A predileção dos pais por um dos filhos

 

2º TRIMESTRE 2023

RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA

Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus

COMENTARISTA:  Pr. ElienaiCabral

LIÇÃO 02 – A PREDILEÇÃO DOS PAIS POR UM DOS FILHOS – (Gn 25.19-28)

INTRODUÇÃO

Nesta lição estudaremos sobre umas das principais famílias do Antigo Testamento; destacaremos o erro da predileção de filhos, cometido por Jacó e Rebeca e seus respectivos resultados; e, por fim, mencionaremos que apesar da fragilidade do casal, houve aspectos positivos quanto à família do patriarca Jacó.

I – DEFINIÇÃO DO TERMO PREDILEÇÃO

1.1 Definição etimológica da palavra predileção. Segundo o dicionarista Antônio Houaiss, a palavra predileção significa: “preferência acentuada por alguém ou alguma coisa, afeição, inclinação, escolha, favoritismo, preeminência, predileção, propensão, idiopatia” (2011, p. 2283).

1.2 Exemplos de predileção na Bíblia. As Escrituras nos apresentam alguns exemplos de predileção que trouxeram vários prejuízos dentro do lar como o caso de Jacó e Esaú (Gn 25.28), a história de José e seus irmãos (Gn 37.3,4), há alguns estudiosos que ainda citam a história de Caim e Abel. Para estes teólogos, além da rejeição divina por Caim (Hb 11.4; 1Jo 3.12), Adão provavelmente, demonstrou preferência por Abel, o que gerou ciúmes em Caim que acabou levando-o a matar o seu irmão (Gn 4.8). Temos ainda a família de Davi o que nos parece que foi preterido em relação aos seus irmãos: “E santificou ele a Jessé e a seus filhos […]” (1Sm 16.5c). “Assim fez passar Jessé a seus sete filhos diante de Samuel […]” (1Sm 16.10). “Disse mais Samuel a Jessé: Acabaram-se os moços? E disse: Ainda falta o menor […]” (1Sm 16.11a). Em resumo, a Bíblia apresenta histórias que mostram os efeitos negativos da predileção de filhos por parte dos pais, enfatizando a importância de tratar todos os filhos com igualdade e justiça.

II – PERIGOS DA PREDILEÇÃO ENTRE JACÓ E REBECA

Vejamos alguns prejuízos na família de Jacó e Rebeca por causa da predileção entre os seus filhos:

  • Traição (Gn 27.12): “Porventura me apalpará o meu pai, e serei aos seus olhos como enganador; assim trarei eu sobre mim maldição, e não bênção”.
  • Mentira (Gn 27.18-19): “E foi ele a seu pai, e disse: Meu pai! E ele disse: Eis-me aqui; quem és tu, meu filho? E Jacó disse a seu pai: Eu sou Esaú, teu primogênito; tenho feito como me disseste; levanta-te agora, assenta-te e come da minha caça, para que a tua alma me abençoe.
  • Falta de temor (Gn 27.20-22): “Então disse Isaque a seu filho: Como é isto, que tão cedo a achaste, filho meu? E ele disse: Porque o Senhor teu Deus a mandou ao meu encontro. E disse Isaque a Jacó: Chega-te agora, para que te apalpe, meu filho, se és meu filho Esaú mesmo, ou não. Então se chegou Jacó a Isaque seu pai, que o apalpou, e disse: A voz, é a voz, de Jacó, porém as mãos são as mãos de Esaú ”.
  • Engano (Gn 27.23-27): “E não o conheceu, porquanto as suas mãos estavam cabeludas, como as mãos de Esaú seu irmão; e abençoou-o. E disse: És tu meu filho Esaú mesmo? E ele disse: Eu sou. Então disse: Faze chegar isso perto de mim, para que coma da caça de meu filho; para que a minha alma te abençoe. E chegou-lhe, e comeu; trouxe-lhe também vinho, e bebeu. E disse-lhe Isaque seu pai: Ora chega-te, e beija-me, filho meu. E chegou-se, e beijou-o ”.
  • Amargura (Gn 27.34): “Esaú, ouvindo as palavras de seu pai, bradou com grande e mui amargo brado, e disse a seu pai: Abençoa-me também a mim, meu pai”.
  • Malícia (Gn 27.35): “E ele disse: Veio teu irmão com sutileza, e tomou a tua bênção ”.
  • Tristeza (Gn 27.38): “E disse Esaú a seu pai: Tens uma só bênção, meu pai? Abençoa-me também a mim, meu pai. E levantou Esaú a sua voz, e chorou ”.
  • Ódio (Gn 27.41): “E Esaú odiou a Jacó por causa daquela bênção, com que seu pai o tinha abençoado; e Esaú disse no seu coração: Chegar-se-ão os dias de luto de meu pai; e matarei a Jacó meu irmão ”.
  • Revolta (Gn 28.6-9): ‘ “Vendo, pois, Esaú que Isaque abençoara a Jacó, e o enviara a Padã-Arã, para tomar mulher dali para si, e que, abençoando-o, lhe ordenara, dizendo: Não tomes mulher das filhas de Canaã; E que Jacó obedecera a seu pai e a sua mãe, e se fora a Padã-Arã; Vendo também Esaú que as filhas de Canaã eram más aos olhos de Isaque seu pai, Foi Esaú a Ismael, e tomou para si por mulher, além das suas mulheres […] ”.

III – PAIS IGUAIS E FILHOS DIFERENTES

Notemos as diferenças entre estes dois irmãos:

3.1 Esaú, o filho que desprezou a bênção divina. Esaú, em hebraico, significa “peludo”. Ele também foi chamado de Edom, que, em hebraico, significa “vermelho”. Ele foi o pai dos edomitas e era um perito caçador, um homem viril, do campo, destemido e agitado. Esaú mostrou seu desprezo pelas bênçãos da aliança ao se casar com as mulheres cananeias (Gn 24.3,4) desapontando inclusive aos seus pais (Gn 26.34,35). Esaú era o primogênito e na cultura hebraica o filho mais velho tinha o direito de ser o herdeiro principal da fortuna da família (Gn 27.33; Dt 21.17; 1Cr 5.1-2). A herança paterna era dividida pelo número de filhos, e o primeiro sempre tinha direito a duas partes. Na família da aliança, essa bênção incluía a promessa do senhor de dar a Abraão uma descendência na terra que abençoaria todas as nações. Esaú, entretanto, rejeitou esta dádiva quando a trocou por um prato de lentilhas (Gn 25.29-32,34). Demonstrou total desprezo pelas coisas de Deus quando rejeitou sua primogenitura. Essa atitude o caracteriza como um homem profano, imediatista e soberbo (Hb 12.16). Pagou um preço muito alto por este desprezo, e quando tentou recuperar a bênção, foi rejeitado (Hb 12.17).

3.2 Jacó, o filho que abraçou a bênção divina. Jacó, diferentemente de seu irmão, era pacato, tranquilo, gostava da casa e de seus afazeres (Gn 25.27). O nome de Jacó significa: “aquele que segura o calcanhar”. A primogenitura de Jacó não se dá pela ordem do nascimento, mas pela escolha soberana de Deus. Precisamos entender que Jacó era o herdeiro da promessa desde a sua concepção, eleito soberanamente pelo próprio Deus. Entendendo isto, saberemos que Jacó não usurpou a bênção de Esaú, mas se apropriou, ainda que de forma astuta, daquilo que era seu: “Respondeu-lhe o SENHOR: Duas nações há no teu ventre […] e o mais velho servirá ao mais moço (Gn 25.23). “Dentro da vontade permissiva de Deus, por razões maiores que a nossa compreensão possa imaginar, o Senhor permitiu que no ventre de Rebeca houvesse a concepção de dois meninos […]. Iniciou-se dentro de Rebeca uma luta de proeminência que ela não sabia explicar. Literalmente, o texto diz que: os filhos lutavam dentro dela” (Gn 25.22). Até que os dois nasceram e a busca pela proeminência familiar continuou” (CABRAL, 2023, p. 35).

IV – PROBLEMAS CAUSADOS POR CAUSA DA PREDILEÇÃO DE FILHOS

Vejamos alguns dos problemas que podem ser causados pela predileção de filhos incluem:

4.1 Conflitos familiares (Gn 27.41; 37.3,4,8). A predileção de filhos pode causar inveja, ciúmes e ressentimentos entre irmãos, o que pode levar a conflitos e disputas familiares.

4.2 Prejuízos na relação pais e filhos (Gn 25.28). A predileção de filhos pode prejudicar a relação entre pais e filhos, especialmente entre aqueles que não são favorecidos, criando sentimentos de desconfiança e ressentimento.

4.3 Dificuldades na vida adulta (1Sm 17.28-30). Os filhos favorecidos podem desenvolver um senso de superioridade e expectativas irreais em relação à vida adulta, o que pode dificultar a sua adaptação à vida real e causar problemas em suas relações interpessoais.

4.4 Baixa autoestima (Lc 15.25-28). Quando um filho é claramente favorecido em detrimento dos outros, os irmãos podem sentir-se desvalorizados e menos amados, o que pode levar a uma baixa autoestima e a problemas emocionais e comportamentais.

4.5 Desigualdade na distribuição de recursos (Mt 20.20-21,24). A predileção de filhos pode levar os pais a distribuir recursos de maneira desigual entre os filhos, prejudicando aqueles que não são favorecidos.

V – TRAÇOS POSITIVOS DO CASAMENTO DE JÁCO E REBECA

5.1 Um casamento dentro do padrão divino. Enquanto sua esposa não ficou grávida, Isaque não se aproximou do leito de uma serva, como tinha feito Abraão, e como fez Jacó posteriormente. Ele demonstra que amava Rebeca (Gn 24.67). Isaque é o único patriarca monogâmico pois só teve Rebeca como esposa (Gn 25.20). Isto significa que eles tiveram um casamento segundo o padrão estabelecido por Deus, ou seja, monogâmico. Não encontramos na Bíblia qualquer indício que seja de que Isaque tenha se relacionado com outra mulher. O texto aponta apenas para Rebeca. Em sua genealogia, por exemplo, encontramos apenas os nomes dos gêmeos Esaú e Jacó, como seus filhos (CABRAL, 2023. pp. 31-32).

5.2 Um casamento movido por oração. Diante da esterilidade de Rebeca, que era um obstáculo ao desenvolvimento da família da aliança, Isaque se colocou diante de Deus em oração por sua esposa. Essa atitude não apenas demonstra sua fé em Deus, como também seu amor por sua esposa (Gn 25.21). Isaque casou-se com Rebeca quando tinha 40 anos de idade e orou por ela 20 anos até que ela concebesse pois Rebeca, sua esposa, era estéril (Gn 25.20,26). Se Abraão esperou 25 anos para que Deus abrisse a madre de Sara, Isaque orou 20 anos para que Deus fizesse o mesmo com Rebeca, o que mostra que a paciência e a perseverança na oração era uma marca de Isaque (HENRY, 2004. p. 133).

5.3 Um casamento afetuoso. Isaque e Rebeca talvez formem o casal mais romântico das Escrituras. Desde o seu primeiro encontro, eles são apresentados de modo bastante romântico (Gn 24.62-67). No capítulo 26 de Gênesis é narrado o período que Isaque passou na terra dos filisteus por causa da seca e fome que sobreveio à terra (Gn 26.1). Permanecendo Isaque naquela região por um tempo razoável e, antes que alguém tomasse Rebeca por sua mulher, Abimeleque, rei dos filisteus, “viu que Isaque acariciava a Rebeca” (Gn 26.8). Embora a palavra traduzida por “acariciar”, no hebraico signifique “brincar”, ela denota uma atitude de intimidade que não podia ser aplicada a irmãos, por exemplo. Tanto é assim, que, quando Abimeleque viu aquela cena, mandou chamar Isaque e disse: “[…] é evidente que ela é tua esposa” (Gn 26.9). Esta atitude demonstra afetuosidade entre Isaque e Rebeca. Eles demonstravam carinho um pelo outro.

5.4 Um casamento que foi alvo do agir de Deus. A esterilidade era uma questão séria, pois uma mulher não poder ter filhos na antiguidade era sinônimo da ausência da bênção divina. E ainda era coisa mais séria quando o Pacto Abraâmico dependia da fertilidade. Deus teve de intervir por várias vezes: com Sara (Gn 15.2-6; 18.12-14); com Rebeca (Gn 25.21); com Raquel (Gn 29.31; 30.22,23). Posteriormente, com a mãe de Sansão (Jz 13.2-7); com Ana (1Sm 1.2-20); e com Isabel, no NT (Lc 1.7-13). O casamento de Isaque e Rebeca é um típico exemplo da graciosa ação de Deus na família (CHAMPLIN, 2010, p. 174).

CONCLUSÃO

A família do patriarca Jacó tinha tudo para desfrutar da benção plena de Deus; devido as suas fragilidades no exercício da sua paternidade, colheram frutos amargos pela predileção de um dos filhos; por essa razão, servem de alerta, que não podemos em momento algum incorrer no mesmo erro.

REFERÊNCIAS

  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
  • CHAMPLIN, R. N. O AT Interpretado Versículo por Versículo. HAGNOS
  • WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Vol. 1. GEOGRAFICA.
  • CABRAL, Elienai. Relacionamentos Em Família: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. CPAD.
  • LOPES, Hernandes Dias. Gênesis: O Livro das Origens. Editora Hagnos.
  • HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthehw Henry. Deuteronômio. CPAD.

Fonte: portalrbc1.

A ascenção de Salomão e a construção do templo

3º TRIMESTRE 2021

O PLANO DE DEUS PARA ISRAEL EM MEIO A INFIDELIDADE DA NAÇÃO

As correções e os ensinamentos divinos no período dos reis de Israel

COMENTARISTA:  Pr. Claiton Ivan Pommerening 

LIÇÃO 01 – A ASCENSÃO DE SALOMÃO E A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO – (1Rs 4.29-34; 6.1,11-14)

INTRODUÇÃO

No terceiro trimestre de 2021 estudaremos uma importante lição que tem como título: O plano de Deus para Israel em meio à infidelidade da nação. Será um trimestre que abarcará o período histórico compreendido entre a monarquia a divisão dos reinos. Nesta lição, analisaremos o final do reinado de Davi e o início do reinado de Salomão. Traremos importantes informações sobre o terceiro rei de Israel tais como: seu reinado, feitos, sabedoria, devoção e queda espiritual. Por fim, destacaremos que, embora Salomão e os seus sucessores tenham falhado, Deus manteve sua promessa conservando a linhagem davídica.

I – O FIM DE UM REI E O LEVANTAR DE OUTRO

Quando Davi sentiu a proximidade da morte (1Rs 1.1), preocupou-se com a sucessão do governo que Deus o havia conferido. Sabendo de antemão que Salomão era o escolhido para lhe suceder no trono (1Cr 28.6,7), e que edificaria o templo (1Cr 22.9,10), Davi lhe fez diversas recomendações para que a sua gestão contasse com a bênção de Deus e prosperasse (1Cr 28.9,10). Notemos:

1.1 Conhecer a Deus. Embora Davi tivesse uma série de experiências marcantes com Deus que por certo foram narradas aos seus filhos e até mesmo presenciadas por eles, o monarca de Israel enfatizou que Salomão necessitava ter a sua própria experiência: “Conhece o Deus de teu pai” (1Cr 28.9). A expressão “conhecer”, no hebraico “yada”, significa: “conhecer por experiência, relacionar-se”. A falta de conhecimento de Deus foi o maior problema de Israel, como declarou o próprio Deus através de Isaías (Is 1.1-3). É imprescindível que conheçamos a Deus e prossigamos em conhecê-lo (Os 6.3).

1.2 Servir a Deus. Após exortá-lo a conhecer a Deus, Davi também disse a Salomão que o servisse e o orientou a como fazêlo: “de coração perfeito e alma voluntária”. A expressão “de coração perfeito”, no hebraico “shalem”, implica um “coração completo, inteiro, todo”. Já a expressão “alma voluntária” fala de buscar com prazer, com amor, não forçadamente. A orientação de Davi foi acompanhada de uma exortação severa aos que não o fizessem (1Cr 28.9-b). Infelizmente, com o passar do tempo, Salomão se deixou seduzir pelo pecado e não serviu a Deus como seu pai ordenou (1Rs 11.4).

1.3 Fazer a obra de Deus. Salomão também recebeu como incumbência de seu pai a edificação do Templo, um lugar fixo de adoração ao Deus vivo. Davi disse a Salomão: “Olha, pois, agora, porque o SENHOR te escolheu para edificares uma casa para o santuário; esforça-te, e faze a obra” (1Cr 28.10). Salomão haveria de realizar algo inédito. Uma grande casa para o Senhor deveria ser construída (1Cr 29.1).

II – INFORMAÇÕES SOBRE SALOMÃO

Se considerarmos a grandeza, a prosperidade, a sabedoria e as realizações em empreendimentos de modo geral, nenhum rei de Israel ou de Judá pode ser comparado a Salomão. Por isso é dito que ele trouxe a Idade de Ouro de Israel. Sua história é descrita nos livros de 1 Rs 1-11 e 2 Cr 1-9. Vejamos alguns aspectos de sua vida, de seu reino e do seu caráter:

2.1 Seu nome. Deriva-se do hebraico “shalom”, que significa: “pacífico”. Sob as ordens do profeta Natã, ele também recebeu o nome de Jedidias, que significa: “amado de Yahweh” (II Sm 12.24,25). Mas Salomão foi o nome que prevaleceu, pois ele é chamado assim mais de 300 vezes no Antigo Testamento. Seu nome também é mencionado na genealogia de Cristo (Mt 1.6).

2.2 Sua família e origem. Era filho de Davi com Bate-Seba. Ao contrário de Davi, ele nasceu em um palácio, pois seu nascimento se deu enquanto Davi reinava sobre todo Israel (2Sm 12.24,25).

2.3 Seu reinado. Através de tratados com os reis vizinhos (1Rs 5.1-12), e de casamentos políticos (1Rs 3.1), Salomão garantiu a paz para o seu reino, tornando-o uma das grandes potências da época. Ele expandiu o comércio exterior e promoveu a prosperidade doméstica, desenvolvendo grandes empreendimentos, tais como mineração de cobre e fundição de metais. Durante o reinado de Salomão, Israel era o reino mais poderoso do mundo de então; Jerusalém a cidade mais suntuosa do mundo; e o templo, o edifício mais rico da terra. Dos confins do mundo pessoas vinham ouvir a sabedoria de Salomão e ver a sua glória (1Rs 10.1-10). Salomão recebia a cada ano, 666 talentos de ouro, ou seja, 23.310 quilos de ouro aproximadamente, além de muitos outros tipos de bens materiais. A prata tornou-se comum como pedra na terra de Israel (1Rs. 10.27). Após uma vida de empreendimentos comerciais bem sucedidos, Salomão tornou-se conhecido como o rei mais rico e mais sábio do mundo (1Rs 10.23).

2.4 Suas construções. Salomão tornou-se conhecido também como um dos maiores construtores da história de israel. Durante o seu reinado edificou Hazor, Megido e Gezer (1 Rs 9.15) como cidades fortes em pontos estratégicos. Também construiu as cidades de Bete-Horom, Baalate e Tadmor (1 Rs 9.17-19). Os projetos de construção mais suntuosos, porém, foram o templo de Jerusalém, que se tornou o centro da vida nacional e religiosa do povo judeu (1 Rs 6), e o seu próprio palácio (1 Rs 7). Eis algumas informações sobre o templo:

a) A planta com os detalhes do Templo foi dada a Salomão através de seu pai, Davi, e Salomão edificou de acordo com o projeto divino (1 Cr 28.11,12,19);

b) O templo estava localizado na eira de Araúna, comprada por Davi, no Monte Moriá (2Sm 24.24,25; 1 Cr 22.1; 2 Cr 3.1);

c) Foi construído de grandes pedras, traves e tábuas de cedro, revestidas de ouro (1 Re 6.14-22; 7.9-12);

d) Foi construído por 30.000 israelitas e 150.000 Cananeus (1Rs 5.13-16; 2 Cr 2.17-18; 8.7-9);

e) Eles levaram sete anos para construí-lo (1 Rs 6.38);

f) Ele media 30 m de comprimento, 10 de largura e 15 de altura (1Rs 1.3);

g) Cada parte era preparada distante do local da edificação e colocada no seu lugar sem se ouvir ruído de martelo ou outro instrumento (1Rs 6.7);

h) Toda a casa foi revestida com ouro, ouro puro (1 Rs 6.11-22); ornamentado com pedras preciosas (2 Cr 3.6,7).

2.5 Sua sabedoria. No início de seu reinado, o Senhor lhe apareceu em Gibeão e lhe disse: “pede o que quiseres que te dê” (1 Rs 3.5); então, Salomão lhe pediu que lhe desse um coração sábio e entendido para julgar o povo. Este pedido agradou a Deus, que lhe deu, não apenas sabedoria, mas também riqueza e glória (1 Rs 3.4-15). Em 1 Rs 4.29-34 está escrito que Salomão foi o mais erudito dos estudiosos de sua época, superando grandes sábios de Edom. São atribuídos a ele 1005 cânticos, dois Salmos (72 e 127) e 3.000 provérbios, muitos deles descritos no livro dos Provérbios de Salomão (1 Rs 4.32; Pv 1.1). Ele escreveu também os livros de Eclesiastes e Cantares (Ec 1.1; Ct 1.1).

2.6 Sua vida de devoção. Além de oferecer sacrifícios ao Senhor de forma abundante (1 Rs 8.63; 2 Cr 1.6; 7.5; 8.12), Salomão também se destacou por sua prática devocional de oração. Vejamos alguns motivos pelos quais ele orou: bênção contínua sobre a dinastia de Davi (1 Rs 8.25-26); atenção às suas orações (1 Rs 8.27-30); justiça para o inocente (1 Rs 8.31-32); perdão para o penitente (1 Rs 8.33-40); atenção às orações dos estrangeiros que visitam o Templo (1 Rs 8.41-43); Vitória em tempo de guerra (1 Rs 8.44-45); e restauração após o cativeiro (1 Rs 8.46-53).

2.7 Seu fracasso. Em contraste com o que ensinou e escreveu, a vida de Salomão não foi um modelo de integridade moral e espiritual. Contrariando os mandamentos divinos (Dt 17.17), Salomão casou-se com uma egípcia (1 Rs 3.1) e teve 700 princesas e 300 concubinas, mulheres estrangeiras, que lhe perverteram o coração (1 Rs 11.1-4). Por advirem de povos idólatras, Salomão aderiu às suas práticas, construindo altares aos deuses pagãos (1 Rs 11.5.9).

III – A PUNIÇÃO E A MISERICÓRDIA DIVINA COM A LINHAGEM DE DAVI

Deus havia prometido a Davi que o seu reinado seria permanente, se os seus filhos pecassem, seriam castigados, mas o Senhor não apartaria sua misericórdia conservando para sempre o seu trono (2Sm 7.12-16). Logo, apesar do pecado de Salomão e de Roboão, Deus sempre manteve o trono de Davi ocupado com um de seus descendentes, mantendo sempre acesa uma lâmpada em sua linhagem (1Rs 12.36,39). Tal linhagem culminou no Messias, o Filho de Davi, que no Milênio reinará sobre toda a terra, a partir de Jerusalém (Lc 1.31-33; Ap 20.4; Is 2.3).

CONCLUSÃO

O Senhor escolheu Davi, que exerceu com fidelidade o governo do povo de Israel. Divinamente orientado, o homem segundo o coração de Deus, separou Salomão para ser o seu sucessor. Este, por sua vez, comportou-se inicialmente de forma agradável a Deus, no entanto se esqueceu da benignidade divina e rebelou-se contra a vontade do Senhor. Tais verdades históricas nos ensinam que Deus escolhe os homens para propósitos específicos, porém os tais homens devem ser submissos e fiéis à vontade divina.

REFERÊNCIAS

  • ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
  • CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
  • GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA.
  • HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Fonte: portalrbc1.

Trabalho e prosperidade

        

sabedQUARTO TRIMESTRE DE 2013ensinador

SABEDORIA DE DEUS PARA UMA VIDA VITOROSA

COMENTARISTA: JOSE GONÇALVES

bem sucedido

LIÇÃO 03 – TRABALHO E PROSPERIDADE – (Pv 3.9,10; 22.13; 24.30-34)

 INTRODUÇÃO

Nesta lição definiremos as palavras “trabalho e prosperidade”. Destacaremos que o trabalho foi criado por Deus antes do pecado para ser uma benção na vida do homem e que este imita ao seu Criador quando trabalha, ciente de que Deus o abençoa. Veremos também exortações bíblicas quanto aqueles que são preguiçosos; pontuaremos ainda a diferença entre ser rico e ser próspero; e, por fim, analisaremos quais os obstáculos que impedem o cristão de prosperar.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA TRABALHO E PROSPERIDADE

O Aurélio define a palavra “trabalho” como “aplicação das forças e faculdade humanas para alcançar um determinado fim”; atividade coordenada, de caráter físico e/ou intelectual, necessária à realização de qualquer tarefa, serviço ou empreendimento”. No hebraico a palavra “ãmãl” é usada para se referir a “trabalho, labuta” (Gn. 41.51; Sl.105.44). Já a expressão “prosperidade” vem da palavra “prosperar” que por sua vez significa: “tornar-se próspero; progredir; desenvolver-se”. No contexto da nossa lição o trabalho é a causa e a prosperidade é a consequência na vida daquele que trabalha e agradece a Deus entregando-lhe o dízimo, as primícias da sua renda (Pv 3.9,10).

II – TRABALHO: UMA BENÇÃO DADA POR DEUS AO HOMEM

O trabalho é uma bênção de Deus e é necessário aos homens Pois comerás do trabalho das tuas mãos, FELIZ SERÁS, e te irá bem” (Sl 128.2). “Em todo trabalho há proveito” (Pv. 14.23-a).

2.1 O trabalho veio antes do pecado do homem. Diferente do que algumas pessoas imaginam, o trabalho não é o julgamento de Deus por causa do pecado de Adão (Gn 3.17-19). Se examinarmos corretamente as Escrituras, veremos que Deus colocou o homem no jardim do Éden para o “lavrar e o guardar”, ou seja, para trabalhar antes mesmo da desobediência ao Senhor (Gn 2.15). Adão já trabalhava antes de pecar, cuidando do jardim. Uma das consequências do pecado, além da morte, foi que o trabalho seria “penoso e suado” (Gn 3.19), e isso não significa que ele seja amaldiçoado por Deus. “Não é, pois, bom para o homem que coma e beba e que faça gozar a sua alma do bem do seu trabalho? Isto também eu vi que vem da mão de Deus” (Ec. 2.24).

2.2 O trabalho não foi o resultado do pecado. Desde a criação de Deus que o homem foi colocado no jardim para “trabalhá-lo, “cultivá-lo” (Gn 2.15) do hebraico “âbad”. A maldição (Gn 3.16-17) era apenas “a dor e a fadiga” que haviam de acompanhar o trabalho, não o trabalho em si. Isso é destacado quando Lameque diz, por ocasião do nascimento de Noé, que este “nos consolará dos nossos trabalhos e das fadigas de nossas mãos, nesta terra que o Senhor amaldiçoou” (Gn 5.29).

2.3 O homem “imita” seu Criador quando trabalha. Ao trabalhar seis dias e descansar ao sétimo, Israel imitava a Deus ao criar o “kosmos” (Gn 2.1-2). O profeta Isaías disse que Deus trabalha “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera” (Is 64.4). Jesus fez também a seguinte declaração: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (Jo 5.17).

2.4 Deus honra aquele que trabalha. Temos vários exemplos na Bíblia, de homens que sempre trabalharam para se manterem e não serem “pesados aos seus irmãos”, como por exemplo: Davi era pastor de ovelhas (1Sm 16.19, 2Sm 7.8), Amós ganhava a vida como boieiro (Am 1.1), Jesus era carpinteiro (Mt. 13.55; Mc. 6.3), Paulo era fabricante de tendas (At. 18.1-3). “Vós mesmo sabeis que, para o que me era necessário, a mim e aos que estão comigo, estas mãos me serviram” (At 20.34). “Trabalhando com nossas próprias mãos” (1Co 4.12-b). “Porque bem vos lembreis, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós…” (1Ts 2.9). “…nem, de graça, comemos o pão de homem algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós” (2Ts 3.8).

III – EXORTAÇÃO BÍBLICA AQUELE QUE É PREGUIÇOSO

O livro de Provérbios é o livro bíblico que mais faz alusões ao defeito da preguiça, ou indolência, descreve o preguiçoso como “indivíduo que gosta de dormir”. O preguiçoso não cuida de suas propriedades, nem de suas plantações, pelo que também está sujeito a padecer fome, em contra partida aquele que trabalha prospera (Pv 6.6,9; 13.4; 15.9; 24.30; 26.13-16). A condição do preguiçoso é tão lamentável que mesmo tendo alimento para comer, ele tem preguiça de levá-los a boca (Pv 19.24). Vive criando desculpas esfarrapadas para nada fazer, como aquele que diz que há um leão solto nas ruas, o que o impede de ir ao trabalho (Pv 22.13). Ele se dá por sábio ao evitar trabalhar dizendo que está evitando o desgaste físico, preferindo as fantasias do que o trabalho, que na sua concepção é cansativo e difícil (Pv 13.4; 21.25). Fazendo assim o preguiçoso não somente cai em desgraça mas também leva a ruína aquele a quem tiver de prestar algum serviço (Pv 10.26).

IV – A DIFERENÇA ENTRE SER RICO E SER PRÓSPERO

A verdadeira prosperidade não é sinônimo de riqueza material, como muitos pensam. Nem sempre um homem rico pode ser considerado como próspero e, da mesma maneira, não podemos dizer que um homem pobre não possa ser próspero. A diferença consiste em possuir a benção de Deus sobre o que se tem (Dt 11.27; 16.17; 28.2,8; Ef 1.3). Nas Sagradas Escrituras, ser próspero não significa, necessariamente, possuir riqueza e bens materiais. José, por exemplo, era próspero, mesmo quando estava como escravo, ou até mesmo na prisão (Gn 39.2,3; 39.23); Daniel e os três jovens hebreus prosperaram em Babilônia, mesmo na condição de cativos (Dn 3.30; 6.28). A prosperidade depende, principalmente, da obediência a Deus, e à Sua Palavra (Nm 14.41; Dt 29.9; Js 1.8; I Rs 2.3; II Cr 24.20; Sl 1.1-3)

V – OBSTÁCULOS PARA QUE O CRENTE NÃO PROSPERE

5.1 A negligência quanto ao dízimo. O Dízimo, é uma oferta entregue voluntariamente à obra de Deus, constituindo-se da décima parte da renda do servo de Deus. Antes da Lei, já encontramos alguns exemplos de entrega dos dízimos:

Abraão (Gn 14.18-20; Hb 7.4); e Jacó (Gn 28.18-22). Mas, foi na Lei que Deus estabeleceu princípios para a entrega dos dízimos. O Senhor Jesus não apenas reconheceu a importância da prática do dízimo, mas também recomendou (Mt 23.23); e, o apóstolo Paulo, escrevendo aos coríntios, fez referência ao dízimo para extrair o princípio de que o obreiro é digno do seu salário (I Co 9.9-14 cf Lv 6.16,26; Dt 18.1). Eis alguns princípios que estão envolvidos na prática do dízimo:  (1) OBEDIÊNCIA, pois é um mandamento do Senhor (Nm 18.21-32; Dt 12.1-14; 14.22-29; Ml 3.10); (2) GRATIDÃO reconhecendo que tudo o que temos é porque Ele tem nos dado (I Cr 29.14; Sl 103.5; Mt 11.6; Rm 11.36); (3) SERVIÇO, pois entregando o dízimo estamos contribuindo na manutenção da obra do Senhor (Ml 3.10). Logo, não dizimar é ser desobediente, ingrato e negligente com a obra de Deus. E sendo assim o crente sofrerá a punição do Senhor (Ml 3.7-9).

5.2 O desequilíbrio na mordomia dos bens. Muita pessoas não conseguem prosperar, principalmente na área financeira porque são desequilibradas quanto a administração daquilo que possuem. Vejamos alguns problemas do mal uso do dinheiro:

5.2.1 Consumismo – De acordo com o Aurélio, consumismo é o “Sistema que favorece consumo exagerado” é a “tendência a comprar exageradamente”. A Bíblia adverte: “O que amar o dinheiro nunca se fartará de dinheiro; e quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isto é vaidade” (Ec 5.10). Alcançar todos os bens que se deseja não dá a ninguém a satisfação plena. Paulo encontrou na pessoa de Cristo, o equilíbrio no que tange às coisas materiais (Fp 4.11).

5.2.2 Avareza – É o amor ao dinheiro, que causa uma verdadeira escravidão e dependência (I Tm 6.9,10). Deus não condena o dinheiro em si, mas, a ambição, cobiça, exploração, e usura. Abraão era homem muito rico; Jó era riquíssimo, antes e depois de sua provação (Jó 1.3,10); Davi, Salomão e outros reis acumularam bens e nenhum deles foi condenado por isto. O que a Bíblia condena é a ambição desenfreada pelos bens (Pv 28.20; Dt 8.11; Pv 11.28; Mc 4.19; Pv 23.4,5; Pv 28.11; Pv 5.10).

5.2.3 Dívidas – Muitas pessoas estão em situação difícil, por causa do uso irracional de benefícios oferecidos como facilidades pelo comércio, tais como: cartão de crédito, cheque, crediário, empréstimos, etc. As dívidas podem provocar muitos males, tais como: desequilíbrio financeiro, inadimplência, intranquilidade; provocando até certos aparecimentos de doenças, desavenças no lar; perda de autoridade e o mau testemunho perante os ímpios (Pv 6.1-5; 11.15).

CONCLUSÃO

Certo pensador já disse: “o sucesso só vem antes do trabalho no dicionário” e como pudemos ver, esta assertiva é verdadeira, pois o preguiçoso deseja tudo e nada tem (Pv 13.4). No entanto, biblicamente podemos destacar que além de trabalhar o crente deve ser grato a Deus entregando-lhe os dízimos, sabedor de que fazendo assim contará com a benção de Deus sobre a sua vida.

REFERÊNCIAS

• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

• CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.

Fonte: www.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/cod/291/page/1