O zelo do apóstolo Paulo pela sã doutrina

4º TRIMESTRE 2021

O APÓSTOLO PAULO

Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a Igreja de Cristo

COMENTARISTA:  Pr. ElienaiCabral

LIÇÃO 11 – O ZELO DO APÓSTOLO PAULO PELA SÃ DOUTRINA (1Tm 6.3-6,11; 2Tm 3.14-17)

INTRODUÇÃO

Iniciaremos o assunto, definindo a palavra zelo e situando-a dentro da proposta da lição. Falaremos do apóstolo Paulo e de seu zelo pela igreja e pela sã doutrina, bem como de quais heresias ele combateu em sua época, como um zeloso apologista. Por fim, falaremos das exortações paulinas aos obreiros e à igreja, quanto aos futuros ataques à sã doutrina.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA ZELO

O dicionário Houaiss define a palavra “zelo” como “grande cuidado e preocupação que se dedica a alguém ou algo” (2001, p. 2905). Teologicamente pode ser definido como: “desvelo ardente por alguém” (ANDRADE, 2006, p. 365). O termo grego é “zelos”. A palavra grega “zeein” (“borbulhar, ferver”) acha-se à raiz da ideia de “zelo” (CHAMPLIN, 2004, pp. 725,726). No contexto da lição, esta é uma virtude presente na vida do apóstolo Paulo, em relação a sua preocupação com a doutrina e com a igreja de Jesus Cristo. Ele reconheceu que, para munir a igreja contra os ataques à sã doutrina, Deus deu levantou homens preparados, com o intuito de promover o amadurecimento dos crentes (Ef 4.11-13). Em seu zelo, Paulo ordenou ao obreiro Timóteo ter cuidado de si mesmo e da doutrina (1 Tm 4.16). E a Tito exortou dizendo: “[…]na doutrina, mostra incorrupção” (Tt 2.7).

II – PAULO E O SEU ZELO PELA SÃ DOUTRINA

Fazendo alusão à sua vida passada no judaísmo, Paulo se descreveu como um fariseu extremamente zeloso (At 22.3; Gl 1.14). Quando se converteu a Cristo, seu zelo tornou-se ainda maior. A diferença é que antes combatia com a espada; agora, em Cristo, combatia com a Palavra. Como um fiel servo de Deus, o apóstolo demonstrou:

2.1 Zelo pela igreja. Na segunda epístola aos coríntios, encontramos uma expressão do apóstolo Paulo que descreve seu zelo pela igreja: “Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo” (2 Co 11.2). O presente texto mostra o zelo paulino pela virgindade moral e espiritual da igreja de Cristo. Segundo certo comentarista, “vemos aqui a imagem de um pai amoroso, cuja filha está noiva e prestes a se casar. Sente que é seu privilégio e dever o mantê-la pura, a fim de poder apresentá-la a seu marido, com alegria, e não com pesar. Paulo vê a igreja local como essa noiva, prestes a se casar com Jesus Cristo (ver Ef 5.22ss e Rm 7.4). Esse casamento só ocorrerá quando Cristo voltar para buscar sua noiva (Ap 19.1-9). Enquanto isso, a igreja – e isso significa os cristãos, enquanto indivíduos – deve-se manter pura e se preparar para o encontro com seu Amado” (WIERSBE, 2007, p. 875).

2.2 Zelo pela doutrina. Paulo havia recebido um comissionamento divino para evangelizar (At 26.18) e também para cuidar da igreja de Cristo, mantendo a sã doutrina (2 Co 11.2). Ele havia recebido do Senhor o que ensinava (1 Co 11.1; Gl 1.11,12) e também da tradição apostólica (1 Co 15.1-4). Por isso, antes de sair a pregar, cumprindo este chamado, teve a preocupação de expor o evangelho que pregava aos apóstolos que andaram com Cristo, para que não trabalhasse em vão (Gl 2.1,2). De forma que considerava anátema quem alterasse o evangelho que pregava, ainda que fosse ele mesmo, um anjo do céu ou qualquer outra pessoa (Gl 1.8,9).

III – PAULO, POR SEU ZELO, COMBATEU AS HERESIAS DE SEU TEMPO

3.1 Gnosticismo. Foi uma heresia dos primórdios do cristianismo. O termo “gnose”, do grego “gnôsis”, significa “conhecimento, sabedoria”. Portanto, diz respeito a um “pretenso conhecimento da divindade que, esotericamente, se transmite através da tradição e mediante vários ritos de iniciação”. Esse movimento surgiu a partir de filosofias pagãs mais antigas que o próprio cristianismo, que floresceram na Babilônia, Egito, Síria e Grécia. Assim, o gnosticismo uniu a filosofia pagã com as doutrinas apostólicas do cristianismo, tornando-se uma forte influência na Igreja. Vejamos os dois grupos gnósticos e seus pontos de vista, bem como a perspectiva paulina quanto às suas doutrinas:

a) Libertinagem exaltada. Certos mestres gnósticos ensinavam que, como o corpo era mau, devia ser entregue desenfreadamente aos seus desejos, pois isto em nada afetaria o espírito. Na visão de Paulo, o homem é corpo, alma e espírito (1 Ts 5.23). Logo, não há possibilidade de pecar com o corpo e não prejudicar o espírito (Rm 8.8; 2 Co 7.1). Ademais, o nosso corpo, que é templo e morada do Espírito Santo (1 Co 6.19,20), não deve ser instrumento de iniquidade (Rm 6.19,20).

b) O ascetismo exaltado. Eles ensinavam que, por ser o corpo essencialmente mau, deveria ser tratado com severidade, regras rígidas, flagelamento, privações, isolamento, jejuns forçados e desprezo pelo casamento e pelo mundo material. Para Paulo, a salvação é pela graça e independente das obras da Lei (Rm 3.28; Ef 2.8), de modo que, apesar de ensinar os cristãos a viverem no Espírito, dominando a sua natureza caída (Rm 8.1; Gl 5.16), não lhes proibia de casar, para se satisfazerem sexualmente com o seu cônjuge (1 Co 7.1-4,7,9). O apóstolo não ensinava que a vida do cristão deveria estar isolada do mundo (1 Co 5.9-11; Fp 2.15).

3.2 Os judaizantes. Foi um movimento surgido nas primeiras décadas da Igreja Cristã, cujo objetivo era forçar os crentes gentios a observar a Lei de Moisés (legalismo), principalmente a Lei cerimonial, que incluía a prática da circuncisão, a abstinência de alguns alimentos e a guarda do sábado e dias tidos como especiais (Cl 2.16-23). Na verdade, esse movimento pretendia reduzir o cristianismo a uma mera seita judaica” (ANDRADE, 2006, p. 242). Contra esta pretensão, que contrariava frontalmente a Nova Aliança, levantou-se Paulo veementemente em suas cartas (Rm 3.28; Gl 2.16; 3.11; 3.24). Os modernos defensores do novo legalismo procuram enganar os incautos, com citação de textos bíblicos isolados, os quais eles torcem em favor de seus pontos de vista. Portanto, as leis do Antigo Pacto destinadas diretamente a nação de Israel, tais como as leis sacrificiais, cerimoniais, sociais ou cívicas (Lv 1.2-3; 24.10), já não são obrigatórias para quem está no Novo Pacto (At 15.24-29; Cl 2.16-17; Hb 10.1-4).

3.3 Libertinos. Certos grupos libertinos, distorcendo os ensinos de Paulo, como por exemplo, o da justificação pela fé independente das obras (Rm 3.28), afirmavam que, desde que uma pessoa tivesse fé em Cristo, não importaria se os atos dela fossem bons ou maus. Aqueles que pensam dessa forma são chamados de antinomistas. A palavra “antinomismo”, vem do grego “anti”, que significa “contra”, e “nomos”, que significa “lei”. Alegam os antinomistas que, uma vez salvos pela fé em Cristo Jesus, já estamos livres da tutela de Moisés (ANDRADE, 2006, p. 51). Embora tenha ensinado que os homens são justificados diante de Deus pela fé, Paulo exortou também que aqueles que estão em Cristo são novas criaturas (2 Co 5.17) e, portanto, não devem mais andar segundo a carne (Rm 8.1), mas na prática das boas obras que “Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10; Tt 2.14).

IV – PAULO VIU E PREVIU O SURGIMENTO DE ATAQUES A SÃ DOUTRINA

Há quem pense que Satanás e seus demônios só investem contra a santidade da igreja com pecados da carne. O apóstolo Paulo, no entanto, nos mostrou que o Inimigo também dispara ataques contra o ensino bíblico e ortodoxo, pois sabe que, alterando a doutrina, alterará o comportamento. Notemos:

4.1 Paulo exortou a igreja de Corinto. Sua preocupação pastoral fez dele um zeloso apologista da sã doutrina. Por isso, podia dizer: “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da simplicidade que há em Cristo” (2 Co 11.3). O apóstolo não tolerava outro evangelho (2 Co 11.4), e considerava a os pregadores do falso evangelho como ministros de Satanás (2 Co 11.13).

4.2 Paulo exortou a liderança da igreja, quanto aos ataques que ela sofreria enquanto aqui na terra. Por ocasião de sua despedida na cidade de Mileto, chamou os presbíteros de Éfeso e lhes disse abertamente: “Olhai, pois, por vós, epor todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; e que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós” (At 20.28-31).

4.3 Paulo exortou o jovem obreiro Timóteo para o presente, mas tal exortação apontava também para o futuro. Quando enviou o jovem evangelista Timóteo à cidade de Éfeso, Paulo o orientou quanto ao cuidado que deveria ter, em face das heresias que alguns estavam disseminando no meio do rebanho de Cristo (1 Tm 1.3). Ao mesmo tempo, o apóstolo profetizou que, no futuro, Satanás e seus demônios usariam pessoas para espalharem ensinamentos estranhos ao Evangelho de Cristo Jesus, levando alguns à apostasia: “Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios” (1 Tm 4.1).

CONCLUSÃO

Assim como o apóstolo Paulo, devemos seguir zelosos em reter o genuíno evangelho, tal qual recebemos, a fim de que não sejamos levados por ventos de doutrina que têm sido propagados por diversos canais no tempo presente. Deve ecoar nos nossos ouvidos a exortação de Jesus aos crentes de Filadélfia, quando disse: “guarda o tens para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3.11).

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor Côrrea de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
  • WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico do Novo Testamento 1. GEOGRÁFICA.

Fonte: portalrbc1.

Como vencer as oposições à obra de Deus

3º TRIMESTRE 2020

OS PRINCÍPIOS DIVINOS EM TEMPOS DE CRISE

A reconstrução de Jerusalém e o avivamento espiritual como exemplos para os nossos dias

COMENTARISTA:  Eurico Bergstén

LIÇÃO 9 – COMO VENCER AS OPOSIÇÕES À OBRA DE DEUS (Ne 4.8-20; 1Jo 4.4; 5.5)

INTRODUÇÃO

Nesta lição veremos quais as oposições que Neemias enfrentou frente a obra de Deus; e por fim, notaremos como Neemias reagiu para vencer as artimanhas dos inimigos da obra do Senhor para impedir a reconstrução dos muros da cidade.

I  – AS OPOSIÇÕES QUE NEEMIAS ENFRENTOU NA OBRA DE DEUS

1.1 Zombaria. Uma das principais estratégias dos inimigos foi a zombaria contra Neemias, bem como dos judeus: O que ouvindo Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita, e Gesém, o árabe, zombaram de nós…” (Ne 2.19-a; 4.3,4). Zombar significa: “mangar; debochar; ironizar”. A Bíblia descreve diversos exemplos de zombaria como: Agar que zombou de Sara (Gn 21.9); uns rapazes que zombaram de Eliseu (2Rs 2.23); e os escribas, fariseus e sacerdotes que zombaram de Cristo (Mc 15.31; Lc 16.14; 22.63). A zombaria tem o objetivo de trazer desânimo ao coração do crente (Sl 35.15,16; Hb 11.36).

1.2 Desprezo. Um outro tipo de oposição que Neemias enfrentou foi o desprezo por parte dos inimigos: “[…] e desprezaram- nos, e disseram: Que é isto que fazeis?…” (Ne 2.19-b). Desprezar significa: “tratar com desdém” ou “desconsiderar”. Dentre os muitos exemplos de desprezo na Bíblia, destacamos alguns: Esaú, que desprezou a sua primogenitura (Gn 25.34); os filhos de Belial, que desprezaram a Saul (1Sm 10.27); Davi, que foi desprezado por Golias (1Sm 17.42); e Jesus, que foi desprezado por Herodes (Lc 23.11) e pelos próprios judeus (Is 53.3; Jo 1.11).

1.3 Calúnia. Os inimigos de Neemias o acusaram de rebelião contra o rei da Pérsia, numa tentativa de fazer com que ele fosse punido pelo mesmo. Isto porque, todos que se rebelavam contra o rei eram sentenciados à morte: : “Quereis rebelar-vos contra o rei?” (Ne 2.19-c). Acusar significa “culpar; incriminar; imputar falta, delito ou crime”. A calúnia é uma das principais armas usadas pelos inimigos do povo de Deus (Ed 4.1-16; Jó 1.9-11; 2.4,5; Mt 27.12; Mc 15.3; Lc 6.7; 11.54).

1.4 Difamação. Como Neemias não caíra ante as primeiras calúnias, Sambalate e Gesém iniciaram uma campanha de difamação contra o servo de Deus (Ne 6.5-7). Tudo isso era mentira (Ne 6.8), e Neemias tomou a atitude certa diante da difamação, pois apresentou ao Senhor aquela causa (Ne 6.9). Não ficou trocando farpas com os opositores, mas confiou naquele que haveria de justificá-lo. Como bem falou o apóstolo Paulo: “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica” (Rm 8.34). O diabo nos acusa insistentemente e diuturnamente diante de Deus (Ap 12.10), mas junto ao Senhor, nós também temos um Justo Advogado (1Jo 2.1). As acusações estão sempre presentes na caminhada cristã (Mt 5.11,12), devemos estar atento para não desanimar por causa dessas armas satânicas (Mt 5.11,12).

1.5 Escárnio. Um outro tipo de oposição que Neemias enfrentou foi o escárnio: “E sucedeu que, ouvindo Sambalate que edificávamos o muro, ardeu em ira, e se indignou muito; e escarneceu dos judeus” (Ne 4.1). Escarnecer significa: “zombar; tratar com desprezo”. A Bíblia diz que não devemos assentar na roda dos escarnecedores (Sl 1.1); que Deus não se deixa escarnecer (Gl 6.7); e que nos últimos tempos surgirão escarnecedores (2Pd 3.3; Jd 1.18). Muitos servos de Deus foram alvos de escárnio, mas, nenhum deles foi tão escarnecido quanto o Senhor Jesus (Mt 27.41; Mc 10.34; Lc 23.11).

1.6 Desestímulo. Os inimigos da obra e de Neemias, ao perceberem o avanço da restauração dos muros, lançaram uma série de perguntas, pondo em dúvidas o avanço da obra. Seu objetivo era deter a reconstrução por intermédio do menosprezo: “[…] E falou na presença de seus irmãos, e do exército de Samaria, e disse: Que fazem estes fracos judeus? […]” (Ne 4.2). Eles tentaram diminuir a auto-estima do povo chamando-os de fracos. Devemos ter a postura de Josué e Calebe, e não ceder as investidas contra nosso ânimo (Nm 13.30; 4.9).

1.7 Desdém. Além de duvidar do avanço da obra, eles duvidaram também que a muralha permaneceria de pé. Era uma maneira de fazer com que os judeus desistissem de erguer os muros de Jerusalém:“E estava com ele Tobias, o amonita, e disse: Ainda que edifiquem, contudo, vindo uma raposa, derrubará facilmente o seu muro de pedra” (Ne 4.3). Se os judeus dessem ouvidos a estas palavras, com certeza, a reconstrução teria parado. Mas, eles não desistiram, continuaram a obra e, em cinquenta e dois dias os muros foram edificados (Ne 6.15). Podemos ver claramente qual era a intenção dos inimigos de Neemias: “E ligaram-se entre si todos, para virem guerrear contra Jerusalém, e para os desviarem do seu intento” (Ne 4.8).

1.8 Conspiração. Conspiração é a ação de construir um plano que prejudica alguém, geralmente um governante; é uma maquinação. Ato de quem busca prejudicar alguém, com a ajuda de outrem; conluio. É a combinação secreta com alguém, contra uma terceira pessoa; trama: “Ouvindo Sambalate e Tobias, e os arábios, os amonitas e os asdoditas, que ia avante a reparação dos muros de Jerusalém e que já as brechas se começavam a fechar, iraram-se sobremodo; e coligaram-se todos, para virem guerrear contra Jerusalém e fazer confusão ali” (Ne 4.7,8).

1.9 Astúcia. Sambalate e Gesém, maliciosamente, convidaram Neemias para uma reunião em que supostamente fariam as pazes, se tornariam amigos e esqueceriam o passado e seriam todos irmãos, mas a intenção deles era a pior possível: “Sucedeu que, ouvindo Sambalate, Tobias e Gesém, o árabe, e o resto dos nossos inimigos que eu tinha edificado o muro […] mandaram dizer-me: Vem, e congreguemo-nos juntamente nas aldeias […]” (Ne 4.11; 6.1,2). Parecia que estavam arrependidos de seus primeiros feitos, mas era tudo fingimento. O apóstolo Paulo nos preveniu acerca dos homens maus e perversos, que apenas tinham aparência de piedade (2Tm 3.1-5). O inimigo sempre procura falsas alianças com o povo de Deus, com o intento de infiltrar-se entre nós, para descobrir nossos segredos e estratégias (2Rs 20.12-17).

II  – COMO NEEMIAS REAGIU PARA VENCER AS OPOSIÇÕES À OBRA DE DEUS

2.1 Neemias orou a Deus. A oração é indispensável à vida cristã, principalmente quando estamos fazendo a obra de Deus em meio às oposições: “Porém, nós oramos ao nosso Deus […]” (Ne 4.9-a). Além das grandes lições que aprendemos com Neemias sobre administração, liderança e planejamento, ele nos ensina também que devemos orar, antes, durante e depois da realização da obra de Deus (Ne 1.4-11; 2.4; 4.4,9; 5.19; 6.9,14; 13.14,22,29,31). A Bíblia está repleta de promessas e de exemplos de respostas às orações (1Sm 1.9-20; 2Rs 19.15-20; Jr 33.3; Sl 50.15; Mt 21.22; At 12.5; Tg 5.16).

2.2. Neemias confiou em Deus. Nemias sabia que estava no centro da vontade de Deus, e que o Senhor era com ele. Por isso, tinha a convicção de que seu objetivo seria alcançado: “Então lhes respondi, e disse: O Deus dos céus é o que nos fará prosperar” (Ne 2.20-a). A confiança inabalável em Deus é fundamental para quem está à frente da obra, principalmente em meio às oposições. Deus quer que confiemos nEle em toda e qualquer circunstância (Sl 23.4; 27.4; 46.1-11; Hb 11.1). Depois que a obra foi concluída, até os inimigos reconheceram que Deus estava com eles (Ne 6.15,16).

2.3 Neemias continuou trabalhando. Além da confiança em Deus, Neemias motivou o povo a continuar trabalhando. Se eles fossem dar ouvidos aos opositores, ou desviar a atenção da reconstrução dos muros, com certeza, a obra não iria adiante: “[…] e nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos […]” (Ne 2.20-b). Assim, Neemias nos ensina que, jamais devemos permitir que as oposições impeçam a continuidade da obra que o Senhor nos confiou. Enquanto os inimigos se levantam, continuemos, pois, trabalhando: “Porém edificamos o muro, e todo o muro se fechou até sua metade; porque o coração do povo se inclinava a trabalhar” (Ne 4.6). Manter-se animado deve ser o propósito de todo crente em relação ao trabalho do Senhor (1Co 15.58). O ânimo nos leva a prosseguir, a permanecer e aceitar novos desafios de Deus (Ne 2.5,17,18).

2.4 Neemias preparou-se para a batalha. Neemias entendeu que era necessário aumentar a segurança: “[…] e pusemos uma guarda contra eles […]” (Ne 4.9-b,13). Os inimigos dos judeus estavam tão dispostos a deter a obra que intentaram armar ciladas para tirar-lhes a vida (Ne 4.11). Neemias tomou algumas atitudes neste sentido: “Então pus guardas nos lugares baixos por detrás do muro e nos altos; e pus ao povo pelas suas famílias com as suas espadas, com as suas lanças, e com os seus arcos” (Ne 4.13). Neemias mostrou que é preciso ser vigilantes contra os inimigos (Ne 4.16-18; 21-23).

2.5 Neemias animou o povo. O coração do povo não se inclinou a ouvir a zombaria, escárnio e desprezo. O povo tapou os ouvidos ao inimigo e concentrou suas energias físicas, mentais e emocionais na edificação do muro. Se quisermos vencer, temos que tapar os ouvidos a todo comentário que instila desânimo, incredulidade e fracasso: “Assim edificamos o muro, e todo o muro se completou até a metade da sua altura; porque o coração do povo se inclinava a trabalhar” (Ne 4.6). Neemias conscientizou aos judeus que a vida de seus familiares também estavam em perigo; e, por isso, eles teriam que pelejar também por eles: “[…] e pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas mulheres e vossas casas” (Ne 4.14). Esta atitude de Neemias nos faz lembrar que o diabo, o nosso maior inimigo, peleja não apenas contra nós e contra a obra de Deus, mas também contra nossa família desejando destruí-la. Por isso, devemos ser sóbrios e vigilantes (Mt 26.41; Tg 4.7; 1Pd 5.8) e, acima de  tudo, “pelejar” por eles (Dt 6.5-9; Jó 1.5; Pv 22.6).

2.6 Neemias teve coragem. Quando Semaías convidou Neemias para fugir dos inimigos, a resposta foi contundente: “[…] um homem, como eu, fugiria”? (Ne 6.11). A coragem de Neemias procedia da fé no Senhor dos Exércitos. A fé sempre foi uma marca obrigatória na vida dos personagens bíblicos que demonstraram coragem e valor diante dos perigos e das ameaças (Gn 14.12-17; Dt 1,2; Jz 6.5; 2Sm 23.8-39; 2Rs 6.14-17). Espalhar medo no meio do povo de Deus sempre foi uma estratégia do maligno (Ne 4.7-13). Devemos, no entanto, estar firmes no propósito de confiar em Deus e permanecer executando suas determinações (Nm 14.1-9).

2.7 Neemias teve temor a Deus e discernimento. Neemias ainda prosseguiu na sua resposta à Semaias, dizendo: “[…] E quem há, como eu, que entre no templo e viva? De maneira nenhuma entrarei” (Ne 6.13). Neemias desconfiou daquele falso profeta, pois sabia que o acesso ao templo era restrito aos levitas e sacerdotes. O seu conhecimento da Lei do Senhor, e do Senhor da Lei lhe deu condições de identificar uma falsa profecia (Pv 2.1-14; Ef 4.14,15). O agravante é que não era apenas um falso profeta, mas vários (Ne 6.14). Neemias estava rodeado de traidores, que se deixavam vender por dinheiro (Ne 6.12-14, 17-19). Eram profetas da qualidade de Balaão (Jd 11) e amigos da estirpe de Judas Iscariotes (Mt 26.14-16), mas Deus deu discernimento espiritual ao seu servo e ele não foi tragado pelos inimigos. De igual modo, o Senhor haverá de frustrar toda e qualquer tentativa do Maligno contra a Igreja do Senhor (Mt 16.18) pois estamos munidos das armas espirituais (2Co 10.4; Ef 6.10-17).

CONCLUSÃO

Todos nós estamos sujeitos à enfrentar algum tipo de oposição, principalmente quando estamos exercendo alguma função de liderança. Somente com uma vida pautada na dependência de Deus e compromissados com sua Palavra é que conseguiremos vencer os grandes desafios que nos deparamos diariamente. Neemias é o exemplo de um líder abnegado, compromissado, intercessor e acima de tudo obediente ao chamado e aos propósitos de Deus.

REFERÊNCIAS

  • BARBER, Cyril J. Neemias e a dinâmica da liderança eficaz. Rio de Janeiro: Vida.
  • RENOVATO, Elinaldo. Livro de Neemias, Integridade e Coragem em Tempos de Crise. Rio de Janeiro: CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD. 2010
  • LOPES, Hernandes Dias. Neemias o líder que restaurou uma nação. São Paulo: Hagnos,
  • PACKER, J. I. Neemias paixão pela fidelidade. Rio de Janeiro: CPAD,
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD. 1997.

Fonte: portalrbc1.

As consequências do pecado de Davi

4º TRIMESTRE 2019

O GOVERNO DIVINO EM MÃOS HUMANAS

Liderança do povo de Deus em 1º e 2º Samuel

COMENTARISTA:  Osiel Gomes

LIÇÃO 11 – AS CONSEQUÊNCIAS DO PECADO DE DAVI  – (2 Sm 12.1-15)

 INTRODUÇÃO

Nesta lição veremos as etapas do pecado de Davi; pontuaremos as sérias consequências de suas falhas, tanto em sua vida como na sua família; e por fim, notaremos quais as fases para consumação do pecado na vida do homem.

I – ETAPAS DO PECADO DE DAVI

A palavra “pecado” significa: “desobediência a qualquer norma ou preceito” (HOUAISS, 2001, p. 2160). Pode ser definido como: “transgressão deliberada e consciente das leis estabelecidas por Deus” (ANDRADE, 2006, p. 295). A palavra hebraica “hatah” e a grega “hamartia” significam: “errar o alvo, falhar no dever” (Rm 3.23). Em um sentido básico pecado é: “a falta de conformidade com a lei moral de Deus, quer em ato, disposição ou estado” (CHAMPLIN, 2015, p. 128). De acordo com a Bíblia, o pecado é algo gradual (Tg 1.14,15). Notemos as etapas do pecado de Davi:

1.1 A traição. Davi estava no auge do seu reinado quando tragicamente caiu em pecado, vencido pela sua própria paixão desenfreada: “Então enviou Davi mensageiros, e mandou trazê-la; e ela veio, e ele se deitou com ela […]” (2Sm 11.4). Depois de ter consumado o seu ato pecaminoso (2Sm 11.1-4), Davi, de várias maneiras e durante um bom tempo, tentou ocultá-lo (2Sm 11.8,12). As tentativas foram cada vez mais pecaminosas. Isso sempre acontece com quem tenta esconder seu pecado. A Bíblia diz que “um abismo chama outro abismo” (Sl 42.7; Nm 32.23).

1.2 A mentira. Primeiro Davi ordenou que Urias viesse da guerra para dar-lhe notícias dela: “Vindo, pois, Urias a ele, perguntou Davi como passava Joabe, e como estava o povo, e como ia a guerra”, em seguida, ofereceu-lhe um presente e deu-lhe licença para ir a sua própria casa (2Sm 11.6-8), mas, infelizmente, tudo era mentira, engano e logro. O mal não reconhece limites em suas ações, enquanto que o bem atua dentro de limites traçados pela ética e infelizmente Davi esqueceu desta verdade.

1.3 A maldade. Davi insistiu que Urias permanecesse em casa afim de forjar uma situação e livrar-se de seu pecado. Em noutras palavras reincidiu no mal: “[…] Não vens tu de uma jornada? Por que não descestes à tua casa?” (2Sm 11.10). O pecado traz dois resultados: separa o homem de Deus e produz maus efeitos no mundo (Is 59.1; Rm 8.19-22). O primeiro pode ser cancelado pelo perdão, mas o segundo permanece. Alguém já disse que: “Deus não permite que seus filhos pequem com sucesso”. As consequências do pecado trazem consigo tristeza amarga e profunda (Rm 2.6-11).

1.4 A astúcia. Davi ofereceu um banquete a Urias com vinho embriagante com o intuito de enganá-lo: “E Davi, o convidou, e comeu e bebeu diante dele, e o embebedou […]” (2Sm 11.13). Davi só não contava com a lealdade e a sensatez de Urias (2Sm 11.11). Quando o crente procede dessa forma, o julgamento divino o aguarda, pois: “O Senhor não tem o culpado por inocente” (Na 1.3), e “Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7,8). Lembremo-nos da admoestação de Paulo: “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1Co 10.12).

1.5 A covardia. Davi enviou uma carta real ao comandante Joabe, através de Urias, onde estava contida a sentença de morte do próprio portador (2Sm 11.14,15; 12.9). Um assassinato covarde de um leal soldado, planejado pelo próprio rei da nação (2Sm 11.16,17). Como Urias era um servo fiel, não violou a carta, pois, se o tivesse feito, veria que estava levando a própria sentença de morte. Davi quebrou o sexto mandamento: “Não matarás” (Êx 20.13); o sétimo mandamento: “Não adulterarás” (Êx 20.14); e o décimo mandamento: “Não cobiçarás” (Êx 20.17).

1.6 A Insensibilidade. Mesmo sabendo da morte de Urias, seu fiel soldado, Davi friamente mandou dizer a Joabe: “Não te pareça mal aos teus olhos; pois a espada tanto consome este como aquele” (2Sm 11.25). Davi tomou Bate-Seba como sua esposa e se portou tranquilamente como se nada houvera acontecido por cerca de quase um ano (2Sm 12.14,15) com sua consciência cauterizada sem confessar seu pecado e se arrepender dele (2Sm 12.27 ver ainda 1Tm 4.2).

1.7 A falsa “justiça”. Quando Davi achava que, morto o esposo da mulher com quem adulterara, o seu problema estava resolvido, Deus envia o profeta Natã para confrontá-lo (2Sm 12.1-25). É comum alguém que pecou e não tratou de forma devida o seu pecado projetar um sentimento de “justiça” e uma falsa santidade perante os outros (2Sm 12.5,6). Geralmente ele exige dos outros aquilo que ele mesmo não fez e cobra santidade, requer compromisso, exige dedicação, no entanto, nega com a sua prática a eficácia desses valores (Mt 7.3-5; 23.13-33). É comum desculparmos em nós mesmos aquilo que com veemência condenamos nos outros. Há situação em que o estado de cauterização da consciência é tão grande que somente um encontro com Deus é capaz de fazer cair as escamas dos olhos e expor as misérias humanas.

II – CONSEQUÊNCIAS DO PECADO DE DAVI

Consequência é “algo produzido por uma causa ou conjunto de condições; efeito, resultado, ferimento, sequela, inferência, ilação” (HOUAISS, 2001, p. 807). O pecado, uma vez consumado, deixa suas consequências deletérias, ainda que seja perdoado por Deus (Lm 3.39). O pecado de Davi trouxe consequências, algumas imediatas, e outras, a longo prazo: “Agora, portanto, a espada jamais se apartará da tua casa […]” (2Sm 12.10). Deus perdoou seu servo e lhe preservou a vida. Porém, ele pagou um alto preço pelo seu erro. Uma lição deste episódio é a imparcialidade da justiça divina, bem como as riquezas de sua misericórdia. Vejamos algumas consequências dos pecados de Davi:

2.1 Consequências emocionais. Os especialistas advertem que há muitas doenças psicossomáticas, isto é, doenças da alma ou de origem psicológica que afetam diretamente o corpo (Sl 32.2-5; 39.10,11; 51.8). Os resultados do pecado de Davi podem ser vistos primeiramente em sua vida sentimental e emocional: “Já estou cansado do meu gemido; toda noite faço nadar a minha cama; molho o meu leito com as minhas lágrimas” (Sl 6.6). O pecado causou feridas profundas na alma de Davi e alguns de seus salmos retratam seus infortúnios (13.2; 22.11; 25.16-18,22; 38.2-3; 41.4,8). A idade em que morreu cerca de setenta anos (2Sm 5.4; 1Rs 2.10,11) debilitado como estava, talvez tenha muito a ver com as angústias e frustrações de sua alma (1Rs 1.1).

2.2 Consequências espirituais. Não há dúvida de que os efeitos do pecado de Davi também estão na esfera espiritual: “Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo. Torna a dar-me a alegria da salvação […]” (Sl 51.11,12). A Bíblia nos mostra que há também doenças de origem espiritual: “Depois Jesus encontro-o no templo, e disse-lhe: Eis que já estás curado; não peques mais, para que não te suceda alguma coisa pior” (Jo 5.14). Paulo adverte em sua primeira carta aos coríntios: “Por causa disso [do pecado], há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que morrem” (1Co 11.30). Tiago aconselha: “Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis […]” (Tg 5.16). Davi pôs em prática isso e clamou ao Senhor: “[…] Tem piedade de mim; sara a minha alma, porque pequei contra ti” (Sl 41.4).

2.3 Consequências físicas. O pecado também trás consequências no corpo do pecador (Sl 38.3-9). Tanto Davi como Bate-Seba estavam cientes das implicações de seu erro (Lv 20.10). Após pecar Davi ouviu um dos mais duros julgamentos pronunciados pelo profeta Natã (2Sm 12.10-14). O julgamento atingia não somente sua vida física, mas também incluiria seu reino e sua família (2Sm 12.18). A sentença que Davi pronunciou tinha base na Lei (Êx 22.1), e isso mesmo ele experimentou na pele, pois ele sentenciou que o homem da parábola, que tomou a ovelha do outro deveria pagar quatro vezes mais: “[…] tornará a dar o quadruplicado, porque fez tal coisa […]” (2Sm 12.6). Davi tirou a vida de Urias, e pagou quatro vezes mais por isso: (1) O filho que nascera daquele adultério morreu (2Sm 12.14); (2) Amnom foi assassinado por Absalão (2Sm 13.28,29); (3) Absalão foi morto por ter-se rebelado contra o pai (2Sm 18.9-17); e por fim, (4) Adonias também foi morto à espada (1Rs 2.24,25).

2.4 Consequências interpessoais. Os efeitos danosos do pecado levam sofrimentos tanto ao que pecou como a muitas outras pessoas inocentes, e as vezes termina desfazendo grandes amizades. Bate-Seba a mulher de Urias era filha de Eliã e neta de Aitofel, e ambos estes homens faziam parte dos “valentes de Davi”, os súditos leais do rei. No livro de 2 Samuel, capítulo 23, a partir do versículo 24, começa a listagem dos grandes guerreiros de Davi, e ali três nomes se destacam: Eliã, Aitofel e Urias (2Sm 23.34,39). Aitofel, avô de Bate-Seba, era o grande conselheiro de Davi que, mais tarde, como num ato de vingança, aconselhou Absalão a possuir as mulheres do rei publicamente (2Sm 16.20-23). Os laços de amizade e lealdade deveriam ter servido de freio ao desejo insano do rei, porém isso não aconteceu infelizmente.

III – FASES PARA CONSUMAÇÃO DO PECADO

3.1 A atração: “[…] e viu do terraço a uma mulher que estava se banhando” (2Sm 11.2). O primeiro passo para o pecado é a atração: “Mas cada um é tentado, quando atraído” (Tg 1.14-a). A palavra “atração” significa: “sedução, sentimento de interesse, curiosidade” (HOUAISS, 2001, p. 338). Isto significa dizer que jamais seremos tentados por aquilo que não nos sentimos atraídos (Gn 25.29,30,34; 39.7-9; Jz 14.1,3). A Bíblia nos exorta a resistir aos desejos carnais “deixando-os” (Hb 12.1); “negando-os” (Mt 16.24); “mortificando-os” (Cl 3.5); e, se preciso for, “fugindo” deles (2Tm 2.22).

3.2 O engodo: “E mandou Davi perguntar quem era aquela mulher […]” (2Sm 11.3). A segunda coisa destacada pelo apóstolo Tiago é o engodo (Tg 1.14-b). A expressão “engodo” quer dizer: “isca usada para atrair animais; chamariz” (HOUAISS, 2001, p. 1149). O simbolismo, talvez seja o da pesca (CHAMPLIN, 2004, p. 23). Da mesma forma, o homem é atraído por algo que desperta a sua concupiscência. O diabo é especialista em colocar a isca (Gn 3.6; 9.20,21; 2Sm 11.2; Mt 26.15; Jo 12.6; At 4.35-37; 5.1-10; 2Tm 4.10).

3.3 A concepção: “[…] e mandou trazê-la […]” (2Sm 11.4-b). A terceira fase é a concepção (Tg 1.15-a). Esta fase é bastante perigosa, pois aproxima o homem da queda que é o próximo passo. O verbo “conceber” quer dizer: “ser fecundado por, engravidar, gerar, acalentar” (HOUAISS, 2001, p. 1149). Todos somos tentados diariamente por coisas que se colocam na nossa frente. Diante disto, podemos renunciar ou permitir que este desejo seja alimentado em nosso interior. Devemos com a ajuda da graça (2Tm 2.1) e do poder de Deus (Ef 6.10), resistir aos apelos dos nossos maiores inimigos: a carne (Rm 7.18), o mundo (1Jo 2.15) e o diabo (Tg 4.7).

3.4 A consumação: “[…] e se deitou com ela […]” (2Sm 11.4-c). O verbo “consumar” quer dizer: “levar a termo; concluir, rematar; cometer, praticar” (HOUAISS, 2001, p. 815). O resultado da consumação do pecado é a morte: “[…] o pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tg 1.15-b). Foi o que foi dito ao primeiro casal (Gn 2.17), e o que eles receberam pela desobediência (Rm 5.12; 6.23). Essa morte é essencialmente espiritual, mas pode também ser física (At 5.5,10; 1Co 11.30) e eterna (1Co 6.10; Gl 5.19-21; Ap 22.15), senão houver arrependimento sincero e abandono do pecado (Pv 28.13).

CONCLUSÃO

A maneira correta de lidarmos com nosso pecado é nos arrependermos dele e, com toda a sinceridade, buscarmos em Deus o perdão, a graça e a misericórdia (Sl 51; Hb 4.16; 7.25), e nos dispormos a aceitar, sem amargura nem rebelião, a disciplina divina pelo nosso pecado. Davi tanto reconheceu quanto confessou seus pecados, voltou-se para o Senhor, e aceitou a repreensão com humildade (Sl 12.9-13,20; 16.5-12; 24.10-25; Sl 51).

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
  • HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: www.redebrasil.com.br