A Justiça de Deus

4º TRIMESTRE 2022

A JUSTIÇA DIVINA

A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel

COMENTARISTA:  Pr. Ezequias Soares

LIÇÃO 06 – A JUSTIÇA DE DEUS – (Ez 14.12-21)

INTRODUÇÃO

Nesta lição, veremos a definição etimológica do termo “justiça” e a forma bíblica e exegética; pontuaremos os aspectos da justiça divina; estudaremos a justiça punitiva de Deus; e por fim; analisaremos a misericórdia e a justiça de Deus como parte da sua natureza.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA JUSTIÇA

1.1 Definição etimológica do termo justiça. Segundo o dicionário Houaiss significa: “caráter, qualidade do que está em conformidade com o que é direito, com o que é justo” (2001, p. 1696).

1.2 Definição teológica do termo justiça. Os termos bíblicos no hebraico, “tsedeq” e “tsedakah ” como também o vocábulo grego “dikaiosune”, são traduzidos em português por ‘justiça’ ou ‘retidão’ (CHAMPLIN, 2004, p. 677). Teologicamente, diz respeito “à característica intrínseca de Deus em que Ele é absolutamente justo ou reto e é o padrão último de justiça e retidão” (GEISLER, 2010, p. 829).

II – ASPECTOS DA JUSTIÇA DE DEUS

Sobre a justiça em Deus, duas coisas devem ser destacadas:

2.1 Justiça interna. Diz respeito quem Deus é. Seu caráter é justo. Ele só faz o que é reto. A Bíblia é farta quanto a versículos que apontam esta característica divina (Êx 9.27; Dt 32.4; Ed 9.15; Ne 9.33; Sl 11.7; 116.5; Is 45.21). A justiça é um dos atributos morais de Deus. A justiça de Deus é, em última instância, a sua santidade em ação. Pode ser definida, também, como o atributo moral e básico do Todo-Poderoso, através do qual manifesta Ele a sua fidelidade para os seus propósitos e decretos, e, principalmente, em relação à sua natureza justa e santa. Por conseguinte, sua justiça e santidade acham-se intimamente associadas; não se pode abstrair uma da outra sem violar sua inefável natureza (ANDRADE, 2006. p. 243). Segundo Campos a justiça é “a fase da santidade de Deus que é vista no seu tratamento do obediente e do desobediente ambos sujeitos ao seu domínio”. Nesse atributo Deus dá a cada um o que é devido (2002, p. 340).

2.2 Justiça externa. Diz respeito como Deus age, com justiça. Sendo inteiramente justo, Ele revela sua justiça no seu relacionamento com os seres humanos. Deus é chamado nas Escritura de Juiz (Gn 18.25; Jó 9.15; Sl 50.6). Sobre isso a Bíblia diz que:

  1. A justiça diz respeito aos seus justos juízos (Sl 19.9);
  2. A justiça é a base do seu trono (Sl 89.14).
  3. A justiça é o cetro do seu Reino (Hb 1.8).
  4. A justiça não comete iniquidade (Sf 3.5).
  5. A justiça é perene (2 Co 9.9).
  6. A justiça é o padrão último de julgamento para o mundo (At 17.31)
  7. A justiça retribui a todos de acordo com as ações dos seres humanos (Rm 2.6);
  8. A justiça é a base para as recompensais dos crentes (2 Tm 4.8).
  9. A justiça é revelada na lei de Deus (Rm 10.5).

III – A JUSTIÇA PUNITIVA DE DEUS

A Lei de Deus, interna, escrita nos corações e externa, a Bíblia, reflete a sua santidade. Quando esta Lei é infringida, a santidade de Deus o obriga a manifestar-se justamente em ira. O ser humano, caído em pecado, está em dívida com a lei e, portanto, deve receber a punição dela. Segundo Campos: “Por causa da natureza do próprio Deus, a justiça divina está original e necessariamente obrigada a castigar o mal […]” (2012, p. 347). O apóstolo Paulo, quando escreveu a Epístola aos Romanos faz algumas considerações sobre a ira de Deus. Notemos:

3.1 A dinâmica da ira de Deus (Rm 1.18-a). Ao contrário do que pensam os ímpios, a ira de Deus “se manifesta”, ela não fica oculta. Esta expressão no grego é “apocalipto” e significa: “revelar, manifestar, expor”. Ainda que pareça que a impiedade domine e Deus tarde em revelar sua ira, Ele a manifestará ao seu tempo. Ele disse a Abraão que visitaria a iniquidade dos amorreus, quando se completa a medida (Gn 15.16). Os sacerdotes que queimavam incenso aos ídolos no templo, pensavam que Deus não estava vendo (Ez 8.12). No entanto, Deus mostrou a Ezequiel que havia de puni-los pela maldade que praticaram (Ez 8.17,18).

3.2 A origem da ira de Deus (Rm 1.18-b). O apóstolo Paulo nos diz que “do céu se manifesta a ira de Deus”. Essa ira procede daquele que se assenta no trono e governo todo o universo (Ap 15.7; 16.1). Ele manifestou sua ira dos céus sobre a geração de Noé, trazendo um grande dilúvio (Gn 7.13,17); também manifestou sua ira, fazendo descer fogo e enxofre dos céus, sobre os habitantes de Sodoma e Gomorra por sua maldade (Gn 19.24,25). Na ocasião da inauguração do templo, construído por Salomão, o Senhor lhe falou o que enviaria sobre o seu povo se este pecasse e se afastasse dele (2 Cr 7.13).

3.3 A causa da ira de Deus (Rm 1.18). Paulo nos informou também qual o motivo que causa a ira divina: “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça”. São aos atos pecaminosos dos seres humanos sobre a face da terra que incitam a ira divina (Dt 9.7; 1 Rs 22.54; Ez 35.11; Ef 5.6). Ele mostrou, com indignação, o que os judeus estavam fazendo em oculto dentro do templo (Ez 8.13-16), que foi construído para ser um lugar de adoração (2 Cr 7.15,16).

3.4 O alvo da ira de Deus (Rm 1.18-d). O alvo da ira de Deus é o pecador que além de viver fazendo o que aborrece o Criador: “detêm a verdade em injustiça” (Rm 1.18c). Israel foi escolhido por Deus e dele recebeu privilégio (Rm 9.4,5), a despeito disso, transgrediu gravemente contra o Senhor, se tornando alvo da sua ira, que haveria de retribuir-lhes segundo Sua justiça retributiva (Jr 25.14). Ele mostrou a Ezequiel que haveria de punir com a morte, aqueles que haviam profanado o Seu templo e lhe dado às costas (Ez 9.1-11).

IV – A MISERICÓRDIA E A JUSTIÇA DE DEUS COMO PARTE DA SUA NATUREZA

Antes de revelar a sua justiça retributiva aos pecadores, punindo-os, o Senhor revela a sua misericórdia a fim de trazer os homens ao arrependimento. A palavra “misericórdia” ocorre na Bíblia 158 vezes. No AT 99 e no NT 59 (JOSHUA, sd, p. 977). A palavra hebraica para misericórdia é “rahamim” que significa: “entranhas, misericórdias, compaixão”, esta mesma expressão é traduzida para o grego por “eleõ” mostrar generosidade, mediante beneficência ou ajuda (VINE, 2001,pp. 73,480). Teologicamente diz respeito a “uma compaixão suscitada pela miséria do próximo” (ANDRADE, 2006, p.266 – acréscimo nosso). Vejamos como Deus age com o homem:

4.1 Antes de Deus punir o seu povo com justiça o adverte dos seus erros. Em todo tempo da história de Israel, todas às vezes que o povo se afastou de sua verdade, vimos Deus os advertindo de seus caminhos injustos. Se Deus tivesse prazer em destruir sequer advertia o seu povo (Ez 18.32; 33.11). Os judeus foram chamados de “casa rebelde” por causa de sua rebelião (Dt 9.23,24; Sl 78.8; Jr 5.23). O termo hebraico é “mãrah” e tem o sentido de “obstinação”, “teimosia” e “rebeldia”. Esta expressão aparece treze vezes no livro (Ez 2.5,6,8; 3.9,26,27; 12.2,3,9,25; 17.12; 24.3; 44.6). Mas, o Senhor lhe diz que, ainda que eles não guardassem os mandamentos divinos, não poderiam alegar inocência, pois eles saberiam que um profeta autêntico e verdadeiro esteve no meio deles (Ez 2.5).

4.2 Antes de Deus punir o seu povo com justiça os chama ao arrependimento. Deus sempre usou seus mensageiros em época de crise para chamar o Seu povo ao arrependimento e a conversão, antes de enviar-lhes a punição. A principal função dos profetas era agir como embaixadores ou mensageiros divinos, anunciando a vontade de Deus para o seu povo, especialmente em épocas de crise. Eles eram, acima de tudo, pregadores da justiça em época de decadência moral e espiritual (Jr 3.1; Os 6.1; Jl 2.12,13; Ez 18.31,32).

4.3 Deus não trata ímpios e justos da mesma forma . Em sua justiça, Deus trata o ímpio e o justo de forma diferente. Ao ímpio que rejeita o Seu convite gracioso de arrependimento, ele o pune severamente; ao justo, que anda em retidão, Deus o poupa e o abençoa: “E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal as testas dos homens que suspiram e que gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela. E aos outros disse, ouvindo eu: Passai pela cidade após ele e feri; não poupe o vosso olho, nem vos compadeçais. Matai velhos, e jovens, e virgens, e meninos, e mulheres, até exterminá-los; mas a todo o homem que tiver o sinal não vos chegueis; e começai pelo meu santuário. E começaram pelos homens mais velhos que estavam diante da casa. E disse-lhes: Contaminai a casa, e enchei os átrios de mortos, e saí. Esaíram e feriram na cidade” (Ez 9.4-7).

CONCLUSÃO

Concluímos esta lição conscientes de que o enfoque da justiça de Deus diz respeito à retribuição divina ao pecado. É importante ter em mente que a Justiça é um atributo de Deus, é uma das Suas características próprias. Ser justo é uma qualidade fundamental da natureza do Senhor.

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico.CPAD.
  • CAMPOS, Heber Carlos de. O Ser de Deus e seus atributos. CULTURA CRISTÃ.
  • ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
  • GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
  • LOPES, Hernandes Dias. Romanos: o evangelho segundo Paulo. HAGNOS.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: portalrbc1.

Ezequiel, o atalaia de Deus

4º TRIMESTRE 2022

A JUSTIÇA DIVINA

A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel

COMENTARISTA:  Pr. Ezequias Soares

LIÇÃO 01 – EZEQUIEL, O ATALAIA DE DEUS – (Ez 3.16-21,27)

INTRODUÇÃO

Nesta lição veremos a definição das palavras “atalaia” e “profeta”; estudaremos quem foi o profeta e atalaia Ezequiel, bem como o conteúdo da sua mensagem; e por fim; pontuaremos porque a igreja deve agir como um atalaia em nossos dias.

I – DEFINIÇÃO DOS TERMOS “ATALAIA” E “PROFETA”

1.1 Definição do termo atalaia. Atalaia tem o significado de “vigia, sentinela ou guarda’ (HOUAISS, 2001, p. 330). A Bíblia fala sobre atalaias tanto no sentido literal quanto simbólico. A palavra atalaia vem do termo hebraico “tzaphah” (lê-se: tzafá), que significa: “tomar cuidado; espiar; olhar ao redor; vigiar; guardar; prestar atenção” (Ez 3.17-21; 33.2-9). Os atalaias tinham a função de advertir sobre a aproximação de uma força inimiga a fim de guardar uma cidade, uma aldeia, um acampamento ou mesmo um povo. Eles andavam pelas ruas da cidade como vigias ou ficavam sobre os muros e torres das cidades fortificadas (2Sm 24; 2Rs 9.17-20; Is 62.6; Ct 3.3; 5.7). Nos acampamentos móveis, os sentinelas eram os responsáveis por vigiar e guardar o assentamento especialmente durante a noite. Os atalaias também podiam ficar em torres de vigia espalhadas pelo deserto ou sobre um monte elevado para avisar do perigo iminente do inimigo (Hc 2.1). Infelizmente nem todos os atalaias de Israel foram diligentes no cumprimento da sua missão (Is 56.10).

1.2 Definição do termo profeta. A palavra profeta deriva-se do termo hebraico נָבִיא(lê-se: naví) que significa: “falar ou dizer antes”, e do termo grego προφήτης(lê-se: prophetê), que quer dizer: “falar de antemão”. Os profetas foram chamados, principalmente, em momentos de apostasia e rebelião por parte do povo de Deus, para os seguintes propósitos: a) denunciar as práticas pagãs e pecaminosas (Ez 2.1-7; 9.9); b) chamar o povo ao arrependimento (Ez 14.6; 18.30,32;); e, c) conduzi-los ao restabelecimento espiritual (Ez 37.21-28). Os profetas do AT podem ser classificados em dois grupos: (1) Os profetas orais: foram aqueles que não deixaram registros escritos, embora que outros escreveram acerca deles e de suas profecias. Dentre eles, destacamos: Gade (1Sm 22.5); Natã (2Sm 12.1); Aías (1Rs 11.29); Semaías (1Rs 12.22); Azarias (2Cr 15.1); Hanani (2Cr 16.7); Jeú (1Rs 16.1); Jaaziel (2Cr 20.14); Elias (1Rs 17.1); Micaías (1Rs 22.14); Eliseu (2Rs 2.1), além de outros. (2) Os profetas literários: são os “profetas da escrita” que escreveram depois de terem sido “profetas da palavra” sendo que cinco deles são denominados de profetas maiores (de Isaías a Daniel) e doze de profetas menores (de Oseias a Malaquias).

II – QUEM FOI O PROFETA EZEQUIEL

2.1 A vida do profeta Ezequiel. Seu nome significa “Deus é forte” (Ez 3.14) ou “Deus fortalece” (Ez 30.25; 34.16). Um título apropriado para o profeta que recebeu uma mensagem para os judeus exilados na Babilônia (Ez 3.15). Ele era filho do sacerdote Buzi (Ez 1.3) e foi contemporâneo dos reis Joaquim e Jeoaquim, e também dos profetas Jeremias e Daniel. Ele foi levado para a Babilônia em 597 a.C. quando Nabucodonosor invadiu e tomou Jerusalém e levou os príncipes e outros homens valentes, artífices e ferreiros (2Rs 24.14). Era casado, mas sua esposa morreu por ocasião da queda de Jerusalém (Ez 24.15-18). Sem dúvida, era um homem de influência, pois era consultado pelos anciãos que estavam entre os exilados (Ez 8.1; 20.1).

2.2 O ministério do profeta Ezequiel. A longa história de rebelião da nação israelita começou logo depois do Êxodo e continuou até os dias de Ezequiel (Ez 16; 20; 23). O povo judeu profanou o santuário e cometeu abominações contra o Senhor (Ez 6.13; 28; 23.37); deixaram de servir e adorar ao Único Deus Verdadeiro (monoteísmo) e passaram a prestar culto a outros deuses (politeísmo) (Êx 32.1-18; 2Rs 17.7-23; Is 1.2-4; Jr 2.1-9). Por isso, o juízo era inevitável (Ez 21.1-27). Nesse período, Deus levantou três profetas: Jeremias, no meio dos cativos de Judá (Jr 39.1-14; 40.1-6); Daniel, no palácio em Babilônia (Dn 1.1-21); e Ezequiel, também na Babilônia, às margens do rio Quebar (Ez 1.1,2).

2.3 O chamado do profeta Ezequiel. A vocação de Ezequiel para o ministério profético encontra-se nos primeiros capítulos do livro (Ez 1.1-3; 2.1 -7). Ele estava no meio dos cativos de Judá, em Babilônia, junto ao rio Quebar, quando o céu se abriu e ele teve a primeira visão dos querubins e da glória de Deus (Ez 1.1-28). Deus se dirigiu a Ezequiel como “filho do homem” mais de noventa vezes (Ez 2.1,3,6,8; 3.1,3,4,10,25; 4.1,16; 5.1; 6.2; 7.2; 8.5,6,8). Este termo fala da humanidade e fragilidade do profeta, e servia para lembrar-lhe a sua dependência de Deus para capacitá-lo a cumprir sua missão. Diante da poderosa revelação, Ezequiel ouviu a voz do Senhor dizendo: “Então, entrou em mim o Espírito, quando falava comigo, e me pôs em pé, e ouvi o que me falava” (Ez 2.1). Aqui, vemos Ezequiel sendo “ungido” pelo Espírito para exercer o ministério profético. Hoje, o Espírito Santo continua chamando e capacitando pessoas para fazer a obra de Deus (At 1.8; 2,4,17,18;).

2.4 A missão do profeta Ezequiel. O atalaia era um verdadeiro profeta do Senhor (Jr 6.17; Os 9.8), e a função deles era ficar alerta à situação em derredor, escutar a palavra de Deus sempre que ela vinha a eles, e repeti-la ao povo com exatidão. Ezequiel foi comissionado para transmitir a mensagem de Deus ao povo apóstata de Judá e de Jerusalém (Ez 2.3-7; 3.11; 33.2-6). Assim como Habacuque se postou na sua torre de vigia (Hc 2.1), assim também Ezequiel foi nomeado atalaia para o povo de Israel (Ez 3.17).
Semelhantemente, a Igreja foi chamada para ser porta-voz de Deus neste mundo corrompido e perverso, denunciando o pecado e chamando os homens ao arrependimento (At 2.38; 3:19; 17.30). O Senhor disse que o profeta deveria alimentar-se do rolo do livro, antes de transmitir a mensagem divina ao povo de Judá (Ez 3.1-3). Isto nos ensina que somente depois de nos alimentarmos da Palavra de Deus é que podemos transmiti-la a outros (Dt 6.6,7; Jr 15.16; 1Tm 4.13).

III – O CONTEÚDO DA MENSAGEM DO ATALAIA

3.1 O atalaia prega mesmo que os homens ouçam ou deixem de ouvir (Ez 2.5,7). A missão de Ezequiel era transmitir a Palavra do Senhor (Ez 2.4; 3.11,27; 5.7,8; 6.3,11; 11.5,7,16,17), não importava se o povo ouvisse ou deixasse de ouvir, ou seja, obedecesse ou não a sua palavra (Ez 2.5,7; 3.11). Neste texto, os judeus são chamados de “casa rebelde” por causa de sua rebelião (Dt 9.23,24; Sl 78.8; Jr 5.23). O termo hebraico é “mãrah” e tem o sentido de “obstinação”, “teimosia” e “rebeldia”. Esta expressão aparece treze vezes no livro (Ez 2.5,6,8; 3.9,26,27; 12.2,3,9,25; 17.12; 24.3; 44.6). Mas, o Senhor lhe diz que, ainda que eles não guardassem os mandamentos divinos, não poderiam alegar inocência, pois eles saberiam que um profeta autêntico e verdadeiro esteve no meio deles (Ez 33.33).

3.2 O atalaia prega mesmo para um povo de semblante duro e obstinado de coração (Ez 2.4). Este texto é, praticamente, uma repetição do versículo 5; mas, não foi repetida por acaso, e sim, para dar ênfase a difícil missão de Ezequiel, que era transmitir a Palavra de Deus a uma nação de “semblante duro e obstinada de coração” que se recusava a admitir os seus pecados (Jr 8.4-9).
Por isso, o Senhor diz a Ezequiel que ele deveria obedecer ao chamado divino, pois seu dever, como porta-voz, era ouvir a voz de Deus e entregar a mensagem ao povo, “quer ouçam quer deixem de ouvir…” (Ez 3.11).

3.3 O atalaia prega sem temer aos homens maus (Ez 2.6). Profetizar nos dias de Ezequiel não era uma tarefa fácil, principalmente por causa dos pecados da nação (Dn 9.5,7,10,11). O povo judeu é comparado a “sarças, espinhos e escorpiões” por causa de sua maldade e apostasia (Jr 37.15,16; 38.6). Mas, o Senhor disse que Ezequiel não deveria temer nem o povo e nem as suas palavras (Ez 2.6; 3.9). Em outras ocasiões, o Senhor também, transmitiu palavras de encorajamento a Josué (Js 1.9); a Jeremias (Jr 1.8); a Daniel (Dn 10.12,19); e outros. O Senhor Jesus também advertiu aos discípulos, dizendo: “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos” (Mt 10.16); mas, prometeu estar conosco todos os dias (Mt 28.20).

3.4 O atalaia prega a mensagem de salvação ao homem mais também de condenação ao pecado (Ez 2.9,10). Enquanto Ezequiel estava ouvindo a voz do Senhor, ele viu uma mão estendida, dando-lhe um rolo de um livro, contendo “lamentos, suspiros e ais”, ou seja, mensagens de destruição, sofrimento e tristeza. Isto nos faz lembrar que, embora ele tenha sido chamado para profetizar sobre a esperança de restauração para o povo judeu (Ez cap. 33-48); sua principal mensagem era de juízo contra Judá (Ez cap. 1-24) e contra algumas nações estrangeiras, tais como: Amom, Moabe, Edom, Tiro, Sidom e Egito (Ez cap. 25-32). Assim também é a pregação do Evangelho, pois ela contém mensagem de salvação e vida eterna, para os que creem em Cristo; mas, também, de condenação e perdição, para aqueles que o rejeitam (Mt 7.13,14; Mc 16.15; Jo 3.16,17,36).

3.5 O atalaia prega que Deus não tem prazer na morte do ímpio (Ez 18.21,22). O justo que se afasta de Deus será responsável pelos seus pecados (Ez 18.24). Ele não poderá recorrer aos seus atos de justiça realizados no passado para salvar-se, caso não se arrependa em vida (Ef 2.8,9). É o próprio homem pelo mal uso do seu livre arbítrio quem cai da graça e perde a salvação (Gl 5.4) e fica alienado de Cristo (Jo 15.4-6 ver Sl 9.16). O caso do filho pródigo é um bom exemplo que ao se desviar do pai e perder tudo, reconhece seu erro, “cai em si e volta arrependido pedindo perdão” (Lc 15.17-21). Ele recebeu a graça porque voltou em vida arrependido a casa do pai (ver ainda Jr 31.34b; At 3.19; Hb 8.12; 1Jo 1.9).

IV – PORQUE A IGREJA DEVE AGIR COMO UM ATALAIA EM NOSSOS DIAS

4.1 Porque a humanidade está perdida. Por causa da desobediência de Adão, o homem tornou-se destituído da glória de Deus (Rm 3.23) e a situação espiritual da humanidade é de condenação e perdição (Rm 5.12,19; 6.23). Mas, a nossa responsabilidade é anunciar a salvação através da fé em Cristo Jesus (Mt 28.18-20; Mc 16.15-20; At 1.8).

4.2 Porque somente Jesus Cristo pode salvar a humanidade. De acordo com as Escrituras, só existe um meio para que o homem possa obter a salvação: a fé em Jesus Cristo (Jo 3.16,17; At 4.12; Ef 2.8,9; I Tm 2.5). Mas, para que o pecador possa crer em Cristo, é necessário que alguém pregue o evangelho (Rm 10.13-17).

4.3 Porque temos pouco tempo. Os sinais que antecedem a Segunda Vinda de Cristo nos mostram que Jesus em breve voltará para vir buscar a Sua Igreja (Mt 24.1-14; Mc 13.1-13; Lc 21.5-36), como Ele mesmo prometeu (Jo 14.1-3; Ap 22.12). Por isso, devemos pregar a tempo e fora de tempo (2Tm 4.1,2).

CONCLUSÃO

A pregação do Evangelho é a mais importante tarefa da Igreja aqui na terra, pois dela depende a salvação da humanidade. Por isso, devemos anunciar ao mundo a salvação através da fé em Cristo Jesus. O Senhor Jesus espera que cada um de nós estejamos empenhados nesta sublime tarefa, com o objetivo de ganhar almas para o seu Reino.

REFERÊNCIAS

  • GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA.
  • SOARES, Esequias. O Ministério profético na Bíblia. CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
  • TAYLOR, John B. Ezequiel Introdução e Comentário. VIDA NOVA.

Fonte: portalrbc1.