Ezequiel, o atalaia de Deus

4º TRIMESTRE 2022

A JUSTIÇA DIVINA

A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel

COMENTARISTA:  Pr. Ezequias Soares

LIÇÃO 01 – EZEQUIEL, O ATALAIA DE DEUS – (Ez 3.16-21,27)

INTRODUÇÃO

Nesta lição veremos a definição das palavras “atalaia” e “profeta”; estudaremos quem foi o profeta e atalaia Ezequiel, bem como o conteúdo da sua mensagem; e por fim; pontuaremos porque a igreja deve agir como um atalaia em nossos dias.

I – DEFINIÇÃO DOS TERMOS “ATALAIA” E “PROFETA”

1.1 Definição do termo atalaia. Atalaia tem o significado de “vigia, sentinela ou guarda’ (HOUAISS, 2001, p. 330). A Bíblia fala sobre atalaias tanto no sentido literal quanto simbólico. A palavra atalaia vem do termo hebraico “tzaphah” (lê-se: tzafá), que significa: “tomar cuidado; espiar; olhar ao redor; vigiar; guardar; prestar atenção” (Ez 3.17-21; 33.2-9). Os atalaias tinham a função de advertir sobre a aproximação de uma força inimiga a fim de guardar uma cidade, uma aldeia, um acampamento ou mesmo um povo. Eles andavam pelas ruas da cidade como vigias ou ficavam sobre os muros e torres das cidades fortificadas (2Sm 24; 2Rs 9.17-20; Is 62.6; Ct 3.3; 5.7). Nos acampamentos móveis, os sentinelas eram os responsáveis por vigiar e guardar o assentamento especialmente durante a noite. Os atalaias também podiam ficar em torres de vigia espalhadas pelo deserto ou sobre um monte elevado para avisar do perigo iminente do inimigo (Hc 2.1). Infelizmente nem todos os atalaias de Israel foram diligentes no cumprimento da sua missão (Is 56.10).

1.2 Definição do termo profeta. A palavra profeta deriva-se do termo hebraico נָבִיא(lê-se: naví) que significa: “falar ou dizer antes”, e do termo grego προφήτης(lê-se: prophetê), que quer dizer: “falar de antemão”. Os profetas foram chamados, principalmente, em momentos de apostasia e rebelião por parte do povo de Deus, para os seguintes propósitos: a) denunciar as práticas pagãs e pecaminosas (Ez 2.1-7; 9.9); b) chamar o povo ao arrependimento (Ez 14.6; 18.30,32;); e, c) conduzi-los ao restabelecimento espiritual (Ez 37.21-28). Os profetas do AT podem ser classificados em dois grupos: (1) Os profetas orais: foram aqueles que não deixaram registros escritos, embora que outros escreveram acerca deles e de suas profecias. Dentre eles, destacamos: Gade (1Sm 22.5); Natã (2Sm 12.1); Aías (1Rs 11.29); Semaías (1Rs 12.22); Azarias (2Cr 15.1); Hanani (2Cr 16.7); Jeú (1Rs 16.1); Jaaziel (2Cr 20.14); Elias (1Rs 17.1); Micaías (1Rs 22.14); Eliseu (2Rs 2.1), além de outros. (2) Os profetas literários: são os “profetas da escrita” que escreveram depois de terem sido “profetas da palavra” sendo que cinco deles são denominados de profetas maiores (de Isaías a Daniel) e doze de profetas menores (de Oseias a Malaquias).

II – QUEM FOI O PROFETA EZEQUIEL

2.1 A vida do profeta Ezequiel. Seu nome significa “Deus é forte” (Ez 3.14) ou “Deus fortalece” (Ez 30.25; 34.16). Um título apropriado para o profeta que recebeu uma mensagem para os judeus exilados na Babilônia (Ez 3.15). Ele era filho do sacerdote Buzi (Ez 1.3) e foi contemporâneo dos reis Joaquim e Jeoaquim, e também dos profetas Jeremias e Daniel. Ele foi levado para a Babilônia em 597 a.C. quando Nabucodonosor invadiu e tomou Jerusalém e levou os príncipes e outros homens valentes, artífices e ferreiros (2Rs 24.14). Era casado, mas sua esposa morreu por ocasião da queda de Jerusalém (Ez 24.15-18). Sem dúvida, era um homem de influência, pois era consultado pelos anciãos que estavam entre os exilados (Ez 8.1; 20.1).

2.2 O ministério do profeta Ezequiel. A longa história de rebelião da nação israelita começou logo depois do Êxodo e continuou até os dias de Ezequiel (Ez 16; 20; 23). O povo judeu profanou o santuário e cometeu abominações contra o Senhor (Ez 6.13; 28; 23.37); deixaram de servir e adorar ao Único Deus Verdadeiro (monoteísmo) e passaram a prestar culto a outros deuses (politeísmo) (Êx 32.1-18; 2Rs 17.7-23; Is 1.2-4; Jr 2.1-9). Por isso, o juízo era inevitável (Ez 21.1-27). Nesse período, Deus levantou três profetas: Jeremias, no meio dos cativos de Judá (Jr 39.1-14; 40.1-6); Daniel, no palácio em Babilônia (Dn 1.1-21); e Ezequiel, também na Babilônia, às margens do rio Quebar (Ez 1.1,2).

2.3 O chamado do profeta Ezequiel. A vocação de Ezequiel para o ministério profético encontra-se nos primeiros capítulos do livro (Ez 1.1-3; 2.1 -7). Ele estava no meio dos cativos de Judá, em Babilônia, junto ao rio Quebar, quando o céu se abriu e ele teve a primeira visão dos querubins e da glória de Deus (Ez 1.1-28). Deus se dirigiu a Ezequiel como “filho do homem” mais de noventa vezes (Ez 2.1,3,6,8; 3.1,3,4,10,25; 4.1,16; 5.1; 6.2; 7.2; 8.5,6,8). Este termo fala da humanidade e fragilidade do profeta, e servia para lembrar-lhe a sua dependência de Deus para capacitá-lo a cumprir sua missão. Diante da poderosa revelação, Ezequiel ouviu a voz do Senhor dizendo: “Então, entrou em mim o Espírito, quando falava comigo, e me pôs em pé, e ouvi o que me falava” (Ez 2.1). Aqui, vemos Ezequiel sendo “ungido” pelo Espírito para exercer o ministério profético. Hoje, o Espírito Santo continua chamando e capacitando pessoas para fazer a obra de Deus (At 1.8; 2,4,17,18;).

2.4 A missão do profeta Ezequiel. O atalaia era um verdadeiro profeta do Senhor (Jr 6.17; Os 9.8), e a função deles era ficar alerta à situação em derredor, escutar a palavra de Deus sempre que ela vinha a eles, e repeti-la ao povo com exatidão. Ezequiel foi comissionado para transmitir a mensagem de Deus ao povo apóstata de Judá e de Jerusalém (Ez 2.3-7; 3.11; 33.2-6). Assim como Habacuque se postou na sua torre de vigia (Hc 2.1), assim também Ezequiel foi nomeado atalaia para o povo de Israel (Ez 3.17).
Semelhantemente, a Igreja foi chamada para ser porta-voz de Deus neste mundo corrompido e perverso, denunciando o pecado e chamando os homens ao arrependimento (At 2.38; 3:19; 17.30). O Senhor disse que o profeta deveria alimentar-se do rolo do livro, antes de transmitir a mensagem divina ao povo de Judá (Ez 3.1-3). Isto nos ensina que somente depois de nos alimentarmos da Palavra de Deus é que podemos transmiti-la a outros (Dt 6.6,7; Jr 15.16; 1Tm 4.13).

III – O CONTEÚDO DA MENSAGEM DO ATALAIA

3.1 O atalaia prega mesmo que os homens ouçam ou deixem de ouvir (Ez 2.5,7). A missão de Ezequiel era transmitir a Palavra do Senhor (Ez 2.4; 3.11,27; 5.7,8; 6.3,11; 11.5,7,16,17), não importava se o povo ouvisse ou deixasse de ouvir, ou seja, obedecesse ou não a sua palavra (Ez 2.5,7; 3.11). Neste texto, os judeus são chamados de “casa rebelde” por causa de sua rebelião (Dt 9.23,24; Sl 78.8; Jr 5.23). O termo hebraico é “mãrah” e tem o sentido de “obstinação”, “teimosia” e “rebeldia”. Esta expressão aparece treze vezes no livro (Ez 2.5,6,8; 3.9,26,27; 12.2,3,9,25; 17.12; 24.3; 44.6). Mas, o Senhor lhe diz que, ainda que eles não guardassem os mandamentos divinos, não poderiam alegar inocência, pois eles saberiam que um profeta autêntico e verdadeiro esteve no meio deles (Ez 33.33).

3.2 O atalaia prega mesmo para um povo de semblante duro e obstinado de coração (Ez 2.4). Este texto é, praticamente, uma repetição do versículo 5; mas, não foi repetida por acaso, e sim, para dar ênfase a difícil missão de Ezequiel, que era transmitir a Palavra de Deus a uma nação de “semblante duro e obstinada de coração” que se recusava a admitir os seus pecados (Jr 8.4-9).
Por isso, o Senhor diz a Ezequiel que ele deveria obedecer ao chamado divino, pois seu dever, como porta-voz, era ouvir a voz de Deus e entregar a mensagem ao povo, “quer ouçam quer deixem de ouvir…” (Ez 3.11).

3.3 O atalaia prega sem temer aos homens maus (Ez 2.6). Profetizar nos dias de Ezequiel não era uma tarefa fácil, principalmente por causa dos pecados da nação (Dn 9.5,7,10,11). O povo judeu é comparado a “sarças, espinhos e escorpiões” por causa de sua maldade e apostasia (Jr 37.15,16; 38.6). Mas, o Senhor disse que Ezequiel não deveria temer nem o povo e nem as suas palavras (Ez 2.6; 3.9). Em outras ocasiões, o Senhor também, transmitiu palavras de encorajamento a Josué (Js 1.9); a Jeremias (Jr 1.8); a Daniel (Dn 10.12,19); e outros. O Senhor Jesus também advertiu aos discípulos, dizendo: “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos” (Mt 10.16); mas, prometeu estar conosco todos os dias (Mt 28.20).

3.4 O atalaia prega a mensagem de salvação ao homem mais também de condenação ao pecado (Ez 2.9,10). Enquanto Ezequiel estava ouvindo a voz do Senhor, ele viu uma mão estendida, dando-lhe um rolo de um livro, contendo “lamentos, suspiros e ais”, ou seja, mensagens de destruição, sofrimento e tristeza. Isto nos faz lembrar que, embora ele tenha sido chamado para profetizar sobre a esperança de restauração para o povo judeu (Ez cap. 33-48); sua principal mensagem era de juízo contra Judá (Ez cap. 1-24) e contra algumas nações estrangeiras, tais como: Amom, Moabe, Edom, Tiro, Sidom e Egito (Ez cap. 25-32). Assim também é a pregação do Evangelho, pois ela contém mensagem de salvação e vida eterna, para os que creem em Cristo; mas, também, de condenação e perdição, para aqueles que o rejeitam (Mt 7.13,14; Mc 16.15; Jo 3.16,17,36).

3.5 O atalaia prega que Deus não tem prazer na morte do ímpio (Ez 18.21,22). O justo que se afasta de Deus será responsável pelos seus pecados (Ez 18.24). Ele não poderá recorrer aos seus atos de justiça realizados no passado para salvar-se, caso não se arrependa em vida (Ef 2.8,9). É o próprio homem pelo mal uso do seu livre arbítrio quem cai da graça e perde a salvação (Gl 5.4) e fica alienado de Cristo (Jo 15.4-6 ver Sl 9.16). O caso do filho pródigo é um bom exemplo que ao se desviar do pai e perder tudo, reconhece seu erro, “cai em si e volta arrependido pedindo perdão” (Lc 15.17-21). Ele recebeu a graça porque voltou em vida arrependido a casa do pai (ver ainda Jr 31.34b; At 3.19; Hb 8.12; 1Jo 1.9).

IV – PORQUE A IGREJA DEVE AGIR COMO UM ATALAIA EM NOSSOS DIAS

4.1 Porque a humanidade está perdida. Por causa da desobediência de Adão, o homem tornou-se destituído da glória de Deus (Rm 3.23) e a situação espiritual da humanidade é de condenação e perdição (Rm 5.12,19; 6.23). Mas, a nossa responsabilidade é anunciar a salvação através da fé em Cristo Jesus (Mt 28.18-20; Mc 16.15-20; At 1.8).

4.2 Porque somente Jesus Cristo pode salvar a humanidade. De acordo com as Escrituras, só existe um meio para que o homem possa obter a salvação: a fé em Jesus Cristo (Jo 3.16,17; At 4.12; Ef 2.8,9; I Tm 2.5). Mas, para que o pecador possa crer em Cristo, é necessário que alguém pregue o evangelho (Rm 10.13-17).

4.3 Porque temos pouco tempo. Os sinais que antecedem a Segunda Vinda de Cristo nos mostram que Jesus em breve voltará para vir buscar a Sua Igreja (Mt 24.1-14; Mc 13.1-13; Lc 21.5-36), como Ele mesmo prometeu (Jo 14.1-3; Ap 22.12). Por isso, devemos pregar a tempo e fora de tempo (2Tm 4.1,2).

CONCLUSÃO

A pregação do Evangelho é a mais importante tarefa da Igreja aqui na terra, pois dela depende a salvação da humanidade. Por isso, devemos anunciar ao mundo a salvação através da fé em Cristo Jesus. O Senhor Jesus espera que cada um de nós estejamos empenhados nesta sublime tarefa, com o objetivo de ganhar almas para o seu Reino.

REFERÊNCIAS

  • GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA.
  • SOARES, Esequias. O Ministério profético na Bíblia. CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
  • TAYLOR, John B. Ezequiel Introdução e Comentário. VIDA NOVA.

Fonte: portalrbc1.

Paulo, a vocação para ser apóstolo

4º TRIMESTRE 2021

O APÓSTOLO PAULO

Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a Igreja de Cristo

COMENTARISTA:  Pr. ElienaiCabral

LIÇÃO 04 – PAULO, A VOCAÇÃO PARA SER APÓSTOLO – (At 9.15-22; Gl 1.11-18)

INTRODUÇÃO

Nesta lição iremos estudar a vocação que Deus concedeu a Paulo para ser apóstolo. Veremos a definição do termo vocação, analisaremos o chamado de Paulo e os respectivos propósitos. Por fim, estudaremos os requisitos bíblicos para servir na obra de Deus.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA VOCAÇÃO

1.1 Definição no sentido secular. Conforme o dicionarista Antônio Houaiss o termo vocação significa: Ato ou efeito de chamar-se; denominação. Apelo ou inclinação para o sacerdócio, para a vida religiosa. Disposição natural e espontânea que orienta uma pessoa no sentido de uma atividade, uma função ou profissão; pendor, propensão, tendência. Chamamento de alguém para exercer certa função obrigatória ou para a posse de um direito (HOUAISS, 2001, p. 2877).

1.2 Definição teológica. Do latim: “vocatione”, chamamento. Ato de chamar, escolher. A vocação divina pode ser compreendida de dois modos distintos: a geral e a específica. (a) Geral: Toda a humanidade, de maneira indistinta, é convocada a participar gratuitamente dos benefícios do Evangelho com base nos méritos da morte de Cristo (Jo 3.16; Mt 28.18,19). (b) Específica: Embora todos sejam convidados a usufruir dos meios da graça nem todos serão convocados a exercer ministério da Palavra (Ef 4.8-11). É um caso que depende única e exclusivamente dos desígnios e da soberania de Deus. (ANDRADE, 1998 p. 289)

II – O CHAMADO DE PAULO PARA O APOSTOLADO

A conversão do apóstolo Paulo aconteceu após a ressurreição de Cristo, e devido a isso, alguns cristãos influenciados pelo judaísmo questionavam a legitimidade do seu apostolado (1 Co 9.2). Por essa razão Paulo defende o seu chamado usando os seguintes argumentos:

2.1 O chamado de Paulo foi feito pelo próprio Senhor Jesus. A conversão de Saulo ocorreu após a morte e ressurreição do Senhor Jesus (At 9.1-18). Logo, ele não tinha as “credenciais” que eram comuns aos demais apóstolos (At 1.21,22). Mas, o Senhor o chamou para este ministério, embora ele se considerasse indigno como dizendo ser “…o menor dos apóstolos” (1Co 15.8,9). Paulo enfrentou muitas oposições por parte dos falsos mestres que questionavam sua autoridade apostólica. Por essa razão, na epístola aos Gálatas (1.1) Ele apresenta-se: “Paulo, apóstolo (não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dos mortos). Em outras ocasiões reafirma esse chamado feito pelo Senhor (1Co 1.1). Além disso, em suas cartas, ele ressalta repetidas vezes que foi chamado para ser o “apóstolo dos gentios” (Rm 11.13; 15.15,16; Gl 1.16; 2.7,8).

2.2 Um chamado confirmado por sinais. O apóstolo, além de reivindicar o seu apostolado como um chamado divino, afirma que o seu apostolado foi confirmado por sinais: “Os sinais do meu apostolado foram manifestados entre vós, com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas” (2Co 12.12). Isso era a confirmação de Deus; assim como ocorreu com Pedro, estava agora acontecendo com Paulo: “…porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para com os gentios...” (Gl 2.8). Dessa forma, os milagres autenticavam Paulo como apóstolo de Cristo.

2.3 Um chamado confirmado pelo trabalho. O apóstolo Paulo quando defendia seu apostolado, trazia a memória que o seu eficiente trabalho entre os coríntios era uma das garantias de que Deus o havia chamado; para isso Paulo usa a figura de um selo: “… porque vós sois o selo do meu apostolado no Senhor…” (1Co 9.2). O Selo era uma figura cortada em pedra e colocada em um anel no qual se gravavam letras de autoridade. […] . Paulo utilizou esta figura para expressar o fato de que a própria conversão deles era prova de sua autoridade apostólica. (DAKE, 2010, p. 2042). Com isso, Paulo lembra que a própria experiência deles (os Coríntios) como igreja era o selo do seu apostolado no Senhor. Em outra ocasião, o apóstolo declara que trabalhou mais que os outros apóstolos (1Co 15.10). Fica evidente que o trabalho de Paulo o confirma com apóstolo.

2.4 Um chamado confirmado pela visão do Cristo Ressurreto. Um dos critérios para o apostolado era ser testemunha da ressurreição: “…ao dia em que dentre nós foi recebido em cima, um deles se faça conosco testemunha da sua ressurreição” (At 1.22). Outros textos evidenciam esse fato (At 2:32; 3:15; 4:33); e Paulo cumpria esse critério, pois tinha visto Jesus, o Cristo ressurreto, na estrada para Damasco (At 9:4-5). O apóstolo declara: “… Não vi eu a Jesus Cristo, Senhor nosso?…” (1Co 9.1). Paulo estava reafirmando a igreja de Coríntio que ele atendia as credencias para ser apóstolo de Cristo, e que nada era inferior aos demais apóstolos (2Co 12.11).

III – OS PROPÓSITOS DA VOCAÇÃO DE PAULO

Como disse o próprio Senhor Jesus a Ananias, Saulo era n[…]um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome” (At 9.15). Podemos observar, então, que Paulo:

3.1 Era um vaso escolhido. O Senhor Jesus utilizou-se de uma metáfora para dizer que Paulo era um homem escolhido por Ele. Assim como o oleiro faz vasos para diversos fins, Deus também fez os seres humanos para seus propósitos (Jr 18:1-11; 22:28; Os 8:8; 2 Co 4:7; 2Tm 2:20, 21). Devemos entender, no entanto, que o termo “vaso escolhido”não se refere a uma predestinação, e sim, à presciência divina. Deus sabia, de antemão, que ele era a pessoa ideal (devido a sua cultura, conhecimento das Escrituras, profissão, etc.) para executar os seus desígnios.

3.2 Tinha uma missão específica. Paulo foi chamado com o propósito de fazer o Nome do Senhor conhecido entre os gentios, os reis e os filhos de Israel. Ele cumpriu na íntegra a sua tarefa, como podemos ver no livro dos Atos e nas Epístolas. Em suas cartas, ele ressalta repetidas vezes que foi chamado para ser o “apóstolo dos gentios” (Rm 11.13; 15.15,16; Gl 1.16; 2.7,8); pregou para reis (At 26.281-32); e para os filhos de Israel (At 9.20; 13.5; 22.1-21).

3.3 Sofreria por amor à Cristo. O Senhor disse a Ananias acerca de Paulo: “…eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome” (At 9.16). Se por um lado se tornaria um privilégio ser o embaixador de Cristo entre os reis, judeus e gentios; por outro lado, Paulo teria um preço a pagar: padecer pelo Nome de Jesus. E, como Cristo havia predito, ele enfrentou todo tipo de sofrimento, durante o seu ministério (At 16.23; 2Co 1.4-8; 2.4; 12.10; 11.24-33). No entanto, seu sofrimento não impediu que ele demonstrasse zelo e dedicação à obra de Deus. Seu objetivo era servir ao Mestre, a despeito de toda e qualquer circunstância. Ele mesmo disse aos anciãos da igreja em Éfeso: “Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus” (At 20.24).

IV – A VOCAÇÃO DIVINA PARA SERVIR NA OBRA DE DEUS

A vocação para atuar na obra de Deus é uma ação exclusivamente divina na pessoa do crente (Ef. 4.11), todavia exige também uma capacitação pelo Espírito Santo, pois o Senhor vocaciona e prepara, no entanto, o envio é realizado por meio da Igreja. Notemos:

4.1 Deus chama pessoas para trabalhos específicos. Todos são chamados para a salvação em Cristo (Jo 3.16, 1Tm 2.4; 4.10, Tt 2.11, 2Pd 3.9), sem exceções, no entanto alguns servos de Deus são chamados para trabalhos específicos em sua obra, como foi o caso do apóstolo Paulo: “que desde o ventre de minha mãe me separou […]” (Gl 1.15). Outros textos confirmam essa chamada especial do apóstolo Paulo (At 9.15; 22.14; 2Tm 1.11). Dessa forma, não está dentro das atribuições unicamente do homem selecionar, chamar, qualificar ou nomear; nem tampouco ninguém pode nomear-se a si próprio para a obra do ministério, pois tudo, é e deve ser, absolutamente da competência divina: “E subiu ao monte e chamou para si os que ele quis; e vieram a ele” (Mc 3.13). A escolha para servir no santo ministério é de Deus.

4.2 Deus chama pessoas e capacita para servir. O apóstolo Paulo foi um homem dotado de grandes habilidades intelectuais e também espirituais, porém, o apóstolo nunca deixou de entender que sua capacidade era proveniente do Senhor (1Co 15.10). Lemos nas Sagradas Escrituras: “…Porque não ousaria dizer coisa alguma, que Cristo por mim não tenha feito, para obediência dos gentios, por palavra e por obras.” (Rm 15.18). Em outra ocasião o Paulo declara: “…não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus...” (2Co 3.5). Esta postura de Paulo é um grande exemplo que devemos imitar, pois quem concede inteligência é Deus. …a quem o SENHOR dera sabedoria e inteligência…” (Ex 36.1). Por mais capacitados que sejamos, tudo provem do Senhor (Ef 4.11)

4.3 Deus chama pessoas e envia os vocacionados por meio da Igreja. Mesmo o apóstolo Paulo tendo sido chamado por Deus desde o ventre de sua mãe (Gl 1.15), Ele não trabalhava de modo independente, ou seja, sem orientação dos anciões em Jerusalém; pelo contrário, Paulo foi enviado pela Igreja (At 13.1-3); sobre o caso da circuncisão dos gentios Paulo procurou solução junto aos apóstolos (At 15.1-2), além de reconhecer que os decretos vindos de Jerusalém tinham que ser observados pelas demais igrejas recém fundadas (At 16.4). Isso nos ensina que aqueles que são chamados e enviados por Deus estão debaixo da autoridade de Deus e da Igreja local que envia. (At 14.23; Hb 13.17).

CONCLUSÃO

Aprendemos que Deus concedeu a vocação a Paulo para ser apóstolo de Cristo, e além disso, o Senhor capacitou o apóstolo Paulo para ser dos maiores instrumentos de Deus para a propagação do Cristianismo.

REFERÊNCIAS

  • Antônio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. OBJETIVA, 2001
  • Claudionor Correia. Dicionário teológico. CPAD, 1998
  • BÍBLIA DE ESTUDO DAKE. ATOS, 2010.

Fonte: portalrbc1.