Vivendo em constante vigilância

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1º TRIMESTRE 2019

BATALHA ESPIRITUAL

O povo de Deus e a guerra contra as potestades do mal

COMENTARISTA: Pr. Ezequias Soares

LIÇÃO 12 – VIVENDO EM CONSTANTE VIGILÂNCIA (Mt 26.36-41)

 INTRODUÇÃO

Nesta lição veremos a definição da palavra “vigilância”; pontuaremos algumas causas da necessidade da vigilância na batalha espiritual; elencaremos como devemos vigiar na batalha contra as hostes do maligno; e por fim, analisaremos a importância da vigilância espiritual para vencermos Satanás e seus anjos.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA VIGILÂNCIA

1.1 Definição exegética. O verbo “vigiar” traduz pelo menos cinco palavras hebraicas no AT e outras cinco palavras gregas no NT. O lexicógrafo Houaiss explica que o verbo “vigiar” quer dizer: “observar com atenção; estar atento a; velar; espiar, espreitar atentamente” (2001, p. 2860). No hebraico o principal verbo é “shamar” que significa: “vigiar, guardar”. No grego o termo “gregoreo” significa literalmente “vigiar” e é encontrado em 22 lugares no NT. Já o verbo “agrypneo” significa: “manter-se acordado, vigiar, guardar, cuidar”. Pode-se ainda citar o verbo “eknepho” que só aparece uma vez no NT (1Co 15.34). Na Bíblia a palavra “vigiar” é aplicada em diferentes contextos e, é usado acerca de: (a) “manter-se acordado” (Mt 24.43; 26.38.40.41); e, (b) “vigilância espiritual” (At 20.31; 1Co 16.13; Cl 4.2; 1Ts 5.6.10; 1Pd 5.8; Ap 3.2.3; 16.15) (VINE, 2002, p. 323 – acréscimo nosso).

II – CAUSAS DA EXORTAÇÃO A VIGILÂNCIA NA BATALHA ESPIRITUAL

O apóstolo Paulo fala da importância da armadura de Deus, do poder de Deus, da oração e também da vigilância para vencermos as astutas ciladas do inimigo: “orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica [..]” (Ef 6.18). A vigilância é o ato de estarmos atentos em todos os aspectos da vida cristã. Vejamos o porque da importância da vigilância:

2.1 A fraqueza humana. Sabendo da fragilidade humana, Jesus exortou os apóstolos a estarem vigilantes, para vencerem as tentações (Mt 26.41; Mc 14.38). Fomos perdoados e libertos dos nossos pecados (1Jo 2.12; Rm 6.22), todavia, ainda não estamos livres da presença do pecado na nossa natureza humana. Isto somente se dará quando nosso corpo for glorificado, por ocasião do arrebatamento da Igreja (1Co 15.51-54). Precisamos viver vigilantes, a fim de não sermos vencidos pelo pecado (Rm 6.11,12; 1Co 15.34).

2.2 A astúcia do Diabo. Além da fragilidade humana, o crente precisa vigiar também porque “[…] o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1Pd 5.8). Toda tentação é proveniente da própria natureza humana (1Co 10.13; Tg 1.13-15), todavia, o principal agente da tentação é Satanás (Mt 4.3; Lc 4.2; 1Ts 3.5; Tg 4.7). Precisamos estar vigilantes e fortalecermo-nos no Senhor a fim de vencer as batalhas espirituais, que somos submetidos (Ef 6.10-18). Jesus exortou os crentes de Esmirna a serem fiéis até a morte, mesmo diante das tentações do diabo (Ap 2.10). Da mesma forma, falou aos crentes de Filadélfia, dizendo: “Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3.11).

2.3 A repentina vinda do Senhor. A necessidade da vigilância espiritual se dá também pelo fato de ser para o retorno de Cristo um evento repentino. Diversas vezes, Jesus exortou os seus discípulos sobre isso (Mt 24.36,42,44; 25.13; Mc 13.33; Lc 12.46). Infelizmente, não são poucos aqueles que têm a promessa do Senhor como tardia, ao ponto de desacreditarem dela (2Pe 3.4). Todavia, Jesus nos assegurou que viria “sem demora” (Ap 3.11; 22.12,20). A Bíblia nos exorta a estarmos vigilantes para não sermos pegos de surpresa e sermos achados dormindo naquele dia (Mc 13.36; Lc 21.34).

III – COMO DEVEMOS VIGIAR NA BATALHA ESPIRITUAL

Notemos quais atitudes devemos ter para vencermos as batalhas espirituais:

3.1 Vigiando em oração. Jesus associou o verbo vigiar com o verbo orar: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41), são duas atividades que se misturam e se completam. Não basta orar: é preciso vigiar cuidadosamente. A Bíblia nos exorta a aguardarmos o Senhor vigiando em oração (1Pd 4.7). É por meio desta prática constante (1Ts 5.17) que o cristão mantém contato com Deus (Jr 33.3; Tg 4.8). Ela expressa uma atitude de sujeição e inteira dependência da Sua graça, ou seja, quem ora reconhece que precisa da ajuda divina para vencer as batalhas espirituais e as dificuldades da vida (Is 38.1-5; 2Cr 20.3,4). Faz-se necessário entender que, os últimos dias da Igreja de Cristo aqui na terra, serão dias de esfriamento espiritual na vida de alguns cristãos (Mt 24.12; Ap 3.15,16). Portanto, devemos ter cuidado para não sermos cristãos superficiais, mas de profunda comunhão com Deus.

3.2 Vigiando em santidade. A ausência de vigilância é terreno propício para que a tentação encontre brechas e nos conduza à derrota espiritual. Jesus anunciou que antecipadamente que os dias que antecedem a sua vinda, serão de extrema corrupção moral, comparando com o período antediluviano e geração de Sodoma e Gomorra (Mt 24.37; Lc 17.28). Os apóstolos também fizeram a  “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41), mesma afirmação (2Tm 3.1-5; 2Pd 3.3). Sabedores disto, nós cristãos, devemos no meio desta geração pervertida, vigiar em santidade, a fim de não contaminarmos com o pecado (Fp 2.15). A santidade é tipificada na Bíblia como vestes (Ap 19.8,14). Por sua vez, a falta de santidade pode ser retratada como vestes sujas ou a nudez (Zc 3.3,4; Ap 3.18; 16.15). A exortação bíblica é que devemos estar vestidos e com vestes limpas em todo tempo (Ec 9.8; Ap 3.4), e só assim, venceremos as batalhas espirituais.

3.3 Vigiando em todo tempo. O ensino sobre a vigilância é constante no ministério de Jesus (Mt 26.41 ver Ef 6.18). Já vimos que a palavra “vigiar” significa: “estar atento”. O contrário da palavra “vigiar” é justamente “dormir” (Mc 14.37; Ef 5.14; Rm 13.11). Do ponto de vista bíblico, o sono espiritual, tem conotação negativa, pois leva o homem a um estado de invigilância. Jesus falou disto quando disse: “Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, para que, vindo de improviso, não vos ache dormindo” (Mc 13.35,36). Foi quando as dez virgens cochilaram que chegou o esposo “E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram” (Mt 25.5). A “demora” da volta de Cristo se constitui num teste de resistência e fidelidade para aqueles que professam segui-lo. Por isso, somos exortados a perseverança (Mt 24.13; Lc 8.15; Rm 2.7; 1Tm 4.16; Ap 3.10-11). Devemos também exorta-nos uns aos outros (Hb 10.25).

IV – A IMPORTÂNCIA DA VIGILÂNCIA ESPIRITUAL

A vigilância é o ato ou efeito de vigiar, o estado de quem permanece alerta, de quem procede com precaução nas várias áreas da vida, principalmente na vida espiritual. A atitude de vigiar na vida espiritual implica em algumas atitudes. Notemos:

4.1 Vigiar implica ficar de atalaia. O atalaia exercia um papel bastante importante na segurança da cidade e se aquele atalaia falhasse na sua função, colocaria a cidade em risco (2Cr 20.2-10). Para proteger o gado, a lavoura e os centros urbanos, os judeus construíam as chamadas torres de vigia nos pastos (Mq 4.8; Mt 21.33), nas vinhas (Is 5.2) e nas cidades (Sl 127.1). A vigilância era de dia e de noite e os guardas ansiavam pelo romper da manhã (Sl 130.6). No NT Jesus também insiste muito na prática da vigilância e o imperativo vigiai aparece três vezes na parábola da figueira (Mc 13.33,35, 37), uma vez na parábola das dez virgens (Mt 25.13) e duas vezes na cena do Getsêmani (Mc 14.34,38). O texto de Marcos 13.37 é muito enfático: “O que, porém vos digo, digo a todos: vigiai”. A ordem para vigiar não está apenas no ensino de Jesus. Encontra-se também em Paulo, tanto no discurso dirigido aos presbíteros de Éfeso (At 20.31) como nas cartas endereçadas aos Coríntios (1Co 16.13) e aos Tessalonicenses (1Ts 5.6). Aos cristãos judeus expulsos de Jerusalém e espalhados pelo Ponto, pela Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia, Pedro escreve: “Sede sóbrios e vigilantes” (1Pe 5.8) A igreja em Sardes recebe a mesma exortação (Ap 3.2). Depois de glorificado Jesus declarou que é: “bem-aventurado aquele que vigia […]” (Ap 16.15). É exigido daquele que vigia atitude de alerta permanente (1Ts 5.6; Rm 13.11).

4.2 Vigiar implica ficar acordado. A vigilância na fé cristã pode ser entendida o ato de permanecer acordado (Lc 12.36-38; 1Ts 5.6). Estar alerta e acordado tem como objetivo evitar o comportamento negligente ou indolente que pode levar alguém a cair em alguma cilada ou ceder a alguma tentação que acaba enfraquecendo sua fé em Cristo (Mt 24.42; 25.13; 26.41; 1Co 16.13; 1Ts 5.6; 1Pd 5.8; Ap 3.2; 16.15). Todos nós precisamos de vigilância espiritual, e são inúmeras as recomendações bíblicas acerca da importância da vigilância constante para o crente. Diariamente somos submetidos a diversas tentações, e diante disso o conselho Jesus é: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação” (Mt 26.41).

4.3 Vigiar implica ter consciência das realidades espirituais. Ter consciência dos perigos espirituais contidos no reino oposto de Satanás, e resiste-lhes ativamente. Tal batalha trava-se no reino espiritual das nossas vidas, pois nós não lutamos contra carne e sangue, mas sim contra um poder espiritual hostil e seus malévolos princípios (Ef 6.12). Quanto mais nos lembrarmos da realidade desse outro mundo invisível, mais vigilantes devemos estar. Acerca disso Paulo diz: “Porque não ignoramos os seus ardis” (2Co 2.11). Pedro também afirmou que: “o diabo […] anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1Pd 5.8). Quanto mais inclinados estivermos para o mundo secular, menos vamos considerar as realidades espirituais, desprezando assim ordenar as nossas vidas de harmonia com elas. Estar vigilante no sentido bíblico, requer que os nossos olhos estejam abertos a certas realidades e que tal conhecimento determine as nossas decisões e ações.

CONCLUSÃO

Aprendemos que o ensino bíblico sobre a vigilância envolve precaução, cuidado, perseverança, fé e obediência, considerando esta verdade sigamos o ensino de Jesus: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41).

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. RJ: CPAD, 2006.
  • HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. RJ: CPAD 2010.
  • HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. RJ: OBJETIVA, 2001.
  • STAMPS, Donald C (Trad. Gordon Chown). Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995.
  • VINE, W.E, et al (Trad. Luís Aron). Dicionário Vine. RJ: CPAD, 2002.

Fonte: www.adlimoeirope.com

Precisamos de vigilância espiritual

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4º TRIMESTRE 2018

AS PARÁBOLAS DE JESUS

As verdades e princípios divinos para uma vida abundante

COMENTARISTA: Pr. Wagner Gaby

LIÇÃO 10 – PRECISAMOS DE VIGILÂNCIA ESPIRITUAL – (Mt 24.45-51)

 INTRODUÇÃO

A presente lição tratará da parábola dos “dois servos” registrada em dois evangelhos sinóticos: o de Mateus e o de Lucas; destacaremos desta narrativa o seu contexto e objetivo; veremos quais os personagens que a compõe e o que eles significam; pontuaremos a palavra-chave desta parábola que é a vigilância; e, concluiremos pontuando pelo menos três motivos pelos quais devemos vigiar para aguardar a vinda do Senhor.

I – A PARÁBOLA DE MATEUS 24.45-51

Sobre esta parábola é interessante destacar que ela: (a) consta no evangelho conforme Mateus 24.45-51 e Lucas 12.42-46; (b) foi intitulada de parábola dos “dois servos” o “fiel e o infiel”; (c) é uma parábola de cunho escatológico; (d) é extremamente exortativa quanto a necessidade da vigilância para o retorno de Cristo. Vejamos mais algumas informações a respeito desta parábola:

  • Contexto. O contexto que levou a Jesus a contar esta parábola, foi quando saindo do templo profetizou a queda deste (Mt 24.1,2); e, quando interrogado pelos discípulos acerca dos acontecimentos futuros, o Mestre lhes falou da Sua segunda vinda a terra (Mt 24.3-44).
  • Objetivo. Quando contou esta parábola aos seus discípulos, Jesus tinha como propósito exortá-los a aguardar o Seu retorno a terra em vigilância, visto que será em um dia e em uma hora em que eles não imaginam (Mt 24.36,42). Daí porque contou uma parábola enfatizando a importância da fidelidade e da vigilância.

II – OS PERSONAGENS DA PARÁBOLA

Abaixo destacaremos algumas informações sobre os personagens desta parábola. Vejamos:

  • O senhor (Mt 24.45). Este senhor da parábola trata-se provavelmente de um fazendeiro ou de um grande empresário que tinha servos a sua disposição (Mt 24.45-47). Para termos uma noção, ele pode ser comparado a Potifar, o superintendente de Faraó, que tinha servos sob o seu domínio (Gn 39.4,5). Este senhor precisou ausentar-se um pouco de sua casa, para uma viagem. Quanto ao dia e a hora do seu retorno são incertos (Mt 24.50; Lc 12.46).
  • O servo (Mt 24.42,45). Mateus usa da palavra “servo” no grego “doulos” que quer dizer: “escravo” para falar do funcionário do senhor desta parábola. Já Lucas usa a palavra “mordomo” no grego “oikonomos” que significa: “pessoa que administra os assuntos domésticos de uma família” (VINE, 2001, p. 447). Existe a possibilidade nesta parábola de Jesus estar falando de apenas um servo e não de dois, pois a administração geral das posses estava nas mãos de um funcionário especial” (VAUX, 2003, p. 155). Via de regra, havia apenas um mordomo na casa (Gn 15.2; 41.40; 45.8; 1 Rs 18.3; Lc 16.1; At 8.27). O texto diz que o senhor nomeou “um servo” para ser “mordomo” dos outros servos, que foram chamados de “conservos” (Mt 24.49). O registro de Lucas também dá margem a essa interpretação quando diz que este servo poderia ser “fiel e prudente” (Lc 12.42) ou infiel: “Mas, se aquele servouma referência hipotética ao mesmo servo do início da parábola (Lc 12.45). Diante disto, fica mais claro no texto, a possibilidade de que a narrativa esteja falando apenas de um servo, que poderá ter uma atitude positiva ou negativa. No entanto, a maioria dos intérpretes prefere a ideia de se tratarem de dois servos. Sob esta perspectiva, analisaremos abaixo o comportamento de ambos. Notemos:

2.2.1 O servo fiel (Mt 24.45). É dito que, se este servo ou mordomo foi fiel e prudente no exercício da função que lhe foi confiada até ao retorno do seu patrão. A fidelidade e a prudência são virtudes destacadas na Bíblia (Pv 12.22; 14.33; 14.35; 28.20; Mt 7.24; 25.23; 1 Co 4.2; Ef 5.15). O servo que agir assim será tido por “bem-aventurado” e, como recompensa, receberá privilégios e responsabilidades aumentados:  “Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens”        (Mt 24.47).

2.3 O servo infiel (Mt 24.48). Com a partida de seu senhor, este servo, em seu coração, imaginou que, porque o seu patrão estava ausente e ia demorar a voltar, decidiu comportar-se de forma violenta e pecaminosa. Sua deficiência se mostrou tanto doutrinária “o meu senhor tarde virá” (Mt 24.48-b); quanto moral, pois começou a “espancar os seus conservos, e a comer e a beber com ébrios” (Mt 24.49). Tal atitude revela-o como um “mau servo” (Mt 24.48). Quando da volta do seu senhor, este servo infiel será punido severamente: “e separá-lo-á, e destinará a sua parte com os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes” (Mt 24.51).

III – EXPLICANDO A PARÁBOLA

  • O senhor da parábola. O senhor desta parábola é uma figura utilizada por Jesus para referir a si mesmo. A ausência deste senhor e seu retorno repentino para seus servos (Mt 24.50), ilustra perfeitamente o retorno imprevisível de Cristo para buscar o seu povo: “porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis” (Mt 24.44). Na linguagem bíblica, a surpresa da volta de Cristo é ilustrada como o ataque de um ladrão (Mt 24.43,44; 1 Ts 5.2,4; 2 Pd 3.10; Ap 3.3; 16.15). O Senhor espera encontrar os seus servos aptos para recebê-lo, como consideração por Sua pessoa (Lc 21.36).
  • Os servos da parábola. Todos aqueles que aceitaram a Cristo como Salvador são chamados de servos (Rm 1.1; 6.22; 1 Co 7.22; 1 Pd 2.16). A estes o Senhor chamou, justificou, regenerou e santificou (1 Co 6.11). Portanto, se exige dos tais que aguardem o Seu retorno em fidelidade e vigilância (Mt 25.21; 1 Tm 4.10). Aos que procederem impiamente ainda que professem-no como Senhor (Mt 7.21,22), ouvirão dEle, naquele dia, a seguinte frase: “Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7.23); e serão condenados por sua rebeldia, ao castigo eterno (Mt 8.12; 42,50; 22.13; 25.30; Lc 13.28). No entanto, será bem-aventurado aquele que for achado fiel e vigilante: “Bem- aventurado aquele servo que o seu senhor, quando vier, achar servindo assim” (Mt 24.46). Segue o alerta para todos nós que “se cremos em Sua vinda, devemos nos portar de acordo com o que acreditamos. Essa esperança deve governar a nossa vida no lar e impedir-nos de viver uma vida sem moderação e sem disciplina. Se nos conscientizarmos da volta do Mestre, e deixarmos que essa conscientização impere em todos os aspectos da nossa vida, então viveremos” (LOCKYER, 2006, p. 300).

IV  – VIGILÂNCIA: A PALAVRA CHAVE DA PARÁBOLA

A palavra-chave desta parábola é “vigiar”. Maclaren (apud Beacon, 2008, p. 169) observa que: (a) A ordem de vigiar, é reforçada pela nossa ignorância da ocasião da Sua vinda (Mt 24.42-44); (b) a imagem e a recompensa de vigiar (Mt 24.45-47); e, (c) a imagem e a condenação do servo que não vigiou (Mt 24.48-51). O verbo “vigiar” quer dizer: “observar com atenção; estar atento a; velar” (HOUAISS, 2001, p. 2860). No hebraico o verbo é “shamar” que significa: “vigiar, guardar”. No grego o termo é “gregoreo” que significa literalmente “vigiar” e é encontrado em 1 Ts 5.6,10 e em mais 21 outros lugares nos quais ocorre no Novo Testamento (por exemplo, em 1 Pe 5.8). É usado acerca de: (a) “manter- se acordado” (Mt 24.43; 26.38.40.41): (b) “vigilância espiritual” (At 20.31; 1 Co 16.13; Cl 4.2; 1 Ts 5.6.10; 1 Pe 5.8; Ap 3.2.3; 16.15) (VINE, 2002, p. 323 – acréscimo nosso). A palavra “vigiar” tem conotação exortativa, visando chamar a atenção dos ouvintes a estarem prontos para o retorno do Messias (Mt 24.42; 25.13; Mc 13.33-35; Lc 21.36; 1 Pe 4.7).

V  – QUAIS AS CAUSAS DA EXORTAÇÃO A VIGILÂNCIA PARA A VOLTA DE JESUS

A Bíblia nos exorta a prática da vigilância por, pelo menos, três motivos. Vejamos:

  • A fragilidade humana. Sabendo da fragilidade humana, Jesus exortou os apóstolos a estarem vigilantes, para vencerem as tentações (Mt 26.41; Mc 14.38). Fomos perdoados e libertos dos nossos pecados (1 Jo 2.12; Rm 6.22), todavia, ainda não estamos livres da presença do pecado na nossa natureza humana. Isto somente se dará quando nosso corpo for glorificado, por ocasião do arrebatamento da Igreja (1 Co 15.51-54). Até este acontecimento, precisamos viver vigilantes, a fim de não sermos vencidos pelo pecado (Rm 6.11,12; 1 Co 15.34). “Quem quiser ter um discipulado produtivo, precisa disciplinar o corpo para não ceder às paixões” (ADEYEMO, 2010, p. 1192).
  • A astúcia do Diabo. Além da fragilidade humana, o crente precisa vigiar também porque “[…] o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pe 5.8). Toda tentação é proveniente da própria natureza humana (1 Co 10.13; Tg 1.13-15), todavia, o principal agente da tentação é Satanás (Mt 4.3; Lc 4.2; 1 Ts 3.5; Tg 4.7). Precisamos estar vigilantes e fortalecermo-nos no Senhor a fim de vencer as batalhas espirituais, que somos submetidos (Ef 6.10-18). Jesus exortou os crentes de Esmirna a serem fiéis até a morte, mesmo diante das tentações do diabo (Ap 2.10). Da mesma forma, falou aos crentes de Filadélfia, dizendo: “Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3.11).
  • A vinda do Senhor será repentina. A necessidade da vigilância para o retorno de Cristo se dá também pelo fato de ser um evento repentino. Diversas vezes, Jesus exortou os seus discípulos sobre isso (Mt 24.36,42,44; 25.13; Mc 13.33; Lc 12.46). Infelizmente, não são poucos aqueles que têm a promessa do Senhor como tardia, ao ponto de desacreditarem dela (2 Pe 3.4). Todavia, Jesus nos assegurou que viria sem demora (Ap 3.11; 22.12,20). Estejamos vigilantes para não sermos pegos de surpresa e sermos achados dormindo naquele dia (Mc 13.36; Lc 21.34).

CONCLUSÃO

A vinda do Senhor é certa. Devemos, portanto, aguardá-la vigiando em todo tempo, demonstrando a nossa fé em obediência e prudência, afastando-nos do pecado que antes praticávamos, a fim de não mancharmos as nossas vestes espirituais. Vigiemos pois aquele dia e hora ninguém sabe.

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
  • LOCKYER, John. Todas as Parábolas da Bíblia.
  • TOKUMBOH, Adeyemo. Comentário Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
  • VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.

Fonte: www.adlimoeirope.com