”, que indica: “a mensagem do evangelho”; essa palavra aparece cerca de oito vezes no Novo Testamento (Mt 12.41; Lc 11.32; Rm 16.25; 1Co 1.21; 2.4; 15.14; 2Tm 4.17; Tt 1.3), indicando a pregação apostólica, que é a mensagem central e o fundamento do Novo Testamento (CHAMPLIN, 2004, p.367)

II  – A PREGAÇÃO NO MINISTÉRIO DE JESUS

Jesus exerceu um tríplice ministério de cura, pregação e ensino da palavra de Deus: “E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo” (Mt 4.23), essa ênfase na pregação no ministério do Senhor é Jesus, é vista frequentemente nos Evangelhos “E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo” (Mt 9.35), “E aconteceu, num daqueles dias, que, estando ele ensinando o povo no templo e anunciando o evangelho, sobrevieram os principais dos sacerdotes e os escribas com os anciãos” (Lc 20.1). Sua importância é ressaltada, quando essa mesma ênfase foi ordenada e confiada à igreja (Mt 28.19; Mc 16.15-18).

III  – A PREGAÇÃO NA IGREJA PRIMITIVA

A pregação é a parte central do culto cristão e sem ela o culto fica sem brilho e objetivo, pois é através dela que a fé é gerada: “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam a paz, dos que anunciam coisas boas! Mas nem todos obedecem ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus (Rm 10.14-17; ver Gl 3.2); é a vontade de Deus, que todos se arrependam e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (At 17.30; 1Tm 2.4), para tanto percebemos a pregação sendo evidenciada na vida da igreja primitiva. Vejamos:

3.1 No ministério de Pedro. Após ser revestido com o poder do Espírito Santo, o apóstolo Pedro pregou um sermão bíblico (At 1.16), totalmente cristocêntrico, começando com: “[…] Jesus Nazareno” (At 2.22) e, terminando com: “[…] Senhor e Cristo” (At 2.36), resultando em quase três mil almas para o Reino de Deus. Desde então, seu ministério foi marcado pela proclamação das boas novas, na unção do Espírito. Como se pode ver em vários momentos: (a) diante do espanto dos que presenciaram o milagre realizado na porta formosa do templo (At 3.12-26); (b) diante da indagação e da oposição do sinédrio (At 4.8-22); e, (c) na casa do centurião Cornélio (At 10.34-48).

3.2 No ministério de Paulo. O apóstolo Paulo em razão da sua importância no cenário cristão, destacou-se quanto ao compromisso de proclamar a Palavra de Deus de tal forma que sempre lembrava: “Para o que (digo a verdade em Cristo, não minto ) fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios, na fé e na verdade” (1Tm 2.7; 2Tm 1.11), o que podemos ver com facilidade tanto em seu exemplo (At 9.20,22; 13.5,16; 14.1,21,22,25; 16.13,31; 17.2,3,17;18.4,5,11; 19.8,13; 20.25; 28.31), como em seus ensinamentos (1Tm 4.6-11,13,16; 5.17; 6.3-5; 2Tm 1.13; 2.14,15; 4.2).

IV  – CARACTERÍSTICAS DA PREGAÇÃO NO CULTO

O apóstolo Paulo prevendo o fim de seus dias (2Tm 4.6,7), trouxe à tona para o jovem obreiro Timóteo, compromissos que deveriam caracterizar sua conduta como servo de Deus e da igreja do Senhor. Entre esses o de pregar o Evangelho de forma genuína, frente a um tempo de resistência à verdadeira mensagem de Deus (2Tm 4.3,4). Nesse intuito, o apóstolo destaca características que deve ter a pregação no culto:

4.1 Seriedade: “Conjuro-te, pois […]” (2Tm 4.1-a). A palavra conjuro-te, do grego: “diamarturomai” que indica: “testificar sob juramento, atestar, testificar a, afirmar solenemente”, é enfática e tem peso de afirmação legal. O apóstolo elaborara detalhadamente a responsabilidade que está sobre o ministro cristão. Agora ele incumbe Timóteo de assumir este encargo em plena conscientização de que, no desempenho de suas obrigações, ele é responsável diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo (2Co 5.10). A pregação da Palavra era tão importante para Paulo e para o ministério da igreja que ele ordenou “uma ordem militar” que Timóteo continuasse a pregá-la. Paulo recorre a Cristo como testemunha de sua ordem e lembra a Timóteo que, um dia, o Senhor retornará e testará o ministério dele. O pregador infiel que acrescenta algo à mensagem ou dela subtrai será reprovado no dia do acerto de contas (Ap 22.18).

4.2 Fidelidade: “pregues a palavra […]” (2Tm 4.2-a). Pela expressão “a palavra”, o apóstolo quer dizer a mensagem relativa a Cristo como Redentor, Salvador e Senhor. Este deve ser o teor da pregação cristã. Nenhum sermão é realmente sermão, a menos que deixe explícita a verdade bíblica. O pregador é um arauto de Cristo, não pode mudar a mensagem que lhe foi confiada: “porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus” (At 20.27), não pode alterar a essência da mensagem, na tentação de torná-la palatável aos homens: “Porque nós não somos, como muitos, falsificadores da palavra de Deus; antes, falamos de Cristo com sinceridade, como de Deus na presença de Deus” (2Co 2.17).

4.3 Urgência: “[…] instes a tempo e fora de tempo […]” (2Tm 4.2). O pregador precisa ter um profundo senso de urgência, o verbo grego “ephistemi”, traduzido por “instar”, significa literalmente: “estar de prontidão”. A tempo e fora de tempo pode ser traduzido por “insista em todas as ocasiões, convenientes ou inconvenientes”. Esta determinação nos mostra o senso de urgência que deve caracterizar nossa pregação (At 8.26-30). Isso acarreta necessariamente a responsabilidade de corrigir e repreender (redarguas e repreendas) e o dever mais positivo de animar (exortes). Temos de provocar em todos que nos ouvem a disposição de reagir em total obediência à Palavra de Deus. Acima de tudo, o servo de Deus deve cultivar a graça da paciência (longanimidade), em seus esforços de levar as pessoas a Cristo e ministrar-lhes o ensino segundo a verdade cristã (doutrina).

V  – A IMPORTÂNCIA DA PREGAÇÃO BÍBLICA NO CULTO

5.1 Para nosso ensino. Paulo diz: “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito […]” (Rm 15.4). Segundo Champlin (2004, p. 855):“Paulo faz aqui uma pausa momentânea a fim de relembrar aos seus leitores qual a autoridade e qual o devido uso das Escrituras. Ele também quis dar a entender, que ela está repleta de boas coisas para nossa instrução moral e espiritual, e a igreja tem feito bom emprego dela, quanto a esses propósitos”.

5.2 Para aviso nosso. O mesmo apóstolo assevera acerca da Bíblia que as coisas que estão escritas: “[…] estão escritas para aviso nosso […]” (1Co 10.11). Para exortar os crentes de Corinto, Paulo utiliza-se do mau comportamento do povo de Israel no deserto (1Co 10.1-6). O apóstolo diz que este exemplo negativo serve de aviso a fim de que não caiamos nos mesmos erros (1Co 10.6,11). Segundo Champlin (1995, p. 396 – acréscimo nosso) a palavra “aviso” no original grego é: “nouthesia”, que significa: “admoestação”, “instrução”, “aviso”, que é utilizada tanto no sentido positivo quanto negativo, ou seja, uma atitude que pode ser reproduzida ou evitada”. Os bons exemplos quanto os maus exemplos de personagens das Escrituras também foram registrados para nos trazer advertências;

5.3 Para nos instruir no caminho certo. Paulo descreveu para o jovem obreiro Timóteo quais os muitos propósitos da pregação das Escritura em relação ao homem: “Toda a Escritura é […] proveitosa para ensinar, […] redarguir, […] corrigir, […] instruir em justiça” (2Tm 3.16). Tudo que foi escrito, o foi para nos instruir no caminho da justiça. Segundo Champlin (1995, p. 396 – acréscimo nosso), no tocante à justiça que no grego é: “dikaiosune”, fica indicado o “treinamento naquilo que é reto”. Porém, no sentido cristão, “praticar o que é reto” consiste em cultivar o caráter moral de Cristo, o qual, por sua vez, reproduzirá a moralidade de Deus Pai”.

CONCLUSÃO

Em razão dos tempos difíceis que marcam os últimos dias da Igreja do Senhor na terra, precisamos reafirmar o valor das Escrituras e da sua proclamação, ocupando um lugar proeminente no culto cristão

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
  • CHAMPLI, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
  • GONÇALVES, José. O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e Vocação da Igreja no Mundo. 1 ed. RJ: CPAD, 2024.
  • VINE, W. E. Dicionário Vine. CPAD.

Fonte: portal rbc1/lições

O modelo de missões da Igreja de Antioquia

 

4º TRIMESTRE 2023

ATÉ OS CONFINS DA TERRA

Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo

COMENTARISTA:  Pr. Wagner Gaby

LIÇÃO 12 – O MODELO DE MISSÕES DA IGREJA DE ANTIOQUIA
(At 11.19-26; 13.1-5)

INTRODUÇÃO

Nesta lição aprenderemos sobre o padrão de missões à luz da Igreja de Antioquia; veremos algumas informações gerais sobre essa importante congregação e sua atuação na obra evangelística; e, por fim, veremos as características de um verdadeiro modelo de uma igreja missionária.

I  – DEFINIÇÃO DO TERMO MODELO

1.1 Definição. O dicionarista Houaiss (2001, p.1941) informa que modelo é: “coisa ou pessoa que serve de imagem, forma ou padrão a ser imitado, ou como fonte de inspiração; exemplo dado por uma pessoa, uma coisa que possui determinadas características em mais alto grau”. No Novo Testamento uma das palavras que são traduzidas por modelo é o termo: “tupos” que pode significar: (a) no sentido técnico: “modelo de acordo com o qual algo deve ser feito”; e, (b) num sentido ético: “exemplo dissuasivo, padrão de advertência; exemplo a ser imitado; de pessoas que merecem imitação” (1Tm 4.12; 2Tm 1.13; Tt 2.7).

II  – A IGREJA DE ANTIOQUIA

 2.1 Sua localização geográfica. A cidade de Antioquia da Síria destacada na atual lição (não confundir com Antioquia da Psídia), era localizada às margens do rio Orontes, a uns 24 km do mar Mediterrâneo, fundada em cerca de 300 a.C, por Seleuco Nicanor (chamado de Seleuco I), um dos generais de Alexandre, que lhe deu nome em honra a seu pai, Antíoco. Chegou a ser a sede do legado imperial da província romana da Síria e Cilícia, e aparecia como a capital do Oriente, sendo a terceira maior cidade do império romano, perdendo em importância somente para Roma e Alexandria. Antioquía era o centro de adoração para vários cultos pagãos que promoviam a imoralidade sexual e outras formas de maldade comuns a religiões pagãs, era famosa pelo culto a Dafne, cujo templo estava a uns 8 km da cidade. Também foi um centro comercial vital, a porta ao mundo oriental (CHAMPLIN, 2004, p.195 – acréscimo nosso). Foi nesse contexto, que nasceu uma igreja multicultural e multirracial para liderar a obra missionária no mundo.

 2.2 Sua fundação. Como igreja, Antioquia surgiu em decorrência do ministério de evangelistas anônimos. A perseguição que explodiu na cidade de Jerusalém em virtude da morte de Estêvão (At 8.1-4), não fez a igreja retroceder, antes, saíram pregando a Palavra de Deus: “E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até a Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra senão somente aos judeus” (At 11.19). Os crentes dispersos, Judeus helenistas que haviam se convertido a Cristo, saíram pregando o evangelho aos gentios, alargando as fronteiras geográficas e culturais. Esses missionários anônimos pregaram na Fenícia, que corresponde ao Líbano de hoje; também pregaram em Chipre, a terra natal de Barnabé (At 4.36), chegando até Antioquia da Síria, imponente cidade do império romano: “E havia entre eles alguns varões de Chipre e de Cirene, os quais, entrando em Antioquia, falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus” (At 11.20).

 2.3 Sua importância para o trabalho missionário. A igreja de Antioquía da Síria exerceu um papel muito importante no I século da igreja primitiva. Ela foi a primeira igreja gentílica e foi ali onde os crentes foram chamados cristãos pela primeira vez: “E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja e ensinaram muita gente. Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos” (At 11.26). O trabalho prosperou, tendo de Deus a sua aprovação: “E a mão do Senhor era com eles […]” (At 11.21-a), confirmando a amplitude da graça divina, aumentando o número de gentios alcançados: “[…] e grande número creu e se converteu ao Senhor” (At 11.21-b), tornando-se pública e evidente a ação graciosa de Deus: “E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé até Antioquia, o qual, quando chegou e viu a graça de Deus, se alegrou […]” (At 11.22,23).  Em razão da sua posição geográfica e sobretudo seu crescimento espiritual, a igreja de Antioquia adquiriu proeminência ao enviar missionários ao mundo gentio. nesta cidade se deu o ponto de partida para as viagens missionárias. Sendo, portanto, uma cidade chave não só para Roma, mas também para a igreja primitiva.

III  – O MODELO DE MISSÕES DA IGREJA DE ANTIOQUIA

A igreja de Antioquia tornou-se um modelo não só de moralidade (o que se entende, em serem identificados por cristãos, “parecidos com; ou pertencentes a Cristo”), como também de uma liderança estruturada (At 11.25,26; 13.1), um exemplo de igreja altruísta e solidária, enviando donativos aos irmãos da Judéia (At 11.28-30), como igualmente se tornou um modelo, de como deve ser a obra missionária e qual deve ser o perfil dos que trabalham nela.

 3.1 Barnabé e Paulo serviam na Igreja Local (At 13.2). Lucas relaciona cinco homens que ministravam na igreja: Barnabé (At 4.36,37; 9.27; 11.22-26); Simeão, que talvez fosse da África, uma vez que tinha o sobrenome “Niger” (ou “negro”); Lúcio de Cirene, que talvez tenha sido um dos fundadores da igreja em Antioquia (At 11.20); Manaém, um amigo íntimo (ou talvez um irmão adotivo) de Herodes Antipas, que havia mandado matar João Batista; e, Saulo (Paulo), o último da lista, mas que em breve estaria exercendo uma liderança proeminente na obra missionária. Todos estavam ligados à igreja local e a serviço dela, como demonstração de seu compromisso com Deus. Ficando claro que antes de exercerem missões transculturais estavam exercendo atividades numa igreja local, subordinadas a igreja mãe em Jerusalém com a sua respectiva liderança apostólica e não à parte dela (.

3.2 Barnabé e Paulo foram separados pelo Espírito Santo para a obra missionária (At 13.2). Deus já havia chamado Paulo para ministrar aos gentios (At 9.15; 21.17-21) e convocou Barnabé para que trabalhassem juntos. Enquanto a igreja servia, o Espírito Santo tornou conhecida a sua vontade designando Barnabé e Saulo como missionários. O Espírito Santo não age à parte da igreja, mas em sintonia com ela. O Espírito se manifesta a uma igreja centralizada na Palavra, que ora e jejua (At 13.2,3). O Espírito Santo fala por intermédio de homens (At 4.23), a igreja de Antioquia recebeu a mensagem, que os conclamou a separar dois dos ativos obreiros para a tarefa por Deus conferida. Deus sempre se encarregará de mostrar e nomear por meio da liderança espiritual constituída, aqueles a quem o Senhor estabeleceu para tarefas específicas (At 8.39; 9.31; 10.19,44). Ao longo de Atos, Lucas ressalta que o Espírito Santo controla o trabalho missionário do começo ao fim (At 1.8; 13.9; 15.8,28; 16.6,7; 20.28; 28.25).

3.3 Barnabé e Paulo tiveram a chamada reconhecida pela Igreja (At 14.26; Gl 2.9). A igreja confirmou seu chamado e os enviou para o campo missionário. Faz parte do ministério do Espírito Santo, trabalhando por meio da igreja local, preparar e chamar cristãos para ir a outras partes e servir. Esse equilíbrio é sadio e evita ambos os extremos. O primeiro é a tendência para o individualismo, pelo qual uma pessoa alega direção pessoal e direta do Espírito, sem nenhuma referência à igreja. O segundo é a tendência para o institucionalismo, pelo qual todas as decisões são tomadas pela igreja sem nenhuma referência ao Espírito. Apesar de não podermos negar a validade da escolha pessoal, ela só é sadia e segura quando vinculada ao Espírito e à igreja através da sua liderança (At 14.28).

 3.4 Barnabé e Paulo foram enviados pela Igreja em Antioquia (At 13.3). A despedida dos missionários foi precedida por mais uma sessão de oração e jejum, tratando-se de um período de intercessão em prol da obra. Depois, os missionários receberam a imposição das mãos, o que segundo Champlin (2002, p.258 – acréscimo nosso) era um método usado para a consagração de pessoas às funções oficiais da igreja cristã, desde os tempos primitivos como uma forma de aprovação e reconhecimento de alguém para uma tarefa específica (1Tm 4.14; 2Tm 1.6), como também pode indicar um ato de benção, de concordância, de identificação com eles para o trabalho (At 6.6), enfatizando o compromisso da igreja na comissão dos missionários, os recomendando à graça de Deus (At 14.26).

 3.5 Barnabé e Paulo prestavam relatório a Igreja de Antioquia (At 14.24-28). Os missionários haviam passado em vários lugares estratégicos, enfrentando muitos desafios, porém, cumpriam com êxito a obra que lhes fora confiado. Ao regressarem, prestam contas das atividades realizadas, do sucesso da obra missionária. O testemunho é algo legítimo e necessário para encorajar a igreja. A igreja estava reunida para ouvir as notícias desse primeiro avanço missionário. Paulo e Barnabé relatam cuidadosamente não o que fizeram por Deus, mas o que Deus fez com eles e por eles: “E, quando chegaram e reuniram a igreja, relataram quão grandes coisas Deus fizera por eles e como abrira aos gentios a porta da fé” (At 14.27), como também fortaleceu a comunhão com a igreja local: “E ficaram ali não pouco tempo com os discípulos” (At 14.28). Não há trabalho missionário desconectado da igreja local (At 16.4). Eles se abastecem na comunhão da igreja e também encorajam a igreja a estar ainda mais comprometida com a obra missionária.

 CONCLUSÃO

O trabalho missionário possui uma motivação divina a ser realizado e um padrão a ser seguido. Como Igreja do Senhor, sigamos firmes na realização em cumprir essa honrosa missão da evangelização mundial, seguindo os padrões de Deus deixados pela sua Palavra.

REFERÊNCIAS

  • KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento: Atos. 1. EDITORA CULTURA CRISTÃ.
  • PEREIRA, Shostenes. Fundamentação Bíblica para a Evangelização. BEREIA.
  • STOTT, John. A Mensagem de Atos: Até aos Confins da Terra. ABU EDITORA.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
  • CHAMPLIN, Russel, Normam. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. 3. HAGNOS.
  • HOWARD, Marshall, I. Atos: Introdução e Comentário. VIDA NOVA.
  • LOPES, Hernandes dias. Atos: A Ação do Espírito Santo na vida da Igreja. HAGNOS.

Fonte: portal rbc1/lições