As nossas armas espirituais

 

2º TRIMESTRE 2024

A CARREIRA QUE NOS ESTÁ PROPOSTA

O caminho da salvação, santidade e perseverança para chegar ao céu

COMENTARISTA:  Pr. OsielGomes

LIÇÃO 06 – AS NOSSAS ARMAS ESPIRITUAIS – (Lc 4.1-4; 16-20)

INTRODUÇÃO

Nesta lição, veremos algumas informações sobre e tentação de Jesus segundo o Evangelho de Lucas; pontuaremos as propostas do inimigo na batalha espiritual enfrentada por Jesus; notaremos a realidade da batalha espiritual bem como o preparo do crente; e por fim, falaremos sobre o campo da batalha espiritual.

I  – A TENTAÇÃO DE JESUS SEGUNDO O EVANGELHO DE LUCAS

Após ser batizado por João Batista no Jordão (Lc 3.21,22), Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado. Mas alguém pode perguntar: como era possível que o Jesus sem pecado fosse tentado? Devemos antes de mais nada observar que o que foi tentado foi sua natureza humana. O escritor Lucas fornece alguns detalhes desse fato que iremos destacar:

1.1 O lugar da tentação (Lc 4.1). O referido texto nos mostra que Jesus foi tentado no deserto “E Jesus […] foi levado […] ao deserto”. A palavra deserto no grego “eremía” e “éremus” significam, ambos, “deserto” ou “lugar ermo”, ou seja, não somente um verdadeiro deserto, mas também um lugar desabitado ou escassamente habitado (Barclay, 1955, p. 39).

1.2 O tempo da tentação (Lc 4.2-a). O relato de Mateus indica que foi “após os quarenta dias de jejum” que a tentação teve início (Mt 4.1). Mas Lucas diz especificamente que a tentação durou todo esse tempo “e quarenta dias foi tentado pelo diabo”. Jesus, apesar da tensão e da fome, mostrou-se vitorioso. É interessante destacar que as tentações que Cristo sofreu não se resumiram ao deserto (Lc 22.28). O diabo deu uma trégua depois do episódio no deserto, mas logo retornaria (Lc 4.13).

1.3 O agente tentador (Lc 4.2-b). O referido texto nos informa que quem tentou Jesus foi o próprio diabo: “e quarenta dias foi tentado pelo diabo” (Mt 4.3; Mc 1.13). A Bíblia nos mostra que ele é o principal agente da tentação (Gn 3.1; 2Co 11.3; 1Ts 3.5; 1Pd 5.8). O registro lucano informa quais as artimanhas do Inimigo para esse fim: (a) o diabo chegou-se a Jesus no deserto valendo-se de que ele estava sozinho (Mt 4.1; Lc 4.1); (b) aproveitou um momento que o Mestre se encontrava debilitado fisicamente (Mt 4.2; Lc 4.2); (c) com a expressão “se” talvez quisesse colocar dúvida na mente de Cristo (Lc 4.3); (d) tentou três vezes, pois entendia que a insistência podia fazer o Filho de Deus ceder (Lc 4.3); e, (e) usou a Palavra de Deus de forma distorcida para ludibriar (Lc 4.10,11). 

II  – AS PROPOSTAS DO INIMIGO NA TENTAÇÃO

Lucas apresenta uma sequência de tentações diferente da do evangelho de Mateus, contudo o relato de Lucas não afirma ser cronológico. Não sabemos por que Lucas inverte a ordem das duas últimas tentações, e não há proveito em especular a respeito disso. O que deve ser destacado é que a tentação foi uma realidade. “Jesus é colocado em teste para determinar se possui as qualidades necessárias para ser o Salvador, o Cristo e o Senhor. O diabo, seu arqui-inimigo, confronta Jesus e tenta seduzi-lo antes do início de seu ministério. Seu objetivo é frustrar o plano de salvação de Deus logo no princípio, induzindo Jesus a faltar com sua palavra para com Deus” (Tokumboh, 2010, p. 1241). Vejamos quais as intenções do diabo na tentação do deserto:

2.1 Duvidar da revelação recebida (Lc 4.3). No batismo, Jesus ouvira do céu a declaração do Pai dizendo: “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo” (Lc 3.22-b). No entanto, no deserto, o diabo o tentou a duvidar dessa declaração, quando o quis incitar a transformar as pedras em pão como evidência de sua filiação divina (Lc 4.3). Em primeiro lugar, Jesus não precisava provar para Satanás que ele era o Filho de Deus, pois Satanás sabia disso (Mc 5.7; Lc 8.28). Em segundo lugar Jesus não compôs a sua própria resposta para o tentador, mas extraiu a sua resposta da revelação das Escrituras (Dt. 8.3; Lc 4.4).

2.2 Apossar-se de forma prematura dos direitos de Messias (Lc 4.5-8). Lucas enfatiza o fato de que o Maligno fez aparecer diante de Jesus toda a pompa deste mundo, alegando ser dele (Jo 12.31; 14.30; 16.11). Na verdade Cristo Jesus é herdeiro de tudo (Rm 8.17; Hb 1.2). Todavia, a Escritura nos mostra que todas as coisas lhe estariam sujeitas no devido tempo (Hb 10.13; Ap 11.15). Querer tomar posse dos reinos antes de passar pela cruz era contrariar o plano divino. Mas, Jesus estava comprometido plenamente com a vontade divina (Jo 4.34; 5.30; 6.38; Hb 10.7). 

2.3 Testar a revelação recebida (Lc 4.9-12). O Maligno nesta ocasião cita a Escritura (Sl 91.11-12) para assegurar Jesus que Ele ficaria bastante seguro. Este, porém, é um emprego errôneo da Bíblia. E torcer um texto para servir um propósito. Jesus rejeita esta tentação, conforme fizera com as outras duas, ao apelar para o significado verdadeiro da Bíblia (Dt 6.16). Não cabe ao homem submeter Deus ao teste, nem sequer quando o homem é o próprio Filho de Deus encarnado (Morris, 2007, pp. 98,99).

III  – A REALIDADE DA BATALHA ESPIRITUAL

A batalha espiritual é uma realidade com a qual todo crente, em algum momento, irá se deparar. Não existe ninguém que seja imune à batalha espiritual, pois até mesmo Jesus, o homem perfeito, foi submetido. A resposta à batalha espiritual não é, portanto, negá-la, mas enfrentá-la à luz da Palavra de Deus. Notemos algumas observações que devemos ter:

3.1 Não ignorar essa realidade. Infelizmente não são poucos os cristãos que ignoram que estamos numa batalha espiritual contra os seres demoníacos. Alguns ignoram por falta de conhecimento, outras porque preferem não acreditar. Ignorar o diabo não o fará deixar de existir e de investir contra nós. Acerca disso Paulo diz: “Porque não ignoramos os seus ardis” (2Co 2.11). Pedro também afirmou que: “o diabo […] anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pd 5.8 veja ainda 1Co 7.5; Ef 6.16; 1Ts 2.18; Ap 12.17). Embora, haja anjos decaídos que estão algemados no Inferno (2Pd 2.4; Jd v.6); há outros que estão soltos, como agentes de Satanás, sob o seu domínio e controle (Ef 2.2; Αp 12.7).

3.2 Não supervalorizar essa realidade. Enquanto uns ignoram a realidade do inimigo das nossas almas, há outros que cometem pelo menos dois erros: (a) atribuem tudo ao diabo. Embora Satanás seja um causador de males aos homens na terra, há males que sobrevêm ao homem por causa do seu pecado (Rm 5.12; Lm 3.39), e outros que são enviados por Deus como punição (Gn 6.5,17; 2 Cr 7.13); e, (b) acham que o diabo é tão poderoso quanto Deus. É bom dizer que embora o diabo tenha certo poder (At 26.18; 2 Ts 2.9), pois foi um ser angelical de destaque no mundo espiritual (Is 14.12-19; Ez 28.14,15), ele não pode agir de forma autônoma, pois esteve e sempre estará sob o controle de Deus (Jó 1.11,12; Mc 5.9,10; Lc 22.31).

3.3 Ser moderado a essa realidade. Que existe um reino tenebroso, diabólico, organizado no mundo espiritual (Ef 6.12) influenciando as nações e os povos para o mal em todos os sentidos, está patente na Bíblia: “o mundo jaz no maligno” (1Jo 5.19). Jesus, por diversas vezes chamou o diabo de “o príncipe deste mundo” (Jo 12.31; 14.30; 16.11); Paulo de “[…] o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos […]” (2 Co 4.4). Ele também falou do “príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência” (Ef 2.2). No entanto, a Bíblia também diz que, por ocasião do sacrifício de Cristo que, esmagou a cabeça da serpente (Gn 3.15), e despojou os principados e potestades, quando triunfou deles na cruz do Calvário (Cl 2.15), sua atuação ficou ainda mais restrita no mundo, pela presença do Espírito Santo e da igreja (2Ts 2.7). A esta Igreja, o Senhor Jesus concedeu poder e autoridade sobre os demônios e todo poder do maligno (Mc 16.17; Lc 10.19); de forma que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18).

IV  – O PREPARO ESPIRITUAL DO CRENTE PARA A BATALHA

A imagem que o apóstolo Paulo na sua carta aos Efésios é a de uma linguagem retirada do contexto militar romano. A expressão “toda a armadura” traduz o termo grego “panóplia”, que significa “a armadura completa de um soldado fortemente armado” (Ef 6.11,13). Na Carta, a orientação não é para usar armas próprias, mas tomar o equipamento dado por Deus, resistir bravamente e marchar contra as potestades do ar.

4.1 Fortalecidos no poder do Senhor. Quando o apóstolo Paulo usa a expressão na forma passiva “fortalecei-vos no Senhor” (Ef 6.10a) indica que não temos poder em nós mesmos. Esse excelso poder nos é conferido pela comunhão com Deus, em Cristo, por meio do Espírito Santo (Jo 15.7; 1Jo 1.3). Por isso precisamos estar fortalecidos por meio da “renovação da mente” (Ef 4.23), da “vida em santidade” (Ef 4.24) e “ser cheio do Espírito” (Ef 5.18). A vitória não pode ser alcançada por outro meio. Conhecer as Escrituras sem a devida obediência e frequentar os cultos sem a genuína conversão não são suficientes. Não obstante, o poder de Deus está disponível aos fiéis para “pisar serpentes, e escorpiões, e toda a força do Inimigo” (Lc 10.19).

4.2 Vigilantes em toda a oração e súplica. Paulo enfatiza a necessidade de uma vida cristã permeada pela prática da oração. Não é possível entrar em combate sem a cobertura de tão preciosa arma espiritual (Lc 21.36). A expressão “orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito” (Ef 6.18) significa clamar pelo favor divino em qualquer circunstância e oportunidades. Esse clamor deve estar acompanhado de vigilância (Is 59.1,2), pois esta preserva o crente das astutas ciladas do Inimigo (Sl 124.7).

V  – CONHECENDO O CAMPO DA BATALHA ESPIRITUAL

A expressão usada por Paulo: “ciladas do diabo” (Ef 6.11) indica as “armadilhas” articuladas perversamente pelo reino das trevas. O líder desse reino é identificado como diábolos, que significa “caluniador” e “acusador” (Mt 4.1; Jo 8.44; 1Pd 5.8). Vejamos algumas características dessa batalha espiritual:

5.1 O conflito contra o reino das trevas. Paulo enfatiza que esse conflito não é “contra carne e sangue” (Ef 6.12). Não se trata de lutar contra o ser humano, mas contra o reino das trevas nas “regiões celestes”. Essas declarações indicam que a batalha não é física, mas travada no mundo espiritual. O conflito é contra as hostes que, debaixo da autoridade do Diabo, mantêm os homens na escuridão (1Jo 5.19). Nessa metáfora, fica claro que o cenário do campo de batalha do soldado é espiritual (Ef 6.11,12), ao mesmo que se revela a natureza pessoal do conflito, pois essa luta se dá tanto na área individual quanto na área coletiva da igreja (1Pd 5.8,9).

5.2 As agências das potestades do ar. Paulo identifica as forças do mal que marcham contra a Igreja como “principados, potestades, príncipes das trevas deste século e hostes espirituais da maldade” (Ef 6.12). Esses seres são caracterizados por três aspectos: a) Eles são poderosos. Os títulos “principados e potestades” indicam poder, primazia e autoridade para agir; “príncipes das trevas” são líderes de anjos decaídos, que sob o comando do Diabo exercem domínio; b) Eles são malignos. Esses agentes formam “as hostes espirituais da maldade”. Refere-se a demônios que empregam seu poder destrutivamente para o mal; e, c) Eles são astutos. São cheios de sutilezas e maquinam a queda da Igreja. Apesar desse imenso império do mal, a Igreja é exortada a não temer. Somos incentivados a lutar e, sobretudo, a vencer, pois o Senhor da Igreja está elevado ao nível “acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio” (Ef 1.21).

CONCLUSÃO

Em certo sentido, a “armadura de Deus” é uma imagem de Jesus Cristo. Ele é a Verdade (Jo 14.6); Ele é nossa justiça (2Co 5.21) e nossa paz (Ef 2.14). Ele é fiel (Gl 2.20); é nossa salvação (Lc 2.30); e, é a Palavra de Deus (Jo 1.1,14). Isso significa que, quando aceitamos a Cristo, também recebemos a armadura. No momento da salvação, vestimos a armadura de uma vez por todas. No entanto, devemos nos apropriar dela cada dia: “[…] vistamo-nos das armas da luz” (Rm 13.12).

REFERÊNCIAS

  • SOARES, Ezequias; SOARES, Daniele. Batalha Espiritual. CPAD, 2018.
  • SOARES, Ezequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD, 2017.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD, 1995.
  • WIERSBE, W. W (Trad. Susana Klassen). Comentário Bíblico Expositivo NT. GEOGRÁFICA, 2007.
  • HANEGRAAFF Hank (Trad. Marta Andrade). Armadura Espiritual. CPAD, 2005.
  • MORRIS, Leon, L. Lucas: Introdução e Comentário. VIDA NOVA.

Fonte: portal rbc1/lições

Como vencer as oposições à obra de Deus

3º TRIMESTRE 2020

OS PRINCÍPIOS DIVINOS EM TEMPOS DE CRISE

A reconstrução de Jerusalém e o avivamento espiritual como exemplos para os nossos dias

COMENTARISTA:  Eurico Bergstén

LIÇÃO 9 – COMO VENCER AS OPOSIÇÕES À OBRA DE DEUS (Ne 4.8-20; 1Jo 4.4; 5.5)

INTRODUÇÃO

Nesta lição veremos quais as oposições que Neemias enfrentou frente a obra de Deus; e por fim, notaremos como Neemias reagiu para vencer as artimanhas dos inimigos da obra do Senhor para impedir a reconstrução dos muros da cidade.

I  – AS OPOSIÇÕES QUE NEEMIAS ENFRENTOU NA OBRA DE DEUS

1.1 Zombaria. Uma das principais estratégias dos inimigos foi a zombaria contra Neemias, bem como dos judeus: O que ouvindo Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita, e Gesém, o árabe, zombaram de nós…” (Ne 2.19-a; 4.3,4). Zombar significa: “mangar; debochar; ironizar”. A Bíblia descreve diversos exemplos de zombaria como: Agar que zombou de Sara (Gn 21.9); uns rapazes que zombaram de Eliseu (2Rs 2.23); e os escribas, fariseus e sacerdotes que zombaram de Cristo (Mc 15.31; Lc 16.14; 22.63). A zombaria tem o objetivo de trazer desânimo ao coração do crente (Sl 35.15,16; Hb 11.36).

1.2 Desprezo. Um outro tipo de oposição que Neemias enfrentou foi o desprezo por parte dos inimigos: “[…] e desprezaram- nos, e disseram: Que é isto que fazeis?…” (Ne 2.19-b). Desprezar significa: “tratar com desdém” ou “desconsiderar”. Dentre os muitos exemplos de desprezo na Bíblia, destacamos alguns: Esaú, que desprezou a sua primogenitura (Gn 25.34); os filhos de Belial, que desprezaram a Saul (1Sm 10.27); Davi, que foi desprezado por Golias (1Sm 17.42); e Jesus, que foi desprezado por Herodes (Lc 23.11) e pelos próprios judeus (Is 53.3; Jo 1.11).

1.3 Calúnia. Os inimigos de Neemias o acusaram de rebelião contra o rei da Pérsia, numa tentativa de fazer com que ele fosse punido pelo mesmo. Isto porque, todos que se rebelavam contra o rei eram sentenciados à morte: : “Quereis rebelar-vos contra o rei?” (Ne 2.19-c). Acusar significa “culpar; incriminar; imputar falta, delito ou crime”. A calúnia é uma das principais armas usadas pelos inimigos do povo de Deus (Ed 4.1-16; Jó 1.9-11; 2.4,5; Mt 27.12; Mc 15.3; Lc 6.7; 11.54).

1.4 Difamação. Como Neemias não caíra ante as primeiras calúnias, Sambalate e Gesém iniciaram uma campanha de difamação contra o servo de Deus (Ne 6.5-7). Tudo isso era mentira (Ne 6.8), e Neemias tomou a atitude certa diante da difamação, pois apresentou ao Senhor aquela causa (Ne 6.9). Não ficou trocando farpas com os opositores, mas confiou naquele que haveria de justificá-lo. Como bem falou o apóstolo Paulo: “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica” (Rm 8.34). O diabo nos acusa insistentemente e diuturnamente diante de Deus (Ap 12.10), mas junto ao Senhor, nós também temos um Justo Advogado (1Jo 2.1). As acusações estão sempre presentes na caminhada cristã (Mt 5.11,12), devemos estar atento para não desanimar por causa dessas armas satânicas (Mt 5.11,12).

1.5 Escárnio. Um outro tipo de oposição que Neemias enfrentou foi o escárnio: “E sucedeu que, ouvindo Sambalate que edificávamos o muro, ardeu em ira, e se indignou muito; e escarneceu dos judeus” (Ne 4.1). Escarnecer significa: “zombar; tratar com desprezo”. A Bíblia diz que não devemos assentar na roda dos escarnecedores (Sl 1.1); que Deus não se deixa escarnecer (Gl 6.7); e que nos últimos tempos surgirão escarnecedores (2Pd 3.3; Jd 1.18). Muitos servos de Deus foram alvos de escárnio, mas, nenhum deles foi tão escarnecido quanto o Senhor Jesus (Mt 27.41; Mc 10.34; Lc 23.11).

1.6 Desestímulo. Os inimigos da obra e de Neemias, ao perceberem o avanço da restauração dos muros, lançaram uma série de perguntas, pondo em dúvidas o avanço da obra. Seu objetivo era deter a reconstrução por intermédio do menosprezo: “[…] E falou na presença de seus irmãos, e do exército de Samaria, e disse: Que fazem estes fracos judeus? […]” (Ne 4.2). Eles tentaram diminuir a auto-estima do povo chamando-os de fracos. Devemos ter a postura de Josué e Calebe, e não ceder as investidas contra nosso ânimo (Nm 13.30; 4.9).

1.7 Desdém. Além de duvidar do avanço da obra, eles duvidaram também que a muralha permaneceria de pé. Era uma maneira de fazer com que os judeus desistissem de erguer os muros de Jerusalém:“E estava com ele Tobias, o amonita, e disse: Ainda que edifiquem, contudo, vindo uma raposa, derrubará facilmente o seu muro de pedra” (Ne 4.3). Se os judeus dessem ouvidos a estas palavras, com certeza, a reconstrução teria parado. Mas, eles não desistiram, continuaram a obra e, em cinquenta e dois dias os muros foram edificados (Ne 6.15). Podemos ver claramente qual era a intenção dos inimigos de Neemias: “E ligaram-se entre si todos, para virem guerrear contra Jerusalém, e para os desviarem do seu intento” (Ne 4.8).

1.8 Conspiração. Conspiração é a ação de construir um plano que prejudica alguém, geralmente um governante; é uma maquinação. Ato de quem busca prejudicar alguém, com a ajuda de outrem; conluio. É a combinação secreta com alguém, contra uma terceira pessoa; trama: “Ouvindo Sambalate e Tobias, e os arábios, os amonitas e os asdoditas, que ia avante a reparação dos muros de Jerusalém e que já as brechas se começavam a fechar, iraram-se sobremodo; e coligaram-se todos, para virem guerrear contra Jerusalém e fazer confusão ali” (Ne 4.7,8).

1.9 Astúcia. Sambalate e Gesém, maliciosamente, convidaram Neemias para uma reunião em que supostamente fariam as pazes, se tornariam amigos e esqueceriam o passado e seriam todos irmãos, mas a intenção deles era a pior possível: “Sucedeu que, ouvindo Sambalate, Tobias e Gesém, o árabe, e o resto dos nossos inimigos que eu tinha edificado o muro […] mandaram dizer-me: Vem, e congreguemo-nos juntamente nas aldeias […]” (Ne 4.11; 6.1,2). Parecia que estavam arrependidos de seus primeiros feitos, mas era tudo fingimento. O apóstolo Paulo nos preveniu acerca dos homens maus e perversos, que apenas tinham aparência de piedade (2Tm 3.1-5). O inimigo sempre procura falsas alianças com o povo de Deus, com o intento de infiltrar-se entre nós, para descobrir nossos segredos e estratégias (2Rs 20.12-17).

II  – COMO NEEMIAS REAGIU PARA VENCER AS OPOSIÇÕES À OBRA DE DEUS

2.1 Neemias orou a Deus. A oração é indispensável à vida cristã, principalmente quando estamos fazendo a obra de Deus em meio às oposições: “Porém, nós oramos ao nosso Deus […]” (Ne 4.9-a). Além das grandes lições que aprendemos com Neemias sobre administração, liderança e planejamento, ele nos ensina também que devemos orar, antes, durante e depois da realização da obra de Deus (Ne 1.4-11; 2.4; 4.4,9; 5.19; 6.9,14; 13.14,22,29,31). A Bíblia está repleta de promessas e de exemplos de respostas às orações (1Sm 1.9-20; 2Rs 19.15-20; Jr 33.3; Sl 50.15; Mt 21.22; At 12.5; Tg 5.16).

2.2. Neemias confiou em Deus. Nemias sabia que estava no centro da vontade de Deus, e que o Senhor era com ele. Por isso, tinha a convicção de que seu objetivo seria alcançado: “Então lhes respondi, e disse: O Deus dos céus é o que nos fará prosperar” (Ne 2.20-a). A confiança inabalável em Deus é fundamental para quem está à frente da obra, principalmente em meio às oposições. Deus quer que confiemos nEle em toda e qualquer circunstância (Sl 23.4; 27.4; 46.1-11; Hb 11.1). Depois que a obra foi concluída, até os inimigos reconheceram que Deus estava com eles (Ne 6.15,16).

2.3 Neemias continuou trabalhando. Além da confiança em Deus, Neemias motivou o povo a continuar trabalhando. Se eles fossem dar ouvidos aos opositores, ou desviar a atenção da reconstrução dos muros, com certeza, a obra não iria adiante: “[…] e nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos […]” (Ne 2.20-b). Assim, Neemias nos ensina que, jamais devemos permitir que as oposições impeçam a continuidade da obra que o Senhor nos confiou. Enquanto os inimigos se levantam, continuemos, pois, trabalhando: “Porém edificamos o muro, e todo o muro se fechou até sua metade; porque o coração do povo se inclinava a trabalhar” (Ne 4.6). Manter-se animado deve ser o propósito de todo crente em relação ao trabalho do Senhor (1Co 15.58). O ânimo nos leva a prosseguir, a permanecer e aceitar novos desafios de Deus (Ne 2.5,17,18).

2.4 Neemias preparou-se para a batalha. Neemias entendeu que era necessário aumentar a segurança: “[…] e pusemos uma guarda contra eles […]” (Ne 4.9-b,13). Os inimigos dos judeus estavam tão dispostos a deter a obra que intentaram armar ciladas para tirar-lhes a vida (Ne 4.11). Neemias tomou algumas atitudes neste sentido: “Então pus guardas nos lugares baixos por detrás do muro e nos altos; e pus ao povo pelas suas famílias com as suas espadas, com as suas lanças, e com os seus arcos” (Ne 4.13). Neemias mostrou que é preciso ser vigilantes contra os inimigos (Ne 4.16-18; 21-23).

2.5 Neemias animou o povo. O coração do povo não se inclinou a ouvir a zombaria, escárnio e desprezo. O povo tapou os ouvidos ao inimigo e concentrou suas energias físicas, mentais e emocionais na edificação do muro. Se quisermos vencer, temos que tapar os ouvidos a todo comentário que instila desânimo, incredulidade e fracasso: “Assim edificamos o muro, e todo o muro se completou até a metade da sua altura; porque o coração do povo se inclinava a trabalhar” (Ne 4.6). Neemias conscientizou aos judeus que a vida de seus familiares também estavam em perigo; e, por isso, eles teriam que pelejar também por eles: “[…] e pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas mulheres e vossas casas” (Ne 4.14). Esta atitude de Neemias nos faz lembrar que o diabo, o nosso maior inimigo, peleja não apenas contra nós e contra a obra de Deus, mas também contra nossa família desejando destruí-la. Por isso, devemos ser sóbrios e vigilantes (Mt 26.41; Tg 4.7; 1Pd 5.8) e, acima de  tudo, “pelejar” por eles (Dt 6.5-9; Jó 1.5; Pv 22.6).

2.6 Neemias teve coragem. Quando Semaías convidou Neemias para fugir dos inimigos, a resposta foi contundente: “[…] um homem, como eu, fugiria”? (Ne 6.11). A coragem de Neemias procedia da fé no Senhor dos Exércitos. A fé sempre foi uma marca obrigatória na vida dos personagens bíblicos que demonstraram coragem e valor diante dos perigos e das ameaças (Gn 14.12-17; Dt 1,2; Jz 6.5; 2Sm 23.8-39; 2Rs 6.14-17). Espalhar medo no meio do povo de Deus sempre foi uma estratégia do maligno (Ne 4.7-13). Devemos, no entanto, estar firmes no propósito de confiar em Deus e permanecer executando suas determinações (Nm 14.1-9).

2.7 Neemias teve temor a Deus e discernimento. Neemias ainda prosseguiu na sua resposta à Semaias, dizendo: “[…] E quem há, como eu, que entre no templo e viva? De maneira nenhuma entrarei” (Ne 6.13). Neemias desconfiou daquele falso profeta, pois sabia que o acesso ao templo era restrito aos levitas e sacerdotes. O seu conhecimento da Lei do Senhor, e do Senhor da Lei lhe deu condições de identificar uma falsa profecia (Pv 2.1-14; Ef 4.14,15). O agravante é que não era apenas um falso profeta, mas vários (Ne 6.14). Neemias estava rodeado de traidores, que se deixavam vender por dinheiro (Ne 6.12-14, 17-19). Eram profetas da qualidade de Balaão (Jd 11) e amigos da estirpe de Judas Iscariotes (Mt 26.14-16), mas Deus deu discernimento espiritual ao seu servo e ele não foi tragado pelos inimigos. De igual modo, o Senhor haverá de frustrar toda e qualquer tentativa do Maligno contra a Igreja do Senhor (Mt 16.18) pois estamos munidos das armas espirituais (2Co 10.4; Ef 6.10-17).

CONCLUSÃO

Todos nós estamos sujeitos à enfrentar algum tipo de oposição, principalmente quando estamos exercendo alguma função de liderança. Somente com uma vida pautada na dependência de Deus e compromissados com sua Palavra é que conseguiremos vencer os grandes desafios que nos deparamos diariamente. Neemias é o exemplo de um líder abnegado, compromissado, intercessor e acima de tudo obediente ao chamado e aos propósitos de Deus.

REFERÊNCIAS

  • BARBER, Cyril J. Neemias e a dinâmica da liderança eficaz. Rio de Janeiro: Vida.
  • RENOVATO, Elinaldo. Livro de Neemias, Integridade e Coragem em Tempos de Crise. Rio de Janeiro: CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD. 2010
  • LOPES, Hernandes Dias. Neemias o líder que restaurou uma nação. São Paulo: Hagnos,
  • PACKER, J. I. Neemias paixão pela fidelidade. Rio de Janeiro: CPAD,
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD. 1997.

Fonte: portalrbc1.