As nossas armas espirituais

 

2º TRIMESTRE 2024

A CARREIRA QUE NOS ESTÁ PROPOSTA

O caminho da salvação, santidade e perseverança para chegar ao céu

COMENTARISTA:  Pr. OsielGomes

LIÇÃO 06 – AS NOSSAS ARMAS ESPIRITUAIS – (Lc 4.1-4; 16-20)

INTRODUÇÃO

Nesta lição, veremos algumas informações sobre e tentação de Jesus segundo o Evangelho de Lucas; pontuaremos as propostas do inimigo na batalha espiritual enfrentada por Jesus; notaremos a realidade da batalha espiritual bem como o preparo do crente; e por fim, falaremos sobre o campo da batalha espiritual.

I  – A TENTAÇÃO DE JESUS SEGUNDO O EVANGELHO DE LUCAS

Após ser batizado por João Batista no Jordão (Lc 3.21,22), Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado. Mas alguém pode perguntar: como era possível que o Jesus sem pecado fosse tentado? Devemos antes de mais nada observar que o que foi tentado foi sua natureza humana. O escritor Lucas fornece alguns detalhes desse fato que iremos destacar:

1.1 O lugar da tentação (Lc 4.1). O referido texto nos mostra que Jesus foi tentado no deserto “E Jesus […] foi levado […] ao deserto”. A palavra deserto no grego “eremía” e “éremus” significam, ambos, “deserto” ou “lugar ermo”, ou seja, não somente um verdadeiro deserto, mas também um lugar desabitado ou escassamente habitado (Barclay, 1955, p. 39).

1.2 O tempo da tentação (Lc 4.2-a). O relato de Mateus indica que foi “após os quarenta dias de jejum” que a tentação teve início (Mt 4.1). Mas Lucas diz especificamente que a tentação durou todo esse tempo “e quarenta dias foi tentado pelo diabo”. Jesus, apesar da tensão e da fome, mostrou-se vitorioso. É interessante destacar que as tentações que Cristo sofreu não se resumiram ao deserto (Lc 22.28). O diabo deu uma trégua depois do episódio no deserto, mas logo retornaria (Lc 4.13).

1.3 O agente tentador (Lc 4.2-b). O referido texto nos informa que quem tentou Jesus foi o próprio diabo: “e quarenta dias foi tentado pelo diabo” (Mt 4.3; Mc 1.13). A Bíblia nos mostra que ele é o principal agente da tentação (Gn 3.1; 2Co 11.3; 1Ts 3.5; 1Pd 5.8). O registro lucano informa quais as artimanhas do Inimigo para esse fim: (a) o diabo chegou-se a Jesus no deserto valendo-se de que ele estava sozinho (Mt 4.1; Lc 4.1); (b) aproveitou um momento que o Mestre se encontrava debilitado fisicamente (Mt 4.2; Lc 4.2); (c) com a expressão “se” talvez quisesse colocar dúvida na mente de Cristo (Lc 4.3); (d) tentou três vezes, pois entendia que a insistência podia fazer o Filho de Deus ceder (Lc 4.3); e, (e) usou a Palavra de Deus de forma distorcida para ludibriar (Lc 4.10,11). 

II  – AS PROPOSTAS DO INIMIGO NA TENTAÇÃO

Lucas apresenta uma sequência de tentações diferente da do evangelho de Mateus, contudo o relato de Lucas não afirma ser cronológico. Não sabemos por que Lucas inverte a ordem das duas últimas tentações, e não há proveito em especular a respeito disso. O que deve ser destacado é que a tentação foi uma realidade. “Jesus é colocado em teste para determinar se possui as qualidades necessárias para ser o Salvador, o Cristo e o Senhor. O diabo, seu arqui-inimigo, confronta Jesus e tenta seduzi-lo antes do início de seu ministério. Seu objetivo é frustrar o plano de salvação de Deus logo no princípio, induzindo Jesus a faltar com sua palavra para com Deus” (Tokumboh, 2010, p. 1241). Vejamos quais as intenções do diabo na tentação do deserto:

2.1 Duvidar da revelação recebida (Lc 4.3). No batismo, Jesus ouvira do céu a declaração do Pai dizendo: “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo” (Lc 3.22-b). No entanto, no deserto, o diabo o tentou a duvidar dessa declaração, quando o quis incitar a transformar as pedras em pão como evidência de sua filiação divina (Lc 4.3). Em primeiro lugar, Jesus não precisava provar para Satanás que ele era o Filho de Deus, pois Satanás sabia disso (Mc 5.7; Lc 8.28). Em segundo lugar Jesus não compôs a sua própria resposta para o tentador, mas extraiu a sua resposta da revelação das Escrituras (Dt. 8.3; Lc 4.4).

2.2 Apossar-se de forma prematura dos direitos de Messias (Lc 4.5-8). Lucas enfatiza o fato de que o Maligno fez aparecer diante de Jesus toda a pompa deste mundo, alegando ser dele (Jo 12.31; 14.30; 16.11). Na verdade Cristo Jesus é herdeiro de tudo (Rm 8.17; Hb 1.2). Todavia, a Escritura nos mostra que todas as coisas lhe estariam sujeitas no devido tempo (Hb 10.13; Ap 11.15). Querer tomar posse dos reinos antes de passar pela cruz era contrariar o plano divino. Mas, Jesus estava comprometido plenamente com a vontade divina (Jo 4.34; 5.30; 6.38; Hb 10.7). 

2.3 Testar a revelação recebida (Lc 4.9-12). O Maligno nesta ocasião cita a Escritura (Sl 91.11-12) para assegurar Jesus que Ele ficaria bastante seguro. Este, porém, é um emprego errôneo da Bíblia. E torcer um texto para servir um propósito. Jesus rejeita esta tentação, conforme fizera com as outras duas, ao apelar para o significado verdadeiro da Bíblia (Dt 6.16). Não cabe ao homem submeter Deus ao teste, nem sequer quando o homem é o próprio Filho de Deus encarnado (Morris, 2007, pp. 98,99).

III  – A REALIDADE DA BATALHA ESPIRITUAL

A batalha espiritual é uma realidade com a qual todo crente, em algum momento, irá se deparar. Não existe ninguém que seja imune à batalha espiritual, pois até mesmo Jesus, o homem perfeito, foi submetido. A resposta à batalha espiritual não é, portanto, negá-la, mas enfrentá-la à luz da Palavra de Deus. Notemos algumas observações que devemos ter:

3.1 Não ignorar essa realidade. Infelizmente não são poucos os cristãos que ignoram que estamos numa batalha espiritual contra os seres demoníacos. Alguns ignoram por falta de conhecimento, outras porque preferem não acreditar. Ignorar o diabo não o fará deixar de existir e de investir contra nós. Acerca disso Paulo diz: “Porque não ignoramos os seus ardis” (2Co 2.11). Pedro também afirmou que: “o diabo […] anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pd 5.8 veja ainda 1Co 7.5; Ef 6.16; 1Ts 2.18; Ap 12.17). Embora, haja anjos decaídos que estão algemados no Inferno (2Pd 2.4; Jd v.6); há outros que estão soltos, como agentes de Satanás, sob o seu domínio e controle (Ef 2.2; Αp 12.7).

3.2 Não supervalorizar essa realidade. Enquanto uns ignoram a realidade do inimigo das nossas almas, há outros que cometem pelo menos dois erros: (a) atribuem tudo ao diabo. Embora Satanás seja um causador de males aos homens na terra, há males que sobrevêm ao homem por causa do seu pecado (Rm 5.12; Lm 3.39), e outros que são enviados por Deus como punição (Gn 6.5,17; 2 Cr 7.13); e, (b) acham que o diabo é tão poderoso quanto Deus. É bom dizer que embora o diabo tenha certo poder (At 26.18; 2 Ts 2.9), pois foi um ser angelical de destaque no mundo espiritual (Is 14.12-19; Ez 28.14,15), ele não pode agir de forma autônoma, pois esteve e sempre estará sob o controle de Deus (Jó 1.11,12; Mc 5.9,10; Lc 22.31).

3.3 Ser moderado a essa realidade. Que existe um reino tenebroso, diabólico, organizado no mundo espiritual (Ef 6.12) influenciando as nações e os povos para o mal em todos os sentidos, está patente na Bíblia: “o mundo jaz no maligno” (1Jo 5.19). Jesus, por diversas vezes chamou o diabo de “o príncipe deste mundo” (Jo 12.31; 14.30; 16.11); Paulo de “[…] o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos […]” (2 Co 4.4). Ele também falou do “príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência” (Ef 2.2). No entanto, a Bíblia também diz que, por ocasião do sacrifício de Cristo que, esmagou a cabeça da serpente (Gn 3.15), e despojou os principados e potestades, quando triunfou deles na cruz do Calvário (Cl 2.15), sua atuação ficou ainda mais restrita no mundo, pela presença do Espírito Santo e da igreja (2Ts 2.7). A esta Igreja, o Senhor Jesus concedeu poder e autoridade sobre os demônios e todo poder do maligno (Mc 16.17; Lc 10.19); de forma que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18).

IV  – O PREPARO ESPIRITUAL DO CRENTE PARA A BATALHA

A imagem que o apóstolo Paulo na sua carta aos Efésios é a de uma linguagem retirada do contexto militar romano. A expressão “toda a armadura” traduz o termo grego “panóplia”, que significa “a armadura completa de um soldado fortemente armado” (Ef 6.11,13). Na Carta, a orientação não é para usar armas próprias, mas tomar o equipamento dado por Deus, resistir bravamente e marchar contra as potestades do ar.

4.1 Fortalecidos no poder do Senhor. Quando o apóstolo Paulo usa a expressão na forma passiva “fortalecei-vos no Senhor” (Ef 6.10a) indica que não temos poder em nós mesmos. Esse excelso poder nos é conferido pela comunhão com Deus, em Cristo, por meio do Espírito Santo (Jo 15.7; 1Jo 1.3). Por isso precisamos estar fortalecidos por meio da “renovação da mente” (Ef 4.23), da “vida em santidade” (Ef 4.24) e “ser cheio do Espírito” (Ef 5.18). A vitória não pode ser alcançada por outro meio. Conhecer as Escrituras sem a devida obediência e frequentar os cultos sem a genuína conversão não são suficientes. Não obstante, o poder de Deus está disponível aos fiéis para “pisar serpentes, e escorpiões, e toda a força do Inimigo” (Lc 10.19).

4.2 Vigilantes em toda a oração e súplica. Paulo enfatiza a necessidade de uma vida cristã permeada pela prática da oração. Não é possível entrar em combate sem a cobertura de tão preciosa arma espiritual (Lc 21.36). A expressão “orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito” (Ef 6.18) significa clamar pelo favor divino em qualquer circunstância e oportunidades. Esse clamor deve estar acompanhado de vigilância (Is 59.1,2), pois esta preserva o crente das astutas ciladas do Inimigo (Sl 124.7).

V  – CONHECENDO O CAMPO DA BATALHA ESPIRITUAL

A expressão usada por Paulo: “ciladas do diabo” (Ef 6.11) indica as “armadilhas” articuladas perversamente pelo reino das trevas. O líder desse reino é identificado como diábolos, que significa “caluniador” e “acusador” (Mt 4.1; Jo 8.44; 1Pd 5.8). Vejamos algumas características dessa batalha espiritual:

5.1 O conflito contra o reino das trevas. Paulo enfatiza que esse conflito não é “contra carne e sangue” (Ef 6.12). Não se trata de lutar contra o ser humano, mas contra o reino das trevas nas “regiões celestes”. Essas declarações indicam que a batalha não é física, mas travada no mundo espiritual. O conflito é contra as hostes que, debaixo da autoridade do Diabo, mantêm os homens na escuridão (1Jo 5.19). Nessa metáfora, fica claro que o cenário do campo de batalha do soldado é espiritual (Ef 6.11,12), ao mesmo que se revela a natureza pessoal do conflito, pois essa luta se dá tanto na área individual quanto na área coletiva da igreja (1Pd 5.8,9).

5.2 As agências das potestades do ar. Paulo identifica as forças do mal que marcham contra a Igreja como “principados, potestades, príncipes das trevas deste século e hostes espirituais da maldade” (Ef 6.12). Esses seres são caracterizados por três aspectos: a) Eles são poderosos. Os títulos “principados e potestades” indicam poder, primazia e autoridade para agir; “príncipes das trevas” são líderes de anjos decaídos, que sob o comando do Diabo exercem domínio; b) Eles são malignos. Esses agentes formam “as hostes espirituais da maldade”. Refere-se a demônios que empregam seu poder destrutivamente para o mal; e, c) Eles são astutos. São cheios de sutilezas e maquinam a queda da Igreja. Apesar desse imenso império do mal, a Igreja é exortada a não temer. Somos incentivados a lutar e, sobretudo, a vencer, pois o Senhor da Igreja está elevado ao nível “acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio” (Ef 1.21).

CONCLUSÃO

Em certo sentido, a “armadura de Deus” é uma imagem de Jesus Cristo. Ele é a Verdade (Jo 14.6); Ele é nossa justiça (2Co 5.21) e nossa paz (Ef 2.14). Ele é fiel (Gl 2.20); é nossa salvação (Lc 2.30); e, é a Palavra de Deus (Jo 1.1,14). Isso significa que, quando aceitamos a Cristo, também recebemos a armadura. No momento da salvação, vestimos a armadura de uma vez por todas. No entanto, devemos nos apropriar dela cada dia: “[…] vistamo-nos das armas da luz” (Rm 13.12).

REFERÊNCIAS

  • SOARES, Ezequias; SOARES, Daniele. Batalha Espiritual. CPAD, 2018.
  • SOARES, Ezequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD, 2017.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD, 1995.
  • WIERSBE, W. W (Trad. Susana Klassen). Comentário Bíblico Expositivo NT. GEOGRÁFICA, 2007.
  • HANEGRAAFF Hank (Trad. Marta Andrade). Armadura Espiritual. CPAD, 2005.
  • MORRIS, Leon, L. Lucas: Introdução e Comentário. VIDA NOVA.

Fonte: portal rbc1/lições

Contra os falsos profetas

4º TRIMESTRE 2022

A JUSTIÇA DIVINA

A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel

COMENTARISTA:  Pr. Ezequias Soares

LIÇÃO 05 – CONTRA OS FALSOS PROFETAS – (Ez 13.1-10)

INTRODUÇÃO

Nesta lição veremos a definição do termo profeta e da expressão “falso”; pontuaremos o contexto do profeta Ezequiel e os falsos profetas; estudaremos as características dos falsos profetas a luz da Bíblia; e por fim; analisaremos como saber se uma profecia é verdadeira ou falsa.

I – DEFINIÇÃO DO TERMO “PROFETA” E DA EXPRESSÃO “FALSO”

1.1 Definição do termo profeta. As três principais palavras hebraicas para se referir ao profeta são: “naví, roéh e hozéh” (Cr 29.29) cuja etimologia primária é de: “porta-voz, orador” (Êx 4.10-15, 7.1). Há outros termos que também usados para os profetas como: mensageiro (2Cr 36.15,16); embaixador (Ag1.13); servo de Deus e do Senhor (1Rs 14.18; 2Rs 9.7); e homem de Deus (Dt 33.1; 1Sm 9.6). “Os sacerdotes, juízes, reis, conselheiros e os salmistas, tinham cada um, lugar distintivo na história de Israel, mas nenhum deles, logrou alcançar a estatura dos profetas” (STAMPS, 1995, p. 1001).

1.2 Definição do termo “falso”. Segundo o dicionarista Antônio Houaiss falso é: “contrário a verdade; inexato; sem fundamento; aquilo que há mentira; enganoso; impostor; falsificado; postiço; simulado” (2011, p. 1304).

II – O CONTEXTO DO PROFETA EZEQUIEL E OS FALSOS PROFETAS

Profetizar falsamente era crime em Israel sob pena de morte conforme a lei de Moisés (Dt 13.1-5; 18.20-22). Israel já havia experimentado falsos profetas e opositores à obra de Deus (1Rs 22.11,12,24,25). O engano produzido pelos falsos profetas “pseudoprophetes” não é um assunto novo (Jr 6.13; Zc 13.2). Moisés tratou do assunto ao falar com os filhos de Israel (Dt 18.21-22). Os falsos profetas eram aqueles que prediziam paz, prosperidade, e segurança para o povo, quando este achava -se em pecado diante de Deus (Jr 15.15; 20.1-6; 26.8-11; Am 5.10). Há numerosas referências no AT aos falsos profetas (2Cr 18.4-7), um espírito mentiroso achava-se na boca destes (2Cr 18.18-22). Até o Senhor Jesus e Pedro advertiu a respeito disso (Mt 24.24; 2Pd 2.1). Essa trágica realidade também estava presente no ministério do profeta Ezequiel (Ez 13.1-10).

2.1 A mensagem dos falsos profetas. Tanto Jeremias como Ezequiel denunciaram e enfrentaram a atuação dos falsos profetas que ainda estavam presentes, mesmo num tempo de grande sofrimento, desviando a muitos da verdadeira mensagem divina (Jr 6-9; 28.1-2; 29.8; Ez 13.1-10). Os falsos profetas criaram, na época, uma falsa segurança nos judeus em Jerusalém, promovendo-lhes paz e livramento falsos (Ez 13.16). Na realidade, isso só aconteceria quando se voltassem para as leis de Deus e abandonassem as rebeldias, idolatrias e profanações. Infelizmente muitos seguiam mensagens que não chamavam ao arrependimento, mas procuram tranquilizar o povo e mantê-los em suas práticas pecaminosas (Jr 7.4,8-10).

2.2 A atuação dos falsos profetas. Entre as muitas infelicidades que visitaram o povo nesses trágicos dias, estava os falsos Homens sem convicções religiosas, apenas desejando agradar aos que dominavam, constituíam-se em entraves aos verdadeiros enviados de Deus. O livro do profeta Ezequiel compõe-se de cinco oráculos ou curtos discursos a respeito da obra danosa dos falsos profetas (Ez 12.21 – 14.11). Havia até um provérbio entre eles: “Prolongue-se o tempo e não se cumpra a profecia”, que era o mesmo que dizer: “Vamos ver se o que diz o profeta vai sair certo […] Contra tal provérbio vem a palavra do Senhor: Farei cessar esse provérbio e já não se servirão dele em Israel” (Ez 12.23).

2.3 O engano dos falsos profetas. Desde o início da humanidade há tentativa de enganar as pessoas com mensagens que anunciam uma mentira como se fosse verdade e procuram semear dúvidas quanto ao que o Criador falou (1Rs 22.5-28; 2Cr 18.4-27). Tal realidade sempre acompanhou a história do povo de Deus, como apontado por Ezequiel (Ez 13.2-3). Deus repudia essas práticas e se mostra contra todos os que usam de engano (Ez 13.8). Tanto o Reino do Norte como o Reino do Sul desprezaram os profetas que Deus enviou chamando o povo ao arrependimento (2Rs 17.13-14; Ne 9.26, 30). Também não aceitaram a Palavra de Deus que ordenava que se submetessem ao cativeiro, pois o mesmo era uma disciplina imposta pelo Senhor como parte do plano divino no processo de restauração do seu povo (Jr 29).

III – CARACTERÍSTICAS DOS FALSOS PROFETAS A LUZ DA BÍBLIA

A Palavra de Deus adverte-nos de que haverá entre nós falsos profetas (At 20.30; 2Pd 2.1,2; 1Tm 4.1; 1Jo 4.1). A mensagem divina contra atitudes de pseudos profetas contrárias às orientações divinas à frente do povo de Deus tanto no AT como no NT é um tema bem presente nas Escrituras Sagradas, pois causam muitos e grandes sofrimentos e dificuldades (Ez 34.7-10; 2Co 11.13). A Bíblia descreve os falsos profetas das seguintes formas:

3.1 Os falsos profetas profetizam de si mesmos (Ez 13.2,3,17). Os falsos profetas podem até certo ponto ser sinceros, mas, ainda assim, estar errados. Alguns enganam a si mesmos e convencem-se de que a mensagem é verdadeira (Jr 23.9-11), tais mensagens provêm de suas próprias mentes, não de Deus.

3.2 Os falsos profetas são mentirosos (Ez 13.13.4,5). Os falsos profetas são deliberadamente mentirosos e não tem intenção nenhuma de falar a verdade. O apóstolo João diz: “Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o Anticristo, o que nega o Pai e o Filho” (1Jo 2.22).

3.3 Os falsos profetas são hereges (Ez 13.6,7). De acordo com texto bíblico, os falsos profetas introduzem encobertamente heresias de perdição (1Co 11.19; Gl 5.20). Eles pregam heresias (doutrinas falsas) e promovem a divisão da igreja. A respeito deles João disse: “Eles saíram de nosso meio; entretanto não eram nossos” (1Jo 2.19). O apóstolo Pedro disse: “Entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição … blasfemando do que não entendem” (2Pd 1,12).

3.4 Os falsos profetas são enganadores (Ez 13.8-10). Estes falsos mestres, além de promover falsas doutrinas, também negam a verdade de Deus (Jr 6.14; 14.14; Ez 13.16). Sobre estes, a Bíblia adverte: “Nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias concupiscências” (2Pd 3.3). O apóstolo Paulo chama-os de: “amantes de si mesmos […]presunçosos, soberbos” (2Tm 3.2). Judas chama-os de: “murmuradores queixosos” (Jd 16).

3.5 Os falsos profetas buscam de benefícios pessoais (Ez 13.17). Os falsos profetas descritos no AT estavam mais interessados em serem pessoalmente populares. Não era do seu interesse dizerem a verdade. Eles falavam para agradar o povo (Ez 6.14; 13.16). A tática dos falsos profetas é “falar o que o povo quer ouvir” (Jr 5.31; 29.8; Mq 2.11). A Bíblia diz que: Seus sacerdotes ensinam por interesse e os seus profetas adivinham por dinheiro” (Mq 3.11). Que eles ensinam: “o que não convém, por torpe ganância” (Tt 1.11). Divulgam a piedade como causa de ganho, fazendo do Cristianismo uma atividade comercial (1Tm 6.5). Procuravam tirar proveito de suas atividades religiosas (Sl 14.4).

3.6 Os falsos profetas são blasfemos (Ez 13.19). Aqueles que falam mal de Deus, de Cristo, do Espírito Santo, do povo de Deus, do Reino de Deus e dos atributos de Deus são chamados de blasfemos. Judas qualifica-os como homens ímpios que “dizem mal do que não sabem […] ondas impetuosas do mar […] estrelas errantes” (Jd 10,13). O apóstolo Paulo comenta que ele mesmo era um blasfemo antes de sua conversão (1Tm 1.13).

3.7 Os falsos profetas são sedutores (Ez 13.19,20). Jesus alertou-nos de que alguns falsos profetas fariam sinais de milagres e maravilhas, a fim de seduzir e enganar até mesmo os eleitos, “se possível” (Mc 13.22). Nosso Senhor quer dizer que a sedução espiritual é uma ameaça real até mesmo para os crentes.

3.8 Os falsos profetas são reprováveis (Ez 13.21-23). Na mensagem profética do próprio Jesus, proferida no monte das Oliveiras, somos alertados: “Acautelai-vos, que ninguém vos engane […] muitos serão escandalizados […]. E surgirão muitos falsos profetas e farão tão grande sinais e prodígios” (Mt 24.4,10,11,24). A Bíblia nos alerta sobre os perigos da sedução espiritual nas mãos dos reprovados falsos profetas (Mt 7.15; 2Tm 3.8; 1Jo 4.1; 2Pd 2.1).

IV – COMO SABER SE UMA PROFECIA É VERDADEIRA OU FALSA

As profecias podem vir de três fontes: de Deus, da mente humana, ou do diabo; obviamente, nem toda profecia vem de Deus, ou o apóstolo João não teria escrito: “Amados, não deis crédito a qualquer espírito: antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo afora. ” (1Jo 4.1). Há alguns princípios bíblicos para sabermos se uma profecia é verdadeira ou falsa. Vejamos então como identificar uma verdadeira profecia:

4.1 O propósito da profecia deve edificar, exortar e confortar (1Co 14.3). Edificar é melhorar ou fortalecer, exortar é encorajar, e confortar é consolar.

4.2 A profecia deve estar de acordo com a Palavra de Deus (Dt 18.18,19). Todas as verdadeiras profecias vêm do Espírito Santo que é o autor da Bíblia. Qualquer mensagem que não se coadune com a Bíblia deve ser rejeitada. Se uma profecia se cumprir e promover a desobediência contra Deus ou à sua Palavra, não é uma profecia verdadeira (Dt 13.5,13,14).

4.3 Se uma profecia contém predições que não se realizam, é falsa (Dt 13.1-3). Qualquer profecia que se cumpre, mas, não glorifica a Deus não é verdadeira. O Senhor Deus advertiu o povo em Deuteronômio 18.22 ao dizer: “Quando o tal profeta falar em nome do SENHOR, e tal palavra se não cumprir, nem suceder assim, esta é palavra que o SENHOR não falou; com soberba a falou o tal profeta; não tenhas temor dele”.

4.4 A verdadeira profecia produz liberdade, não escravidão. O apóstolo Paulo escrevendo sua carta aos romanos disse: “Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai” (Rm 8.15). Qualquer forma de controle sobre outra pessoa por intimidação, manipulação, ou domínio não vem de Deus.

CONCLUSÃO

Assim como havia falsos profetas na época de Ezequiel que diziam às pessoas coisas que Deus não havia falado, há o mesmo tipo hoje em dia. Na sua falsidade eles ensinam rebelião contra a palavra verdadeira de Deus. Na sua interpretação errada da palavra de Deus eles caminham para a condenação, levando juntos aqueles que acreditam nos seus falsos ensinamentos. Portanto, tenhamos cautela e sejamos vigilantes.

REFERÊNCIAS

  • GONÇALVES, José. Os Ataques Contra a Igreja de Cristo: As sutilezas de Satanás nestes dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
  • SOARES, Ezequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.
  • BEVERE, J. Assim Diz o Senhor? Como saber quando Deus está falando através de outra pessoa. CPAD.

Fonte: portalrbc1.

A gloriosa esperança do apóstolo

4º TRIMESTRE 2021

O APÓSTOLO PAULO

Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a Igreja de Cristo

COMENTARISTA:  Pr. ElienaiCabral

LIÇÃO 13 – A GLORIOSA ESPERANÇA DO APÓSTOLO – (2Tm 4.6-8; 1Ts 5.1-11)

INTRODUÇÃO

Na última lição deste trimestre, refletiremos sobre a postura do apóstolo Paulo diante da chegada da morte; destacaremos a esperança como uma das principais virtudes da vida cristã evidenciadas na vida de Paulo; e, por fim, destacaremos as principais características da gloriosa esperança, a volta do Senhor Jesus.

I – CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A GLORIOSA ESPERANÇA

1.1 Definição bíblica da palavra esperança. Esperança é uma das principais virtudes da vida cristã (“Agora, pois permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três […]” [1Co 13.13-a]), através da qual o crente é motivado a crer no impossível. Houaiss define esperança como: “o sentimento de quem vê como possível a realização daquilo que deseja; expectativa, espera” (2001, p. 1228). Do ponto de vista bíblico, é a certeza de receber as promessas feitas por Deus por meio de Cristo Jesus (Rm 15.13; Hb 11.1); é uma sólida confiança em Deus (Sl 33.21,22). O termo deriva-se do grego “elpis” e significa: “expectativa favorável e confiante” (Rm 8.24,25). Já o verbo esperar significa: “ficar à espera de, aguardar, contar com a realização de uma coisa desejada ou prometida”.

1.2 A vinda de Jesus, a gloriosa esperança do apóstolo. Paulo fala do retorno de Cristo como a bendita esperança da Igreja: “aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo” (Tt 2.13). Ao contrário de uma expectativa escapista, a esperança cristã quanto à volta de Jesus, é o testemunho altaneiro (que permanece nas alturas), de que o nosso porvir jaz além dos limites das expectativas e possibilidades deste mundo (1Co 15.9).

II – AS DUAS FASES DA SEGUNDA VINDA DE JESUS

Segundo as Escrituras, a Segunda Vinda terá duas fases, a saber: a) Arrebatamento da Igreja (1Ts 4.17) e b) Aparecimento em glória (Ap 1.7). Vejamos:

2.1 A primeira fase da segunda vinda. Esta fase destina-se à Igreja, será invisível e é chamada de “encontro” ou “arrebatamento” (1Ts 4.17). Nessa ocasião ocorrerá a ressurreição dos que morreram em Cristo (1Ts 4.16) e os crentes vivos serão transformados. Seus corpos se revestirão de imortalidade (1Co 15.51,53) e tanto os crentes ressurretos como os que foram transformados, serão arrebatados para encontrar-se com Cristo nos ares (1Ts 4.17).

2.2 A segunda fase da segunda vinda. Esta fase acontecerá sete anos depois do arrebatamento, ou seja, após a Grande Tribulação. O regresso de Cristo, desta vez, será visível e glorioso e todos verão a Jesus (Zc 12.10; 13.1,2; 14.3,4; Mt 24.30; 26.64; Ap 1.7). Seu primeiro toque neste mundo será no Monte das Oliveiras, como está escrito pelo profeta Zacarias (14.14), e Cristo virá acompanhado com os seus santos e com os anjos (Mt 25.31; Ap 19.11-16).

III – DIFERENÇAS ENTRE O ARREBATAMENTO E A SEGUNDA VINDA DE CRISTO EM GLÓRIA

É preciso distinguir os dois momentos da vinda de Jesus: o Arrebatamento (nos ares de maneira invisível), para a noiva e a Vinda em Glória (à Terra de maneira visível), com a esposa (Ap 19.7). Vejamos as seguintes diferenças:

ARREBATAMENTO DA IGREJA

SEGUNDA VINDA DE JESUS EM GLÓRIA

Será antes da Tribulação (1Ts 5.9; Ap 3.10);

Será depois da Tribulação (Ap 6-19);

O Senhor vem para a Igreja (Jo 14.2,3);

O Senhor vem com a Igreja (Jd 14; Zc 14.5);

A igreja encontrará o Senhor nos ares (1Ts 4.17; Tt 2.14);

A igreja retornará com o Senhor à terra (Zc 14.4,5; Ap 19.14);

Ninguém sabe o dia (Mc 13.32; 1Co 15.50-54);

Sabe-se o dia, pois ocorrerá 7 anos após o rapto (Ap 19.11-16);

Será invisível e secreto (1Co 15.52);

Será visível epúblico (Mt 24.29-30; Lc 21.25-28; Ap 1.7);

Será um ato de libertação (1Ts 4.13-17; 5:9);

Será um ato de julgamento (Mt 24.40-41);

O Senhor virá para libertar a Igreja (1Ts 1.10);

O Senhor virá para libertar Israel (Sl 6.1-4; Zc 12.6-14; 14.1-11);

O Senhor reunirá os seus santos (1Ts 4.15-18; 2 Ts 2.1);

Os seus anjos reunirão os remanescentes de Israel (Mt 24.30,31);

O Senhor levará os crentes para fora deste mundo deixando para trás os ímpios (Jo 14.2,3);

Os ímpios são tirados do mundo para julgamento e os crentes são deixados para desfrutar de bênçãos na terra (Mt 13.41-43; 25.41);

IV – A VOLTA DE CRISTO, A BEM-AVENTURADA ESPERANÇA DA IGREJA

4.1 Esperança consoladora. Segundo o dicionário Houaiss (2001, p. 811), consolar é: “aliviar a dor, o sofrimento, a aflição (de outrem ou a própria), com palavras, recompensas, promessas”. Podemos notar que, na maioria das vezes em que a doutrina do Arrebatamento aparece nas páginas do NT, vem com o propósito, dentre outras coisas, de trazer consolo para a Igreja. No cenáculo, momentos antes da sua crucificação, face à tensão em que os apóstolos estavam (Jo 14.1), Jesus, de forma enfática, declara, trazendo alento para seus servos: “[…] virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo […]”, “Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós”, “[…] Vou, e venho para vós […]” (Jo 14.3,18,28; ver At 1.6-12). Ao tratar sobre o Arrebatamento da Igreja e os eventos relacionados a ele, o apóstolo Paulo exortou que os irmãos deveriam mutuamente se consolarem, com a bendita esperança da vinda de Cristo: “Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras” (1Ts 4.18; ver At 1.11).

4.2 Esperança motivadora. Diante da tentação de se afastarem da verdade do evangelho, o escritor aos hebreus motiva os destinatários de sua carta, a prosseguirem na caminha cristã, exortando que eles deveriam continuar perseverantes, apesar de todo sofrimento vivido (Hb 10.36). Para tanto, cita uma das maiores promessas, que é a segunda vinda de Cristo: “Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não tardará” (Hb 10.37 – ARA); e declara que, por ocasião desse esperado advento, os crentes fiéis estarão livres de: (a) todas as aflições e perseguições (2Co 5.2,4; Fp 3.21; Ap 3.10); (b) da presença do pecado e da morte (1Co 15.51-56); e (c) da ira futura, por ocasião da Grande Tribulação (1Ts 1.10; 5.9).

4.3 Esperança segura. O Arrebatamento é uma promessa garantida pelo próprio Deus. E ainda que escarnecedores tenham surgido ao longo da história com o objetivo de negar essa verdade (2Pd 3.3,4,8,9; Jd v.18), sabemos que o Arrebatamento é um advento iminente. Jesus em seu sermão profético deixou certa a sua segunda vinda ao compará-la ao fato histórico vivido por Noé e sua família: “E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem” (Mt 24.37). Os cristãos nunca devem abrir mão de sua expectativa, mantida em oração, de que ainda hoje a trombeta poderá soar e o Senhor voltará.

4.4 Esperança gloriosa. Em face da glória que há de ser revelar em nós, temos motivação para superar quaisquer sofrimentos: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8.18; ver 1Pd 5.1). Quanto mais sofrimento, mais glória: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente” (2Co 4.17). Na ocasião do arrebatamento da Igreja, experimentaremos a glorificação do corpo (1Co 15.42,43,51-54) e os que forem fiéis receberão a coroa de glória (1Pd 5.4).

CONCLUSÃO

O Arrebatamento é a bendita esperança da Igreja. Estejamos, pois, esperando Aquele que há de vir (Hb 10.37). Diante dessa gloriosa promessa, devemos estar vigilantes, vivendo em santidade, esperando este dia em que estaremos definitivamente livres de todo sofrimento e estaremos para sempre com o Senhor.

REFERÊNCIAS

  • APLICAÇÃO PESSOAL, Comentário do Novo Testamento. CPAD.
  • ANDRADE, Claudionor Corrêa. Dicionário Teológico. CPAD
  • CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. HAGNOS
  • CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS
  • HENRY, Matthew. Comentário Bíblico do Novo Testamento: Atos a Apocalipse. CPAD.
  • SWINDOLL, Charles. Paulo: um homem de coragem e graça. MUNDO CRISTÃO.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: portalrbc1.

Nova revista da EBD para o primeiro trimestre de 2022.

A SUPREMACIA DAS ESCRITURAS
Revista do 1º trimestre de 2022
Comentarista: Douglas Baptista

LEIA OU BAIXE AQUI

Lição 1 – A autoridade da Bíblia
Lição 2 – A Inspiração Divina da Bíblia
Lição 3 – A Inerrância da Bíblia
Lição 4 – A Estrutura da Bíblia
Lição 5 – Como ler as Escrituras
Lição 6 – A Bíblia como um Guia para a Vida
Lição 7 – A Bíblia transforma pessoas
Lição 8 – A Lei e os Evangelhos revelam Jesus
Lição 9 – As Histórias e as Poesias falam ao Coração
Lição 10 – As Profecias despertam e trazem esperança
Lição 11 – Lucas-Atos: O Modelo Pentecostal para hoje
Lição 12 – As Epístolas instruem e formam os cristãos
Lição13 – A Leitura da Bíblia e a educação cristã

Voltados os olhos para a bendita esperança

1º TRIMESTRE 2021

O VERDADEIRO PENTECOSTALISMO

A atualidade da doutrina bíblica sobre a atuação do Espírito Santo

COMENTARISTA:  Pr. Esequias Soares

LIÇÃO 13 – VOLTADOS OS OLHOS PARA A BENDITA ESPERANÇA
(At 1.6-11)

INTRODUÇÃO

Nesta lição aprenderemos sobre uma das mais importantes doutrinas pregadas pelo movimento pentecostal, que é o arrebatamento da Igreja; definiremos algumas palavras que estão relacionadas a esta gloriosa promessa; também destacaremos características do arrebatamento, como a bendita esperança da Igreja; e por fim, enfatizaremos da necessidade de estarmos prontos para esse momento tão importante para os salvos em Cristo Jesus.

I – DEFININDO ALGUNS TERMOS

1.1 Definição da palavra bendita. No grego temos o vocábulo: “makarios”, que significa: “bendito, feliz”, indicando que o cristão é espiritualmente bem-aventurado. A expectativa da volta de Cristo nos confere bem-estar e felicidade espirituais (CHAMPLIN, 2002, p. 433).

1.2 Definição da palavra esperança. Houaiss define esperança como: “o sentimento de quem vê como possível a realização daquilo que deseja; expectativa, espera” (2001, p. 1228). Esperança é uma das virtudes cristãs, através da qual o crente é motivado a crer no impossível. É a certeza de receber as promessas feitas por Deus através de Cristo Jesus (Rm 15.13; Hb 11.1), é uma sólida confiança em Deus (Sl 33.21,22). O termo deriva-se do grego “elpis” e significa: “expectativa favorável e confiante” (Rm 8.24,25). Já o verbo esperar significa: “ficar à espera de; aguardar, contar com a realização de uma coisa desejada ou prometida”.

1.3 Definição do termo arrebatamento. A palavra “arrebatar” aparece nas Escrituras de forma variada. No hebraico a palavra: “laqah” significa: “tomar, receber”. No grego: “harpazo” significa: “pegar ou arrancar com violência” (VINE, 2002, pp. 309, 862). Das muitas vezes que o verbo “harpazo” é utilizado, um deles diz respeito ao arrebatamento dos santos, ou seja, à primeira fase, da segunda vinda de Cristo (1Ts 4.17). Teologicamente o arrebatamento é definido como: “a retirada brusca, inesperada e sobrenatural da Igreja deste mundo, afim de que se encontre como Senhor Jesus nos ares, por ocasião de Sua segunda vinda” (ANDRADE, 2006, pp. 62,63).

II – ARREBATAMENTO, A BENDITA ESPERANÇA DA IGREJA

Paulo fala do retorno de Cristo como a bendita esperança da Igreja (Tt 2.13). Ao contrário de uma expectativa escapista, a esperança cristã quanto à volta de Jesus, é o testemunho altaneiro (que permanece nas alturas), de que o nosso porvir jaz além dos limites das expectativas e possibilidades deste mundo distanciado de Deus. Vejamos então porque essa esperança é bendita:

2.1 Esperança consoladora. Segundo o dicionário Houaiss (2001, p. 811), consolar é: “aliviar a dor, o sofrimento, a aflição (de outrem ou a própria), com palavras, recompensas, promessas”. Podemos notar, que na maioria das vezes em que a doutrina do Arrebatamento aparece nas páginas do NT, vem com o propósito dentre outras coisas, trazer consolo para a Igreja. No cenáculo momentos antes da sua crucificação, face a tensão em que os apóstolos estavam (Jo 14.1), Jesus de forma enfática declara trazendo alento para seus servos: “[…] virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo […]”, “Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós”, “[…] Vou, e venho para vós […]” (Jo 14.3,18,28; ver At 1.6-12). Ao tratar sobre o Arrebatamento da Igreja e os eventos relacionados a ele, o apóstolo Paulo exortou que os irmãos deveriam mutuamente se consolarem, com a bendita esperança da vinda de Cristo: “Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras (1Ts 4.18; ver At 1.11).

2.2 Esperança motivadora. Diante da tentação de se afastarem da verdade do evangelho, o escritor aos hebreus motiva aos destinatários de sua carta, a prosseguirem na caminha cristã, exortando que eles deveriam continuar perseverantes apesar de todo sofrimento vivido (Hb 10.36), para tanto cita uma das maiores promessas, a segunda vinda de Cristo: “Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não tardará” (Hb 10.37 – ARA), e que por ocasião desse esperado advento, os crentes fiéis estarão livres de: (a) todas as aflições perseguições (2Co 5.2,4; Fp 3.21; Ap 3.10); (b) da presença do pecado e da morte (1Co 15.51-56); e, (c) da ira futura por ocasião da Grande Tribulação (1Ts 1.10; 5.9).

2.3 Esperança segura. O Arrebatamento é uma promessa garantida pelo próprio Deus; e ainda que escarnecedores tenham surgido ao longo da história com o objetivo de negar essa verdade (2Pd 3.3,4,8,9; Jd v.18), sabemos que o Arrebatamento é um advento iminente. Jesus em seu sermão profético deixou certa a sua segunda vinda ao compará-la ao fato histórico, vivido por Noé e sua família: “E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem” (Mt 24.37). Assim sendo, os cristãos nunca devem abrir mão de sua expectativa mantida em oração de que ainda hoje a trombeta poderá soar e o Senhor voltará.

III – COMO ESPERAR O ARREBATAMENTO DA IGREJA

A esperança de todos os que obedecem a Deus, que acreditam sem reservas na Sua existência e no Seu poder, está na vinda do Senhor Jesus (1Ts 4.16,17). As Escrituras descrevem, não apenas a promessa, mas também nos ensina que devemos esperá-la (Fp 3.20; Hb 9.28), e como deve ser essa espera. Vejamos:

3.1 Devemos esperar com anelo. Assim como em nossos dias toda noiva possui uma grande expectativa em relação ao dia de seu casamento, semelhantemente, a Igreja como noiva preparada (2Co 11.2; Ap 19.7), demonstra seu desejo de encontrar-se com o noivo que é Cristo: “E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem […]” (Ap 22.17), aos que amam a vinda do Senhor, o apóstolo Paulo afirma que está garantida a coroa da justiça: “Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda (2Tm 4.8).

3.2 Devemos esperar em oração. A Bíblia nos exorta a aguardarmos o Senhor vigiando em oração (Mc 13.33; 1Pd 4.7). É por meio desta prática constante (1Ts 5.17), que o cristão mantém contato com Deus (Jr 33.3; Tg 4.8). Ela expressa uma atitude de sujeição e inteira dependência da sua graça, ou seja, quem ora reconhece que precisa da ajuda divina para vencer as batalhas e dificuldades da vida (Is 38.1-5; 2Cr 20.3,4). Faz-se necessário entender que, os últimos dias da Igreja de Cristo aqui na terra, serão dias de esfriamento espiritual na vida de alguns cristãos (Mt 24.12; Ap 3.15,16). Portanto, devemos ter cuidado para não sermos cristãos superficiais, mas de profunda comunhão com Deus. “O mundo está se movendo em direção ao seu objetivo final. Diante dessa realidade, os cristãos devem manter um relacionamento próximo com Deus em oração” (ADEYEMO, 2010, p. 1561).

3.3 Devemos esperar com prudência. Diversas parábolas foram proferidas pelo Senhor Jesus, com o intuito de nos ensinar acerca da vigilância (Mt 24.32,33; Mt 25.1-13; Mt 24.45-47; Mt 24.37-39; Mt 24.43,44; Lc 12.39,40; 1Ts 5.2,3; 2Pd 3.10; Ap 3.3). O ladrão não avisa a hora da noite em que vai arrombar a nossa porta e roubar a nossa casa, do mesmo modo o Senhor Jesus não vai avisar a hora em que virá buscar Seu povo. Então, Ele pede que vigiemos para não sermos pegos de surpresa: “Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem” (Mt 24.27). Isto significa que ninguém terá tempo extra para se preparar; por isso, devemos vigiar. Jesus falou que este episódio seria semelhante aos dias de Noé (Mt 24.36-44), como também, contou algumas parábolas sobre sua volta e a necessidade de se está vigilante (Mt 24.45-51; Mt 25.1-13; ver Ef 4.30).

3.4 Devemos esperar em santidade. Jesus anunciou antecipadamente que os dias que antecedem a sua vinda, serão de extrema corrupção moral, comparando com o período antediluviano e a geração de Sodoma e Gomorra (Mt 24.37; Lc 17.28). Os apóstolos também fizeram a mesma afirmação (2Tm 3.1-5; 2Pd 3.3). Sabedores disto, nós cristãos, devemos no meio desta geração pervertida, vigiar em santidade, a fim de não contaminarmos com o pecado (Fp 2.15). A santidade é tipificada na Bíblia como vestes (Ap 19.8,14), por sua vez, a falta de santidade pode ser retratada como vestes sujas ou a nudez (Zc 3.3,4; Ap 3.18; 16.15). A exortação bíblica é que devemos estar vestidos e com vestes limpas em todo tempo (Ec 9.8; Ap 3.4). Somente aqueles que estiverem vigilantes e em santidade poderão desfrutar das bênçãos advindas do Arrebatamento da Igreja: “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb 12.14; ver 1Ts 5.23; 1Jo 3.3).

3.5 Devemos esperar servindo. Uma outra atitude não menos importante que deve caracterizar a conduta dos que estão à espera da vinda de nosso Salvador, é o serviço; foi uma das recomendações do próprio Senhor Jesus: “Bem-aventurado aquele servo a quem o Senhor, quando vier, achar fazendo assim” (Lc 12.43), a exortação do apóstolo Paulo é que pela motivação da vinda do Senhor os crentes devem ser abundante na obra: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor” (1Co 15.58), e ainda pelo fato de que, todo serviço a Deus será recompensado na vinda do Senhor: “E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra” (Ap 22.12).

3.6 Devemos esperar com perseverança. Paulo ao referir-se a bendita esperança, aponta também que devemos esperá-la com perseverança: aguardando a bem-aventurada esperança […]” (Tt 2.13), o termo aguardando é a tradução do particípio presente, da palavra: “prosdechomai”, que significa: “dar boas-vindas, esperar”. E nessa forma verbal fica apontada uma contínua atitude de expectação, que a cada dia nos motiva a vivermos melhor. Ao ter essa esperança gloriosa em vista, somos fortalecidos para continuarmos sendo pacientes, ou seja, perseverantes como advertiu o apóstolo Tiago: “Sede pois, irmãos, pacientes até a vinda do Senhor […]”; “Sede vós também pacientes, fortalecei os vossos corações; porque já a vinda do Senhor está próxima” (Tg 5.7,8).

CONCLUSÃO

Diante dessa gloriosa promessa, devemos estar vigilantes, vivendo em santidade, esperando este dia em que estaremos definitivamente livres de todo sofrimento e estaremos para sempre com o Senhor.

REFERÊNCIAS

  • LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal para Juventude. RJ: CPAD, 2018
  • TOKUMBOH, Adeyemo. Comentário Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
  • VANGEMEREN, Willem A. Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese. SP: CULTURA CRISTÃ, 2011

Fonte: portalrbc1.

PRÓXIMO TRIMESTRE:

Lição 01 – E DEU DONS AOS HOMENS
Lição 02 – O PROPÓSITO DOS DONS ESPIRITUAIS

LEIA OU BAIXE AQUI

Lição 03 – DONS DE REVELAÇÃO

Lição 04 – DONS DE PODER

Lição 05 – DONS DE ELOCUÇÃO
Lição 06 – O MINISTÉRIO DE APÓSTOLO
Lição 07 – O MINISTÉRIO DE PROFETA

Lição 08 – O MINISTERIO DE EVANGELISTA

Lição 09 – O MINISTÉRIO DE PASTOR

Lição 10 – O MINISTÉRIO DE MESTRE OU DOUTOR

Lição 11 – O PRESBÍTERO, BISPO OU ANCIÃO.
Lição 12 – O DIACONATO

Lição 13 – A MULTIFORME SABEDORIA DE DEUS