A sutileza da banalização da graça

3º TRIMESTRE 2022

OS ATAQUES CONTRA A IGREJA DE CRISTO

As sutilezas de satanás nestes dias que antecedem a volta de Jesus Cristo

COMENTARISTA:  Pr. José Gonçalves

LIÇÃO 02 – A SUTILEZA DA BANALIZAÇÃO DA GRAÇA (Ef 2.4-10)

INTRODUÇÃO

Nesta lição veremos uma definição dos termos “banalização” e “graça”; pontuaremos algumas características da graça divina; e por fim, falaremos sobre a graça de Deus e algumas deturpações no contexto contemporâneo.

I – DEFINIÇÃO DO TERMO BANALIZAÇÃO E GRAÇA

1.1 Definição etimológica do termo banalização. O dicionário Houaiss (20001, p. 391) define “banalização” como: “tornar-se banal ou comum; vulgarizar; trivializar algo; tirar ou perder o caráter excepcional ou raro de alguma coisa; transformar valores caros em algo comum e sem importância”.

1.2 Definição teológica do termo graça. A palavra “graça” aparece 217 vezes em toda a Bíblia. No AT são 73; já no NT são 144 (JOSHUA, 2010, p. 697). O conceito de graça é multiforme e sujeito a desdobramentos nas Escrituras. No AT, “hen”, significa: “favor”. É o favor imerecido de um superior a um subalterno. No caso de Deus e do homem, ‘hen’ é demonstrado por meio de bênçãos temporais, embora também o seja por meio de bênçãos espirituais e livramentos, tanto no sentido físico quanto no espiritual (Jr 31,2; Êx 33.19). No NT aparece o termo “charis”, que indica: “graciosidade; atrativo; favor” (WYCLIFFE, 2007, p. 876 – acréscimo nosso). Em resumo esta palavra significa um: “favor imerecido concedido por Deus à raça humana” (ANDRADE, 2006, p. 203).

II – CARACTERÍSTICAS DA GRAÇA DIVINA

Paulo foi o principal instrumento humano para transmitir o pleno significado da graça em Cristo. Não é de admirar que mais tarde ele viesse a ser conhecido como “o apóstolo da graça” (SWINDOLL, 2009, p. 19). Com maestria, ele nos falou sobre a graça de Deus de forma abundante. Quase dois terços das ocorrências neotestamentárias de “charis”, normalmente traduzida por “graça”, se encontram em suas cartas. O termo se encontra em todas as treze cartas paulinas tradicionais e é bastante repetido em Romanos. Ele confessou que para isto foi chamado “para dar testemunho do evangelho da graça de Deus” (At 20.24). Abaixo destacaremos algumas verdades sobre este maravilhoso favor divino:

2.1 A graça é um ato divino (Rm 1.7; 5.15; Tt 2.11). Nos referidos textos, Paulo nos diz que a graça procede soberanamente de Deus. Isto porque o favor lhe pertence e vem dEle, como sua fonte originária (1Co 15.10; Tt 2.11; 1Pd 5.10). A graça de Deus brilhou sobre os que estavam nas trevas e na sombra da morte (Mt 4.2; Lc 1.79; At 27.20; Tt 3.4). “A graça divina é, então, Deus mesmo renunciando ao exercício do justo castigo por sua livre e soberana decisão” (ALMEIDA, 1996, p. 28).

2.2 A graça é imerecida (Rm 3.24; Ef 2.5.7-8). A salvação é concedida ao homem sem ele merecer, pois não há nada que o homem faça para o tornar digno de ser salvo, pois a graça aniquila qualquer obra que visa receber a salvação por mérito (Rm 3.10; 4.4,5; Ef 2.9). Foi Deus quem quis agir com graça: “aprouve a Deus salvar os homens” (1Co 1.21). A salvação não é uma recompensa por bom comportamento (Is 64.6; Rm 7.14-21). “A graça é o favor imerecido de Deus para com o pecador; é a bondade para quem apenas merece o castigo” (SOARES, 2008, p. 76). Embora o homem merecesse a separação eterna de Deus por causa de sua rebeldia deliberada, por sua graça, ou seja, favor imerecido, Deus revolveu conceder gratuitamente a vida eterna aqueles que não merecem. “A graça divina é, então, Deus mesmo renunciando ao exercício do justo castigo por sua livre e soberana decisão” (ALMEIDA, 1996, p. 28).

2.3 A graça é suficiente (Rm 3.24; Ef 2.8). Paulo nos mostra que a Lei não é suficiente para salvar o homem. Até porque seu propósito é revelar o pecado e não extirpá-lo (Rm 7.7). Todavia, a graça de Cristo fez por nós aquilo que a Lei nunca poderia (Rm 8.3). Embora a fé seja o caminho dado por Deus para a salvação, não é ela quem nos salva, mas a graça “Porque pela graça sois salvos” (Ef 2.8-a). Portanto, é pela graça, o favor imerecido de Deus, que ele nos concede a bênção da salvação (At 15.11; Rm 11.6).

2.4 A graça é imparcial (Rm 1.16; 3.29; 9.24). Desde o início, a proposta divina sempre foi estender a bênção da salvação a todos os homens indiscriminadamente (Gn 12.3; Jo 3.15; 1Tm 2.4; 4.10; Gl 3.8). É errôneo pensar embora “todos pecaram” (Rm 3.23), somente os eleitos serão salvos. Em Tito 2.11 Paulo diz: “[…] a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens. A mostra claramente que, Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9; 1Pd 1.17). Portanto, a graça de Deus que nos é oferecida mediante o evangelho, é derramada sobre todos em pé de igualdade, ou seja, ela contempla tanto judeus como gentios (Gl 3.14; Ef 3.6).

2.5 A graça é resistível (At 18.5,6). A Bíblia nos mostra que o homem pode pôr seu livre arbítrio aceitar ou rejeitar o plano divino para a sua salvação (At 4.4; 7.51; 9.42; 17.4; 18.6; Hb 3.15; 4.7). O povo de Israel é a maior prova de que a graça não é irresistível, pois o apóstolo João diz: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1.11). Jesus quando estava em frente ao Monte das Oliveiras declarou: “Jerusalém, Jerusalém, […] quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, […] e tu não quiseste!” (Mt 23.37). O escritor aos Hebreus por mais de uma vez disse: “[…]se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação […]” (Hb 3.15 ver ainda Hb 3.7,8; 4.7).

III – A GRAÇA DE DEUS E AS DETURPAÇÕES NO CONTEXTO CONTEMPORÂNEO

Desde o primeiro século da igreja até os dias atuais o ensino sobre a graça de Deus tem sofrido deturpações (Rm 1.25; 2Pd 3.15,16). Abaixo destacaremos alguns grupos que deturpam este precioso ensino. Vejamos:

3.1 O legalismo e a graça. Os judaizantes foi um movimento surgido nas primeiras décadas da Igreja cristã, cujo objetivo era forçar os crentes gentios a observar a Lei de Moisés (legalismo), principalmente a Lei cerimonial, que incluía: a prática da circuncisão, a abstinência de alguns alimentos e a guarda do sábado e dias tidos como especiais (Cl 2.16-23). Contra esta pretensão levantou-se Paulo veementemente em suas cartas afirmando que a salvação não é obtida pela observação da Lei cerimonial, mas, sim, pela graça (Rm 3.28; Gl 2.16; 3.11; 3.24) (ANDRADE, 2006, p. 242).

3.2 O antinomismo e a graça. Em Romanos 6.1 o apóstolo Paulo faz a seguinte pergunta: “Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde?”. Em seguida ele responde: “De modo nenhum” (Rm 6.2-a). Esta pergunta de Paulo foi formulada porque certos grupos libertinos, levaram seus ensinamentos ao extremo (Rm 3.28). Estes afirmavam que, desde que uma pessoa tivesse fé em Cristo, não importaria se os atos dela fossem bons ou maus. Aqueles que pensam dessa forma são chamados de antinomistas (“anti” que significa: “contra”, e “nomos”, “lei””). Alegam que, salvos pela fé em Cristo Jesus, já estamos livres da tutela da Lei e por isso, não precisamos dos mandamentos morais da Lei (ANDRADE, 2006, p. 51 – acréscimo nosso).

3.3 O universalismo e a graça. Ao se tratar da doutrina da extensão da salvação é preciso que se faça distinção entre universalidade e universalismo. Ela é universal (1Tm 2.4), contudo, essa graça não é universalista. Deus “deseja que todos sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1Tm 2.4). Uma coisa não tem relação com a outra. A salvação é universal porque Deus no seu grande amor quer salvar todos os homens (Jo 3.16). A doutrina do universalismo prega que todos, independente de credo, religião, arrependimento ou comportamento, serão salvos. Ao contrário, a graça é universal porque é estendida a todos os homens. Todos os que se arrependerem e confessarem a Cristo podem ser salvos. A graça é oferecida a todos (Tt 2.11). Contudo, só se torna eficaz na vida daquele que crer (Mc 16.16; Jo 6.47).

3.4 O determinismo e a graça. A doutrina determinista destaca que ninguém pode cair da graça. Uma vez salvo, salvo para sempre. A Declaração de Fé das Assembleias de Deus afirma: “Rejeitamos a afirmação segundo a qual “uma vez salvo, salvo para sempre”, pois entendemos à luz das Sagradas Escrituras que, depois de experimentar o milagre do novo nascimento, o crente tem a responsabilidade de zelar pela manutenção da salvação a ele oferecida gratuitamente: “Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo” (Hb 3.12) (SOARES (Org.), 2017, p. 114). As Assembleias de Deus, portanto, afirmam em seus códigos doutrinários que os homens possuem liberdade tanto para aceitarem a oferta da graça como para rejeitarem. Assim destacam que a possibilidade da queda da graça é um fato mostrado com clareza meridiana nas Escrituras Sagradas (1Co 10.12; Hb 3.12; 6.4-6; 10.26-29) (GONÇALVES, 2022, pp. 28,29).

3.5 O banalismo e a graça. A graça barata é o batismo sem a mudança, é a Ceia do Senhor sem confissão dos pecados. A graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo. Pregar uma graça barata é pregar uma graça sem preço. A graça barata não requer nada do homem e se equivale a perdão sem arrependimento contrariando o que diz as Escrituras: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham, assim, os tempos do refrigério pela presença do Senhor” (At 3.19); é evangelho sem testemunho; vida cristã sem renúncia; e, cristianismo sem Cristo e sem cruz: “O mundo continua mundo, e nós continuamos pecadores” (BONHOEFFER, 2016, p. 254)

CONCLUSÃO

Nesta lição, partimos da necessidade de compreender corretamente o que é a graça de Deus. Vimos como a graça de Deus foi entendida em diferentes contextos. A Bíblia é sempre a régua através da qual qualquer entendimento da doutrina da graça precisa ser medido. Como verberou na Reforma, a Escritura continua ecoando em nossos dias – a salvação é somente pela graça.

REFERÊNCIAS

  • ALMEIDA, Abraão de. O Sábado, a Lei e a Graça. CPAD.
  • ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • BONHOEFFER, Dietrich. Discipulado. Mundo Cristão.
  • OLIVEIRA, Oséias Gomes. Concordância Bíblica Exaustiva Joshua. Vol. 03. CENTRAL GOSPEL.
  • GONÇALVES, José. Os Ataques Contra a Igreja de Cristo: As sutilezas de Satanás nestes dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
  • SWINDOLL, Charles R. Paulo. Paulo: um homem de coragem e graça. MUNDO CRISTÃO.
  • SOARES, Ezequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.

Fonte: portalrbc1.

O zelo do apóstolo Paulo pela sã doutrina

4º TRIMESTRE 2021

O APÓSTOLO PAULO

Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a Igreja de Cristo

COMENTARISTA:  Pr. ElienaiCabral

LIÇÃO 11 – O ZELO DO APÓSTOLO PAULO PELA SÃ DOUTRINA (1Tm 6.3-6,11; 2Tm 3.14-17)

INTRODUÇÃO

Iniciaremos o assunto, definindo a palavra zelo e situando-a dentro da proposta da lição. Falaremos do apóstolo Paulo e de seu zelo pela igreja e pela sã doutrina, bem como de quais heresias ele combateu em sua época, como um zeloso apologista. Por fim, falaremos das exortações paulinas aos obreiros e à igreja, quanto aos futuros ataques à sã doutrina.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA ZELO

O dicionário Houaiss define a palavra “zelo” como “grande cuidado e preocupação que se dedica a alguém ou algo” (2001, p. 2905). Teologicamente pode ser definido como: “desvelo ardente por alguém” (ANDRADE, 2006, p. 365). O termo grego é “zelos”. A palavra grega “zeein” (“borbulhar, ferver”) acha-se à raiz da ideia de “zelo” (CHAMPLIN, 2004, pp. 725,726). No contexto da lição, esta é uma virtude presente na vida do apóstolo Paulo, em relação a sua preocupação com a doutrina e com a igreja de Jesus Cristo. Ele reconheceu que, para munir a igreja contra os ataques à sã doutrina, Deus deu levantou homens preparados, com o intuito de promover o amadurecimento dos crentes (Ef 4.11-13). Em seu zelo, Paulo ordenou ao obreiro Timóteo ter cuidado de si mesmo e da doutrina (1 Tm 4.16). E a Tito exortou dizendo: “[…]na doutrina, mostra incorrupção” (Tt 2.7).

II – PAULO E O SEU ZELO PELA SÃ DOUTRINA

Fazendo alusão à sua vida passada no judaísmo, Paulo se descreveu como um fariseu extremamente zeloso (At 22.3; Gl 1.14). Quando se converteu a Cristo, seu zelo tornou-se ainda maior. A diferença é que antes combatia com a espada; agora, em Cristo, combatia com a Palavra. Como um fiel servo de Deus, o apóstolo demonstrou:

2.1 Zelo pela igreja. Na segunda epístola aos coríntios, encontramos uma expressão do apóstolo Paulo que descreve seu zelo pela igreja: “Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo” (2 Co 11.2). O presente texto mostra o zelo paulino pela virgindade moral e espiritual da igreja de Cristo. Segundo certo comentarista, “vemos aqui a imagem de um pai amoroso, cuja filha está noiva e prestes a se casar. Sente que é seu privilégio e dever o mantê-la pura, a fim de poder apresentá-la a seu marido, com alegria, e não com pesar. Paulo vê a igreja local como essa noiva, prestes a se casar com Jesus Cristo (ver Ef 5.22ss e Rm 7.4). Esse casamento só ocorrerá quando Cristo voltar para buscar sua noiva (Ap 19.1-9). Enquanto isso, a igreja – e isso significa os cristãos, enquanto indivíduos – deve-se manter pura e se preparar para o encontro com seu Amado” (WIERSBE, 2007, p. 875).

2.2 Zelo pela doutrina. Paulo havia recebido um comissionamento divino para evangelizar (At 26.18) e também para cuidar da igreja de Cristo, mantendo a sã doutrina (2 Co 11.2). Ele havia recebido do Senhor o que ensinava (1 Co 11.1; Gl 1.11,12) e também da tradição apostólica (1 Co 15.1-4). Por isso, antes de sair a pregar, cumprindo este chamado, teve a preocupação de expor o evangelho que pregava aos apóstolos que andaram com Cristo, para que não trabalhasse em vão (Gl 2.1,2). De forma que considerava anátema quem alterasse o evangelho que pregava, ainda que fosse ele mesmo, um anjo do céu ou qualquer outra pessoa (Gl 1.8,9).

III – PAULO, POR SEU ZELO, COMBATEU AS HERESIAS DE SEU TEMPO

3.1 Gnosticismo. Foi uma heresia dos primórdios do cristianismo. O termo “gnose”, do grego “gnôsis”, significa “conhecimento, sabedoria”. Portanto, diz respeito a um “pretenso conhecimento da divindade que, esotericamente, se transmite através da tradição e mediante vários ritos de iniciação”. Esse movimento surgiu a partir de filosofias pagãs mais antigas que o próprio cristianismo, que floresceram na Babilônia, Egito, Síria e Grécia. Assim, o gnosticismo uniu a filosofia pagã com as doutrinas apostólicas do cristianismo, tornando-se uma forte influência na Igreja. Vejamos os dois grupos gnósticos e seus pontos de vista, bem como a perspectiva paulina quanto às suas doutrinas:

a) Libertinagem exaltada. Certos mestres gnósticos ensinavam que, como o corpo era mau, devia ser entregue desenfreadamente aos seus desejos, pois isto em nada afetaria o espírito. Na visão de Paulo, o homem é corpo, alma e espírito (1 Ts 5.23). Logo, não há possibilidade de pecar com o corpo e não prejudicar o espírito (Rm 8.8; 2 Co 7.1). Ademais, o nosso corpo, que é templo e morada do Espírito Santo (1 Co 6.19,20), não deve ser instrumento de iniquidade (Rm 6.19,20).

b) O ascetismo exaltado. Eles ensinavam que, por ser o corpo essencialmente mau, deveria ser tratado com severidade, regras rígidas, flagelamento, privações, isolamento, jejuns forçados e desprezo pelo casamento e pelo mundo material. Para Paulo, a salvação é pela graça e independente das obras da Lei (Rm 3.28; Ef 2.8), de modo que, apesar de ensinar os cristãos a viverem no Espírito, dominando a sua natureza caída (Rm 8.1; Gl 5.16), não lhes proibia de casar, para se satisfazerem sexualmente com o seu cônjuge (1 Co 7.1-4,7,9). O apóstolo não ensinava que a vida do cristão deveria estar isolada do mundo (1 Co 5.9-11; Fp 2.15).

3.2 Os judaizantes. Foi um movimento surgido nas primeiras décadas da Igreja Cristã, cujo objetivo era forçar os crentes gentios a observar a Lei de Moisés (legalismo), principalmente a Lei cerimonial, que incluía a prática da circuncisão, a abstinência de alguns alimentos e a guarda do sábado e dias tidos como especiais (Cl 2.16-23). Na verdade, esse movimento pretendia reduzir o cristianismo a uma mera seita judaica” (ANDRADE, 2006, p. 242). Contra esta pretensão, que contrariava frontalmente a Nova Aliança, levantou-se Paulo veementemente em suas cartas (Rm 3.28; Gl 2.16; 3.11; 3.24). Os modernos defensores do novo legalismo procuram enganar os incautos, com citação de textos bíblicos isolados, os quais eles torcem em favor de seus pontos de vista. Portanto, as leis do Antigo Pacto destinadas diretamente a nação de Israel, tais como as leis sacrificiais, cerimoniais, sociais ou cívicas (Lv 1.2-3; 24.10), já não são obrigatórias para quem está no Novo Pacto (At 15.24-29; Cl 2.16-17; Hb 10.1-4).

3.3 Libertinos. Certos grupos libertinos, distorcendo os ensinos de Paulo, como por exemplo, o da justificação pela fé independente das obras (Rm 3.28), afirmavam que, desde que uma pessoa tivesse fé em Cristo, não importaria se os atos dela fossem bons ou maus. Aqueles que pensam dessa forma são chamados de antinomistas. A palavra “antinomismo”, vem do grego “anti”, que significa “contra”, e “nomos”, que significa “lei”. Alegam os antinomistas que, uma vez salvos pela fé em Cristo Jesus, já estamos livres da tutela de Moisés (ANDRADE, 2006, p. 51). Embora tenha ensinado que os homens são justificados diante de Deus pela fé, Paulo exortou também que aqueles que estão em Cristo são novas criaturas (2 Co 5.17) e, portanto, não devem mais andar segundo a carne (Rm 8.1), mas na prática das boas obras que “Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10; Tt 2.14).

IV – PAULO VIU E PREVIU O SURGIMENTO DE ATAQUES A SÃ DOUTRINA

Há quem pense que Satanás e seus demônios só investem contra a santidade da igreja com pecados da carne. O apóstolo Paulo, no entanto, nos mostrou que o Inimigo também dispara ataques contra o ensino bíblico e ortodoxo, pois sabe que, alterando a doutrina, alterará o comportamento. Notemos:

4.1 Paulo exortou a igreja de Corinto. Sua preocupação pastoral fez dele um zeloso apologista da sã doutrina. Por isso, podia dizer: “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da simplicidade que há em Cristo” (2 Co 11.3). O apóstolo não tolerava outro evangelho (2 Co 11.4), e considerava a os pregadores do falso evangelho como ministros de Satanás (2 Co 11.13).

4.2 Paulo exortou a liderança da igreja, quanto aos ataques que ela sofreria enquanto aqui na terra. Por ocasião de sua despedida na cidade de Mileto, chamou os presbíteros de Éfeso e lhes disse abertamente: “Olhai, pois, por vós, epor todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; e que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós” (At 20.28-31).

4.3 Paulo exortou o jovem obreiro Timóteo para o presente, mas tal exortação apontava também para o futuro. Quando enviou o jovem evangelista Timóteo à cidade de Éfeso, Paulo o orientou quanto ao cuidado que deveria ter, em face das heresias que alguns estavam disseminando no meio do rebanho de Cristo (1 Tm 1.3). Ao mesmo tempo, o apóstolo profetizou que, no futuro, Satanás e seus demônios usariam pessoas para espalharem ensinamentos estranhos ao Evangelho de Cristo Jesus, levando alguns à apostasia: “Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios” (1 Tm 4.1).

CONCLUSÃO

Assim como o apóstolo Paulo, devemos seguir zelosos em reter o genuíno evangelho, tal qual recebemos, a fim de que não sejamos levados por ventos de doutrina que têm sido propagados por diversos canais no tempo presente. Deve ecoar nos nossos ouvidos a exortação de Jesus aos crentes de Filadélfia, quando disse: “guarda o tens para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3.11).

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor Côrrea de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
  • WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico do Novo Testamento 1. GEOGRÁFICA.

Fonte: portalrbc1.