O Ministério da Igreja

 

1º TRIMESTRE 2024

O CORPO DE CRISTO

Origem, Natureza e Vocação da Igreja no mundo

COMENTARISTA:  Pr. José Gonçalves

LIÇÃO 07 – O MINISTÉRIO DA IGREJA – (Ef 4.11-16)

INTRODUÇÃO

Nesta lição, estudaremos sobre os “dons ministeriais”; pontuaremos cada um [apóstolo, profeta, evangelista, pastor e mestre] com suas especificidades; falaremos também sobre as funções do presbítero e mencionaremos a diferença entre o diaconato e a diaconia, mostrando que o primeiro é uma função eclesiástica para alguns escolhidos e o segundo um serviço para todo os crentes. 

I – DEFINIÇÃO E ORIGEM DOS APÓSTOLOS

 “O termo deriva-se do grego e significa literalmente “enviado” (Lc 6.13; 9.10). Paulo foi comissionado diretamente pelo próprio Senhor (1Co 9.1; 15.8), depois de sua ascensão, para levar o evangelho aos gentios” (At 9.1-15) (VINE, 2002, p. 407). O título “apóstolo” se aplica a certos líderes cristãos no NT. O verbo: “apostello” significa: “enviar alguém em missão especial como mensageiro e representante pessoal de quem o envia. O título é usado para Cristo (Hb 3.1), os doze discípulos escolhidos por Jesus (Mt 10.2), o apóstolo Paulo (Rm 1.1; 2Co 1.1; Gl 1.1) e outros (At 14.4,14; Rm 16.7; Gl 1.19; 2.8,9; 1Ts 2.6,7). 

1.1 O termo apóstolo no sentido especial e no sentido geral. No sentido geral, refere-se àqueles que viram Jesus após a sua ressurreição e que foram pessoalmente comissionados por Ele a pregar o evangelho e estabelecer igrejas (os Doze, Paulo e outros). Eles tinham autoridade ímpar na igreja, no tocante à revelação divina e à mensagem original do evangelho, como ninguém mais até hoje. O ministério de apóstolo nesse sentido restrito é exclusivo, e dele não há repetição (1Co 15.8). Já os apóstolos no sentido geral refere-se àqueles que são enviados pelo Senhor Jesus e pela Igreja para levar as boas novas de salvação a outros povos (Rm 10.13-17). Nesse sentido, existem homens que exercem um trabalho apostólico. Podemos dizer que todo aquele que realiza a obra missionária pode ser denominado, nesse aspecto apóstolo (Mt 28.19,20; Mc 16.15-20). 

 1.2 O colégio apostólico. Dá-se o nome de “Colégio Apostólico” ao grupo de doze homens que foram chamados pelo próprio Senhor Jesus para segui-lo durante o seu ministério terreno (Mt 10.2; Mc 6.30; Lc 6.13). Em seu ministério, Jesus teve muitos seguidores. Mas, apenas os doze faziam parte de um grupo especial (Mt 10.1-5; Mc 3.14; 6.7; Lc 6.13; 8.1). Jesus deu aos doze autoridade para expulsar os espíritos imundos, para curar os enfermos, limpar os leprosos e para ressuscitar os mortos (Mt 10.1-8; Mc 3.13-15; Lc 10.1-9). Eles foram enviados, à casa de Israel (Mt 10.6) e depois ao mundo inteiro (Mt 28.16-20; Mc 16.14-20).

II – DEFINIÇÃO E ORIGEM DOS PROFETAS  

 A palavra hebraica para profeta é: “navi”, que vem da raiz verbal: “nava”. Essa palavra significa: “anunciador”. Os temos hebraicos: “roeh” e “hozeh” também são usados para profeta. Ambos significam “aquele que vê”, ou seja, “vidente” (1Cr 29.29). A palavra grega comumente usada é: “prophétes” (Mt 1.22; 2.5,16; Mc 8.28; Lc 1.70,76; Ap 10.7; 11.10). O substantivo “propheteia”, siginifica: “profecia”. Essas palavras derivam do grego: “pro”, “antes” e, “phemi”, “falar por outrem” (CHAMPLIN, 2004, p. 424). 

 2.1 Diferença entre o dom de profeta e o dom de profecia. Quanto ao dom de profecia (1Co 12.10-b) precisamos fazer algumas observações porque no AT, havia um “ministério profético”, reconhecido e considerado por toda nação. Hoje, não existe esse ministério nas igrejas cristãs. Existem pessoas ou mensageiros de Deus, que possuem o “dom de profecia”, usado em determinadas ocasiões, com propósitos definidos (BERGSTEIN, 1993, 113,115,116). 

2.2 Dom de profeta (permanente). Os profetas constituíam o “ministério da palavra” de Deus, impulsionado por inspiração profética (At 13.1; 15.32). Por meio dessa inspiração, esse ministério é acompanhado de “edificação, exortação e consolação” (1Co 14.3). O simples uso do “dom de profecia” não faz de ninguém um profeta, pois profeta é um ministro da Palavra (At 21.9,10) (BERGSTÉN, 2007, pp. 115,116).  

2.3 Dom de profecia (esporádico). Profecia é uma mensagem de Deus dada a pessoa a quem o Espírito manifesta este dom. Tal pessoa deve transmiti-la exatamente como a recebeu (Jr 23.28). A atitude de quem profetiza deve ser: “A palavra que Deus puser na minha boca essa falarei” (Nm 22.38-b). A mensagem recebida por inspiração do Espírito Santo não é transmitida mecanicamente, mas fiel e conscientemente (1Co 14.32). No momento em que a profecia é transmitida, não é Deus quem está falando, mas é o homem quem está transmitindo o que de Deus recebeu (1Co 14.29). Se fosse o próprio Deus falando, não haveria necessidade de se julgar a mensagem (1Co 14.29; 1Ts 5.21) (BERGSTÉN, 2007, p. 113).  

III – DEFINIÇÃO E ORIGEM DOS EVANGELISTA   

3.1 Definição do termo evangelista. A palavra evangelista vem do grego: “euangelistes”, que literalmente significa: “mensageiro de boas novas” formado de “eu” que é “bem”, e “angelos” que é “mensageiro” (At 8.5,26,40; 21.8). Por isto, podemos dizer que os missionários são verdadeiros evangelistas por serem essencialmente pregadores do Evangelho. Paulo era um evangelista (1Co 1.17), bem como também Timóteo (2Tm 4.5). Uma das características de quem recebe este dom ministerial é a dedicação ao evangelismo: “Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo” (Fp 3.7). 

3.2 A diferença do ministério de evangelista da função de evangelizador. Evangelista é um termo encontrado apenas três vezes no NT: “Felipe, o evangelista […]” (At 21.8); “Ele mesmo concedeu uns para evangelistas […]” (Ef 4.11) e, “Faze o trabalho de um evangelista […]” (2Tm 4.5). A primeira referência é um homem como evangelista, a segunda, ao dom de evangelista e a terceira, ao trabalho de evangelista. A chamada especial de Deus para o ministério de evangelista está reservada a alguns crentes (Ef 4.11), mas a chamada geral para ganhar almas é feita a todos os crentes (Mc 16.15,19; At 1.8,9).

IV – O USO DA PALAVRA PASTOR

 No hebraico, “raah” tem o sentido de “pastor”. No seu sentido literal, “um pastor” é alguém que cuida dos rebanhos de ovelhas. Os pastores eram conhecidos como profissionais que alimentavam e protegiam os rebanhos (Jr 31.10; Ez 34.2), que procuravam as ovelhas perdidas (Ez 34.12) e que livravam dos animais ferozes as ovelhas que estivessem sendo atacadas (Am 3.12)” (CHAMPLIN, 2004). Na igreja local, o pastor é um guia espiritual do povo de Deus. O termo pastor do grego “poimēn” no Novo Testamento tem o significado de “apascentador de ovelhas”.

 4.1 O dom ministerial de pastor. Entre os dons ministeriais concedidos a igreja, encontra-se o dom de pastor (Ef 4.11). O pastor é o responsável pela direção e pelo apascentamento do rebanho. É “o anjo da igreja” (Ap 2.1). Serve sob a direção do Bom Pastor, a quem pertence a Igreja (1Pd 5.2,4), e deve andar nas suas pisadas (Jr 17.16) e sob a sua direção (Jr 3.15). Cabe ao pastor velar pelas ovelhas, como quem tem de dar conta delas (Hb 13.17) (BERGSTÉN, 2007, p. 116).  

4.1 A necessidade de um pastor para a igreja e as suas muitas atribuições. “Sua missão é múltipla e polivalente. Um pastor agi como ensinador, conselheiro, pregador, evangelizador, missionário, profeta, juiz de causas complexas, fazer as vezes de psicólogo, conciliador, administrador eclesiástico dos bens espirituais e de recursos humanos sob seus cuidados, na igreja local; é administrador de bens materiais ou patrimoniais; gestor de finanças e recursos monetários, da igreja local” (RENOVATO, 2014, p. 114). Algumas outras atribuições do pastor são: “(a) cuidar da sã doutrina, refutar a heresia (Tt 1.9-11); (b) ensinar a Palavra de Deus e exercer a direção da igreja local (1Ts 5.12; 1Tm 3.1-5); (c) ser um exemplo da pureza e da sã doutrina (Tt 2.7,8) e, (d) esforçar-se no sentido de que todos os crentes permaneçam na graça divina (Hb 12.15; 13.17; 1Pd 5.2) (STAMPS, 1995, p. 1815). 

V – DEFINIÇÃO DO DOM DE MESTRE OU DOUTOR 

 O termo mestre deriva-se do grego “didáskalos”, que significa: “instrutor”, “doutor” ou “mestre”. É aplicado a Jesus (Mt 8.19; 12.38; 17.24; Mc 5.35; 14.14; Jo 11.28); aos mestres da Lei (Mt 9.11; 10.24,25; Lc 2.46; 6.40; Jo 3.10); a João Batista (Lc 3.12); e ao apóstolo Paulo (1Tm 2.7). A atividade primordial do mestre, doutor ou ensinador é cuidar do ensino fundamental das Sagradas Escrituras. Os mestres são aqueles que têm de Deus um dom especial para esclarecer, expor e proclamar a Palavra de Deus, afim de edificar o corpo de Cristo (Ef 4.11,12) (STAMPS, 1995, p. 1814). 

5.1 A importância do dom ministerial de mestre. O “dom ministerial” de Mestre ou Doutor é, sem dúvida, um dos mais importantes e necessários à Igreja do Senhor Jesus. Por isso, ele é mencionado nas três listas dos dons (Rm 12.6-8; 1Co 12.28; Ef 4.11). O ensino da Palavra de Deus é indispensável e de fundamental importância para o crescimento e a edificação da Igreja do Senhor Jesus (Rm 15.4; Cl 1.28; 2.7; 3.16). Por isso, Ele mesmo vocacionou e comissionou alguns para serem doutores ou mestres (Ef 4.11-13). Alguns escritores erroneamente confundem o “dom ministerial” de mestre com o “dom de ensinar” (serviço). Mas, é importante salientar que o dom ministerial de mestre ou doutor é exclusivo para obreiros (At 13.1-3; Ef 4.11). Já o dom de ensinar, como dom de serviço (Rm 12.6-8) está acessível a todo cristão. 

VI – DEFINIÇÃO DA PALAVRA PRESBÍTERO  

 O termo presbíteros do grego “presbyteros” é uma forma comparativa da palavra grega: “presby” que significa: “uma pessoa experiente, madura, mais velha, anciã”. Os presbíteros tomavam parte ativa no apascentamento da igreja (At 20.28) e também no ensino, pois uma das qualidades exigidas do candidato ao presbitério era que fosse: “apto para ensinar” (1Tm 3.2). Os presbíteros constituíam um corpo auxiliar no governo da igreja, sob a presidência do pastor (BERGSTÉN, 1999, p. 270). Os presbíteros não são pastores, mas, podem exercer funções pastorais (1Pd 5.1; 2Jo 1; 3Jo 1). A evidência bíblica indica que “bispo” é simplesmente outro termo para presbítero também (At 20.17-35; Tt 1.7). A maioria dos estudiosos reconhece isso, que na linguagem do NT o mesmo ofício na Igreja é chamado de bispo “episkopos” [ancião] ou presbítero “presbyteros”. Em terminologia bíblica, presbíteros pastoreiam, supervisionam, lideram e cuidam da igreja local (1Tm 5.17; Tt 1.7; 1Pd 5.1-2); ensinam a Palavra (1Tm 3.2; 5.17; 2 Tm 4.2; Tt 1.9); protegem a igreja de falsos mestres (At 20.17, 28-31; 1Tm 4.1; Tt 1.9); exortam os santos na sã doutrina (1Tm 4.13; 2Tm 3.13-17; Tt 1.9); visitam e oram pelos doentes ungindo-os com óleo (Tg 5.14; At 20.35); julgam questões doutrinárias (At 15.16); dirigem igrejas (1Pd 5.2; 1Tm 5.17); e, apascentam e cuidam da igreja (1Pd 5.2; Hb 13.17). 

VII – DEFINIÇÃO DA PALAVRA DIÁCONO 

 A palavra diácono no grego: “diákonos” denota primariamente: “servo, criado” (At 6.1-3). “A própria palavra diácono é usada de várias maneiras, nas páginas do NT, subentendendo serviço de qualquer espécie, espiritual ou material” (CHAMPLIN, 2005, p. 312).

“Os diáconos poderão realizar diversas tarefas, na Casa do Senhor, com dignidade, cuidado e zelo (Cl 3.23). A função principal dos diáconos, atualmente, é auxiliar o pastor ou ao dirigente da congregação, nas atividades espirituais, ligadas ao culto ou não, bem como nas atividades sociais e materiais da igreja, para as quais for designado” (RENOVATO, 2014, p. 144). 

7.1 O serviço de diácono na igreja hoje. O diaconato é um encargo sob a direção dos ministros da igreja (At 6.3), relacionado com os serviços de ordem material e social (Rm 12.8) e o socorrer (1Co 12.28). Conforme o modelo do NT os diáconos não tomavam parte na administração e direção da igreja, mas, além de fazer serviços materiais e sociais, alguns cooperavam na pregação da Palavra, como Estevão (At 6.8,10) e Filipe (At 6.5; 8.4). Há uma diferença entre o “diaconato” como uma função ministerial e “diaconia” como serviço comum na igreja (BERGSTÉN, 2007, p. 117). 

CONCLUSÃO  

 Nesta lição, vimos o ministério sob diferentes aspectos. Vimos também que Deus pôs na Igreja alguns para o exercício de determinadas funções específicas. Esses ministérios devem ser vistos como dons de Deus à Igreja. 

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • RENOVATO, Elinaldo. Dons Espirituais e Ministeriais. CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
  • VINE, W. E. Dicionário Vine. CPAD.

Fonte: portal rbc1/lições

Ezequiel, o atalaia de Deus

4º TRIMESTRE 2022

A JUSTIÇA DIVINA

A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel

COMENTARISTA:  Pr. Ezequias Soares

LIÇÃO 01 – EZEQUIEL, O ATALAIA DE DEUS – (Ez 3.16-21,27)

INTRODUÇÃO

Nesta lição veremos a definição das palavras “atalaia” e “profeta”; estudaremos quem foi o profeta e atalaia Ezequiel, bem como o conteúdo da sua mensagem; e por fim; pontuaremos porque a igreja deve agir como um atalaia em nossos dias.

I – DEFINIÇÃO DOS TERMOS “ATALAIA” E “PROFETA”

1.1 Definição do termo atalaia. Atalaia tem o significado de “vigia, sentinela ou guarda’ (HOUAISS, 2001, p. 330). A Bíblia fala sobre atalaias tanto no sentido literal quanto simbólico. A palavra atalaia vem do termo hebraico “tzaphah” (lê-se: tzafá), que significa: “tomar cuidado; espiar; olhar ao redor; vigiar; guardar; prestar atenção” (Ez 3.17-21; 33.2-9). Os atalaias tinham a função de advertir sobre a aproximação de uma força inimiga a fim de guardar uma cidade, uma aldeia, um acampamento ou mesmo um povo. Eles andavam pelas ruas da cidade como vigias ou ficavam sobre os muros e torres das cidades fortificadas (2Sm 24; 2Rs 9.17-20; Is 62.6; Ct 3.3; 5.7). Nos acampamentos móveis, os sentinelas eram os responsáveis por vigiar e guardar o assentamento especialmente durante a noite. Os atalaias também podiam ficar em torres de vigia espalhadas pelo deserto ou sobre um monte elevado para avisar do perigo iminente do inimigo (Hc 2.1). Infelizmente nem todos os atalaias de Israel foram diligentes no cumprimento da sua missão (Is 56.10).

1.2 Definição do termo profeta. A palavra profeta deriva-se do termo hebraico נָבִיא(lê-se: naví) que significa: “falar ou dizer antes”, e do termo grego προφήτης(lê-se: prophetê), que quer dizer: “falar de antemão”. Os profetas foram chamados, principalmente, em momentos de apostasia e rebelião por parte do povo de Deus, para os seguintes propósitos: a) denunciar as práticas pagãs e pecaminosas (Ez 2.1-7; 9.9); b) chamar o povo ao arrependimento (Ez 14.6; 18.30,32;); e, c) conduzi-los ao restabelecimento espiritual (Ez 37.21-28). Os profetas do AT podem ser classificados em dois grupos: (1) Os profetas orais: foram aqueles que não deixaram registros escritos, embora que outros escreveram acerca deles e de suas profecias. Dentre eles, destacamos: Gade (1Sm 22.5); Natã (2Sm 12.1); Aías (1Rs 11.29); Semaías (1Rs 12.22); Azarias (2Cr 15.1); Hanani (2Cr 16.7); Jeú (1Rs 16.1); Jaaziel (2Cr 20.14); Elias (1Rs 17.1); Micaías (1Rs 22.14); Eliseu (2Rs 2.1), além de outros. (2) Os profetas literários: são os “profetas da escrita” que escreveram depois de terem sido “profetas da palavra” sendo que cinco deles são denominados de profetas maiores (de Isaías a Daniel) e doze de profetas menores (de Oseias a Malaquias).

II – QUEM FOI O PROFETA EZEQUIEL

2.1 A vida do profeta Ezequiel. Seu nome significa “Deus é forte” (Ez 3.14) ou “Deus fortalece” (Ez 30.25; 34.16). Um título apropriado para o profeta que recebeu uma mensagem para os judeus exilados na Babilônia (Ez 3.15). Ele era filho do sacerdote Buzi (Ez 1.3) e foi contemporâneo dos reis Joaquim e Jeoaquim, e também dos profetas Jeremias e Daniel. Ele foi levado para a Babilônia em 597 a.C. quando Nabucodonosor invadiu e tomou Jerusalém e levou os príncipes e outros homens valentes, artífices e ferreiros (2Rs 24.14). Era casado, mas sua esposa morreu por ocasião da queda de Jerusalém (Ez 24.15-18). Sem dúvida, era um homem de influência, pois era consultado pelos anciãos que estavam entre os exilados (Ez 8.1; 20.1).

2.2 O ministério do profeta Ezequiel. A longa história de rebelião da nação israelita começou logo depois do Êxodo e continuou até os dias de Ezequiel (Ez 16; 20; 23). O povo judeu profanou o santuário e cometeu abominações contra o Senhor (Ez 6.13; 28; 23.37); deixaram de servir e adorar ao Único Deus Verdadeiro (monoteísmo) e passaram a prestar culto a outros deuses (politeísmo) (Êx 32.1-18; 2Rs 17.7-23; Is 1.2-4; Jr 2.1-9). Por isso, o juízo era inevitável (Ez 21.1-27). Nesse período, Deus levantou três profetas: Jeremias, no meio dos cativos de Judá (Jr 39.1-14; 40.1-6); Daniel, no palácio em Babilônia (Dn 1.1-21); e Ezequiel, também na Babilônia, às margens do rio Quebar (Ez 1.1,2).

2.3 O chamado do profeta Ezequiel. A vocação de Ezequiel para o ministério profético encontra-se nos primeiros capítulos do livro (Ez 1.1-3; 2.1 -7). Ele estava no meio dos cativos de Judá, em Babilônia, junto ao rio Quebar, quando o céu se abriu e ele teve a primeira visão dos querubins e da glória de Deus (Ez 1.1-28). Deus se dirigiu a Ezequiel como “filho do homem” mais de noventa vezes (Ez 2.1,3,6,8; 3.1,3,4,10,25; 4.1,16; 5.1; 6.2; 7.2; 8.5,6,8). Este termo fala da humanidade e fragilidade do profeta, e servia para lembrar-lhe a sua dependência de Deus para capacitá-lo a cumprir sua missão. Diante da poderosa revelação, Ezequiel ouviu a voz do Senhor dizendo: “Então, entrou em mim o Espírito, quando falava comigo, e me pôs em pé, e ouvi o que me falava” (Ez 2.1). Aqui, vemos Ezequiel sendo “ungido” pelo Espírito para exercer o ministério profético. Hoje, o Espírito Santo continua chamando e capacitando pessoas para fazer a obra de Deus (At 1.8; 2,4,17,18;).

2.4 A missão do profeta Ezequiel. O atalaia era um verdadeiro profeta do Senhor (Jr 6.17; Os 9.8), e a função deles era ficar alerta à situação em derredor, escutar a palavra de Deus sempre que ela vinha a eles, e repeti-la ao povo com exatidão. Ezequiel foi comissionado para transmitir a mensagem de Deus ao povo apóstata de Judá e de Jerusalém (Ez 2.3-7; 3.11; 33.2-6). Assim como Habacuque se postou na sua torre de vigia (Hc 2.1), assim também Ezequiel foi nomeado atalaia para o povo de Israel (Ez 3.17).
Semelhantemente, a Igreja foi chamada para ser porta-voz de Deus neste mundo corrompido e perverso, denunciando o pecado e chamando os homens ao arrependimento (At 2.38; 3:19; 17.30). O Senhor disse que o profeta deveria alimentar-se do rolo do livro, antes de transmitir a mensagem divina ao povo de Judá (Ez 3.1-3). Isto nos ensina que somente depois de nos alimentarmos da Palavra de Deus é que podemos transmiti-la a outros (Dt 6.6,7; Jr 15.16; 1Tm 4.13).

III – O CONTEÚDO DA MENSAGEM DO ATALAIA

3.1 O atalaia prega mesmo que os homens ouçam ou deixem de ouvir (Ez 2.5,7). A missão de Ezequiel era transmitir a Palavra do Senhor (Ez 2.4; 3.11,27; 5.7,8; 6.3,11; 11.5,7,16,17), não importava se o povo ouvisse ou deixasse de ouvir, ou seja, obedecesse ou não a sua palavra (Ez 2.5,7; 3.11). Neste texto, os judeus são chamados de “casa rebelde” por causa de sua rebelião (Dt 9.23,24; Sl 78.8; Jr 5.23). O termo hebraico é “mãrah” e tem o sentido de “obstinação”, “teimosia” e “rebeldia”. Esta expressão aparece treze vezes no livro (Ez 2.5,6,8; 3.9,26,27; 12.2,3,9,25; 17.12; 24.3; 44.6). Mas, o Senhor lhe diz que, ainda que eles não guardassem os mandamentos divinos, não poderiam alegar inocência, pois eles saberiam que um profeta autêntico e verdadeiro esteve no meio deles (Ez 33.33).

3.2 O atalaia prega mesmo para um povo de semblante duro e obstinado de coração (Ez 2.4). Este texto é, praticamente, uma repetição do versículo 5; mas, não foi repetida por acaso, e sim, para dar ênfase a difícil missão de Ezequiel, que era transmitir a Palavra de Deus a uma nação de “semblante duro e obstinada de coração” que se recusava a admitir os seus pecados (Jr 8.4-9).
Por isso, o Senhor diz a Ezequiel que ele deveria obedecer ao chamado divino, pois seu dever, como porta-voz, era ouvir a voz de Deus e entregar a mensagem ao povo, “quer ouçam quer deixem de ouvir…” (Ez 3.11).

3.3 O atalaia prega sem temer aos homens maus (Ez 2.6). Profetizar nos dias de Ezequiel não era uma tarefa fácil, principalmente por causa dos pecados da nação (Dn 9.5,7,10,11). O povo judeu é comparado a “sarças, espinhos e escorpiões” por causa de sua maldade e apostasia (Jr 37.15,16; 38.6). Mas, o Senhor disse que Ezequiel não deveria temer nem o povo e nem as suas palavras (Ez 2.6; 3.9). Em outras ocasiões, o Senhor também, transmitiu palavras de encorajamento a Josué (Js 1.9); a Jeremias (Jr 1.8); a Daniel (Dn 10.12,19); e outros. O Senhor Jesus também advertiu aos discípulos, dizendo: “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos” (Mt 10.16); mas, prometeu estar conosco todos os dias (Mt 28.20).

3.4 O atalaia prega a mensagem de salvação ao homem mais também de condenação ao pecado (Ez 2.9,10). Enquanto Ezequiel estava ouvindo a voz do Senhor, ele viu uma mão estendida, dando-lhe um rolo de um livro, contendo “lamentos, suspiros e ais”, ou seja, mensagens de destruição, sofrimento e tristeza. Isto nos faz lembrar que, embora ele tenha sido chamado para profetizar sobre a esperança de restauração para o povo judeu (Ez cap. 33-48); sua principal mensagem era de juízo contra Judá (Ez cap. 1-24) e contra algumas nações estrangeiras, tais como: Amom, Moabe, Edom, Tiro, Sidom e Egito (Ez cap. 25-32). Assim também é a pregação do Evangelho, pois ela contém mensagem de salvação e vida eterna, para os que creem em Cristo; mas, também, de condenação e perdição, para aqueles que o rejeitam (Mt 7.13,14; Mc 16.15; Jo 3.16,17,36).

3.5 O atalaia prega que Deus não tem prazer na morte do ímpio (Ez 18.21,22). O justo que se afasta de Deus será responsável pelos seus pecados (Ez 18.24). Ele não poderá recorrer aos seus atos de justiça realizados no passado para salvar-se, caso não se arrependa em vida (Ef 2.8,9). É o próprio homem pelo mal uso do seu livre arbítrio quem cai da graça e perde a salvação (Gl 5.4) e fica alienado de Cristo (Jo 15.4-6 ver Sl 9.16). O caso do filho pródigo é um bom exemplo que ao se desviar do pai e perder tudo, reconhece seu erro, “cai em si e volta arrependido pedindo perdão” (Lc 15.17-21). Ele recebeu a graça porque voltou em vida arrependido a casa do pai (ver ainda Jr 31.34b; At 3.19; Hb 8.12; 1Jo 1.9).

IV – PORQUE A IGREJA DEVE AGIR COMO UM ATALAIA EM NOSSOS DIAS

4.1 Porque a humanidade está perdida. Por causa da desobediência de Adão, o homem tornou-se destituído da glória de Deus (Rm 3.23) e a situação espiritual da humanidade é de condenação e perdição (Rm 5.12,19; 6.23). Mas, a nossa responsabilidade é anunciar a salvação através da fé em Cristo Jesus (Mt 28.18-20; Mc 16.15-20; At 1.8).

4.2 Porque somente Jesus Cristo pode salvar a humanidade. De acordo com as Escrituras, só existe um meio para que o homem possa obter a salvação: a fé em Jesus Cristo (Jo 3.16,17; At 4.12; Ef 2.8,9; I Tm 2.5). Mas, para que o pecador possa crer em Cristo, é necessário que alguém pregue o evangelho (Rm 10.13-17).

4.3 Porque temos pouco tempo. Os sinais que antecedem a Segunda Vinda de Cristo nos mostram que Jesus em breve voltará para vir buscar a Sua Igreja (Mt 24.1-14; Mc 13.1-13; Lc 21.5-36), como Ele mesmo prometeu (Jo 14.1-3; Ap 22.12). Por isso, devemos pregar a tempo e fora de tempo (2Tm 4.1,2).

CONCLUSÃO

A pregação do Evangelho é a mais importante tarefa da Igreja aqui na terra, pois dela depende a salvação da humanidade. Por isso, devemos anunciar ao mundo a salvação através da fé em Cristo Jesus. O Senhor Jesus espera que cada um de nós estejamos empenhados nesta sublime tarefa, com o objetivo de ganhar almas para o seu Reino.

REFERÊNCIAS

  • GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA.
  • SOARES, Esequias. O Ministério profético na Bíblia. CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
  • TAYLOR, John B. Ezequiel Introdução e Comentário. VIDA NOVA.

Fonte: portalrbc1.

As profecias despertam e trazem esperança

1º TRIMESTRE 2022

A SUPREMACIA DAS ESCRITURAS

A inspirada, inerrante e infalível Palavra de Deus

COMENTARISTA:  Pr. DouglasBaptista

LIÇÃO 10 – AS PROFECIAS DESPERTAM E TRAZEM ESPERANÇA – (Jr 1.4-10; Jl 1.1-3; Ap 1.1-3)

INTRODUÇÃO

Nesta lição veremos a definição do termo profeta tanto no AT como no NT; pontuaremos a diferença entre o profeta na Antiga e na Nova Aliança; relacionaremos as características dos profetas na Bíblia; e por fim, analisaremos o ministério profético nas Escrituras.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA PROFETA

1.1 No Antigo Testamento. A palavra hebraica para profeta é: “nabi” que aparece mais de 300 vezes, e que vem da raiz verbal: “naba”. Essa palavra significa: “anunciador, alguém que fala em nome de Deus”, e por extensão, aquele que anuncia as mensagens de Deus, frequentemente recebidas por revelação ou discernimento intuitivo. Os temos hebraicos: “roeh” (aparece em 12 ocasiões) e “hozeh” (aparece em 18 ocasiões) também são usados. Ambos significam “aquele que vê”, ou seja, “vidente”. Todas as três palavras aparecem em ICrônicas 29.29. “Nabi” é termo usado por mais de trezentas vezes no Antigo Testamento. Alguns poucos exemplos são (Gn 20.7; Êx 7.1; Nm 12.6; Dt 13.1; Jz 6.8; 1Sm 3.20; 2Sm 7.2; 1Rs 1.8; 2Rs 3.11) (CHAMPLIN, 2004, p. 423).

1.2 No Novo Testamento. A palavra comumente usada é: “prophétes”, que aparece 149 vezes, que exemplificamos com (Mt 1.22; 2.5,16; Mc 8.28; Lc 1.70,76; 7.16; Jo 1.21,23; 3.18,21; Rm 1.2; 11.3; 1Co 12.28,29; 14.29,32,37; Ef 2.20; Tg 5.10; 1Pd 1.10; 2Pd 2.16; 3.2; Ap 10.7; 11.10). O substantivo “propheteia” que significa: “profecia” é usado por dezenove vezes no NT (Mt 13.14; Rm 12.6; 1Co 12.10; 13.2,8; 14.6,22; 1Ts 5.20; 1Tm 1.18; 4.14; 2Pd 1.20,21; Ap 1.3; 11.6; 19.10; 22.7,10,18,19). Essas palavras derivam do grego: “pro” que quer dizer: “antes, em favor de”, e o termo, “phemi”, “falar”, ou seja, “alguém que fala por outrem”, e por extensão, “intérprete”, especialmente da vontade de Deus (CHAMPLIN, 2004, p. 424).

II – DIFERENÇA ENTRE O PROFETA DO AT E DO NT

Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, o profeta era um “porta-voz oficial da divindade, sua missão era preservar o conhecimento divino e manifestar a vontade do Único e Verdadeiro Deus” (ANDRADE, 2006, p. 305). Todavia, eles eram diferentes um do outro, como veremos abaixo:

2.1 O profeta no Antigo Testamento. Os profetas foram homens que Deus suscitou durante os tempos sombrios da história de Israel (2Rs 17.13). “No AT este ofício era de âmbito nacional. Quando Deus levantava um profeta, conferia-lhe a missão de falar em seu Nome para toda a nação e até para povos estranhos” (RENOVATO, 2014, p. 84). Na Teologia, o período do surgimento dos profetas é nomeado de “profetismo” aludindo ao “movimento que, surgido no Século VIII a.C., em Israel, tinha por objetivo restaurar o monoteísmo hebreu, combater a idolatria, denunciar injustiças sociais, proclamar o Dia do Senhor e reacender a esperança messiânica num povo que já não podia esperar contra a esperança” (ANDRADE, 2006, p. 305). Os profetas veterotestamentários podem ser classificados como profetas orais e literários.

PROFETAS ORAIS

PROFETAS DA ESCRITA

Foram homens chamados para o ministério profético que não deixaram registros escritos, embora que outros escreveram acerca deles e de suas profecias. Dentre eles, destacamos: Gade (1Sm 22.5); Natã (2Sm 12.1); Aías (2Rs 11.29); Senaías (1Rs 12.22); Azarias (2Cr 15.1); Hanani (2Cr 16.7); Jeú (1Rs 16.1); Jaaziel (2Cr 20.14); Elias (1Rs 17.1); Micaías (1Rs 22.14); Eliseu (2Rs 2.1), etc.

Quase todos os “profetas da escrita” escreveram depois de terem sido “profetas da palavra”. Encontramos 17 livros proféticos no AT, sendo que cinco deles são denominados de Profetas Maiores (de Isaías a Daniel) e doze de Profetas Menores (de Oséias a Malaquias).       São assim chamados, não por causa da sua importância, e sim, pelo conteúdo do livro e pela duração de seu ministério.

2.1.1 Funções exclusivas dos profetas do Antigo Testamento. O profeta do AT era um homem que, além de transmitir a mensagem de Deus tinha outras atribuições, tais como: (a) ungir reis (1Sm 9.16; 16.12-13; 1Rs 19.16); (b) aconselhar reis (1Sm 10.8; 21.18; 2Sm 12; 2Rs 6.9-12); (c) ser consultado pelas pessoas (1Sm 9.8-10; 1Rs 14.5; 22.7; 22.18; Jr 37.7). Os oráculos dos santos profetas que estão no cânon sagrado não estão à mercê de julgamento humano (2Pd 1.21).

2.2 O profeta no Novo Testamento. “Os profetas eram homens que falavam sob o impulso direto do Espírito Santo, e cuja motivação e interesse principais eram a vida espiritual e pureza da Igreja. Sob o novo concerto, foram levantados pelo Espírito e revestidos pelo seu poder para trazerem uma mensagem da parte de Deus ao seu povo” (STAMPS, 2012, p. 1814). Portanto, os profetas são ministros pregadores cuja prédica pode ser uma mensagem de edificação, exortação e consolação dos crentes (1Co 14.3). Na Igreja Primitiva e em Antioquia havia homens que exerciam este ministério (At 13.1). “Em Atos 15.23, temos o profeta consolando, fortalecendo e aconselhando. É certo também que o título de profeta poderia ser usado para designar o ministério de alguns obreiros, em virtude da sua natureza sobrenatural, pela abundância da inspiração com que proclamam os oráculos de Deus” (SOUZA, 2013, pp. 33,34). Eis algumas características do ministério profético no NT: (a) Proclamava e interpretava, cheio do Espírito Santo, a Palavra de Deus, por chamada divina (At 2.14-36; 3.12-26; I Co 12.10; 14.3); (b) Exercia o dom de profecia (At 13.1-3); (c) Às vezes prediz o futuro (At 11.28; 21.10,11).

III – CARACTERÍSTICAS DOS PROFETAS NA BÍBLIA

Os profetas pregaram tudo o que diz respeito à vida e à piedade. A mensagem dos profetas foi entregue às gerações futuras, preparando-as para o tempo do Evangelho (1Pd 1.12). Os profetas eram pessoas que falavam em nome de Deus (Dt 18.18-20; 1Rs 17.24; 22.28). Também eram conhecidos como: “homem de Deus” (2Rs 4.21), “servo de Deus” (Is 20.3; Dn 6.20), “atalaia” (Ez 3.17), e “mensageiro do Senhor” (Ag 1.13). Vejamos outras características dos profetas:

3.1 Eles tinham um estreito relacionamento com Deus. Por estarem em perfeita harmonia com Deus (Am 3.7), os profetas compreendiam, melhor do que qualquer outra pessoa, os propósitos divinos e, muitas vezes, tinham o mesmo sentimento de Deus (Jr 6.11; 15.16,17; 20.9).

3.2 Eram pessoas que buscavam o bem do povo. Eles advertiam o povo contra a confiança na sabedoria, riqueza, poderes humanos e falsos deuses (Jr 8.9,10; Os 10.13,14; Am 6.8). Além disso, tinham profunda sensibilidade diante do pecado e do mal (Jr 2.12,13,19; 25.3-7; Am 8.4-7; Mq 3.8); e não toleravam a crueldade, imoralidade e injustiça social (Is 32.11; Jr 6.20; 7.8-15; Am 4.1; 6.1).

3.3 Tinham um estilo de vida característico. Em sua maioria, os profetas abandonaram as atividades corriqueiras da vida para viverem exclusivamente para Deus (1Rs 17.1-6; 19.19-21). Alguns deles viviam solitários (Jr 14.17,18; 20.14-18; Am 5.10; 7.10-13; Jn cap. 3,4), sem, contudo, fugir da responsabilidade para a qual foram comissionados (Ez 2.4-6; 3.8,9; 33.6-7; Mq 3.8; Jr 2.19).

3.4 Eles anunciavam eventos futuros. Muitas de suas mensagens diziam respeito a eventos futuros. Os profetas previram, por exemplo, a destruição de Samaria pela Assíria (Os 5.8-12; 9.3-7; 10.6-15); a destruição de Jerusalém pela Babilônia (Jr 19.7-15; 32.28­36; Ez 5.5-12; 21.2,24-27); a vinda do Messias (Is 7.14; 9.6,7; 22.22; Jr 23.5,6; Mq 5.2,5); e outros eventos que ainda estão para se cumprir, como a Grande Tribulação (Dn 9.24-27; Jr 30.7); a Vinda de Jesus (Zc 14.4); e o Reino do Messias (Is 11.1-16).

IV – O MINISTÉRIO PROFÉTICO NA BÍBLIA

4.1 O chamado do profeta. Um ministério profético começava com a experiência da vocação divina (Am 7.14,15). Não existia “autocandidatura”, mas “candidatura do alto”. Era Deus quem levantava e escolhia seus profetas (Os 1.1; Jl 1.1; Jn 1.1). Enquanto o homem baseava-se na aparência para fazer suas escolhas, Deus se valia de questões interiores, não observáveis e não palpáveis (1Sm 16.7). Os profetas foram chamados por Deus e inspirados pelo Espírito Santo (Zc 7.7; 2Tm 3.16; 2Pd 1.19-21).

4.2 O ofício profético. O profeta era um porta-voz, um embaixador de Deus entre os homens. Um contraste nítido entre o sacerdote e o profeta podia ser facilmente identificado: Enquanto o sacerdote era um representante do povo diante de Deus, o profeta representava Deus diante do povo (Dt 33.1; 1Rs 13.1; 2Rs 4.9). A voz dos profetas era a voz de Deus. Eles falavam em nome do Criador, geralmente por meio da célebre frase: “Assim diz o Senhor”. Deus havia condenado as práticas adivinhatórias cananitas (Dt 18.9-14), mas permitiu que os profetas fossem consultados (1Sm 9.9).

4.3 A missão do profeta. Como “um homem entre os homens” poderia carregar para si a responsabilidade de ser porta-voz de Deus. É por isso que os profetas relutavam diante desta chamada (Êx 3.11; Is 6.5-8; Jr 1.6). O encargo era demasiadamente pesado, entretanto, a glória da revelação atraía-os de tal modo que não conseguiam se esquivar deste ministério. Eles eram homens profundamente piedosos. A devoção se permutava com a coragem na consecução do propósito de denunciar, exortar, condenar e consolar suas gerações. Deus, em sua Onisciência, escolhia os “valentes” certos para combater o bom combate (Am 7.14; Os 12.10; 1Co 1.27). Os profetas do AT não se calavam diante das adversidades. Foram perseguidos e sofreram retaliações, mas continuaram defendendo a verdade de Deus.

CONCLUSÃO

Os profetas eram porta-vozes de Deus e foram chamados, principalmente, em períodos de apostasia, injustiça e imoralidade. Sua principal missão era chamar o povo ao arrependimento e anunciar o juízo divino, caso o povo não se arrependesse. Esses livros foram preservados e inclusos no Cânon Sagrado por sua importância, não apenas para seus destinatários, mas, também, para os cristãos na atualidade, para que pudéssemos aprender e ser edificados através de seus escritos.

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • GILBERTO, Antônio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
  • ESCOBAR, Juan Carlos. Profetas e Visionários. CPAD.
  • SOARES, E. O Ministério Profético na Bíblia: A voz de Deus na Terra. CPAD.
  • COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Os Doze Profetas Menores. CPAD.

Fonte: portalrbc1.

A chamada profética de Samuel

4º TRIMESTRE 2019

O GOVERNO DIVINO EM MÃOS HUMANAS

Liderança do povo de Deus em 1º e 2º Samuel

COMENTARISTA:  Osiel Gomes

LIÇÃO 3 – A CHAMADA PROFÉTICA DE SAMUEL – (1 Sm 3.1-10)

 INTRODUÇÃO

Nesta lição traremos uma definição da palavra profeta, uma das expressões principais desta aula; pontuaremos também, alguns aspectos importantes sobre o chamado profético de Samuel; destacaremos algumas das diferenças entre o profeta no Antigo Testamento e a figura do profeta no Novo Testamento; e por fim, veremos o que a Bíblia ensina sobre profeta como um dom ministerial e o dom de profecia.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA PROFETA

1.1 No Antigo Testamento. A palavra hebraica para profeta é: “nabí” (leia-se: naví porque no original hebraico aparece a letra “veth” e não a letra “beth”), que vem da raiz verbal “nabá” (leia-se: navá). Essa palavra significa: “anunciador”, e por extensão, “aquele que anuncia as mensagens de Deus, frequentemente recebidas por revelação ou discernimento intuitivo”. Os termos hebraicos “ra’ah” e “hôzeh” também são usados e significam “aquele que vê”, ou seja, “vidente”. Todas as três palavras aparecem em 1Cr 29.29. “Nabí” é termo usado por mais de trezentas vezes no Antigo Testamento, alguns poucos exemplos são (Gn 20.7; Êx 7.1; Nm 12.6; Dt 13.1; Jz 6.8; 1Sm 3.20; 2Sm 7.2; 1Rs 1.8; 2Rs 3.11; Ed 5.1; Sl 74.9; Jr 1.5; Ez 2.5; Mq 2.11) (CHAMPLIN, 2004, p. 423).

1.2 No Novo Testamento. A palavra comumente usada é: “prophétes”, que aparece por cento e quarenta e nove vezes, que exemplificamos com (Mt 1.22; 2.5,16; Mc 8.28; Lc 1.70,76; 7.16; Jo 1.21,23; 3.18,21; Rm 1.2; 11.3; 1Co 12.28,29; 14.29,32,37; Ef 2.20; Tg 5.10; 1Pd 1.10; 2Pe 2.16; 3.2; Ap 10.7; 11.10). O substantivo “propheteía”, “profecia”, é usado por dezenove vezes no NT (Mt 13.14; Rm 12.6; 1Co 12.10; 13.2,8; 14.6,22; 1Ts 5.20; 1Tm 1.18; 4.14; 2Pe 1.20,21; Ap 1.3; 11.6; 19.10; 22.7,10,18,19). Essas palavras derivam do grego: “pro”, “antes”, “em favor de”; e, “phemi”, “falar”, ou seja, “alguém que fala por outrem”, e por extensão, “intérprete”, especialmente da vontade de Deus (CHAMPLIN, 2004, p. 424).

II – O CHAMADO PROFÉTICO DE SAMUEL

O registro de Atos 3.24 está escrito: “E todos os profetas, desde Samuel, todos quantos depois falaram, também anunciaram estes dias”, indicando que Samuel foi o primeiro de uma nova ordem ou linhagem de profetas. Vejamos algumas considerações sobre seu chamado:

2.1 O tempo do chamado. Assim como o profeta Jeremias foi chamado para exercer o ministério profético ainda muito jovem (Jr 1.1-6), a convocação de Deus para a vida de Samuel se dá no momento de sua tenra idade (1Sm 3.4). Por essa época, provavelmente Samuel já era um adolescente; mas o texto sagrado nada revela sobre a idade dele por ocasião da visita divina. O termo hebraico “na’ar” empregado aqui (1Sm 3.1), pode falar de uma criança de qualquer idade, desde um infante recém nascido (1Sm 4.21) até um homem de 40 anos (ver 2Cr 13.7). Fávio Josefo disse que Samuel, por essa época, tinha 12 anos de idade (CHAMPLIN, 2001, p. 1136). Era aos 12 anos que um menino israelita se tornava filho da lei, passando a ser considerado pessoalmente responsável por obedecer e seguir aquele documento (Lc 2.39). Fica portanto claro no chamado de Samuel, que as escolhas de Deus para o serviço sagrado são baseadas em sua soberania, e não estão restritas a status, capacidade ou mesmo idade (1Sm 16.11-13; Am 7.14,15; Mc 3.13).

2.2 O contexto espiritual do chamado. Este era um período de declínio espiritual na nação de Israel (Jz 21.25). Além do exemplo negativo dos filhos do sacerdote Eli (1Sm 2.17,22-24) naqueles dias a revelação de Deus era algo raríssimo: “[…] E a palavra do SENHOR era de muita valia naqueles dias; não havia visão manifesta” (1Sm 3.1) de modo que, assim como suas reiteradas manifestações eram consideradas um sinal de favor e aprovação (Os 12.10), pouca frequência destas revelações era um sinal de desaprovação por parte do Senhor (Sl 74.9; Lm 2.9; Ez 7.26; Am 8.11). É em meio a esta realidade que: (a) Samuel ouve a voz de Deus: “o SENHOR chamou a Samuel […]” (1Sm 3.4), (b) a presença de Deus é revelada: “Então, veio o SENHOR e ali esteve […]” (1Sm 3.10) e, (c) Samuel recebe a mensagem de Deus: “E disse o SENHOR a Samuel: Eis aqui vou eu a fazer uma coisa em Israel” (1Sm 3.11). O jovem profeta é levantado por Deus em tempos de crises, para mudar aquele ambiente hostil (1Sm 3.21).

2.3 O reconhecimento do chamado. O crescente reconhecimento, entre o povo de Israel, de que o Senhor estava com Samuel e fazia dele o Seu porta-voz, está indicado no seguinte texto: “E crescia Samuel, e o SENHOR era com ele, e nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em terra”. “E todo o Israel, desde Dã até Berseba, conheceu que Samuel estava confirmado por profeta do SENHOR” (1Sm 3.19,20). Desde Dã até Berseba é a típica maneira de descrever “a extensão e a amplitude da terra” (cf. Jz 20.1). Dã estava no extremo norte, Berseba era o ponto mais ao sul. Tradicionalmente, Dã marcava a fronteira do extremo norte de Israel, ao mesmo tempo que Berseba assinalava o extremo sul. Isto posto, a expressão “desde Dã até Berseba” tornou-se proverbial, indicando toda a extensão do território de Israel. Todos quantos são chamados por Deus, têm o atesto da escolha Divina (Êx 3.12; 4.1-9; 15-17; 2Rs 2.12-15; Js 1.5,17; 3.7; Jr 1.17-19; Ag 2.23; Mc 16.20; At 5.12; 14.3; Hb 2.4).

III – DIFERENÇA ENTRE O PROFETA DO AT E DO NT

Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, o profeta era um “porta-voz oficial da divindade, sua missão era preservar o conhecimento divino e manifestar a vontade do Único e Verdadeiro Deus” (ANDRADE, 2006, p. 305). Todavia, eles eram diferentes um do outro, como veremos abaixo:

3.1 O profeta no Antigo Testamento. Os profetas foram homens que Deus suscitou durante os tempos sombrios da história de Israel (2Rs 17.13). “No Antigo Testamento, este ofício era de âmbito nacional. Quando Deus levantava um profeta, conferia-lhe a missão de falar em seu Nome para toda a nação e até para povos estranhos” (RENOVATO, 2014, p.84). Na Teologia, o período do surgimento dos profetas é nomeado de “profetismo” aludindo ao “movimento que, surgido no Século VIII a.C., em Israel, tinha por objetivo restaurar o monoteísmo hebreu, combater a idolatria, denunciar injustiças sociais, proclamar o Dia do Senhor e reacender a esperança messiânica num povo que já não podia esperar contra a esperança. Tendo sido iniciado por Amós, foi encerrado por Malaquias. João Batista também é visto como o último representante deste movimento (Mt 11.13)” (ANDRADE, 2006, p. 305 – acréscimo nosso). O profeta do AT era um homem que, além de transmitir a mensagem de Deus tinha outras atribuições, tais como: (1) ungir reis (1Sm 9.16; 16.12-13; 1Rs 19.16); (2) aconselhar reis (1Sm 10.8; 21.18; 2Sm 12; 2Rs 6.9-12); (3) ser consultado pelas pessoas (1Sm 9.8-10; 1Rs 14.5; 22.7; 22.18; Jr 37.7). Os oráculos dos santos profetas que estão no cânon sagrado não estão a mercê de julgamento humano (2Pd 1.21).

3.2 O profeta no Novo Testamento. Sobre a figura do profeta no NT, Donald Stamps (2012, p. 1814) afirma: “Os profetas eram homens que falavam sob o impulso direto do Espírito Santo, e cuja motivação e interesse principais eram a vida espiritual e pureza da Igreja. Sob o novo concerto, foram levantados pelo Espírito e revestidos pelo seu poder para trazerem uma mensagem da parte de Deus ao seu povo”. Portanto, os profetas são ministros pregadores cuja prédica pode ser uma mensagem de edificação, exortação e consolação dos crentes (1Co 14.3). Na Igreja Primitiva e em Antioquia havia homens que exerciam este ministério (At 13.1). “Em Atos 15.23, temos o profeta consolando, fortalecendo e aconselhando. É certo também que o título de profeta poderia ser usado para designar o ministério de alguns obreiros, em virtude da sua natureza sobrenatural, pela abundância da inspiração com que proclamam os oráculos de Deus” (SOUZA, 2013, pp. 33,34). Eis algumas características do ministério profético no NT: (a) Proclamava e interpretava, cheio do Espírito Santo, a Palavra de Deus, por chamada divina (At 2.14-36; 3.12-26; 1Co 12.10; 14.3); (b) Exercia o dom de profecia (At 13.1-3); e, (c) Às vezes prediz o futuro (At 11.28; 21.10,11).

IV – DIFERENÇAS ENTRE O DOM DE PROFETA E O DOM DE PROFECIA

4.1 Dom de profeta (permanente) . A palavra “ministro” (1Co 3.5; 4.2; 2Co 3.6; 6.4) significa um servo de Deus que ocupa um “ministério” (1Co 4.1,2; 2Co 6.3), que é um encargo constituído por Deus, que, da parte de Cristo (2Co 5.20), funciona na “Igreja do Deus vivo” (1Tm 3.15). Segundo Atos 13.1 e 15.32, os profetas constituíam o ministério da Palavra de Deus, impulsionado por inspiração profética. Por meio dessa inspiração, esse ministério é acompanhado de “edificação, exortação e consolação”, que são evidências da operação do verdadeiro espírito da profecia (1Co 14.3). Observamos, assim, que o simples uso do dom de profecia não faz de ninguém um profeta, pois profeta é um ministro da Palavra (At 21.9,10) (BERGSTÉN, 2007, pp. 115,116).

4.2 Dom de profecia (esporádico). “Profecia é uma mensagem de Deus dada a pessoa a quem o Espírito manifesta este dom. Tal pessoa deve transmiti-la exatamente como a recebeu (Jr 23.28). A atitude de quem profetiza deve ser “A palavra que Deus puser na minha boca essa falarei” (Nm 22.38-b). A mensagem recebida por inspiração do Espírito Santo não é transmitida mecanicamente, mas fiel e conscientemente (1Co 14.32). No momento em que a profecia é transmitida, não é Deus quem está falando, mas é o homem quem está transmitindo o que de Deus recebeu (1Co 14.29). Se fosse o próprio Deus falando, não haveria necessidade de se julgar a mensagem como a Palavra nos orienta que faça” (1Co 14.29; 1Ts 5.21) (BERGSTÉN, 2007, p. 113 – grifo nosso).

CONCLUSÃO

Aprendemos com o chamado profético de Samuel que existe um tempo certo para a concretização da chamada de Deus na vida do homem. Entendemos também a diferença entre o profeta do Antigo e do Novo Testamento; bem como a distinção entre o dom de profeta no período veterotestamentário e o dom de profecia nos dia de hoje.

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • BERGSTÉN, E. Teologia Sistemática. CPAD.
  • CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
  • RENOVATO, Elinaldo. Dons Espirituais & Ministeriais. CPAD.
  • SOARES, Esequias. O Ministério Profético na Bíblia. CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD

Fonte: www.redebrasil.com.br