As nossas armas espirituais

 

2º TRIMESTRE 2024

A CARREIRA QUE NOS ESTÁ PROPOSTA

O caminho da salvação, santidade e perseverança para chegar ao céu

COMENTARISTA:  Pr. OsielGomes

LIÇÃO 06 – AS NOSSAS ARMAS ESPIRITUAIS – (Lc 4.1-4; 16-20)

INTRODUÇÃO

Nesta lição, veremos algumas informações sobre e tentação de Jesus segundo o Evangelho de Lucas; pontuaremos as propostas do inimigo na batalha espiritual enfrentada por Jesus; notaremos a realidade da batalha espiritual bem como o preparo do crente; e por fim, falaremos sobre o campo da batalha espiritual.

I  – A TENTAÇÃO DE JESUS SEGUNDO O EVANGELHO DE LUCAS

Após ser batizado por João Batista no Jordão (Lc 3.21,22), Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado. Mas alguém pode perguntar: como era possível que o Jesus sem pecado fosse tentado? Devemos antes de mais nada observar que o que foi tentado foi sua natureza humana. O escritor Lucas fornece alguns detalhes desse fato que iremos destacar:

1.1 O lugar da tentação (Lc 4.1). O referido texto nos mostra que Jesus foi tentado no deserto “E Jesus […] foi levado […] ao deserto”. A palavra deserto no grego “eremía” e “éremus” significam, ambos, “deserto” ou “lugar ermo”, ou seja, não somente um verdadeiro deserto, mas também um lugar desabitado ou escassamente habitado (Barclay, 1955, p. 39).

1.2 O tempo da tentação (Lc 4.2-a). O relato de Mateus indica que foi “após os quarenta dias de jejum” que a tentação teve início (Mt 4.1). Mas Lucas diz especificamente que a tentação durou todo esse tempo “e quarenta dias foi tentado pelo diabo”. Jesus, apesar da tensão e da fome, mostrou-se vitorioso. É interessante destacar que as tentações que Cristo sofreu não se resumiram ao deserto (Lc 22.28). O diabo deu uma trégua depois do episódio no deserto, mas logo retornaria (Lc 4.13).

1.3 O agente tentador (Lc 4.2-b). O referido texto nos informa que quem tentou Jesus foi o próprio diabo: “e quarenta dias foi tentado pelo diabo” (Mt 4.3; Mc 1.13). A Bíblia nos mostra que ele é o principal agente da tentação (Gn 3.1; 2Co 11.3; 1Ts 3.5; 1Pd 5.8). O registro lucano informa quais as artimanhas do Inimigo para esse fim: (a) o diabo chegou-se a Jesus no deserto valendo-se de que ele estava sozinho (Mt 4.1; Lc 4.1); (b) aproveitou um momento que o Mestre se encontrava debilitado fisicamente (Mt 4.2; Lc 4.2); (c) com a expressão “se” talvez quisesse colocar dúvida na mente de Cristo (Lc 4.3); (d) tentou três vezes, pois entendia que a insistência podia fazer o Filho de Deus ceder (Lc 4.3); e, (e) usou a Palavra de Deus de forma distorcida para ludibriar (Lc 4.10,11). 

II  – AS PROPOSTAS DO INIMIGO NA TENTAÇÃO

Lucas apresenta uma sequência de tentações diferente da do evangelho de Mateus, contudo o relato de Lucas não afirma ser cronológico. Não sabemos por que Lucas inverte a ordem das duas últimas tentações, e não há proveito em especular a respeito disso. O que deve ser destacado é que a tentação foi uma realidade. “Jesus é colocado em teste para determinar se possui as qualidades necessárias para ser o Salvador, o Cristo e o Senhor. O diabo, seu arqui-inimigo, confronta Jesus e tenta seduzi-lo antes do início de seu ministério. Seu objetivo é frustrar o plano de salvação de Deus logo no princípio, induzindo Jesus a faltar com sua palavra para com Deus” (Tokumboh, 2010, p. 1241). Vejamos quais as intenções do diabo na tentação do deserto:

2.1 Duvidar da revelação recebida (Lc 4.3). No batismo, Jesus ouvira do céu a declaração do Pai dizendo: “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo” (Lc 3.22-b). No entanto, no deserto, o diabo o tentou a duvidar dessa declaração, quando o quis incitar a transformar as pedras em pão como evidência de sua filiação divina (Lc 4.3). Em primeiro lugar, Jesus não precisava provar para Satanás que ele era o Filho de Deus, pois Satanás sabia disso (Mc 5.7; Lc 8.28). Em segundo lugar Jesus não compôs a sua própria resposta para o tentador, mas extraiu a sua resposta da revelação das Escrituras (Dt. 8.3; Lc 4.4).

2.2 Apossar-se de forma prematura dos direitos de Messias (Lc 4.5-8). Lucas enfatiza o fato de que o Maligno fez aparecer diante de Jesus toda a pompa deste mundo, alegando ser dele (Jo 12.31; 14.30; 16.11). Na verdade Cristo Jesus é herdeiro de tudo (Rm 8.17; Hb 1.2). Todavia, a Escritura nos mostra que todas as coisas lhe estariam sujeitas no devido tempo (Hb 10.13; Ap 11.15). Querer tomar posse dos reinos antes de passar pela cruz era contrariar o plano divino. Mas, Jesus estava comprometido plenamente com a vontade divina (Jo 4.34; 5.30; 6.38; Hb 10.7). 

2.3 Testar a revelação recebida (Lc 4.9-12). O Maligno nesta ocasião cita a Escritura (Sl 91.11-12) para assegurar Jesus que Ele ficaria bastante seguro. Este, porém, é um emprego errôneo da Bíblia. E torcer um texto para servir um propósito. Jesus rejeita esta tentação, conforme fizera com as outras duas, ao apelar para o significado verdadeiro da Bíblia (Dt 6.16). Não cabe ao homem submeter Deus ao teste, nem sequer quando o homem é o próprio Filho de Deus encarnado (Morris, 2007, pp. 98,99).

III  – A REALIDADE DA BATALHA ESPIRITUAL

A batalha espiritual é uma realidade com a qual todo crente, em algum momento, irá se deparar. Não existe ninguém que seja imune à batalha espiritual, pois até mesmo Jesus, o homem perfeito, foi submetido. A resposta à batalha espiritual não é, portanto, negá-la, mas enfrentá-la à luz da Palavra de Deus. Notemos algumas observações que devemos ter:

3.1 Não ignorar essa realidade. Infelizmente não são poucos os cristãos que ignoram que estamos numa batalha espiritual contra os seres demoníacos. Alguns ignoram por falta de conhecimento, outras porque preferem não acreditar. Ignorar o diabo não o fará deixar de existir e de investir contra nós. Acerca disso Paulo diz: “Porque não ignoramos os seus ardis” (2Co 2.11). Pedro também afirmou que: “o diabo […] anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pd 5.8 veja ainda 1Co 7.5; Ef 6.16; 1Ts 2.18; Ap 12.17). Embora, haja anjos decaídos que estão algemados no Inferno (2Pd 2.4; Jd v.6); há outros que estão soltos, como agentes de Satanás, sob o seu domínio e controle (Ef 2.2; Αp 12.7).

3.2 Não supervalorizar essa realidade. Enquanto uns ignoram a realidade do inimigo das nossas almas, há outros que cometem pelo menos dois erros: (a) atribuem tudo ao diabo. Embora Satanás seja um causador de males aos homens na terra, há males que sobrevêm ao homem por causa do seu pecado (Rm 5.12; Lm 3.39), e outros que são enviados por Deus como punição (Gn 6.5,17; 2 Cr 7.13); e, (b) acham que o diabo é tão poderoso quanto Deus. É bom dizer que embora o diabo tenha certo poder (At 26.18; 2 Ts 2.9), pois foi um ser angelical de destaque no mundo espiritual (Is 14.12-19; Ez 28.14,15), ele não pode agir de forma autônoma, pois esteve e sempre estará sob o controle de Deus (Jó 1.11,12; Mc 5.9,10; Lc 22.31).

3.3 Ser moderado a essa realidade. Que existe um reino tenebroso, diabólico, organizado no mundo espiritual (Ef 6.12) influenciando as nações e os povos para o mal em todos os sentidos, está patente na Bíblia: “o mundo jaz no maligno” (1Jo 5.19). Jesus, por diversas vezes chamou o diabo de “o príncipe deste mundo” (Jo 12.31; 14.30; 16.11); Paulo de “[…] o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos […]” (2 Co 4.4). Ele também falou do “príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência” (Ef 2.2). No entanto, a Bíblia também diz que, por ocasião do sacrifício de Cristo que, esmagou a cabeça da serpente (Gn 3.15), e despojou os principados e potestades, quando triunfou deles na cruz do Calvário (Cl 2.15), sua atuação ficou ainda mais restrita no mundo, pela presença do Espírito Santo e da igreja (2Ts 2.7). A esta Igreja, o Senhor Jesus concedeu poder e autoridade sobre os demônios e todo poder do maligno (Mc 16.17; Lc 10.19); de forma que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18).

IV  – O PREPARO ESPIRITUAL DO CRENTE PARA A BATALHA

A imagem que o apóstolo Paulo na sua carta aos Efésios é a de uma linguagem retirada do contexto militar romano. A expressão “toda a armadura” traduz o termo grego “panóplia”, que significa “a armadura completa de um soldado fortemente armado” (Ef 6.11,13). Na Carta, a orientação não é para usar armas próprias, mas tomar o equipamento dado por Deus, resistir bravamente e marchar contra as potestades do ar.

4.1 Fortalecidos no poder do Senhor. Quando o apóstolo Paulo usa a expressão na forma passiva “fortalecei-vos no Senhor” (Ef 6.10a) indica que não temos poder em nós mesmos. Esse excelso poder nos é conferido pela comunhão com Deus, em Cristo, por meio do Espírito Santo (Jo 15.7; 1Jo 1.3). Por isso precisamos estar fortalecidos por meio da “renovação da mente” (Ef 4.23), da “vida em santidade” (Ef 4.24) e “ser cheio do Espírito” (Ef 5.18). A vitória não pode ser alcançada por outro meio. Conhecer as Escrituras sem a devida obediência e frequentar os cultos sem a genuína conversão não são suficientes. Não obstante, o poder de Deus está disponível aos fiéis para “pisar serpentes, e escorpiões, e toda a força do Inimigo” (Lc 10.19).

4.2 Vigilantes em toda a oração e súplica. Paulo enfatiza a necessidade de uma vida cristã permeada pela prática da oração. Não é possível entrar em combate sem a cobertura de tão preciosa arma espiritual (Lc 21.36). A expressão “orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito” (Ef 6.18) significa clamar pelo favor divino em qualquer circunstância e oportunidades. Esse clamor deve estar acompanhado de vigilância (Is 59.1,2), pois esta preserva o crente das astutas ciladas do Inimigo (Sl 124.7).

V  – CONHECENDO O CAMPO DA BATALHA ESPIRITUAL

A expressão usada por Paulo: “ciladas do diabo” (Ef 6.11) indica as “armadilhas” articuladas perversamente pelo reino das trevas. O líder desse reino é identificado como diábolos, que significa “caluniador” e “acusador” (Mt 4.1; Jo 8.44; 1Pd 5.8). Vejamos algumas características dessa batalha espiritual:

5.1 O conflito contra o reino das trevas. Paulo enfatiza que esse conflito não é “contra carne e sangue” (Ef 6.12). Não se trata de lutar contra o ser humano, mas contra o reino das trevas nas “regiões celestes”. Essas declarações indicam que a batalha não é física, mas travada no mundo espiritual. O conflito é contra as hostes que, debaixo da autoridade do Diabo, mantêm os homens na escuridão (1Jo 5.19). Nessa metáfora, fica claro que o cenário do campo de batalha do soldado é espiritual (Ef 6.11,12), ao mesmo que se revela a natureza pessoal do conflito, pois essa luta se dá tanto na área individual quanto na área coletiva da igreja (1Pd 5.8,9).

5.2 As agências das potestades do ar. Paulo identifica as forças do mal que marcham contra a Igreja como “principados, potestades, príncipes das trevas deste século e hostes espirituais da maldade” (Ef 6.12). Esses seres são caracterizados por três aspectos: a) Eles são poderosos. Os títulos “principados e potestades” indicam poder, primazia e autoridade para agir; “príncipes das trevas” são líderes de anjos decaídos, que sob o comando do Diabo exercem domínio; b) Eles são malignos. Esses agentes formam “as hostes espirituais da maldade”. Refere-se a demônios que empregam seu poder destrutivamente para o mal; e, c) Eles são astutos. São cheios de sutilezas e maquinam a queda da Igreja. Apesar desse imenso império do mal, a Igreja é exortada a não temer. Somos incentivados a lutar e, sobretudo, a vencer, pois o Senhor da Igreja está elevado ao nível “acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio” (Ef 1.21).

CONCLUSÃO

Em certo sentido, a “armadura de Deus” é uma imagem de Jesus Cristo. Ele é a Verdade (Jo 14.6); Ele é nossa justiça (2Co 5.21) e nossa paz (Ef 2.14). Ele é fiel (Gl 2.20); é nossa salvação (Lc 2.30); e, é a Palavra de Deus (Jo 1.1,14). Isso significa que, quando aceitamos a Cristo, também recebemos a armadura. No momento da salvação, vestimos a armadura de uma vez por todas. No entanto, devemos nos apropriar dela cada dia: “[…] vistamo-nos das armas da luz” (Rm 13.12).

REFERÊNCIAS

  • SOARES, Ezequias; SOARES, Daniele. Batalha Espiritual. CPAD, 2018.
  • SOARES, Ezequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD, 2017.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD, 1995.
  • WIERSBE, W. W (Trad. Susana Klassen). Comentário Bíblico Expositivo NT. GEOGRÁFICA, 2007.
  • HANEGRAAFF Hank (Trad. Marta Andrade). Armadura Espiritual. CPAD, 2005.
  • MORRIS, Leon, L. Lucas: Introdução e Comentário. VIDA NOVA.

Fonte: portal rbc1/lições

O Batismo – A primeira ordenança da Igreja

 

1º TRIMESTRE 2024

O CORPO DE CRISTO

Origem, Natureza e Vocação da Igreja no mundo

COMENTARISTA:  Pr. José Gonçalves

LIÇÃO 09 – O BATISMO – A PRIMEIRA ORDENANÇA DA IGREJA – (Rm 6.1-11)

INTRODUÇÃO

Nesta lição aprenderemos sobre uma das principais ordenanças deixadas pelo Senhor Jesus à sua Igreja, a saber: o batismo em águas; veremos o seu conceito bíblico e a sua finalidade para a vida cristã; e por fim, confrontaremos à luz das Escrituras as falsas concepções existentes sobre esta ordenança.

I  – DEFINIÇÃO DA PALAVRA ORDENANÇA

1.1 Definição.  Segundo Houaiss (2001, p.2077), ordenança quer dizer: “ato ou efeito de ordenar, de organizar, de dar arrumação a; ordenação, organização; ordem, lei ou decisão que provém de autoridade”. Podemos definir ordenança como um rito externo ordenado por Cristo para ser administrado na Igreja, como um sinal visível da verdade salvadora da fé cristã (THIESSEN, p .303). Ordenança pode ser ainda entendido como: “um rito simbólico que põe em destaques as verdades centrais da fé cristã, e que é obrigação universal e pessoal” (THIESSEN apud STRONG, p. 303).

II  – DEFINIÇÃO E SIGNIFICADO DO BATISMO EM ÁGUAS

2.1 Definição do termo batismo. A expressão batismo do grego: “baptisma” é usado para designar tanto o batismo de João (At 1.5; 11.16; 19.4) como o batismo cristão (Mt 28.19). Tal termo advém do verbo: “baptizo” que quer dizer: “imergir, mergulhar, imersão”; usado primariamente entre os gregos significando o ato de tingir roupa ou a ação de tirar água imergindo uma vasilha em outra (VINE, p. 430).

2.2 O significado do batismo em águas. Na declaração de Fé das Assembleias de Deus, sobre o batismo em águas encontramos: “Cremos, professamos e ensinamos que o batismo em águas é uma ordenança de Cristo para sua Igreja, dada por ordem específica do Senhor Jesus (Mt 28.19). Reconhecemos esse ato como testemunho público da experiência anterior, o novo nascimento, mediante a qual o crente participa espiritualmente da morte e da ressurreição de Cristo (Cl 2.12)” (SOARES, 20107, p.127). Quando o crente é imerso no batismo e seu corpo coberto pela água, simboliza que ele morreu para a vida velha de pecados, e quando é levantado, está ressurgindo para uma nova vida em Cristo (Rm 6.3-6). O cristão está testemunhando que recebeu pela fé a Jesus como Senhor e Salvador de sua vida e se arrependeu de seus pecados (At 2.38). Por isso batismo em água inclui o compromisso permanente de virar as costas ao mundo e a tudo quanto é mau, e viver uma nova vida no Espírito (Cl 2.6-8,12). O batismo em águas significa que a pessoa pertence agora a Cristo e compartilha de sua vida, do seu Espírito e de sua filiação com Deus (Rm 8.14-17).

2.3 Jesus e batismo em águas. Se o batismo era uma confissão pública de arrependimento de pecados, e o Senhor Jesus não tinha pecados para confessar, é de se deduzir que Ele não precisava se batizar. Eis aí a razão pela qual João quis se recusar (Jo 1.14).  Por qual razão, então, Jesus se submeteu ao batismo? Vejamos:

2.3.1 Para cumprir toda a justiça: Como Jesus viera sob a Lei (Gl 4.4), teria de dar exemplo de plena obediência à Lei diante da nação israelita. Por esta razão Ele foi circuncidado (Lc 2.21); foi apresentado no Templo e consagrado ao Senhor (Lc 2.22,23); aos doze anos, foi à Jerusalém, para participar da Páscoa (Lc 2.41,42), e também se submeteu ao batismo (Mt 3.13-17; Mc 1.9-11; Lc 3.21,22; Jo 1.32-34).

2.3.2 Para se identificar com os pecadores: Embora Jesus não precisasse do arrependimento de pecado (1Pd 2.24), foi batizado como nosso representante, assim também como nosso representante seria crucificado. Vejamos o que a Bíblia nos diz: “E aconteceu que, ao ser todo o povo batizado, também o foi Jesus” (Lc 3.21). “Aquele que não conheceu pecado ele o fez pecado por nós; para que fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co 5.21).

2.3.3 Para confirmar e anunciar seu ministério: Assim como o batismo representa o fim de uma velha para uma nova vida, o batismo de Jesus também representa o fim de uma vida normal, de um simples carpinteiro (Mt 13.55; Mc 6.3), para tornar-se um homem público, e dar início ao seu ministério, com uma missão específica, sob o poder do Espírito Santo (Mt 4.23; 9.35). Isto porque não há registro algum que Ele tivesse pregado ou curado antes desse período. Até então, Ele estava em Nazaré esperando a hora que o Pai determinara para início do Seu ministério.

2.3.4 Para endossar a autoridade de João: Ao ser batizado por João, Jesus queria endossar, também pelo exemplo, ser o Ministério de João proveniente do Céu (Mt 21.25). Jesus estava demonstrando que reconhecia a autoridade e missão de João Batista.

III  – A IGREJA E A ORDENANÇA DO BATISMO EM ÁGUAS

Jesus deixou claro que seus discípulos deveriam além de ensinar, deveriam também batizar (Mt 28.19; 26.29), como ensina a Bíblia Sagrada. Vejamos:

3.1 O batismo como uma ordenança. Os discípulos saíram e pregaram por toda a parte, batizando em cumprimento à ordem recebida (Mc 16.16,20; At 2.41; 8.12; 10.47). Uma ordem dada pelo Senhor é realmente para ser cumprida (SI 119.4), pois a desobediência significa rejeição do conselho de Deus (Lc 7.29,30; Jo 14.21,23). Batizavam-se pessoas que se haviam arrependido (At 2.38), pessoas que de bom grado recebiam a Palavra (At 2.41; 8.12), os que criam em Jesus (Mc 16.16; At 8.12,37; 18.8: 16.33,34), pessoas que já eram discípulos (At 19.1-6). Observamos, assim, que não existe na Bíblia nenhum exemplo de batismo de crianças recém-nascidas (BERGSTÉN, 2016, p. 242).

3.1.1 O batismo por imersão. Os candidatos eram imersos totalmente nas águas: Desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou” (At 8.38). Sobre o batismo de Jesus, a Palavra afirma que Ele, depois do seu batismo: “saiu logo da água” (Mt 3.16). Era costume realizarem os batismos em Enom: “porque havia ali muitas águas (Jo 3.23).

3.1.2 O batismo e a forma trinitária. O batismo era sempre ministrado após a experiência da salvação, nunca antes. Ninguém era batizado para ser salvo, mas porque já era salvo. Essa ordem de Jesus jamais foi revogada, portanto, ninguém tem o direito de desprezá-la (Mt 5.18,19). O batismo bíblico é: “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo (Mt 28.19). Assim, torna-se impossível afirmar, pelo que se lê em Atos 2.38; 8.16; 10.48 e 19.5, que os apóstolos batizavam apenas em nome de Jesus. Essas passagens significam apenas que os discípulos batizavam autorizados por Jesus (BERGSTÉN, 2016, p. 243).

IV  – FALSAS CONCEPÇÕES SOBRE O BATISMO EM ÁGUAS

4.1 O batismo em águas é condição para salvação. Um dos grandes erros no que diz respeito a finalidade do batismo em águas, é afirmar que ele uma condição para a salvação. Os que defendem esse conceito, se reportam ao texto da grande comissão registrado pelo Evangelista Marcos, quando menciona a seguinte expressão: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo […]” (Mc 16.15,16). Certamente, Jesus não está dizendo que o batismo é necessário para a salvação, mas a pessoa que é salva deve ser batizada. É a rejeição de Cristo que traz a condenação eterna. Jesus foi claro, quando disse: “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (Jo 3.36). Aquele que crê deve ser batizado e introduzido na comunhão da igreja. A fé, porém, precede ao batismo. O batismo não faz o cristão, mas demonstra-o. Uma pessoa pode ser salva sem o batismo, como o foi o ladrão que se arrependeu na cruz, mas jamais alguém pode ser salvo sem crer em Jesus (Rm 10.9-13; Ef 2.8). É a descrença e não a ausência do batismo a razão da condenação: “[…] mas quem não crer será condenado” (Mc 16.16). Nós somos batizados porque já somos salvos e não para sermos salvos!

4.2 Crianças devem ser submetidas ao batismo em águas. Aqueles que argumentam em prol do batismo infantil dizem ser o batismo o substituto da circuncisão, que era feita quando os meninos israelitas tinham oito dias de idade. Entretanto, quando o Novo Testamento aborda a questão, não diz: “Pois nem a circuncisão é cousa alguma, nem a incircuncisão, mas o que vale é o batismo em águas”, e sim, “o ser nova criatura” (Gl 6.15). Quando, mediante a fé e arrependimento, estamos em Cristo, então somos novas criaturas (2Co 5.17). Os infantes são incapazes de arrependimento, fé ou testemunho público da salvação recebida. De fato, eles não têm consciência do pecado dos quais possam se arrepender. Isso significa que as crianças que morrem antes da idade da responsabilidade são salvas através da redenção por Cristo: “Mas Jesus, chamando-as para si, disse: Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais, porque dos tais é o Reino de Deus” (Lc 18.16). Esses fatos, portanto, não deixam margem para o batismo infantil!

4.3 Não há necessidade de ser batizado em águas. Um outro erro comum, é imaginar que pelo fato de ser a fé em Cristo o meio para a salvação, dizem alguns: “não preciso ser batizado nas águas”. O que se constitui uma má compressão sobre esta ordenança bíblica. O batismo por imersão é ordenado nas Escrituras. Todos quantos se arrependem e creem em Cristo como Salvador e Senhor, devem ser batizados. Assim fazendo, estarão declarando ao mundo que morreram com Cristo e foram ressuscitados com Ele para andar em novidade de vida (Mt 28.19; Mc 16.16; At 10.47,48; Rm 6.4).

CONCLUSÃO

Ser batizado nas águas é uma das experiências mais marcantes para a vida cristã; embora não seja uma condição para a salvação, mas, todo aquele que é salvo naturalmente tem o desejo de obedecer a tal ordenança.

REFERÊNCIAS

  • BERGSTÉN, E. Teologia Sistemática. CPAD.
  • SILVA, Esequias Soares da (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.
  • GEISLER, Norman. Teologia Sistemática vol. 2, CPAD.
  • MENZIES, William,W. HORTON, Stanley M. Doutrinas Bíblicas: Os Fundamentos da Nossa Fé. CPAD.

Fonte: portal rbc1/lições

Motim em família

 

2º TRIMESTRE 2023

RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA

Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus

COMENTARISTA:  Pr. ElienaiCabral

LIÇÃO 05 – MOTIM EM FAMÍLIA – (Nm 11.1-7; 12.1-8)

INTRODUÇÃO

Nesta lição, estudaremos o terrível mal da murmuração e suas graves consequências para a família. O motim é o ápice do problema, queixumes e ciúmes dão o tom dos capítulos que estudaremos hoje. Infelizmente uma família chamada para servir, acabou esquecendo quem realmente controlava seus chamados. Hoje aprenderemos os drásticos fins daqueles que entram no caminho de rebelião e motim.

I – DEFINIÇÃO DAS PALAVRAS MOTIM E REBELIÃO

1.1 Definição do termo motim. A palavra é o mesmo que insurreição, organizada ou não, contra qualquer autoridade civil ou militar instituída, caracterizada por atos explícitos de desobediência, de não cumprimento de deveres, de desordem, acompanhada de levante de armas e de grande tumulto (Houaiss. 2001, p. 1968).

1.2 Definição do termo rebelião. De acordo com o dicionarista Antônio Houaiss (2001, p. 2394) rebeldia é: “qualidade ou característica de rebelde; ato de rebelar-se; não conformidade; oposição, resistência; obstinação excessiva; qualidade da pessoa que não obedece ou que se opõe a uma autoridade; vontade contrária ou oposta; teimosia; revelia; birra; revolta, indisciplina, insubmissão, insubordinação”. Ou seja, rebelião é um atentado, uma resistência à autoridade estabelecida, seja ela familiar, governamental ou espiritual (Dt 21.18; 31.27; Jr 4.17).

II – CONHECENDO A FAMÍLIA DE MOISÉS

Moisés, Arão e Miriã formavam uma equipe enviada por Deus para ajudar a nação de Israel (Mq 6.4). Eles trabalharam arduamente durante muitos anos para que o projeto de Deus fosse alcançado. Antes de destacarmos suas características que levaram a rebelião, é importante notar que eles foram usados por Deus.

2.1 Miriã. Deus havia usado Miriã para salvar a vida de seu irmão mais novo (Êx 2.1-10), ele esteva atenta o tempo todo para proteger seu pequeno irmão. Além de ser uma profetisa, ela dirigia as mulheres israelitas no louvor a Deus: “Então Miriã, a profetisa, a irmã de Arão, tomou o tamboril na sua mão, e todas as mulheres saíram atrás dela com tamboris e com danças. E Miriã lhes respondia: Cantai ao Senhor, porque gloriosamente triunfou; e lançou no mar o cavalo com o seu cavaleiro” (Êx 15.20, 21). Foi parte muito importante no desenvolvimento do ministério de Moises.

2.2 Arão. Arão era filho de Anrão e Joquebede ambos oriundos da tribo de Levi (Êx 2.1). Ele era o irmão do meio, numa família de três filhos (Êx 6.20; Nm 26.59). Arão nasceu durante a opressão de Israel no Egito, mas evidentemente antes do decreto genocida de Êxodo 1.22. Tinha três anos de idade quando Moisés nasceu (Êx 7.7). Quando cresceu se casou com Eliseba e teve quatro filhos: Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar (Êx 6.23; Lv 10.1,6; 1Cr 24.1). Durante toda a narrativa do Êxodo Arão é um auxiliar de Moisés (Êx 4.14). A Bíblia como um todo fala gentilmente de Arão. Nos Salmos ele é chamado de pastor (Sl 77.20); sacerdote (Sl 99.6); escolhido (Sl 105.26); santo (Sl 106.16) e ungido (Sl 133.2).

2.3 Moisés. Moisés pertencia a tribo de Levi, e era filho de Aarão e sua esposa Joquebede(Ex 6:20). Os outros membros de sua família imediata eram Aarão e Miriã (Nm 26:59), seu irmão e sua irmã mais velhos que ele. Por meio de sua esposa Zípora (Ex. 2:21 – filha de um sacerdote midianita), Moisés teve dois filhos, Gérson e Eliezer. Conforme o historiador judeu Flávio Josefo, Moisés nasceu em Heliópolis, no Egito. Moisés recebera de Deus o chamado para ser líder de Israel aos oitenta anos de idade quando o Senhor lhe apareceu do meio de uma sarça que estava em chamas e o comissionou para libertar o seu povo da escravidão egípcia (Êx 3.1-22; At 7.22-30). O Anjo do Senhor lhe apareceu em uma chama de fogo (Êx 3.2) e se revelou como o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó (Êx 3.6). Moisés foi fiel ao seu chamando (Nm 12.7; Hb 3.2,5).

III – OS MOTIVOS DA REBELIÃO DE MIRIÃ E ARÃO

Ao analisar a passagem por completo de Números 12, descobrimos que o pecado do povo é evidenciado também em Arão e Mirian. Ao que tudo indica Miriã incitou toda a discórdia e por isso foi punida pelo próprio Deus. Entre os problemas destacamos o ciúme, o apego ao reconhecimento e principalmente a falta de respeito a liderança estabelecida por Deus são evidenciados neste ato. Resumimos em dois os grandes motivos da rebelião:

3.1 Por causa da esposa estrangeira de Moisés (Nm 12.1). Desde que Moisés não se casasse com uma mulher dos povos cananeus (Êx 34.12-16), sua escolha era aceitável ao Senhor. Nas Escrituras, Cuxe normalmente refere-se a um povo que vivia próximo ao Egito, mas algumas versões traduziram o termo hebraico como “Etiópia”. Isso levou a pensar que a segunda esposa pertencia a outra raça e, portanto, não era aceitável. (WIERSBE, 2015, p. 433)

3.2 Alegavam ser também porta-vozes de Deus tanto quanto Moisés (Nm 12.2). Moisés era o único porta-voz do Senhor? Miriã e Arão não tinham também o direito de proclamar a Palavra de Deus? Na realidade, tudo indica que os dois estavam com ciúmes do papel eminente de Moisés como único canal da revelação de Deus, conforme sugere sua queixa: Porventura, tem falado o Senhor somente por Moisés? Não tem falado também por nós? Ao questionar a vontade de Deus e a autoridade de Moisés, Miriã e Arão estavam agindo exatamente como o povo de Israel. Moisés, porém, não respondeu nem tentou se justificar, mas deixou que o Senhor o defendesse. Foi um sinal de mansidão, pois a mansidão não é fraqueza é ter poder, mas não o usar a qualquer hora e de qualquer jeito. O comentarista Champlin (2001, p.646) analisa o seguinte: A rebeldia deles foi um grande erro de cálculo, visto que o poder de Yahweh estava por trás de Moisés, e quem se opunha a ele opunha-se ao Senhor

IV – RESULTADOS DO MOTIM DE MIRIÃ E ARÃO

  • Rebelião (Nn1): “E falaram Miriã e Arão contra Moisés [^]”.
  • Inveja (Nm 12.2); “E disseram: Porventura falou o Senhor somente por Moisés? Não falou também por nós? [^]”.
  • Falta de temor (Nm 12.8): “por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés? [^]”.
  • Ira de Deus (Nm 12.9): “Assim a ira do Senhor contra eles se acendeu; e retirou-se”.
  • Juízo divino (Nm 12.10): “E a nuvem se retirou de sobre a tenda; e eis que Miriã ficou leprosa como a neve [^]”.
  • Pecado (Nm 12.11): “Por isso Arão disse a Moisés: Ai, senhor meu, não ponhas sobre nós este pecado, pois agimos loucamente, e temos pecado”.
  • Vergonha (Nm 12.14): “E disse o Senhor a Moisés: Se seu pai cuspira em seu rosto, não seria envergonhada sete dias? [^]”.

V – A PUNIÇÃO DE DEUS DIANTE DO MOTIM DE MIRIÃ E ARÃO

5.1 Deus precisou intervir. Deus deixou claro que Moisés era mais do que um profeta, pois o Senhor se comunicava com ele pessoalmente e até revelou-lhe sua glória (Êx 19.16-19; 24.17,18; 34.5-11). Tanto Miriã quanto Arão tinham seus respectivos ministérios, mas Deus havia escolhido Moisés para liderar Israel, e ninguém podia tomar o lugar dele. Foi o Senhor quem deu a Moisés sua posição e autoridade, e foi errado Miriã desafiar o irmão.

5.2 Deus expôs a sedição de Arão e Miriã. Deus convocou Moisés, Miriã e Arão ao tabernáculo, onde manifestou a Sua presença, indicando qual era a Sua vontade. E todos os três foram compelidos a obedecer prontamente. O Senhor não permitiu que um câncer se desenvolvesse. A inclusão do nome de Arão aqui, tal como no primeiro versículo, depois do nome de Miriã, sugere que ela era a cabeça pensante da rebelião (CHAMPLIN, 2010, p. 647).

5.3 Deus feriu Miriã. Apesar de Miriã ter sido curada, teve de ficar fora do acampamento durante sete dias (Lv 13.1-6; 14.1-8; 15.8), pois havia sido contaminada. Isso lhe causou grande vergonha, pois o acampamento ficou sabendo do que havia acontecido. Significou, também, um atraso para o povo, pois tiveram de esperar pela restauração de Miriã antes de poder seguir viagem. O pecador rebelde é sempre motivo de atraso no progresso do povo de Deus (WIERSBE, 2015, p. 433).

VI – MOISÉS UM HOMEM MANSO E HUMILDE

Segundo o dicionário da língua portuguesa, humildade significa: “ausência completa de orgulho, rebaixamento voluntário por um sentimento de fraqueza ou respeito; praticar a humildade, modéstia, pobreza”. Percebamos que a humildade diz respeito a ausência de orgulho ou soberba, e é exatamente este o comportamento de Moises.

6.1 Moisés o homem mais manso da terra. Esta referência a Moisés como o homem mais manso da terra é provavelmente uma explanação complementar escrita por Josué após a morte de Moisés. O termo original significa tanto manso como humilde. A humildade de Moisés consistia em sua confiança em Deus como Senhor; daí ser ele isento de egoísmo e ambições carnais. Quando sob afronta ou ameaça, Moisés dependia de Deus e nEle confiava como seu socorro e defesa. As Escrituras afirmam que Deus se compraz em assistir ao humilde (Sl 22.26; 25.9; 147.6; 149.4; Mt 5.5; 1Pd 5.6). Jesus, como profeta semelhante a Moisés (At 7.37), foi manso e humilde de coração (Mt 11.29) e entregava-se a Deus ao ser maltratado (1Pd 2.23).

6.2 Moisés não se defendeu. A Bíblia diz que: “[■■■] era o homem Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra” (Nm 12.3). Na passagem estudada hoje, o servo do Senhor em nenhum momento tentou se defender. No entanto, Deus falou por Moisés, mostrando aos seus irmãos que apesar de também comunicar-se com eles, havia colocado Moisés sobre eles e com este servo do Senhor tinha um relacionamento diferenciado (Nm 12.4-9).

6.3 Moisés intercede por sua irmã. Moisés, agindo com mansidão, em nenhum momento procurou prevalecer contra seus irmãos, muito pelo contrário, ao ver sua irmã sendo punida pelo Senhor com uma enfermidade, rogou para que Deus a curasse, e o Senhor o ouviu, limitando a punição por apenas sete dias (Nm 12.13-15). A mansidão é indispensável também nos relacionamentos familiares, uma mulher rixosa não contribui para a o crescimento espiritual de sua família (Pv 14.1; 21.19).

CONCLUSÃO

Concluímos que Deus não aceita que mesmo em ambientes familiares tratemos nossos irmãos com desprezo, que por ciúme duvidemos de sua chamada e vocação. Deus sabe o que faz, quem chama o porquê chama, compete a nós ter um espírito quebrantado e servir ao Senhor com alegria.

REFERÊNCIAS

  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
  • CHAMPLIN, R. N. Comentário do Antigo Testamento. 1. HAGNOS.
  • W., Warren. Comentário Bíblico Expositivo do Antigo Testamento. Vol. 1. GEOGRÁFICA.
  • GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA.

Fonte: portalrbc1.

O cativeiro de Israel: Reino do norte

3º TRIMESTRE 2021

O PLANO DE DEUS PARA ISRAEL EM MEIO A INFIDELIDADE DA NAÇÃO

As correções e os ensinamentos divinos no período dos reis de Israel

COMENTARISTA:  Pr. Claiton Ivan Pommerening

LIÇÃO 10 – O CATIVEIRO DE ISRAEL: REINO DO NORTE – (2Rs 17.1-14,17-20,29)

INTRODUÇÃO

Nesta lição estudaremos sobre a cativeiro do reino do Norte; veremos qual o motivo do cativeiro de Israel; pontuaremos quais foram os reis ímpios de Samaria; notaremos importantes informações sobre os samaritanos; e por fim; relacionaremos as advertências dos profetas Amós e Oséias contra o Reino do Norte.

I – O REINO DE ISRAEL (REINO DO NORTE) E O CATIVEIRO ASSÍRIO

A queda de Samaria e a deportação de sua população foram o claro resultado dos pecados cometidos contra o Senhor (2Rs 17.7). O povo de Deus tornou-se infiel para com o Senhor que os livrara do Egito, adorando e servindo a outros deuses (2Rs 17.15-17). E fizeram isto apesar dos constantes avisos dos profetas de Deus de que tal atitude consistia em grave traição. O resultado inevitável foi o julgamento de Deus, um juízo que se manifestou na forma de exílio, expulsando os israelitas de sua terra prometida. A idolatria no Reino do Norte perdurou sem dificuldade por quase dois séculos. Finalmente, a paciência de Deus esgotou-se e Ele permitiu que os assírios destruíssem a capital de Israel (2Rs 17.6-18). Vejamos:

1.1 O motivo do cativeiro do reino do Norte. Devido a forte idolatria, a injustiça social e a degradação moral do povo de Israel (reino do Norte), Deus suscitou nações poderosas para punir o povo. E uma dessas nações foi a Assíria. Tudo isso está na base da divisão do reino de Israel (1Rs 11.33; 2Reis 1.7,11,14,16,20,23). Deus havia advertido a Salomão por duas vezes sobre a adoração de deuses estrangeiros, mas o rei não levou isso em consideração (1Rs 11.10). Por esse motivo o Senhor disse-lhe que o reino lhe seria tirado, embora não durante a sua vida: “Assim diz o Senhor:… Israel certamente será levado cativo” (Am 7.17). As palavras proferidas contra as tribos apóstatas foram literalmente cumpridas: “Assim foi Israel transportado de sua terra à Assíria, porque não obedeceram à voz do Senhor seu Deus, antes traspassaram o Seu concerto; e tudo quanto Moisés, servo do Senhor, tinha ordenado” (2Rs 18.12).

1.2 O cativeiro do reino do Norte. Desde que o reino de Israel foi dividido, o Norte se inclinou mais intensamente à idolatria que o Sul. O reino de Israel termina com o cativeiro assírio; o rei Salmaneser (filho de Tiglate-Pileser) da Assíria cobrou impostos de Israel (2Rs 17.1-3) e levou o povo israelita cativos para a Assíria (2Rs 17.5,6,23; 2Rs 18.11). A destruição que abateu o reino do Norte foi um juízo direto do Céu. Os assírios foram meramente o instrumento de que Deus se serviu para realizar o seu propósito. Por intermédio de Isaías, que começou a profetizar pouco antes da queda de Samaria, o Senhor se referiu aos assírios como “a vara da Minha ira”: “A Minha indignação é como bordão nas suas mãos” (Is 10.5). No reino de Israel, também chamado de reino do Norte ou reino de Samaria, praticamente, não houve nenhum rei “justo” diante de Deus. Vejamos a seguir a relação dos 19 ímpios reis do Norte e o tempo que reinaram sobre Israel:

•     Jeroboão I reinou 22 anos (1Rs 14.16-20);

•     Jeoacaz reinou 17 anos (2Rs 13.1,2);

•     Adabe reinou 2 anos (1Reis 15:25,26);

•     Jeoás reinou 16 anos (2Rs 13.10,11);

•     Baasa reinou 24 anos (1Rs 16.8-13);

•     Jeroboão II 40 anos (2Rs 14.23,24);

•     Elá reinou 2 anos (1Rs 16.8-13);

•     Zacarias reinou 6 meses (2Rs 15.8,9);

•     Zinri reinou 7 (1Rs 16.15-20);

•     Salum reinou 1 mês (2Rs 15.13);

•     Onri reinou 12 anos (1Reis 16.23-25);

•     Menaém reinou 10 anos (2Rs 15.17,18);

•     Acabe reinou 22 anos (1Rs 16:29,30);

•     Pecaías reinou 2 anos (2Rs 15.23,24);

•     Acazias reinou 2 anos (1Rs 22.52,53);

•     Peca reinou 20 anos e foi “mau” (2Reis 15.27,28);

•     Jorão reinou 12 anos (2Rs 3:1,2);

•     Oséias reinou 9 anos (2Rs 17.1,2)

•     Jeú reinou 28 anos (2Rs 10.36; 2Rs 10.28-31);

Total de 19 maus reis do Reino de Israel

1.3 O reino do Norte e os samaritanos. A apostasia personificou-se no primeiro rei de Israel, Jeroboão I, que se tornou para todas as gerações subsequentes um modelo de iniquidade e mau comportamento. Não surpreende que o único remédio para 200 anos de infidelidade e apostasia espiritual fosse a deportação da terra da promessa. Sob o comando de Salmaneser, Oséias o rei de Israel foi preso e Samaria foi sitiada por três anos, antes de finalmente sucumbir em 722 a.C (2Rs 17.5,6); e no cerco, multidões pereceram miseravelmente de fome e de enfermidades bem como pela espada. Caiu a cidade com a nação, e o humilhado remanescente das dez tribos foi levado cativo e espalhado entre as províncias do domínio assírio. Em seu lugar foram colocados outros povos, dando origem ao povo “samaritano”; pois era a política usual do rei da Assíria aos povos conquistados (2Rs 17.24). Nunca mais a nação de Israel – reino do norte – voltou do cativeiro.

II – O REINO DO NORTE E O PROFETA AMÓS

As grandes injustiças dos reis do Norte fizeram com que os profetas Amós e Oséias formalizassem graves denúncias (Am 5.6-9). Todos estes terríveis pecados da nação de Israel foram apontados pelos profetas com pesadas advertências ao arrependimento, e apelos à misericórdia e ao amor de Deus (Os 7.11-14). Notemos então cada um deles:

2.1 Quem foi o profeta Amós. Acerca do profeta Amós, podemos fazer algumas afirmações. O seu nome significa “fardo” ou “carregador de fardos”. Ele nasceu em Tecoa – uma pequena aldeia que estava a oito quilômetros ao sul de Belém. Era um homem de negócios, fazendeiro e pregador, embora não fosse um profeta treinado da escola de profetas. Ele trabalhava com criação de gado e plantação de figos (Am 1.1; 7.14,15). Interessante que o seu livro é considerado um clássico, tanto no conteúdo quanto na expressão artística, o que implica dizer que ele era intelectual e habilidoso escritor. Tinha um profundo senso de justiça social e coragem nos confrontos. Amós também pode ser considerado um profeta missionário.

2.2 O contexto religioso do Reino do Norte e o profeta Amós. O cenário religioso em Israel, Reino do Norte, nos dias do profeta Amós era caótico. O povo de Deus vivia uma época de verdadeira apostasia e, consequentemente, uma época de grande corrupção moral. No tempo de Amós, ainda que a adoração a Baal já tivesse sido extinta, o sistema de adoração do bezerro de ouro permanecia. Tal prática já se arrastava por 170 anos. O sumo sacerdote naquela época era Amazias, que certamente havia sido indicado pelo rei. Do ponto de vista social e moral, o Reino do Norte estava corrompido, tanto interna quanto externamente. Vejamos alguns pecados e injustiças sociais cometidos neste período, que foram condenados pelo profeta Amós:

  • “[…]porque vendem o justo por dinheiro, e o necessitado por um par de sapatos (Am 2.6).
  • “Suspirando pelo pó da terra, sobre a cabeça dos pobres...” (Am 2.7-a).
  • “[…] pervertem o caminho dos mansos; e um homem e seu pai entram à mesma moça, para profanarem o meu santo nome” (Am 2.7-b).
  • “Ouvi esta palavra vós, vacas de Basã, que estais no monte de Samaria, que oprimis aos pobres, que esmagais os necessitados, que dizeis a vossos senhores: Dai cá, e bebamos (Am 4.1).
  • “Porque sei que são muitas as vossas transgressões e graves os vossos pecados; afligis o justo, tomais resgate, e rejeitais os necessitados na porta” (Am 5.12).

III – O REINO DO NORTE E O PROFETA OSÉIAS

Apesar do caos espiritual e rejeição de Israel, Deus queria salvar o povo. Foi então que o Senhor convocou o profeta Oséias. Assim como o profeta Amós, Oseias também dirigira sua mensagem ao Reino do Norte (Israel-Samaria). Sua mensagem é repleta de referências a lugares e eventos que somente alguém que pertencesse a Israel conheceria (Os 6.8), ou daria atenção a eles (Os 7.1; 8.5,6; 9.15; 10.5; 12.5,12; 14.1). Ele dirigiu-se quase que exclusivamente a Israel, a quem 37 vezes chama de Efraim (Os 2.1,2; 4.1,15; 5.1,8; 6.1,4; 9.1,5,7; 10.9,12; 11.8; 12.9; 13.4, 9-13; 14.1,8) e demonstrou relativamente pouca preocupação para com o Reino do Sul (Judá-Jerusalém), exceto quando o advertiu a não imitar o exemplo de Israel (Os 6.4,11).

3.1 Situação política e social. Nessa época, estava reinando sobre Israel Jeroboão II (793-753 a.C), filho de Jeoás que foi o quarto rei da dinastia de Jeú. Seu longo reinado sobre Israel (quarenta e um anos) recebeu uma atenção relativamente pequena nos registros de 2Reis 14.23-29. Jeroboão II liderou Israel num período de muita prosperidade. A Assíria havia enfraquecido a Síria, que dessa maneira não representava mais uma ameaça para Israel. Por isso, Jeroboão II teve liberdade para executar uma agressiva expansão do seu território, conforme profetizado por Jonas (2Rs 14.25). O Senhor usou esse governante para salvar Israel de anos de dificuldades e problemas (2Rs 14.27).

3.2 Situação espiritual. Infelizmente, a prosperidade do reino de Jeroboão II levou a muitos males, pois este rei não apresentava qualquer devoção a Deus. Do ponto de vista religioso ou espiritual, Israel descera ao degrau mais baixo. Eis abaixo alguns pecados cometidos pela nação: Decadência do povo (Os 4.1); Total falta de misericórdia (Os 6.4-11); Depravação dos sacerdotes (Os 6.9); Afastamento do Senhor (Os 7.1); Indiferença e apatia espiritual (Os 7.8); e, Confiança em deuses falsos (Os 8.1).

3.4 A mensagem de deus através de Oseias. O Reino do Norte havia resistido aos fortes apelos de Deus por intermédio do profeta a reconciliação, o que resultou numa sentença amarga: o cativeiro pela Assíria em 722 a.C (Os 11.7). Tendo rejeitado a correção, estavam sendo destruídos pela “falta de conhecimento” (Os 4.6) e por esquecer de Deus (Os 2.13). No entanto, a promessa divina aos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, de fazer uma aliança perpétua com eles e com seus descendentes, era a garantia de que o castigo não duraria para sempre (Os 1.10; Gn 22.17). Deus havia pronunciado o julgamento através do profeta (Os 2.6-13), porém, também anunciou a sua restauração, e que o Senhor graciosamente perdoaria a nação perversa e com paciência a atrairia para si (Os 2.14).

CONCLUSÃO

Vimos nesta lição que não faltou advertências para que Israel abandonasse a idolatria e fosse poupado do cativeiro. Todavia, nada surtiu efeito. Cada vez mais a nação afundava em seus pecados. A maneira drástica, porém, misericordiosa e amorosa, de Deus retornar seu povo ao aconchego do seu amor, foi, infelizmente, conduzi-lo ao cativeiro e à dispersão. Que Deus nos ajude a atentarmos mais para a sua Palavra a fim de não colhermos os amargos frutos da desobediência.

REFERÊNCIAS

  • ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
  • SOARES, Esequias. Visão Panorâmica do Antigo Testamento. CPAD.
  • ARCHER, Gleason; Merece Confiança o Antigo Testamento? Ed Vida Nova;
  • HARRISON, R.K; Tempos do Antigo Testamento, CPAD;
  • STAMPS, Donald C.; Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD.

Fonte: portalrbc1.